sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Repercute no Twitter a campanha "Queremos um jornal"
Emanoel Barreto

Como apoiador do movimento "Queremos um jornal" manifesto minha alegria pela repercussão que a proposta tem no Twitter. Atualmente a disciplina Jornalismo Impresso é feita de forma incompleta. Para que os estudantes tenham alguma sensação do exercício da profissão sugiro matérias sobre cidade, comportamento, questões sociais e políticas, e eles produzem textos que são impressos em casa, o que nem de longe chega a ser o ideal. 

Cada equipe é formada por um pauteiro, um repórter ou mais, alguém faz a foto e eles "editam" em páginas de formato A4 como se fosse um jornal. A Universidade e o Departamento de Comunicação Social-Decom, têm a obrigação de encampar projeto que forme o profissional completo, deixando-se de lado os improvisos e a criatividade de professores e estudantes.

A campanha "Queremos um jornal" visa sensibilizar a Chefia de Departamento e a Direção de Curso a que lutem para que a Reitoria assuma institucionalmente o empreendimento de dotar o Curso de condições para a formação do profissional pleno.

Da forma como está, o estudante experimenta apenas uma tênue visão do que seja o funcionamento de um jornal, suas rotinas e política editorial.

A ideia é a produção e veiculação de um jornal que participe da sociedade civil, livre das pressões políticas e das exigências do mercado. Ou seja um jornal público, dentro de uma política editorial pautada pela ética.
Confio no sucesso da iniciativa dos estudantes e darei todo o apoio.

Estudantes de jornalismo da UFRN lançam campanha "Queremos um jornal"
Emanoel Barreto

Um grupo de estudantes de Jornalismo da UFRN reuniu-se hoje e dará início segunda-feira próxima ao movimento "Queremos um jornal". A proposta é dotar o Departamento de Comunicação Social-Decom, de um laboratório onde possam exercer de forma plena a aprendizagem. Quando refiro a laboratório quero dizer um laboratório completo, com redação e impressora.

Os estudantes são Larissa Moura, Luan Xavier, Rafael Barbosa,  Ananda Braga, Kassandra Lopes, Everson Andrade, Themis Lima, Daísa Alves, Marco Carvalho e Paulo Nascimento. 

Segunda-feira serão formados grupos para panfletagem do movimento e equipes percorrerão as salas de aula buscando conscientizar os demais estudantes a respeito da importância da construção do Laboratório de Jornalismo Impresso-Labpress, destinado à impressão do Jornal Universitário,  título provisório do impresso.

Os líderes do movimento entendem que, da forma como existe a TV Universitária, que forma na prática quadros para esse tipo de mídia, pode e deve existir o Jornal Universitário.

O objetivo é mobilizar todo o curso, buscando apoio também do pessoal da radialismo e publicidade. O Centro Acadêmico será procurado para juntar forças ao movimento e também o Diretório Central dos Estudantes-DCE.
Os estudantes irão, da mesma forma, buscar apoio dos professores e da Direção do curso de Jornalismo.

As duas chapas que concorrem à Reitoria serão procuradas para que se posicionem publicamente a respeito da proposta.

Fui procurado e já manifestei apoio à iniciativa, que somente trará resultados favoráveis à formação dos jovens jornalistas.

Datafolha reconfirma tendência pró-Dilma


 Vão-se os anéis, ficam os dedos
Emanoel Barreto


A mais nova pesquisa do Datafolha reconfirma a tendência: Dilma é virtualmente presidente eleita. A questão assume proporções que bem despertariam estudo alentado da sociologia da comunicação: uma candidata que está sob fogo da artilharia de imprensa consorciando-se a isto a elevação a níveis de aprovação jamais vistos de seu líder e patrono, Luis Inácio Lula da Silva.

E tudo se passa em ambiente social onde viceja campanha política que, da parte dos opositores de Dilma, se vale de todos os argumentos de comunicação: desde o discurso típico do candidato que se coloca como opção de governante, José Serra, com conteúdo otimista e elegante aos mais rasteiros gestos, como a provocação de segmentos da sociedade que se regem por princípios religiosos manipulados pelo seu marketing.


A votação de Dilma está cristalizada e agrega a si novos contingentes de eleitores. O discurso virtual que é ditado pelos que responderam à pesquisa é bem claro para quem quiser entender: esse ser coletivo a quem chamamos povo está dizendo que aprova o governo central e desta forma acata a pessoa proposta como sucessora e continuadora do estado de coisas hoje vivido: inflação sob controle, poder aquisitivo relativamente aumentado, assistência aos segmentos carentes da população. De forma resumida, é isso.


A pesquisa que dá Dilma com 12 pontos acima de Serra ganha em credibilidade porque advinda do mais poderoso jornal de oposição ao governo, Folha de S. Paulo, cujos dirigentes, sabedores de que a nau serrista está indo a pique, preferem ressalvar-se como grupo econômico e comunicacional que, que seria grandemente agravado caso resolvesse negar e não divulgar o resultado da pesquisa do Datafolha. 


Deve ser um bocado amargo para seu paladar de apoiadores de Serra, mas é preferível isso a colocar em risco a hegemonia do Grupo Folha, caso se buscasse maquiar o que eles mesmos apuraram: a iminente derrota de Serra. Vão-se os anéis, ficam os dedos.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Faces Faces Faces Faces Faces Faces Faces Faces Faces Faces

Madre Tereza de Calcutá  


Nova carta de Alberany, o abminável, que começa a viver a Terra Brasilis

A quem tem estultice de me ler, eis o que digo,
 
Após desembarcar de miserável nau na Terra Brasilis envolvi-me em tropelias e, junto a magote de exploradores e vilões, ataquei uma procissão que se temia fosse movimento sedicioso. Não era. Mesmo assim, aplicamos àquelas vítimas golpes de bordão e bastonadas, para que aprendessem que eram povo e como tal deveriam ser tratados.

