sábado, 24 de fevereiro de 2007

As crenças que produzimos; nossos deuses em vão

Acreditamos no dinheiro,
e o dinheiro nos trouxe tanto mal.

Acreditamos no automóvel,
e o automóvel nos
transportou a um mundo poluído.

Acreditamos no direito à
autodefesa e terminamos
matando quem
não nos queria agredir.

Acreditamos no agrotóxico
e terminamos nos
alimentando com veneno.

Acreditamos nos bancos
e pagamos tão alto
para que eles fiquem
com o nosso dinheiro.

Acreditamos na vida
em cidades e terminamos
habitando campos de morte.

Temos esses deuses, e vivemos
tão mal.Temos tantas crenças
e perdemos a fé.

Temos... Temos... Temos...
Não, eu acho que não temos...

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Alô? Aqui é da Bandidos S. A.

A matéria de capa da Veja trata da questão dos falsos seqüestros, aqueles em que as vítimas, através de contatos por telefones celulares,são convencidas por bandidos de que estes estão com alguém da família em seu poder, exigindo então o pagamento de um "resgate".

A modalidade de crime é um demonstrativo do quanto a sociedade brasileira está à mercê dos criminosos, cuja presença e consistência quase corporativa começa a assustar a quantos se ponham a pensar a respeito.

Nossa brutal disparidade de renda, o crescimento da pobreza e da miséria, a falta de perspectivas para milhões de brasileiros, tudo isso, aliado à inépcia das autoridades policiais e à proverbial incapacidade de o Estado brasileiro estabelecer políticas sociais, paralelas às de ação repressiva, dão um indicativo bastante exato do quanto estaremos expostos aos criminosos, em futuro bastante próximo.

É bastante possível que, em muito, muito pouco tempo, os seqüestros telefônicos sejam assim: "Alô? Aqui é da Bandidos S.A. Estamos com seu filho em nosso poder. Compre 15 mil reais de nossas ações, ou então ele vai aparecer
na rua ral, às tantas horas. Morto."

Do outro lado, choro e dor. São as lágrimas dos inocentes.
Da parte do Estado, silêncio. É a frieza dos incompetentes.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Brasil SA. Nesses dias, eles registram essa marca

Uma empresa japonesa havia registrado a palavra "açaí" como marca, de maneira a que, se a brasileiríssima frutinha amazônica fosse importada para o Japão o importador não teria que pagar royalties e o produtor brasileiro, sim.Já que, legalmente, se tratava de produto de terra dos xoguns. Em tempo, a justiça de lá cancelou o registro, mas a empresa que o fez ainda tem 30 dias para recorrer.

É assim que nossos produtos vão sendo dominados pelo grande capital internacional.

E como os países de centro estão sempre de olho em nossas riquezas naturais e produtos típicos, completa-se o quadro: nós os imitamos, eles nos tomam; nós perdemos e ainda ficamos agradecidos só porque a moça viu na vitrine algum salamaleque da moda e, imediatamente, comprou. E ficou pensando que é norte-americana.

Nesses dias, eles resitram a marca "Brasil" e, aí, sim, seremos obrigados a pagar royalties para morar nesta pátria e ficaremos impedidos de dizer: "Dos filhos deste solo és mãe gentil/ Pátria amada, Brasil."

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

É carnaval. E daí?

É carnaval.
E daí?
Ainda tem pobre morrendo de fome.

É carnaval.
E daí?
Tem político que tem fome de ganância.

É carnaval.
E daí?
A violência rosna na pistola do bandido.

É carnaval.
E daí?
Daqui a pouco será quarta-feira
e o País estará todo coberto de cinzas.