quinta-feira, 15 de novembro de 2007

A festa na casa de Geraldo e Maria

Caros Amigos,
Aqui, no coração de Minas, estou num retiro feito de natureza e paz. Os pássaros cantam suas canções de pios, enquanto o sol, preguiçoso, se esconde e se recobre com o lençol da noite, dando lugar a um silêncio manso. As estrelas tecem no céu sua sinfonia de pingos de luz.

Estou com Terezinha, Minha Mulher, na casa de Geraldo e Maria. Casa grande, tão grande que parece um labirinto, habitado por um aconchego que só se encontra nas Gerais. Maria, irmã de Terezinha, é a matriarca de um clã que se construiu ao longo do tempo e traz plantada em si a força misteriosa que vem das montanhas, encanta o olhar e deixa longe o pensamento. Geraldo, o patriarca, caladão em seu silêncio de mineiro caprichoso e ligado à terra, é um grande abraço a nos receber.

O motivo de nossa vinda, assim como e de muita gente mais, é uma festa grande, já se aprontando para acontecer sábado que vem. Com frango, quiabo, angu e torresmo, como manda o melhor sabor das Gerais.

Uma coisa não posso esquecer de lembrar: o Tempo, aqui, parece que tem vergonha de passar. Pede licença, se embrenha pelos cantos, fica escondido e anda de mansinho.

Aqui, o Tempo já sabe, é proibido ficar velho depressa. E quando alguém envelhece, tem guardado bem forte na lembrança, que ainda é moço na força do viver.

Aqui, eu descobri, o Tempo passa devagarinho, que é para dar à Vida mais direito de ser vivida.

E é nesse clima bom que, sábado, quando a familharada estiver reunida na festa, viola pra todo lado, gente cantando feliz, vamos viver mais um pedaço de Vida, como quem faz uma colheita boa.

Fica aqui o meu abraço. Que venham e cheguem logo os filhos, os genros, as noras, netos, primos, tios, tias, parantes e aderentes, amigos e agregados. Venham com suas cantigas, que a festa, aqui, começa antes de começar.
Emanoel Barreto

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Mais dinheiro, mais dinheiro...

Caros Amigos,
Um bilhetíssimo para vocês, por pura falta de tempo: ao que tudo indica, deverá obter pleno êxito a molesta intenção do Governo, na aprovação da continuidade da CPMF. É preciso, entendem "eles", que continuemos a pagar para ter conta em banco; a pagar para sermos lesados; a pagar por pagar. E o que temos em troca? Façam o seguinte: olhem em volta, vejam os noticiários de rádio, TV e jornal, que logo encontrarão a resposta.
Um abraço,
Emanoel Barreto

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Em meio a Minas, montanhas

Caros Amigos,
Deixei os ares portenhos pelas montanhas mineiras,
chão brasileiro tão forte, coisas de aqui querer bem.
Cheguei ao abraço, família, calor de tempos
amigos; queridos, todos queridos.

Com mais tempo, escrevo. Detalho coisas de cá.
Volto a vocês todo dia, mas trazendo
na lembrança, ainda por esses dias,
o som do tango portenho.

Um abraço,
Emanoel Barreto

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Adios, muchachos

Caros Amigos,

Anoto neste pequeno e incompleto diàrio: saio agora, seis e meia da manhá, nos rumos distantes de Minas. Là, estarei na regiáo mais central e mais intensamente mineira, protegido pelas montanhas, abraçado pelo clima ameno, pelo siléncio grande que domina tudo.


Ao tempo, irei acrescentando recuerdos, detalhes, visóes e acontecimentos. Continuo com problemas na acentuaçao. As computadoras, acà, sao máquinas molestas...

Gracias,
Emanoel Barreto

domingo, 11 de novembro de 2007

O bébado e o equilibrista

Caros Amigos,
Caminhando pela feira de San Telmo, Buenos Aires, parei frente a um artista de rua. Trabalhava com uma marionete, a triste figura de um borracho. Garrafa na mao direita, malvestido, o boneco executava, ao comando dos cordèis, passos de bebado ao som de um tango, que saìa, cheio de dolor, de um aparelho fanhoso.

O pobre boneco representava bem a figura dos descamisados de Evita Peròn, sofrendo màgoas, chorando alguma tràgica separacao, golfando tangos cheios de profunda e trëmula angùstia. Olhando aquele artista, que repetia sempre o mesmo nùmero, vi nele o perfil do equilibrista da vida. Ganhando essa mesma vida ao lado de um boneco. O boneco, o bebado: o artisya, o equilibrista.

Certamente, todos os dias, ganha os seus cobres e depois volta â sua habitacion. Creio que vi ali, bem exposta, toda a pulsante tragicidade de alma portenha. E, como no Brasil, aqui tambèm hà bebados e equilibristas.
Um abraco,
Emanoel Barreto
PS: È impossivel colocar a acentuacao tonica. O computador nao esta programado para isso. Assim, fiz o texto da forma que me foi possivel.