Devo lembrar que eu e meus sórdidos amigos, vilões em alto grau, temos por montaria homens fortes e tolos que se deixaram por nós dominar e agora relincham como se cavalos fossem. Para comemorar a surra que demos no povo combinamos de nos divertir largamente em uma estalagem, ambiente pouco recomendável e cheio de barulho.

Montamos e nos atiramos em direção ao antro, onde esperamos encontrar prazeres da mais reles alegria. Em meio ao caminho vamos atropelando quem seja louco o suficiente para ficar ao alcance da nossa cavalgada de insanos.

Ao chegar somos recebidos pelo estalajadeiro. Homem de aspecto asqueroso, tem a barba preta batendo no peito e uma perna de pau que, alegra-se, foi obtida quando participava de navio que atacava galeões espanhois lotados de ouro. Faz um gesto obsequioso e nos introduz no covil.

Ali reina a mais perfeita desordem. Afinal, somente se encontram no salão esfumaçado tipos da mais perniciosa origem. Entro ao lado do chefe da minha tropa de infames. Sentados a uma mesa, vinho da mais terrível procedência nos é servido. Logo pergunto como podemos lucrar à custa de tolos e afins. 

O atroz indivíduo, que atende por Peró, diz-me que devemos atacar velhos enfermos e nos apoderar de todos os seus bens, casas inclusive, e desta forma malvada acumular grandes cabedais. E o que fazemos com os velhos?, perguntei. Serão vendidos a comerciantes de escravos que os colocarão em suas naus tormentosas e os venderão a canibais, responde-me prontamente. 

Como se vê, é ideia excelente. Nisso, chega o estalajadeiro e se põe conosco a conversar. Ouvira de soslaio nossas velhacarias e se propõe a ser nosso sócio. Diz que, além do ataque a velhos enfermos, devemos fazer o inverso. Inverso, como assim?, quero saber. Simples, afirma, formaremos grupos que irão por toda a cidade pedindo ajudas para os pobres, mas que serão desviadas para nossa empreitada fraudulenta. 

Ótimo!, exclamo. Agindo desta forma ganharemos fama de bondosos e ninguém suspeitará dos sequestros dos anciães e do roubo de seus dinheiros e propriedades. Com isso, comemora o estalajadeiro, teremos acesso aos poderosos, anunciando a estes que estamos em grande campanha e nobre causa. E, detalha, se os nobres forem tolos, nos darão vultosas contribuições. Se forem maus, se unirão a nós e ampliarão enormemente o nosso poder. 

Subo a uma mesa, já sentindo os efeitos do álcool e anuncio ao conciliábulo de infames que nos seguem tão grande e alta boa-nova. Sou aplaudido e carregado nos ombros. Passamos o resto do dia bebendo e comemorando nossos planos. Varamos a noite em grande bebedeira e augusta bandidagem. 

Dia seguinte, montados em nossos homens-cavalos partimos para a rapinagem. Atacamos primeiro a casa de um rico e doente cidadão, que acumulara fortuna à custa de viúvas e órfãos, e também com o tráfico de escravos. Ao invadir o seu quarto está ele emitindo horrendos gritos. Apresentamo-nos como médicos e ele pensa que conosco terão fim ali os seus males. Fala-nos de seus achaques e de como se sente molestado.

Então, para sua surpresa, tomo de um relho e desço em seu lombo gordo uma série de brutais açoites. Que tipo de médicos são vocês?!, grita o infeliz. Estão sob as ordens de Belzebu?, diz em desespero. Não, respondo eu, somos patifes da mais baixa ordem e estamos a dar-lhe um pouco do seu próprio remédio. Ai, como é triste o meu penar!, berra o maldito enquanto é carregado para ser vendido aos mercadores de escravos.

A turba que me acompanha, enquanto isso, está a roubar tudo o que está a seu alcance.  O velho já foi entregue aos carniceiros que o venderão, e partimos para a próxima surtida. Iremos à casa de um nobre, conforme fora planejado. A patuleia de malfazejos que nos acompanha já se espalhou pela cidade pedindo óbolos e ajudas aos necessitados, tudo como fora programado.

Como vedes, somos rápidos e insignes representantes do saque e da espoliação, malfazejos dos mai indignos propósitos.

Fico por aqui, prometendo vos contar nossas vis artimanhas, ardis e malefícios. Tenho certeza que haveis de concordar: na Terra Brasilis tudo conspira a favor dos inclementes e dos abusadores, dos néscios de toda ordem, bem como dos pilantras e malvados. Agora, paro de escrever e parto para novo embuste.

Deste que vos respeita e quer,
Alberany, o abominável
Imagem http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www2.uol.com.br/historiaviva/dossie/img/bandidos6.
O debate na TV como ritual de mídia
Emanoel Barreto

Vem aí um novo debate. Será na Record, segunda-feira. Somente com perguntas entre os dois candidatos. O espetáculo midiático está se transformando num ritual. Alguém duvida do que vai acontecer? Salvo fato de última hora e portanto imprevisível, Serra e Dilma vão se defrontar com as mesmas perguntas, mesmo que formuladas de maneira diversa da forma como já foram propostas.

O excesso de debates está cansando. O confronto, na verdade, é mais para atender aos interesses da grade de programação das emissoras que para tratar de assuntos e temas de grande política. E ai do candidato que não aceitar: o show tem de continuar.

Da forma como está é apenas o ritual. Tudo se passa segundo uma espécie de liturgia, com passos cerimoniais arbitrados pela TV, emoldurando o encontro segundo os termos e a lógica de um programa típico desse veículo

Suponho que uma ótima forma de debate seria aquele em que os dois candidatos entrassem no estúdio e, sem qualquer mediação, começassem a conversar, esgrimindo argumentos, discutindo civilizadamente o que pretendem fazer.

No máximo um jornalista faria a citação de um tema e eles, abertamente, passariam a se questionar, em três ou quadro blocos de 15 minutos.

Aí sim, teríamos um debate.

