sábado, 26 de setembro de 2015

Uma história sem sentido; um sentimento profundo



Um louco terrível;
um caminho do horizonte

Às vezes pensava que era louco; um louco terrível, agressivo e logo depois sorumbático, que necessariamente deveria ser preso a uma antiga masmorra – daquelas de filmes B em preto e branco – e alimentado a nacos de pão dormido. 

E sendo louco sabia umas poucas e pobres histórias, produto certamente de seus devaneios e pequenas expectativas, que viam no sonho de suas histórias caminhos a desvendar, locais ermos e maravilhosos, sendas a ser percorridas. Quem sabe, magníficos esconderijos. 
Esconderijos; sim, sim: esconderijos. Quer algo melhor que um esconderijo?

Pois bem: convicto de que era louco armou-se de tal direito – costumava dizer “a loucura e meu maior patrimônio, inalienável direito” – e foi à casa dos amigos a anunciar que agora teria permissão para sair pela rua a gritar cousas sem sentido, acusar as autoridades, pedir que o sol de pusesse mais cedo. 

Encontrei-o ontem. E como sou seu amigo, e ele precisava deixar os amigos a par de que que agora estava oficialmente louco, fez-me o comunicado.
Alegrei-me muito, parabenizei-o e fomos a uma fonte beber como dois bichos calmos e mansos, a cara afundada na água. 

As pessoas olhavam, estranhavam. Achamos isso ótimo, acabamos de beber e partimos rumo ao horizonte. Sem destino ou noção de nada. Apenas o horizonte, sempre o horizonte.

                                ***********************************

Ah, sim!, esqueci de dizer: eu enlouquecera um dia antes dele.