sexta-feira, 8 de junho de 2007

Vade retro...

O Estadão publicou a seguinte matéria:
"MIAMI - Sônia e Estevam Hernandes, o casal fundador da Igreja Renascer, confessaram nesta sexta-feira (ontem), dia 8, serem culpados por contrabando de divisas para os Estados unidos, em audiência realizada em Miami.
O casal Hernandes foi preso no dia 9 de janeiro, quando chegava aos Estados Unidos, tentando entrar com US$ 56 mil não declarados, sendo US$ 9 mil dentro de uma Bíblia."


Estavam aí, literalmente, os trinta dinheiros. Estavam dentro de uma Bíblia, a profissão de fé no dinheiro e a crença do casal Hernandes. Um demonstrativo exato do quanto é rentável a manipulação da crendice popular, numa seita que se volta totalmente para o lucro e enriquecimento ilícito, por parte de quem se se apresenta como alma devota e piedosa.

Mas, ninguém se engane, o casal é milionário e suficientemente poderoso para se safar da prisão nos Estados Unidos e, claro, no Brasil também. Diante de tais falsos profetas só nos resta dizer: oremos.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Grupo de elite se reúne para aplaudir as prostitutas

Na sociedade de consumo, dependendo do lucro que possa dar, até mesmo comportamentos de grupos marginais podem ser absorvidos/absolvidos e enfeixados em grifes e fama decorativa, passageira, volátil, e com alguma lucratividade.

É o caso da marca Daspu, criada pela ONG Davida, que reúne prostitutas com o objetivo de criar uma consciência de grupo, um sentimento de pertença e de auto-estima através da moda, roupas inspiradas nas peças que as mulheres usam quando estão, como dizem elas, na batalha. A intenção é boa e já começa a ser estudada pelo sistema de lucro, esquadrinhando o mercado. Se der, deu...

Noite passada, em paralelo à Fashion Rio, a marca Daspu promoveu desfile de prostitutas e travestis numa livraria e um bom público aplaudiu. Aplaudiu,certamente, o inusitado. Afinal, pessoas bem-pensantes, gente cabeça, jamais iria negar umas palminhas às moças. É de bom-tom, politicamente correto, atirar aplausos às causas dos desvalidos, gauches e assemelhados.

Mas, daí até à aquisição de alguma roupa provinda da marca, suponho que haja uma grande distância. Rapazes e moças de classe média, é verdade, usam calças jeans que vêm de fábrica "rasgadas" ou "desbotadas", para dar a falsa impressão de roupas velhas, utilizadas por um usuário despojado. Há um certo ar falsificado de casualidade blasé, uma impostação comprtamental.

Mas entre a moda blasé e a moda Daspu vai uma distância abissal. A primeira reafirma as condições de classe, o poder econômico charmoso de pessoas que podem esbanjar dinheiro - essas roupas são caríssimas; a segunda afirma uma posição, uma situação sócio-econômico-grupal marginalizada. Assim, migrar de uma roupa de grife internacional para uma marca brasileira e ainda por cima criada por prostitutas, teria o significado de adesão a uma causa, engajamento e... pertencimento. Não creio que haja tal possibilidade.

As intenções da ONG são boas, mas há um impeditivo social a demarcar territórios e grupos. A fronteira é invisível, mas mantém - é isso mesmo - cada um em seu lugar.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Eles querem mais, muito mais

O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), vai entrar na Justiça tentando derrubar decisão de uma juíza, que está impedindo que os deputados federais embolsem mais 15 mil reais a título de indenização com despesas como gasolina e alimentação, desde que comprovadas os gastos com notas fiscais.

O deputado acha que os 16 mil reais que ele ganha são pouco, fora as demais mordomias financeiras que os parlamentares têm. E há até mesmo deputados que pensam em preparar um processo contra a juíza, para que o judiciário a puna, por proteger o patrimônio público.

Os políticos brasileiros precisam entender que um mandato não é um cheque em branco, que lhes foi dado pelo eleitorado, a fim de que se locupletem com os dinheiros públicos.

Um mandato é, na verdade, uma autorização popular para que alguém represente o povo e em seu nome possa legislar. Só isso. Jamais uma feira onde negocistas de todas as espécies vão com tremenda sede e terrível fome de dinheiro.

Ao que parece, há políticos que precisam não de um mandato, mas de um mandado, um mandado de prisão, para que, literalmente, paguem pelo mal que tanto causam.