A dica dessa capa da Veja me foi passada por Patrícia Natasha, estudante de jornalismo antenada com o nosso tempo.

Quem me envia essa é João Victor Torres, estudante de jornalismo e uma das promessas da nova geração que está se formando em mídia impressa.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

José Serra: não foi nada, não foi nada; foi só a festa do bolinha de papel

 
Vê-se claramente que foi uma bolinha de papel. 

No jogo da política, eis a análise do Pixador

O Pixador

Sobre o "atentado" a Serra quem melhor fala é oTrio Esperança, ou melhor canta, Bolinha de sabão

Faces Faces Faces Faces Faces Faces Faces Faces Faces Faces

Ernest Hemingway
 http://bernardschopen.tripod.com/hemingway.html

O Pixador



Mercedes Sosa - Gracias a La Vida

 Pesquisa confirma tendêndia pró-Dilma
Emanoel Barreto


O Estadão informa:
A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, está 11 pontos porcentuais à frente de José Serra (PSDB), segundo pesquisa Ibope/Estado/TV Globo divulgada nesta quarta-feira, 20. A petista tem 51% das intenções de voto contra 40% de José Serra (PSDB). Votos brancos e nulos somam 5% e 4% não sabem ou não responderam.
Considerando-se apenas os votos válidos (excluídos nulos, brancos e eleitores indecisos), Dilma teria 56% contra 44% do tucano. 

A tendência, consultando-se o histórico das pesquisas, é pró-Dilma. Tendência significa "propensão a" e indica possibilidade de confirmação de momento tendencial enunciado pelo levantamento de intenções em dado contexto.

A campanha, ao que parece, além de suscitar a participação de setores obscurantistas da sociedade ao lado de Serra, teve o condão de, em lado oposto, levantar vozes sociais autorizadas civilmente a se manifestar a favor de Dilma. Chico Buarque que o diga. Leonardo Boff também. São vozes impolutas e da mais absoluta credibilidade

O comparecimento de atores que tais à cena pública demonstra que há, solidamente, estratos sociais que compreendem o momento histórico e repudiam o plano em marcha, de buscar os tucanos o empreendimento de hegemonia - domínio e direção da sociedade.

Nas universidades professores e estudantes se erguem. E bandeiras nas esquinas dizem não aos que pretendem levar adiante projeto político alinhado à conservação e ao obscurantismo.





O incidente que resultou em agressão ao candidato Serra, no Rio, é demonstrativo do quanto a campanha à sucessão presidecial se encaminhou a rumos estranhos à democracia. A ação, atribuída a supostos militantes do PT, é o resultado do rebaixamento dos níveis do debate, que escorreu da alta política para os descaminhos de discussões estéreis e histéricas acerca do aborto, vindas do PSDB. Virá agora a vitimização de Serra e, o incidente, seu martírio. O ato vai virar "atentado" e o não-discurso, o vazio de discussão provocada em torno de nada, será o mote dominante daqui por diante, é o que presumo. (EB)
Foto: http://3.bp.blogspot.com/_51N1AJDUQi4/TL8x7VB6-dI/AAAAAAAACgw/mDaHgIBFoqs/s1600/10293317.jpg

Nova carta de Alberany, o abominável, em seu primeiro contato com a Terra Brasilis

A quem leia esta, eis o que sucede.

Após encomedar uma sela a sinistra figura que habita o porão do horrendo navio onde me encontro, singrando em direção à Terra Brasilis, tracei meus planos: conluiar-me a quem possa garantir a mim e a meus intentos lucros e benesses. Se não vos lembrais, a sela que encomendei é parte de meus intentos, que somente revelarei à hora certa. 

O navio viajava há já muitos dias quando afinal o gajeiro anuncia terra à vista. É a Terra Brasilis.
Logo após chegarmos ao porto observei grande movimentação. Negros fortes carregavam pesos descomunais, homens em charretes e em liteiras dão ordens e são obedecidos. 

Pego a minha cela e o bridão e desço do navio. Dirigindo-me a um homem alto, forte e andrajoso, pergunto sois do povo? Mal ele me respondeu que sim, atirei-me às costas da infeliz criatura, apliquei-lhe aos ombros a cela e o bridão à boca. Ele saltou a corcoveou como um cavalo mas isso não me põe abaixo. Comprovo que sou excelente ginete. Era essa a minha intenção, encontrar um tolo que me servisse docilmente.


Multidão de parvos me aplaude o que é muito bom para a minha alegria. Enfim, cravando esporas, faço o homem galopar. Parto a grande velocidade, e para meu gáudio encontro outros homens montados em outros homens. Todos levam lanças e varapaus e a eles me ajundo naquela empreitada de loucos que não sei aonda vai dar.


Logo alguém me dá uma lança e pergunto para onde vamos. Iremos atacar o povo que parece rebelar-se foi a resposta. Após trinta minutos de galope deparamo-nos com a multidão. As pessoas não parecem enfurecidas. Na verdade trata-se de uma procissão. Pergunto se ainda levaremos a cabo nossa intentona que que não há motivos para o ataque. 


O chefe do magote ao no qual havia me metido diz que não. Mesmo quando está em paz o povo deve ser advertido. E partimos para cima da procissão, distribuindo formidáveis golpes em todos. Espavoridas, aquelas pobres criaturas berram e se atiram ao chão, pedindo clemência. Afinal todos fogem e a minha malta para de distribuir estocadas. 


Apeamos de nossas montarias humanas e entabulo conversa com nosso chefe. Pergunto da Terra Brasilis, seus costumes ou falta disso. Ele me fala do povo e das riquezas. Diz-me do poder e como se estrutura. Fala-me que existem senadores. E quem são?, quero saber. Representantes do povo, é a resposta. Imagino como trabalham e suponho como agem, ouvindo-me atentamente o farsante com quem falo. 

