Para ter as joias Bolsonaro fez de tudo, só esqueceu de dizer: “Abre-te, Sésamo!”
Bolsonaro cometeu erros
gravíssimos durante suas tentativas desastradas de receber o colar e os brincos
da mulher, Michelle. Literalmente um presente das Arábias, as joias não foram
liberadas pelos processos, digamos, normais, usuais, legais, burocraticamente
aceitáveis, eticamente exigíveis.
Usaram-se o prestígio da condição presidencial, a força do cargo, o jeitinho brasileiro, a manobra salafrária, a
atitude matreira, enfim, todos os atos e gestos de dribles e ademanes malandros
para a obtenção de vantagens indevidas.
O motor de tudo isso tem nome:
ganância, necessidade de ter, vontade de dispor de bens, acumulação de riquezas
fabulosas, domínio de presentes encantadores, ganho de preciosidades, mimos e
maravilhas da pedraria e ourivesaria.
A tudo isso sob as luzes – ou penumbras
– de algo que veio... exatamente de onde? Da Arábia, um reino que ainda vive
sob o domínio do absolutismo, encoberto pelo manto escuro do domínio arbitrário,
o local dos grandes senhores do deserto e seus magníficos corcéis, um país no
qual o imaginário ainda pode vaguear como num deslumbrante passeio de tapete mágico.
E talvez tenha sido esse o erro
de Bolsonaro. Não aproveitar as oportunidades e maravilhas lendárias. Ele bem
poderia ter pedido o apoio de Ali Babá, um cara tão esperto que conseguiu ludibriar
os quarenta ladrões, lembra?
Qualquer criança já leu que
bastou o velho e bom Ali Babá descobrir as palavras mágicas, “Abre-te, Sésamo!”
para, Oh...!, chegar à felicidade de ter um inestimável tesouro. As tais
palavras, magnífica fórmula mágica, lhe deram acesso à caverna onde quarenta famosos
ladrões ocultavam seu butim milionário, que aumentava dia a dia.
Tão fácil!, e Bolsonaro não
lembrou disso. Por que não perguntou aos príncipes árabes onde encontrar o
bondoso Babá e pedir suas orientações? Por quê? Por quê? Por quê? Jamais saberemos
sobre esse deslize mnemônico.
Caso tivesse lembrado poderia também
entrar em contato com Aladim. Lembra de Aladim, não lembra? Sim. Aladim, o
ardiloso jovem dono de um tapete mágico, e pedir que ele trouxesse o tesouro de
forma silenciosa e rápida a Brasília. Nada de Alfândega, a chateação daqueles
agentes implicantes, nada disso. Ah! Por que não falou com Aladim?
Haveria ainda outra ajuda
preciosa, Simbad, o marinheiro. Sei que Simbad é de Bagdá, mas dava para pedir
ajuda, não é mesmo? Ele bem poderia vir por mar, ancorar em alguma praia isolada
desse imenso Brasil e entregar as joias sem problema algum. No segredo da
noite, no silêncio das lendas, sob a luz da lua e o brilho estelar mais belo.
E afinal, porque Bolsonaro não
instruiu seus, podemos dizer prepostos?, a aprender com Ali Babá para que, chegando à Alfândega, agissem de forma rápida e direta. Bastava dizer “Abre-te,
Sésamo!”. As portas da aduana seriam descerradas, os caras pegavam o bagulho e iam embora. E pronto:
missão cumprida.