sábado, 2 de junho de 2007

As dores, os gritos, a manchete, o medo

As dores do mundo são dores antigas, dores experientes, treinadas no sofrer e adestradas em persistir. São dores que vivem com o homem desde os antropóides, as hordas, os impérios antigos, as lendas, os mitos. As dores do homem são velhas mazelas, endêmicas e eternas ao próprio homem.

As dores do homem são fotos e letras no jornal, imagens e gritos na TV, rugidos no rádio, paisagens feias nas revistas.

As dores do homem são manchetes que temos na alma e que, todo dia, se renovam. São sempre a mesma coisa. Somente mudam de cara. São cores escuras, pesadas e frias; eternas e más, soturnas e duras. Se derretem alma adentro e sabem que dali brotarão sempre. As dores do homem. As dores do homem. As penas do homem.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Crônicas para Natal

A estrada que reluz

Os carros cruzam sua pista,

como alguém que segue
um roteiro de sonhos.

A Via Costeira, perfil delicado

da geografia urbana de Natal,
é como um véu transparente,
que revela a beleza do Atlântico,
gravado ao fundo e perto do horizonte.

Caminho ágil de asfalto,

a Costeira é como um território de magia,
onde a beleza é ponto de referência todo dia.

Via Costeira,

começo da amplidão que ouve o mar.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

A Polícia Federal está agindo. E muito bem

Como o trabalho da Polícia Federal está incomodando criminosos ilustres, ou seja, capturando bandidos ricos, alocados em altos postos sociais, políticos ou da magistratura, começam a surgir "críticas" ao trabalho dos policiais, que estariam, desnecessariamente, expondo tais criminosos à mídia e, conseqüentemente, ao olhar público, à necessária e justa execração popular.

As elites são assim: enquanto a polícia prende, pretos, pobres e prostitutas, tudo bem. Mas quando as algemas da lei alcançam alturas mais imaculadas, falsamente limpas, aí, não: as ações precisam ser conduzidas com cautela, pois Dr. Não-sei-quem é cidadão honesto, acima de qualquer suspeita e, claro, a polícia está agindo de forma espalhafatosa, buscando colocar-se acima dos homens de bem.

O que a Polícia Federal está fazendo é mostrar à sociedade como o mundo da política e dos negócios tem um lado pernicioso, tanto quando o do assaltante de quadrilha, do traficante poderoso, que já está se constituindo como que numa espécie de cultura, ou pelo menos prática historicamente reiterada.

Os agentes devem, sim, continuar prendendo e trazendo a público as figuras criminosas. Mesmo que depois sejam todos liberados por habeas corpus, ficaramos sabendo que a lei deve ter resultados, amplos gerais e irrestritos.