sábado, 26 de maio de 2007

Eles não sabem o que fazem

Qual a importância de o Brasil sediar, no Rio de Janeiro, esses tais Jogos Pan-americanos? Quais os benefícios que as gentes daquela infeliz cidade terão a receber? Não teria sido melhor que o dinheiro tivesse sido repassado para obras de cunho social, melhoria do aparelhamento policial, escolas, enfim qualquer coisa que tivesse resultado voltado para algo mais sério e efetivamente necessário?

O Brasil precisa acabar com essa vivência de pão e circo para o povo, e dinheiro e benesses para as elites. Não há qualquer importância em termos atletas ganhando medalhas de ouro ou do que seja - a não ser que sejam patrocinados por empresas privadas -, enquanto as favelas gritam de fome, os bandidos arrasam e martirizam crianças. Dinheiro público deve ser usado para servir ao povo.

O Pan vem aí e as TVs vão fazer a festa, belíssimas fotos estarão em todos os jornais, as rádios estarão vibrantes dando vivas... E muita gente que passa mal e tem no futuro algo incerto e não sabido, estará com um sorriso desdentado também comemorando uma vitória de tolo, certa de que, de alguma forma, foi campeão de alguma coisa.

É verdade. É verdade: eles não sabem o que fazem.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Crônicas para Natal

Cidade mulher

Natal mulher.

Descobridora de pétalas,
filha do sol,
amiga da beleza,
desenho íntimo do instante feminino.

Grávida de paz,

mãe de todas as belezas,
teus olhos cultivam a alma da vida.

Cidade de espumas.

Artesã de teias invisíveis.
Menina linda.
Que se atira, doce, aos caminhos da beleza.

E que dorme, bela,

no silêncio do mar
profundo e manso.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

E Romário faz seu milésimo gol. Mas...

Pronto. Romário fez o milésimo gol. Tarefa cumprida? Não. Pelé, a quem tomou como modelo para chegar ao recorde, já avisou pela imprensa: "Fala para ele que agora só faltam 282 gols", referindo-se ao total de gols que fez, quando participou das equipes do Santos, Cosmos e Seleção Brasileira, ou seja: 1.282 gols.

A pobre e vã filosofia do senso comum, que estabelece metas, entrona ídolos, determina comportamentos e padrões capturou o jogador, como captura qualquer pessoa que não se aceite dentro de sua própria realidade e busque desesperadamente ser como outro.

Ele não fez o gol para si, nem por si. O Gol foi feito para a mídia, para os outros, para a multidão de rostos anônimos que acompanham o futebol. E nem foi no Maracanã... A TV Globo, que serviria de termômetro para avaliar a importância do evento, não transmitiu o jogo. Por aí já dá para sentir a importância do tal milésimo.

Carreiras profissionais são irrepetíveis. Olimpianos jamais são completamente imitados. Alguém pode até ser tão grande quanto outro, mas jamais será aquele outro - e Romário nem foi tão grande quanto Pelé.

Precisamos aprender a viver e a ser como nós mesmos. Senão, estaremos sempre cumprindo um trabalho de Sísifo, empurrando com o peito uma pedra até o alto de uma montanha. Lá em cima ela despenca e começamos tudo de novo.

Romário fez os mil gols, mas Pelé já avisou: ainda faltam mais alguns...

domingo, 20 de maio de 2007

Crônicas para Natal

O hospital feliz

Gerações inteiras

brotaram na Maternidade Januário Cicco.

Grandes paredes,

largas portas do futuro,
abertas para os primeiros passos
das gerações que nascem,
a maternidade é um hospital feliz.

A Maternidade Januário Cicco

é o precioso templo da vida,
dedicada sempre ao trabalho do nascer.

Aqui, o choro é sempre bem-vindo.

É sinal de que o
tique-taque da jornada

começa para quem acabou de chegar
e nem sabe que comprou o bilhete.

Aqui, pais mães e filhos

experimentam as primeiras emoções do abraço.

E assim, a Maternidade Januário Cicco será,

sempre, com os seus pequenos filhos do amanhã,
o jardim da infância de Natal.