sábado, 26 de julho de 2008

Obama, o novo César

Caras Amigas,
Caros Amigos,
As coisas de jornal informam que Obama emedalha manchetes e emplastra à sua candidatura uma aparente maré montante prestes a vitoriar. São as coisas da política; desde os tempos de Cícero na Roma antiga e sua voz de orador emblemático, tem sido assim, com os Césares e seus capitães.

Multidões acorrem ao circo romano montado pela mídia e auguram que Obama atravessará seu Rubicão com louros à cabeça e ramos de oliveira agitando abraços, palmas, gritos, efusões.

O jovem candidato a presidente do mundo surge como um escravo núbio, que saindo do cativeiro histórico do seu povo, acende em muitos a esperança de que fará algo de novo no grande império do Norte.

São só esperanças; ele é parte, e muito parte, do establishment. Sua figura é apenas metáfora meteórica no instante da história- não poderá alterar a estrutura, talvez, somente um pouco, a conjuntura.

Enquanto isso, legiões aderem à sua candidatura e se postam como centuriões, alargando as coortes de votantes, empilhando ao seu redor a marcha que aparenta ser triunfal. Vamos esperar, vamos ver.
Emanoel Barreto

quinta-feira, 24 de julho de 2008

De lobisomens sem lua

Caras Amigas,
Caros Amigos,
Encontrei na net uma crônica de Vicente Serejo, onde ele falava de coisas antigas, do passado tansformdo em página da memória; de livros, da Ribeira, dos tempos, enfim. Magnífico exemplar de texto em crônica. Mandei-lhe um bilhete de e-mail e ele publicou em sua Cena Urbana. Vejam:

SAUDADES
Sim, somos homens de tempos passados. Lobisomens velhíssimos. Daí essas lembranças imprestáveis para os tempos modernos. Tão velhos que as lembranças correm sem pressa, como no seu bilhete-relâmpago, de um Emanoel Barreto de alma lírica. Ó tempos! Ó saudades!

Velhíssimo Serejo,
Mexendo no teclado do computador encontrei no tear da internet, essa aracne de teia virtual, sua crônica "Das coisas velhas". E vendo você falar do tempo e das lembranças, da Ribeira adormecida em seu sono de cais; de fantasmas e dos livros empoleirados, sou também levado pelo tempo a descobrir que a lembrança é um caminho por onde se corre sem pressa; é preciso ver se o passado está em dia.

E a relembrar a você uma coisa, que lhe disse há muitos anos, redação velha do Diário de Natal: "Na saudade, Serejo, somos todos lobisomens sem lua."
Abraços antigos, deste também velhíssimo,
Emanoel Barreto

quarta-feira, 23 de julho de 2008

O Tempo, sempre o Tempo...

Caras Amigas,
Caros Amigos,

Quando alguém se encontra com o Tempo, ele não pede as horas nem anuncia nada.
O Tempo segue um rumo que ele mesmo desconhece; estranha nossos relógios, repudia nossas expectativas, desdenha nossos temores. Afinal, expectativas e temores, ansiedade, não são formas de marcar o tempo?

O Tempo é um prestimoso amigo de outra forma temporal: o Destino.
Tempo e Destino andam juntos.
E enquanto Tempo é medido, marcado, esperado, des-esperado, Destino não se apressa. Irmão de Fatalidade, descansa, aguarda. Um dia, Fatalidade o despertará. E Destino chamará Tempo, que é implacável instante que nos leva pelas mãos de Saudade.
Emanoel Barreto

terça-feira, 22 de julho de 2008

Os novos super-heróis

Caras Amigas,
Caros Amigos,
A Folha Online está divulgando o seguinte:

Saem em outubro, pela IDW, as biografias em quadrinhos de Barack Obama e John McCain. Terão 23 páginas cada uma (a de Ronald Reagan tinha 110) e serão escritas por, respectivamente, Jeff Mariotte e Andy Helfer e desenhos de Tom Morgan e Stephen Thompson. As ilustrações das capas são de J. Scott Campbell (Gen13, Danger Girl).

--- O americano soube, como nenhum outro povo, criar auto-representações que louvam e eternizam na efemeridade do presente seus heróis e seus mitos. Não sabia da prática de quadrinizar seus candidatos a presidente da república, mas agora vejo que até nisso eles sabem como fazê-los "super".

Numa clara alusão ao Super-Homem, os candidatos são apresentados numa atitude desafiadora e olímpica, forte e altaneira. Por implicação, reúnem todos os atributos do herói e reenfatizam o sonho americano. Observem que as imagens colocam quem as vê em situação de inferioridade, sugerindo que as figuras impávidas estão acima e além daqueles que, reverentes, as vêem como símbolos perfeitos da figura presidencial, que lá é uma espécie de entidade que tem vida própria, somente mudando de corpo de tempos em tempos.

Eles olham para a frente, para o futuro, um futuro que lhes cabe construir, deixando atrás um passado de vitórias, escombros e escolhos, resultado da sua atuação como líderes do mundo. A figura de Obama está mais séria, olhar duro; a de McCain traz um sorriso triunfante e cheio de si.

Em ambas, a unicidade da utopia americana: dominar, vencer, realizar-se; realizar os outros segundo suas intenções e propósitos; enfim, colocar os Estados Unidos na situação de condutores do mundo. Os que estão abaixo são a periferia; os que estão abaixo, ficam como os gladiadores que diziam ao entrar na arena: "Ave, César; os que vão morrer te saúdam."
Emanoel Barreto

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Os proprietários do Mal

Caras Amigas,
Caros Amigos,
Estados Unidos estão impondo ao Irã o prazo de duas semanas para que cesse com seu programa de enriquecimento de urânio. Caso contrário, o Conselho de Segurança da ONU tomará represálias contra os iranianos, que já se encontram sob forte pressão internacional a fim de que não produzir bombas atômicas.

Idiotice à parte dos dois lados - do Irã em querer artefatos nucleares quando seus dirigentes deveriam estar se preocupando com a fome do seu povo; e dos Estados Unidos em querer ser a polícia do mundo -, os EUA parecem com isso querer dizer que são os proprietários do Mal. Os senhores da sina de dominar, explorar e, se preciso, varrer do mapa qualquer nação que a juízo de seus mandatários seja vista como inimiga.

Interessante foi a declaração da secretária Condoleeza Rice sábado passado, quando afirmou que seu país "não tem inimigos permanentes". A assertiva põe à mostra o dado ético da questão, ou seja: paradoxalmente, a total falta de ética. A impermanência ou permanência de inimizades depende dos interesses americanos, satisfeitos ou não. Atendendo-se aos seus apetites, esquecidas estão as divergências, etc... etc... etc...

Como proprietários do Mal, os Estados Unidos querem estar sozinhos. O acesso à morte, a morte como instrumento administrativo de sua política externa, deve ser seu, somente seu, de mais ninguém.
Emanoel Barreto

domingo, 20 de julho de 2008

Os pássaros e as suas mãos

Caras Amigas,

Caros Amigos,

Estou tendo problemas para enviar posts. Creio que é algo com o blogger. Com muita luta consegui enviar este pequeno texto e um poema de Mário Quintana.

Abraços,

Emanoel Barreto


OS POEMAS
Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde

e pousam no livro que lês.

Quando fechas o livro, eles alçam

como de um alçapão.

Eles não têm pouso nem porto

alimentam-se um instante em cada par de mãos

e partem.

E olhas, então, essas tuas mãos vazias,

no maravilhado espanto de saberes

que o alimento deles já estava em ti...