terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Extra! Extra! Descoberto o mistério da iluminação do novo estádio



O ninho da serpente ou de como a cobra boitatá ilumina a Arena das Dunas

OK, está pronto o ninho da serpente. A Arena das Dunas abriu ontem seu vulcão de luzes e urrou seu ronco de ferro luzidio, dizendo a que veio: chegou para se mostrar como uma espécie de chaga colorida, uma ferida enfeitada, um enclave de enganação e de quimera.
Chegou para dizer a Natal e ao Rio Grande do Norte que os interesses dos poderosos serão sempre os interesses de todos e não importa o preço; chegou para informar que continuará a faltar sim medicação no Walfredo, segurança nas ruas, escolas na periferia, bem estar para quem vive de salário mínimo. Chegou para reafirmar que haverá dinheiro – e muito – para garantir o pão e o circo da Copa.
A serpente; namba negra, naja mortal, já está acomodada e dormita por entre as fendas das cadeiras, se espoja no gramado verdinho. Quem for bom de vista poderá até vê-la coleando, enovelada àquelas enormes armações laterais, as armações que protegem e em essência formam o ninho da nova boitatá.
Boitatá? Eu disse boitatá? Sim, eu disse. Meu Deus, como não percebi antes?  Sim! É isso! Saquei! Eu estava errado. Mas agora ocorreu-me: a serpente da Arena não é uma naja ou namba negra.
A cobra gigante é a brasileiríssima boitatá. Aquela cobra das nossas lendas, a cobra que comeu os olhos dos animais e tornou-se brilhante com o refulgir dos milhares olhinhos que devorou, tornando-se assim um prodígio resplendente, o bucho inchado de fogaréu.
A boitatá comeu os olhos de Natal e agora explica-se o mistério, o fulgor das luzes daquele ninho: o brilho não é dos holofotes, dos fachos. O relumbrar que alucina a todos os cegos dessa cidade é o fulgurar da visão tirada a todos os que não tiveram olhos para ver a monumental, monstruosa obra então em construção e agora pronta.
http://pt.fantasia.wikia.com/wiki/Boitat%C3%A1
Pronto: desfeito o mistério. Explicada está a iluminação da Arena. Boitatá chegou, explodindo de clarões. Depois virá o dragão Fifa e aí o circo vai pegar fogo nos berros de goooooooooooooooool!
Depois, passada a Copa, ficarão as cinzas do festim e uma grande ressaca. Boitatá estará bem gorda e dirá: “Gostaram? Gostaram mesmo? Agora chegou a hora da conta. Paguem! Paguem! Paguem! Eu não sou um estádio, seus tolos: eu sou um furacão!”

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Saudações ao admirável mundo novo



Viva o sol elétrico do computador

Salvo grave engano de minha parte até agora nenhum portal fez uma revelação importante a respeito o incidente no Mercatto: qual o nome do garçom? Mas, para as finalidades deste texto, isso não importa. O que vale mesmo é o fato de que o clamoroso incidente serviu para comprovar que a sociedade, se é vigiada dia a noite por câmeras e computadores pode igualmente valer-se dessa panoptia para se defender.
http://www.idownloadblog.com/2013/03/01/sales-of-ipad-mini-tops-ipad
Ou seja: se as redes sociais têm a possibilidade de alienar, disseminar uma estranha e quase mesmerizada forma de solidão compartilhada nas telinhas azuladas de máquinas que quase maquinam, essas mesmas redes sociais estão contribuindo para o surgimento de uma nova forma de sociedade civil, de reunião instantânea e resposta mobilizadora. E isso faz valer o grito indignado e revoltado, urgente e de última hora.
Se a ação do magistrado ao humilhar um  trabalhador humilde é paradigmática de um certo tipo de mentalidade que começa a claudicar, saudemos esse sol computadorizado que começa a brilhar. O sol que ajudou a denunciar esse ato.
Aclamemos esse sol artificial. Que podemos chamar a qualquer momento para expulsar a escuridão e o obscurantismo, rebater a violência e o hegemonismo. Bradar “Não!”, quando o império quer ouvir sempre o sim.
Saudações ao admirável mundo novo − apesar de todos os defeitos, Ave!



Extra!!! A nova versão da música "Garçom"



Saiu a nova versão da letra de Reginaldo Rossi, confira aqui.

Garçom,
Aqui, nessa mesa de bar
Eu grito e você vai calar
Centenas de gritos de dor

Garçom,
No bar todo mundo é igual
Mas meu caso é especial,
Eu sou um desembargador

Saiba que o meu grande poder
Hoje vai lhe calar
Eu nem mandei carta pra lhe avisar
E quem lhe ajudar eu dou voz de prisão

Pra lhe matar de tristeza
Só mesa de bar
Quero gritar todas
Vou me alterar
E se eu gritar muito se deite no chão

Garçom, eu sei
Eu estou enchendo o saco
Mas todo poder fica chato
Valente e tem toda razão

Saiba que o meu grande poder
Hoje vai lhe calar
Eu nem mandei carta pra lhe avisar
E quem lhe ajudar eu dou voz de prisão

Pra lhe matar de tristeza
Só mesa de bar
Quero gritar todas
Vou me alterar
E se eu gritar muito se deite no chão