Eis o que digo a ele: devem ser pobres criaturas esses senadores. Imagino-os no plenário que frequentam. Esmolambados, suarentos, barbas por fazer, esmolam entre si e uma única e pobre moeda é passada de mão em mão, que aqueles homens são bons e repartem entre si o pouco que têm. Como aquelas criaturas bondosas conseguem sobreviver, já que são representantes do povo e do povo são seus iguais e sendo iguais ao povo nada têm de seu?, pergunto. E mais: não tendes compaixão de tais famintos?


O tipo, maroto e sórdido, ri-se de mim e me explica que ser representante do povo é apenas uma metáfora, na verdade uma grande e cara brincadeira. Os senadores são homens de escol e vivem em mansões. A nosso lado as montarias humanas relincham. Sim, já relincham como cavalos. 


Sinto que estou à larga e é grande o meu viver. Montamos e seguimos em direção a uma taberna, a fim de comemorar nossa desprezível vitória. 


Na próxima carta vos contarei mais.


Saudações deste patife,
Alberany, o abominável
  Texto transcrito
Brasil vive a encruzilhada mais séria desde 64 
Alípio Freire*
Quando José Serra tenta transformar a disputa política numa guerra religiosa - estamos no terreno privilegiado do fascismo. Aliás, a este respeito, certo filósofo alemão de origem judaica, já nos advertia no século 19 sobre as guerras religiosas enquanto o mais baixo degrau da política, e suas conseqüências para a maioria do povo. Fomentar a intolerância religiosa (ou qualquer outro tipo de intolerância) é fascismo. O que está em jogo nesta eleição é ainda mais grave que uma escolha por um programa de crescimento e desenvolvimento social.
Alipio Freire
Ainda que possa parecer para muitos de vocês que estou "chovendo no molhado", sinto-me no dever de repetir:

Vivemos hoje, no Brasil, encruzilhada das mais sérias desde o golpe de 64.

Não interessa muito, a esta altura, as nossas opiniões pessoais sobre os limites das políticas do Partido dos Trabalhadores; da sua política de alianças; do Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva; etc. Interessa menos ainda as nossas simpatias pessoais ou opiniões pontuais sobre a candidata Dilma Rousseff (minha candidata desde o primeiro turno).

O que escolhemos nesta eleição é simplesmente o seguinte: ou vamos com a candidata Dilma, e os seus limites, ou escolhemos o candidato da “santa” aliança Demo-Tucana, o senhor José Serra, com sua absoluta falta de limites políticos, éticos e morais.

Não adianta mais discutirmos as falcatruas com as verbas públicas levadas a cabo pelo dois blocos que hoje polarizam a disputa; tolice descobrir ou avaliar quem roubou mais, se os Sarneys ou os Henrique Cardosos; se este ou aquele dirigente petista, ou o ministro Sérgio Motta para a compra do Congresso visando o segundo mandato para o Príncipe dos Sociólogos; se os filhos deste ou daquele presidente, ou daquele governador cuja descendência praticamente monopolizou os pedágios de São Paulo privatizados pelo pai, etc. etc. etc.

Obviamente todas essas coisas estão erradas e, se nos afligem não importando qual dos lados as tenha praticado, para o bloco Demo-Tucanos, não há qualquer reação de repúdio ou censura aos seus membros que assim sempre agiram, agem e agirão: não enrubescem. Pelo contrário, providenciam apenas os Gilmar Mendes para colocar na presidência do STF.

Na verdade, o Demo saqueia o país, desde antes de sermos Brasil, quando este território atendia apenas e genericamente por Pindorama, e aqui desembarcaram em 1500. Nos ancestrais do Demo está a responsabilidade de todas as mazelas que vimos herdando há tantas gerações. No Demo está a matriz da corrupção, do Estado autoritário, da escravidão, da tortura, da repressão e de todas as misérias que assolam o país e que conhecemos sobejamente.

Mas não é isto o que fundamentalmente está em jogo neste momento.

Também não está em jogo o programa econômico (macro) das duas candidaturas – na atual conjuntura internacional, e com as estratégias definidas por vários dos partidos de esquerda, essas políticas econômicas dificilmente poderiam ser outras que não as que estão na praça. No entanto, entre uma perspectiva de crescer com distribuição de renda ou com concentração de rendas, sem sombra de dúvidas, a primeira alternativa (representada pela candidatura Dilma Rousseff) é a que mais convém ao nosso povo.

Chamo a atenção de alguns camaradas mais radicalizados para o seguinte: não haverá Armagedon ou Apocalipse Socialista. O povo não morrerá de fome hoje, para ressuscitar em pleno Esplendor da Aurora Socialista, quando os rios jorrarão leite e mel. Não haverá qualquer profeta Daniel do Velho Testamento, ou o São João, do Novo Testamento, capaz de prover milagre de tamanha envergadura. Isto não existe, senão nas pobres cabeças de alguns, acostumados a fazer três refeições por dia, e a não passar frio nem calor, resguardados por um conforto que deveria ser igual para todos.

Mas, muito mais que isto, o que está em jogo nesta eleição é ainda mais grave que esta escolha de programa de crescimento.

Trata-se, na verdade, de escolhermos entre uma candidata que quer e fará o possível para nos preservar do fascismo que se expande em todo o Mundo (sobretudo nos países centrais do capitalismo), ou um candidato cuja campanha e cujas declarações e estratégias apontam para um alinhamento exatamente com o fascismo.

E não se trata de figura de retórica, discurso de palanque, o que aqui escrevo.

Enquanto na Europa e nos Estados Unidos cresce a xenofobia, o ódio contra os trabalhadores imigrantes; enquanto na Itália o Congresso aprova uma lei que permite e estimula a criação de "rondas de cidadãos" (leia-se, formação de milícias paramilitares); enquanto na Suécia, a ultradireita conquista cadeiras no Parlamento; enquanto na Holanda, a ultradireita cresce no Parlamento - podendo vir a se tornar maioria; enquanto o Governo de Washington – mascarado pela melanina do seu presidente - barra o acordo Brasil-Turquia-Irã, que poderia abrir um importante canal de negociações pacíficas para aquela região que vive hoje a ameaça de invasão pelos EUA e seus aliados, tipo as que foram levadas a cabo no Iraque e no Afeganistão – ocupados até hoje, a ferro e fogo, pela democracia estadunidense; etc. etc. etc.

