domingo, 22 de setembro de 2013

Extra! Novidades de 1932 que ainda hoje são notáveis!



Um túnel para a China, tiros de canhão e o lindo futuro que nos aguarda

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Hoje amanheci em 1932 e tenho a estranha sensação de que há algo errado: meu terrível vizinho, que tem o estranho hábito de ter tanques de guerra em seu jardim, amanheceu tocando clarim e “convocando todos os patriotas à guerra.” 
Ouvi tiros ele informou-me que está atacando o Palácio Presidencial, pois é ali que “encontra-se o mal para a nação.”


Estranhei, porque nosso presidente é um velhinho de 95 anos que costumeiramente vem à minha oficina tipográfica para pedir conselhos a respeito de como seria possível estabelecer um pacto com a China mediante um túnel que nos levaria diretamente à Cidade Proibida.


Informo sempre ao nosso Presidente que sou apenas um tipógrafo que aprendeu esta arte diretamente de Gutenberg. Sendo assim nada posso oferecer a respeito de pactos internacionais; especialmente esse, que nos levará diretamente à China. Mas ele insiste em construir o túnel e sugeri que fosse imediatamente ao Arquiteto Chefe, senhor de sabenças e versado em tais assuntos.


Mas agora o Presidente encontra-se sob fogo de canhão e preciso saber se está bem. Chego ao Palácio Presidencial e, par gáudio meu, tudo está como devia: o Palácio não foi atingido pelos obuses e o Presidente dedica-se a instrutiva conversa com suas plantas carnívoras, a quem sempre recorre quando deve tomar decisões importantes, após, claro, ouvir-me.


Pergunto a ele se teme ser deposto e explico que meu temível vizinho o está atacando a fogo pesado. Ele contesta. E vejo que tem razão, até mesmo pelo fato de que eu mesmo já havia visto que o Palácio está inteiro. Corro então ao meu vizinho e digo-lhe que suas tentativas são inúteis: os canhões estão aprumados para alvo bem distinto e distante do Palácio Presidencial.


Ele admite o erro e diz que, diante disso, o inimigo agora outro. Imediatamente virou os canhões para a minha casa e garante que, sem dúvida, conseguirá obter uma grande vitória. 


Como sei que estou diante de um louco corro e fujo. Nesse momento acabam a munição dos canhões. O vizinho corre a me abraçar e pede que eu o leve ao Palácio Presidencial. Assim o faço e ele propõe ao Presidente: “Presidente, precisamos, com urgência, construir um túnel que nos leve diretamente à Cidade Proibida.”


O Presidente aceita imediatamente, feliciíssimo, e agora estou munido, veja bem, munido de um picareta, a cavar um enorme buraco. Estou suado e cansado. E, acima de tudo, decepcionado com o presidente: esperava que ele me nomeasse Mestre Geral das Construções Inúteis e agora eis-me aqui, suando e exuauto. 

Em silêncio rumino um plano: dizem que haverá um ano de 2013, quando todos os problemas do mundo estarão resolvidos e o belíssimo túnel agora em construção nos ligará às coisas mais belas da China.


Fugi do meu lamentável trabalho, entrei numa máquina do tempo e logo contarei a vocês como será o magnífico ano de 2013.

Abraços,

Emanoel Barreto