quinta-feira, 2 de junho de 2011


Falta de quorum inviabiliza realização da Assembléia


Com o objetivo de convalidar a decisão da categoria docente em transformara ADURN em Sindicato, a entidade convocou Assembléia para esta quinta-feira, 2 de junho. Obedecendo o horário para sua instalação, a primeira convocação aconteceu às 8h30min, no Auditório da reitoria, com segunda convocação às 9h. Contudo, não foi atingido o quorum necessário para sua realização, com a presença de pelo menos 2% dos atuais 2.278 sindicalizados da ADURN.


“Lamento não termos atingido o quorum, pois este é um momento importante para oficializar o caráter livre e soberano da ADURN, escrevendo uma nova página na história do movimento docente. Mas temos a certeza de que a categoria já em diversas ocasiões manifestaram apoio à nossa proposta e que nós queremos encerrar este processo em respeito aos nossos associados”, ressaltou o presidente da ADURN, João Bosco Araújo.


A efetivação do processo consolidará a caminhada que teve como ápice o dia 08 de julho de 2010, quando a maioria dos filiados à ADURN decidiu transformar a entidade em ADURN-Sindicato. Os desafios postos ao Movimento Docente exigem uma organização em que a representação respeite as diversidades colocadas no cotidiano dos professores e propicie uma ampliação do espaço de discussão para problemas que se apresentam no seu dia-a-dia.


“A categoria disse sim à uma nova fase na história da nossa entidade em que reverenciamos o passado daqueles que construíram a nossa história e que agora entrará definitivamente no universo da organização sindical brasileira, cuja célula é o sindicato.


A soberania e a independência da ADURN representará a oportunidade de que a nossa categoria estabeleça, para as futuras diretorias, prioridades nas ações que sejam favoráveis aos professores da UFRN”, enfatiza o diretor de Política Sindical da ADURN, Wellington Duarte.
O povo está nu ou tristes trópicos

O encaminhamento da realização da Copa de 2014 dá-me a sensação de que autoridades e sociedade vivenciam os efeitos do soma, uma beberagem que as personagens de "Admirável mundo novo" ingeriam para sentir-se felizes e ajustadas a uma dada realidade perversa. Será que ninguém percebe que este país precisa de algo mais, muito mais que estádios suntuosos de futebol, templos alucinados de grandeza voltada a uma aventura desportiva que deixará, especialmente aos mais necessitados, uma herança maldita, uma dívida impagável, um custo social imenso e lamentável?
Retirantes, de Portinari: uma visão pungente da condição do povo

Na imprensa, o que se questiona é se as obras estão ou não atrasadas, criticando-se esse atraso. Não há matérias, editoriais, artigos, ação jornalística incisiva questionando a realização da Copa. Algum jornal já pautou repórter para que vá à África do Sul e veja sua realidade após a Copa ali realizada? Algum jornal já pensou em relatar o que ficou de bom, o que mudou na vida dos pobres e miseráveis daquele país? Não. O que se acompanha é o sonho faraônico, o erguimento da grande pirâmide dos estádios chamados de arenas, onde os jogadores, os neogladiadores, irão se enfrentar em prélios renhidos, lutas pela bola.

O povo geme e chora todos os dias nos noticiários televisivos lamentando sua triste sina ante ataques de criminosos, sofrimento nas filas enormes alinhadas frente a postos de saúde e hospitais que mal funcionam ou não funcionam, escolas onde falta merenda, estradas que desafiam a perícia e a paciência dos motoristas. 

A corrupção se alastra como praga incurável e em torno disso há um silêncio grande, no máximo o velho ditado: é isso mesmo.

E assim o povo, adestrado historicamente a esperar felicidade num grito de gol, espera a Copa. E a grande procissão de infelizes canta loas e pede para ver chuteiras em ação. O povo está nu e quer sambar cachaça. O povo está bêbado de gol, esquecendo que a ressaca dessa Copa o levará a uma cozinha vazia. O povo aplaude e ainda pede bis, pois logo depois vai querer a Olimpíada. Tristes trópicos.

domingo, 29 de maio de 2011

 A beleza de Helena

Leio no Estadão matéria do jornalista Luiz Carlos Merten, do Estadão, a respeito de Catherine Deneuve. No trecho que selecionei, registro inusitado: um dos repórteres ficou literalmente paralisado à frente do mito. Diz matéria:

Passaram-se os anos - as décadas -, mas o tempo continua respeitando a bela da tarde. Catherine Deneuve é uma senhora, mas prescinde das plásticas e do botox para continuar impressionando. Se recorreu ao bisturi, foi com muita parcimônia. A silhueta é que está mais pesada. Ela não é mais a loira delgada que cantava e dançava com a irmã, Françoise Dorléac, em Duas Garotas Românticas (Les Demoiselles de Rochefort), de Jacques Demy. Mas canta no novo Christophe Honoré, Les Bien-Aimés, Os Bem-Amados, que encerrou o Festival de Cannes, no domingo passado.
No início da tarde daquele dia, Catherine recebeu um reduzido grupo de jornalistas - quatro, incluindo o repórter do Estado, mas um ficou mudo, decerto pelo choque provocado por estar diante do mito - para falar do filme e de sua extraordinária carreira.

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 Os jornalistas construímos os mitos, exaltamos qualidades e apresentamos defeitos e os mitos aparecem. Positivados ou discrepantes, apolíneos ou bizarros. E muitas vezes, diante de nossa própria obra, caímos a seus pés. A verdade e a ilusão tornam-se aceitáveis desde que lhes tenhamos fé. E assim, diante daquilo que foi criado, perante e beleza de Afrodite, o repórter caiu: como caíam, dizem, as tropas gregas ao ver caminhando pelas cimeiras das muralhas de Troia o perfil magnífico de Helena.