O senhor candidato da aliança Demo-Tucana segue a mesma linha em sua campanha.

Sim, meus camaradas e amigos: a linha de campanha do senhor José Serra é uma linha fascista. E não é necessária muita análise ou qualquer metafísica para concluirmos isto:

Quando o senhor José Serra ataca sua adversária por ter lutado bravamente na resistência contra a ditadura, o senhor José Serra não apenas tenta criminalizar a candidata Dilma Rousseff e todos os seus companheiros de lutas dos anos 1960-1970, quando os liberais – longe de se oporem à ditadura (o que só farão a partir da metade da década de 1970), serviam de sustentação àquele regime. Significa criminalizar todos os que lutam hoje por seus direitos, todos os movimentos e organizações dos trabalhadores e do povo – como, aliás, têm agido as PMs nos Estados governados pela “santa” aliança que sustenta a candidatura do senhor José Serra.

Isto é fascismo.

Quando o senhor José Serra coloca a questão do aborto e sua estigmatização, como divisor de águas entre ele e a candidata Dilma Rousseff – estamos exatamente no terreno da intolerância fascista.

Quando o senhor José Serra tenta transformar a disputa política numa guerra religiosa - estamos no terreno privilegiado do fascismo. Aliás, a este respeito, certo filósofo alemão de origem judaica, já nos advertia no século 19 sobre as guerras religiosas enquanto o mais baixo degrau da política, e suas conseqüências para a maioria do povo. Fomentar a intolerância religiosa (ou qualquer outro tipo de intolerância) é fascismo.

Quando o senhor José Serra participa de regabofes no Clube Militar e estimula os encontros entre esses que deveriam ser os guardiões da legalidade e da nossa Constituição, e os lambe-botas da grande mídia comercial que pregam, sem pejo e desabridamente, o golpe contra as nossas instituições, estamos cara a cara com o fascismo.

Quando o senhor José Serra se dirige ao Clube do Pijama, que reúne a nata do que há de pior e mais reacionário dos oficiais da Reserva (e que garantiu a ferro e fogo, à base de seqüestros de opositores, aprisionamentos em cárceres clandestinos, torturas, assassinatos e ocultação de cadáveres, os 25 anos de ditadura), ressuscitando fantasmas tipo "República Sindical" e outros jargões que serviram de mote para o golpe de 1964, o senhor José Serra se comporta como um fascista.

Quando o senhor José Serra se articula com a grande mídia comercial para divulgar todo tipo de mentiras e aleivosias contra a candidata Dilma Rousseff e seus apoiadores, sem a menor vergonha de falsificar e publicar uma suposta ficha dos órgãos de repressão da ditadura sobre candidata Dilma Rousseff, o senhor Serra age como um fascista.

Quando o senhor José Serra conquista como apoiadores e se reúne com organizações paramilitares – verdadeiras societas sceleris – como a Tradição Família e Propriedade – TFP, e o Comando de Caça aos Comunistas – CCC, o senhor José Serra está se articulando com fascistas.

E somente fascistas se articulam com fascistas.

Quando o senhor José Serra, em atos aparentemente menores (e apenas demagógicos), como na sua lei antifumo, ou na criação da "nota paulista", e não equipa o Estado da quantidade adequada de funcionários para o controle dessas questões, transferindo esse controle para os cidadãos, estamos frente ao pior dos fascismos: a tentativa de transformar os cidadãos e cidadãs num grande exército de dedos duros e alcagüetes, um verdadeiro embrião das "rondas de cidadãos" do senhor Berlusconi.

Muito mais poderíamos apontar como atos que fazem do senhor José Serra um fascista. A lista, no entanto, seria grande demais (uma verdadeira lista telefônica).

Neste momento, o mais importante é que tenhamos todos muito claro, o que significam as duas candidaturas, onde se diferenciam fundamentalmente, e as conseqüências que enfrentaremos com a eleição de uma ou do outro dos candidatos.

A unidade, neste segundo turno, em torno da candidatura de Dilma Rousseff – do meu ponto de vista – tem um claro caráter de frente antifascista.

Sem sombra de dúvida, a unidade em torno do entendimento acima exposto sobre o significado das duas candidaturas e, em conseqüência, a escolha da candidata Dilma Rousseff constituem um ponto de partida fundamental.

Apesar disto, não é suficiente, não basta.

É necessário um passo a mais.

É necessário que nos organizemos e passemos à ação, de forma articulada com o geral da campanha. É necessário, portanto, que procuremos os comitês de campanha dos partidos aos quais sejamos filiados, ou os comitês suprapartidários que apóiam a nossa candidata.

Neste momento, circulam dezenas de manifestos de setores sociais, profissionais, religiosos, etc., com milhares de assinaturas em apoio à candidata Dilma Rousseff. É óbvia a importância de fazermos com que circulem em nossas listas via internet. No entanto, se nos detivermos apenas nisto, corremos o risco de conversarmos sempre e apenas entre nós. E é fundamental que consigamos sair do nosso círculo. Creio que uma boa maneira de faze-lo, de sairmos da tentação do espelho, seria – e que proponho – que reproduzíssemos grandes quantidades desses manifestos e, em grupos, fôssemos distribuí-los, nos locais de concentração dos sujeitos aos quais se dirigem esses manifestos e abaixo-assinados.

Por exemplo: no pé desta mensagem, repasso para todos um documento assinado por religiosos e leigos católicos e evangélicos. Pois bem, podemos reproduzi-lo e panfletarmos organizadamente nas saídas das igrejas e templos, conversando com as pessoas, explicando, convencendo aqueles que ainda tenham dúvidas, etc. Com o manifesto dos juristas, como um segundo exemplo, faríamos panfletagens nas portas de fóruns e tribunais nos horários de entrada e saída do pessoal, e assim por diante.

