comprar um cemitério."
(Assis Chateaubriand, ao comprar e recuperar o jornal Estado de Minas)
"Não é justo alguém ter o direito de ter uma empresa de aviação e outro não ter o direito de comer um pão." /////// JAMAIS IDE A UM LUGAR GRANDE DEMAIS. A UM LUGAR AONDE NÃO TENHAIS CORAGEM DA IMENSIDÃO - EMANOEL BARRETO - NATAL/RN
O que falta é visão histórica, o que falta é compromisso, é decisão de fazer pelo Nordeste como um todo. Por que o Governo federal não traz à região propostas amplas de enfrentamento da seca, acionando políticas eficazes para a convivência do homem com a longa estiagem? Reforma agrária, uma política de águas e assistência agrícolas a assentamentos poderiam fazer parte desse leque de ações.Por que, por que não há uma ação programada para se desenvolver segundo o compasso histórico?
Serão essas perguntas de alta indagação filosófica? Questionamentos tão terrivelmente intricados que não se possa pelo menos balbuciar uma resposta qualquer? Não sei. Mas creio que não.
O problema é que não há realmente um grande interesse em dar ao sertanejo a oportunidade de enfrentar a falta da água que cai do céu.
Ou então, se quer dar aos homens e mulheres do campo unicamente a chance de mostrar que têm fé.
E ela falando, sozinha. Falando, falando, coitada: feliz. Calada para o mundo, alerta para si. E uma de suas amigas mais amigas, íntima, conciliatória e cúmplice era...Helenita. Sim, Helenita. Helenita, a invisível, impalpável, mas, viva. Viva para a louca, presente em sua presença.
E ela dizia: “Se acalma, Helenita. Deixa de coisa, mulher. Deixa de dizer besteira... Helenitaaaaaa....” E, gesto brusco de mão morena, dava um tapão no ombro intangível da mulher. E ria, ria, gargalhava quando a outra parecia revidar, ali, na penumbra encardida da rodoviária velha. Ali, naquele ponto de encontro das gentes noturnas.
Ah, que mundo maluco e bom, o daquela louca. E lá vinha o ônibus: pesadão, cansado, velho, luzes fracas, salão de luz mortiça, passageiros tombando de sono, cabeças balouçantes, corpos vivos pendentes de cansaço. Eu entrava no sacolejo do veículo lerdo e lá me ia, deixando para trás Helenita e a louca.
Às vezes meu instinto de repórter me chama a voltar à Ribeira para ver se ainda as encontro. Helenita eu já conheço. Sei que é estabanada, brincalhona, faceira, gosta de falar besteira, não é mesmo? Helenita eu já conheço: mas se fosse possível voltar, gostaria de saber o que a louca tem a dizer sobre o mundo de hoje. Acho que ela ia preferir ficar no mundo de Helenita.