quarta-feira, 25 de março de 2009

A "compaixão" de Pedro Bial
Emanoel Barreto

O jornalista e apresentador do BBB, Pedro Bial, disse "sentir compaixão" pelos participantes do programa, que explora a necessidade humana de busca do sucesso e dinheiro fácil, expondo suas vítimas a situações vexatórias.

Bial fala com a autoridade de quem participa da trama e manipula os BBBs. Certamente ninguém melhor que ele para sentir "compaixão", uma vez que integra o núcleo dos que levam aquelas pessoas a se expor em toda a sua fragilidade, indignidade, cupidez e degradação de valores.

O BBB é uma produção de mídia que pode ser vista sob diversos enquadramentos: sociológico, psicanalítico, político, filosófico, moral, etc... etc...etc...
É uma espécie de supra-sumo, cúmulo do quanto o ser humano pode ter despertados seus instintos mais baixos a troco de alguma forma de poder, de alguma forma de escapar do sofrimento. Ter dinheiro é uma delas.

A partir disso o programa foi formulado e ganhou adesão de mídia mundial, sendo apresentado em vários países. Quem o criou está milionário. Trata-se de um espetáculo lamentável, que imbeciliza a audiência e transforma idiotices em assunto cotidiano.
É uma forma de estupidificar as pessoas, que por momentos esquecem os problemas do mundo real e se ligam a um mundo fictício, onde os seus dilemas, vividos nesse mundo real, encontram-se representados de forma reducionista na performance dos BBBs.

A brutalidade da exploração das pessoas por um sistema social e econômico cruel ganha contornos embaçados na luta dos BBBs para alcançar o milhão a ser entregue ao vencedor. Não é assim também na vida? Não é assim, mês a mês, que o trabalhador se esforça, para afinal receber o salário? Não é um truque baixo a má divisão de renda? Pois se assim é, o que acontece no maior repete-se no menor.

No mundo da vida há a exploração da mão-de-obra. No BBB, há a exploração da condição humana. No fim, é tudo a mesma coisa.

terça-feira, 24 de março de 2009


A História do Brasil revista e ampliada (3)
Emanoel Barreto

A construção de Brasília não foi feita por Juscelino Kubitschek. Na verdade, foi um ator da Globo, na minissérie JK, quem levou a empreitada adiante. O objetivo era manter a audiência da emissora bem alta e enfrentar o crescimento da Record. Com a construção de Brasília deu-se andamento ao processo político, chegando à presidência Jânio Quadros. Mas, como a minissérie acabou, Jânio, que não havia conseguido emprego na Globo, entrou em pânico. Como iria continuar administrando se o programa havia acabado? Esse o motivo de sua renúncia.

Depois, veio o golpe de 64. Quando os militares assumiram o poder começou a construção da Transamazônica, uma estrada que, diziam os entendidos, levaria todo o povo ao Paraíso. Quando ficasse pronta todos poderiam chegar ao Céu facilmente, mas a pé. De carro não valia. O problema era que era muito difícil fazer uma estrada até o Céu, que fica muito alto. A Transamazônica ia virar uma ladeira extremamente inclinada.

Então, como estava já muito caro continuar com as obras, o projeto foi esquecido. Depois, os militares viram que esse negócio de administrar o Brasil é coisa de muita ciência e deixaram os civis voltar ao comando. Com isso voltou a democracia. Que, como se sabe, é o governo dos demos. E como os demos não gostam muito de trabalho, chamaram o Congresso. O Congresso também não gosta lá muito de trabalho. Assim, Brasília tornou-se infestada de mandriões que, entre um bocejo e outro, vão dormir. Isso quando não estão em tenebrosas transações.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Alma minha, gentil...
Emanoel Barreto

Alma minha, gentil, não vês que já há choro e ranger de dentes
e ainda nem chegou o Apocalipse?

Alma minha, gentil, não sabes dos dramas e pesares
que pesam sobre o mundo?
Alma minha, gentil, por que te calas?

Alma minha, gentil, será que és gentio?