Temos de vencer o poder da grande mídia.

Para isto, vamos todos para as ruas, praças e avenidas – espaços privilegiados da nossa luta, pois é neles que podemos ser mais forte.

E nos encontraremos pelas ruas e praças do Brasil.
Foto: http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://1.bp.blogspot.com/_q08M1ajACHg/SLnUgofP_CI/AAAAAAAAC58/zb6yIR9R4Ss/s320/anistia.JPG&imgrefurl=http://imagesvisions.blogspot.com/2008/08/exposio-recupera-memria-do-golpe-que.html&h=300&w=313&sz=15&tbnid=Ejt5j2z-GccfjM:&tbnh=112&tbnw=117&prev=/images%3Fq%3Dditadura%2Bde%2B64%255D&zoom=1&q=ditadura+de+64]&usg=__3xa1aBdrMwBwD35E9vctQuC1yEA=&sa=X&ei=PxC_TJmhJoT78AbnqOC7Bg&ved=0CC4Q9QEwBA

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Sem comentários: veja quem está com Serra e quem luta ao lado de Dilma

 Reproduzido da Folha de S. Paulo

'Dilma não tem medo de nada', diz Chico Buarque

ITALO NOGUEIRA
DO RIO
Pego de surpresa, o cantor e compositor Chico Buarque discursou no encontro de artistas e intelectuais em apoio à candidata Dilma Rousseff (PT) no teatro Oi Casa Grande, na zona sul do Rio. Ele sentou ao lado da petista na mesa principal do palco.

"Não seremos Estados Unidos da América do Sul", diz Dilma
Chico Buarque e Niemeyer são aplaudidos em evento pró-Dilma no Rio
Produtor do filme sobre Lula entra à força em cerimônia para Dilma
Lotado, evento com Dilma tem telão e confusão


 
"Vim reiterar meu apoio a essa mulher de fibra, que já passou por tudo, e não tem medo de nada. Vai herdar um governo que não corteja os poderosos de sempre. O Brasil é um país que é ouvido em toda parte porque fala de igual para igual com todos. Não fala fino com Washington, nem fala grosso com a Bolívia e o Paraguai".

Ele estava ao lado de Leonardo Boff, enquanto este discursava. Mas ao ser convidado a falar pelo teólogo, disse que esperava apenas ficar ao lado, "que nem papagaio de pirata". Ele foi um dos artistas que assinaram primeiro o manifesto em apoio à petista.


segunda-feira, 18 de outubro de 2010

-- ------ E aí Paulo Preto entrou em pânico e gritou:

O Pixador

Gilberto Gil apoia Dilma

Transcrevo texto extraído de http://www.leonardoboff.com/ (EB).

Ecologia Social, segundo Leonardo Boff


A segunda _a ecologia social_ não quer apenas o meio ambiente. Quer o ambiente inteiro. Insere o ser humano e a sociedade dentro da natureza. Preocupa-se não apenas com o embelezamento da cidade, com melhores avenidas, com praças ou praias mais atrativas. Mas prioriza o saneamento básico, uma boa rede escolar e um serviço de saúde decente. A injustiça social significa uma violência contra o ser mais complexo e singular da criação que é o ser humano, homem e mulher. Ele é parte e parcela da natureza.

A ecologia social propugna por um desenvolvimento sustentável. É aquele em que se atende às carências básicas dos seres humanos hoje sem sacrificar o capital natural da Terra e se considera também as necessidades das gerações futuras que têm direito à sua satisfação e de herdarem uma Terra habitável com relações humanas minimamente justas.

Mas o tipo de sociedade construída nos últimos 400 anos impede que se realize um desenvolvimento sustentável. É energívora, montou um modelo de desenvolvimento que pratica sistematicamente a pilhagem dos recursos da Terra e explora a força de trabalho.

No imaginário dos pais fundadores da sociedade moderna, o desenvolvimento se movia dentro de dois infinitos: o infinito dos recursos naturais e o infinito do desenvolvimento rumo ao futuro. Esta pressuposição se revelou ilusória. Os recursos não são infinitos. A maioria está se acabando, principalmente a água potável e os combustíveis fósseis. E o tipo de desenvolvimento linear e crescente para o futuro não é universalizável. Não é, portanto, infinito. Se as famílias chinesas quisessem ter os automóveis que as famílias americanas têm, a China viraria um imenso estacionamento. Não haveria combustível suficiente e ninguém se moveria.

Carecemos de uma sociedade sustentável que encontra para si o desenvolvimento viável para as necessidades de todos. O bem-estar não pode ser apenas social, mas tem de ser também sociocósmico. Ele tem que atender aos demais seres da natureza, como as águas, as plantas, os animais, os microorganismo, pois todos juntos constituem a comunidade planetária, na qual estamos inseridos, e sem os quais nós mesmos não viveríamos.

Depoimento de Chico Buarque (18 de outubro) a favor de Dilma

Candidata a reitora da UFRN envia artigo em que trata de política de atenção à saúde


Recebo e publico artigo de autoria da professora Maria Arlete Duarte de Araújo. Outra ou outras chapas terão idêntico tratamento. (EB)

DISCUTINDO A UFRN:
Política de Atenção à Saúde: onde está a preocupação com as pessoas?


Maria Arlete Duarte de Araújo
Professora Titular – DEPAD/ Centro de Ciências Sociais Aplicadas
(arletearaujo@natal.digi.com.br)Candidata à Reitoria – Um novo olhar para a UFRN
 
O ambiente de trabalho em uma instituição universitária coloca para o professor, além das responsabilidades derivadas do cargo, da alta competitividade embutida nos processos de obtenção de bolsas, bolsistas e recursos e da necessidade de aprendizagem contínua,  um conjunto de problemas produtores de stress: múltiplas atividades concomitantes de ensino, pesquisa, orientação e extensão; participação em comissões diversas, prestação de consultorias; cumprimento de prazos para orientações, projetos e artigos; compromissos com a manutenção de conceito dos programas de pós-graduação de que participa; financiamento de projetos; urgência de tempo para tudo e falta de apoio didático, entre outros. Todas essas   questões podem provocar um desgaste físico e emocional e serem  determinantes de muitas doenças.  Dessa forma, é um equívoco limitar a compreensão das condições de trabalho dos docentes à estrutura física e tecnológica, por mais importantes que sejam. Aqui, é preciso ressaltar que mesmo essas condições  básicas  ainda não se constituem uma realidade para boa parte dos professores da nossa instituição.

De forma idêntica, situações estressantes são também vivenciadas pelo corpo técnico-administrativo, provocadas especialmente  pelas  exigências de novas competências para lidar com os novos processos de trabalho, a falta de mobilidade nos ambientes de trabalho, o desestímulo provocado pelo não aproveitamento do potencial de formação existente, a necessidade de adaptação a sistemas tecnológicos mais modernos, tudo isso  associado a um sentimento de não valorização e reconhecimento do trabalho realizado.

Refletir sobre o desgaste físico e emocional ao qual estamos permanentemente submetidos, tanto os docentes quanto os membros do corpo técnico-administrativo,  em nossos ambientes e relações de trabalho, deve  pois ocupar um lugar central na agenda de gestão das pessoas. A necessidade de produzir resultados, alcançar objetivos e metas, cumprir normas e regras, elementos da racionalidade instrumental da instituição, não faz sentido se for com o sacrifício das pessoas que constituem o seu maior patrimônio. Dito de outro modo,  não podemos ficar prisioneiros da lógica estritamente racional e funcional que coloca em segundo plano o bem estar das pessoas. Uma nova lógica deve se impor para se contrapor à lógica instrumental e com ela dialogar para produzir contratos psicológicos duradouros, positivos e ricos em aprendizagem e satisfação entre a instituição e as pessoas. Estamos nos referindo à necessidade de humanizar a instituição de modo a valorizar e reconhecer a importância do trabalho das pessoas.

Esta compreensão remete, entre outras preocupações vinculadas ao ambiente de trabalho, para a necessidade da adoção de um programa de atenção à saúde dos servidores que seja capaz de prevenir, promover e recuperar a saúde, na perspectiva de uma concepção integral de saúde. A saúde é um direito de todo o cidadão e se constitui um bem inalienável. Não é possível aceitar que em uma instituição produtora de conhecimento como a UFRN não se saiba qual o perfil epidemiológico dos seus servidores, não se reconheça a forma como os diferentes ambientes organizacionais impactam na saúde, se ache natural a ausência de debates sobre as condições de trabalho geradoras de doenças, não se saiba quais as doenças do trabalho existentes e se dê pouquíssima atenção à saúde dos seus servidores.Tudo isso reclama e impõe a necessidade de um novo olhar sobre a gestão das pessoas. Uma instituição não é apenas máquinas, prédios, processos. As pessoas precisam sentir que a instituição se preocupa com elas, que se empenha em seu bem estar e que a atenção à saúde ocupa  centralidade nas políticas de gestão.

GENTE EM PRIMEIRO LUGAR!
UMA ADMINISTRAÇÃO HUMANIZADA!
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Sabatina com Dilma - Jornal Nacional - Segundo turno, 2010

Faces Faces Faces Faces Faces Faces Faces Faces Faces Faces

Aldous Huxley
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Alberany, o abominável, traça planos para quando chegar à Terra Brasilis

Navio em trânsito, 10 de junho de 1730


A quem cometa insensatez de acompanhar as minhas palavras, eis o que se segue,

Estou em navio, sórdida embarcação que tem em seus antros acolhidos elementos de notável indignidade e que muito se exaltam e se gabam de seguir à Terra Brasilis, onde, garantem, obterão grandes fortunas a troco de socapas e malandragens. Todavia, temo por mim, eis que sou sabedor de que ali reina grande balbúrdia - e súcias de variada estirpe do que há de pior em maus intentos campeiam de roldão.


Falam os mequetrefes que me cercam neste navio infecto que naquela terra não é raro ver-se homens andando de cabeça para baixo, para não gastar os pés. Devo dizer que o temor que me assola se dá porque, sabedor alguém de que meu cérebro tem mestria em organizar estrondos e vigarices, venha a capturar-me e pôr-me a seu escravo, aproveitando-se de minhas periculosas ideias e tornando-se rico ou mais rico ainda, se rico já o for, às custas de minhas matreirices.

Soube porém, para meu alívio, que neste navio sinistro e obscuro vive um ser execrável, um velho que se oculta nas mais profundas do porão e ali vive e exerce sua proficiência. Perguntei do que se trata e me disseram que é artífice precioso e grande fazedor de selas e arreios, bridões e outras traquitanas que se apõem a um cavalo.

Isso deu-me força aos instintos de aproveitador e logo urdi plano que mais tarde sabereis. Munido de tais intentos malignos e malsãos dirigi-me com cuidado ao seleiro. Fui recebido a fogo de pistola, que o indivíduo é homem de poucos amigos. A muito custo consegui dele aproximar-me. Com tenho comigo algum dinheiro, tilintei os dobrões e ele, ouvindo aquele hino à cupidez, desfez-se em meneios e reverências. Trata-se, como vedes, de vilão igual a mim.

O que quereis?, indagou-me o reles. E pedi-lhe que me fizesse uma sela especial, menor que as comumente usadas em alimárias e dei-lhe as espeficirações. E pedi rédeas, também de igual teor. Ele prometeu-me entregar tudo a tempo hábil, o que muito acalmou minha alma que tanto se alegra quando vê colapsos e hacatombes, desastres e pesares de que sempre aufiro bons proveitos.

Mas, não vos falo agora das minhas ignóbeis pretensões. Na próxima carta sabereis qual o meu plano e como tem tudo para dar certo na Terra Brasilis.

Deste patife e mal-falador,
Alberany, o abominável

Serra e FHC não podem voltar ao poder - Ciro Gomes


Políticas culturais nos Governos FHC e Lula
 Antonio Canelas

O segundo turno das eleições presidenciais de 2010 nos convida a uma reflexão acerca das políticas culturais inscritas nos projetos políticos em confronto. Mais que um mero embate entre as personalidades de Dilma e de Serra, como muitos querem fazer crer, importa entender que a efetiva disputa eleitoral acontece entre projetos políticos distintos que se expressam nestas candidaturas.

Para as pessoas interessadas em cultura, cabe analisar como estas forças políticas tratam a cultura. Tal compreensão implica, por exemplo, na análise comparativa das políticas culturais desenvolvidas pelos governos no plano federal: PSDB (1995-2002) e PT (2003-2010).

O Governo FHC teve um único Ministro da Cultura: Francisco Weffort. A atuação prioritária do Ministério da Cultura esteve voltada para desentravar e ampliar o funcionamento das leis de incentivo no país. Não por acaso a cartilha Cultura é um Bom Negócio se tornou um documento emblemático da atuação deste governo no campo da cultura. A efetiva ampliação do funcionamento das leis de incentivo foi conseguida, em especial, através da orientação do governo para as empresas estatais investirem no campo cultural.

Além de estimular a aplicação e ampliação da lógica das leis de incentivo, o ministério desenvolveu alguns projetos como o Monumenta, voltado para a área de patrimônio físico, mas realizado institucionalmente fora do IPHAN, e o programa de expansão do número de bibliotecas no Brasil, visando dotar todos os municípios de, pelo menos, uma biblioteca, meta não realizada apesar do esforço desenvolvido. Também a área de patrimônio imaterial foi contemplada, através da criação de legislação específica neste setor. Mas estas e outras iniciativas não se pretendiam como contraposições à prioridade conferida às leis de incentivo. Elas atuavam de modo complementar à opção política tomada.  

Esta política de priorizar as leis de incentivo inibiu, em boa medida, a deliberação do governo sobre os projetos culturais e, por conseguinte, sobre políticas culturais, pois a decisão efetiva sobre a cultura a ser estimulada foi transferida para as empresas, conforme previsto na modalidade de leis de incentivo vigente no Brasil. A escolha se mostrava sintonizada com a conjuntura nacional e internacional de fortalecimento do papel do mercado e inibição da atuação do estado. O orçamento do Ministério no final do período é de 0,14% do orçamento nacional.

O Ministério da Cultura no governo Lula foi ocupado por Gilberto Gil (2003-2008) e Juca Ferreira (2008-2010). Tais ministros assumiram posição contrária ao predomínio das leis de incentivo, ainda que projeto neste sentido só tenha sido enviado ao Congresso em 2010. Eles defenderam desde o início a necessidade de retomar o papel ativo do estado na formulação e no desenvolvimento de políticas culturais.

A construção de políticas de cultura foi realizada com a participação da sociedade por meio de seminários, câmaras temáticas e encontros, como as duas Conferências Nacionais de Cultura de 2005 e 2010. Uma maior institucionalidade para o campo cultural foi buscada através do desenvolvimento do Sistema Nacional de Cultura (SNC), que pretende articular a federação, os estados e os municípios, e do Plano Nacional de Cultura (PNC), conformado em interação com o Congresso Nacional, além da criação de novas instituições culturais, como o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), e novos órgãos como a Diretoria de Relações Internacionais do Ministério da Cultura.

Diversos projetos foram implantados e alguns ganharam grande projeção como: Pontos de Cultura, por certo uma das atividades de maior repercussão nacional e internacional do Ministério, e DOC-TV, que envolve televisões públicas de todo Brasil e o Ministério da Cultura para a produção e divulgação de documentários e que, dado o sucesso, já teve várias versões, inclusive internacionais, como as latino-americanas e para a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

As políticas para a diversidade cultural assumiram lugar relevante no governo Lula. No debate internacional sobre a diversidade cultural promovido pela UNESCO para construir a Declaração (2001) e a Convenção (2005), o Brasil teve inicialmente uma posição bastante ambígua. Mas tal postura foi radicalmente modificada com o novo governo. O Ministério da Cultura e o Ministério das Relações Exteriores, em conjunto, atuam vivamente em prol das normas internacionais de defesa da diversidade cultural. No plano interno, o Ministério da Cultura criou a Secretaria da Identidade e da Diversidade Culturais (SID) para implantar políticas e dar visibilidades aos documentos internacionais.  Na busca de empreender políticas para a diversidade, a SID, pela primeira vez na história brasileira, desenvolveu uma política cultural para os povos originários, algo que nunca tinha ocorrido no país.

A política cultural diferenciada implicou também em um aumento substancial do orçamento do Ministério, que se aproximou de 1% do orçamento nacional. O orçamento reforçado possibilitou ampliar o Fundo Nacional de Cultura, permitindo contemplar uma maior diversidade de expressões e regiões culturais. A articulação entre diversos ministérios, inspirado no PAC, viabilizou o Programa Mais Cultura, que ampliou os recursos para a cultura, com destaque, para as áreas mais carentes e de maior vulnerabilidade social.     
        
Esta breve exposição das atividades culturais desenvolvidas nos governos do PSDB e do PT aponta nitidamente para dois projetos culturais bem distintos: um que deprime as políticas culturais do estado nacional e deixa a cultura ser regulada prioritariamente pelo mercado e outro que constrói políticas culturais públicas, através do diálogo entre estado e sociedade, visando preservar e promover a diversidade cultural brasileira. A comunidade cultural está convocada democraticamente a fazer sua escolha entre estes dois projetos expressos nas candidaturas de Dilma e de Serra.