domingo, 22 de agosto de 2021

A ampla minoria de Bolsonaro

Por Emanoel Barreto

Profundo desconhecedor de qual o significado da palavra democracia, insigne ignorante do sentido do que sejam civilidade, governança, ética, respeito; e afinal não-sabedor do que seja ser presidente da república a pessoa que hoje ocupa esse cargo no Brasil encontrou na palavra arruaça um objetivo e um propósito para justificar sua presença no Palácio do Planalto.

Ao protocolar pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, a criatura apenas acrescentou a seu currículo mais uma atribulação à sociedade, mais uma grave trapalhada à vida pública nacional.

Ciente e, quem sabe, presciente do seu futuro pressago – a derrota na odiada urna eletrônica – o mencionado personagem parte para a ignorância, algo que sabe fazer e muito bem.

As pesquisas sem dúvida o atormentam, os números sugerem a débâcle; a péssima repercussão do pedido de impeachment na opinião pública e no Senado, os desatinos que beiram algum tipo de patologia na área psiquiátrica, mais e mais indicam que o mito Bolsonaro era apenas isso, um mito, alguma coisa figurada pelo imaginário coletivo, e, portanto, falsa, vazia de consistência veraz, envolta em brumas e crendices de tolos.

A solução para a crise, em sua estreita compreensão do que seja política, foi criar e acirrar um contencioso bárbaro com o Supremo para com isso manter unida sua já limitada base de apoio eleitoral. As pesquisas já mostram que aquelas já constituem o que vou chamar de ampla minoria.

É justamente a necessidade de impedir que aumente essa ampla minoria que o leva a fatiar seus atos de disparates políticos. O próximo pedido estará com os dentes voltados para o ministro Roberto Barroso. Dessa forma, supõe a criatura, manterá acesa a chama entre os que ainda o entendem como pessoa capaz de dirigir o país.

O objetivo final é criar um clima de ódio e enfrentamentos com os que defendem a democracia. A baderna completa, o entrechoque, a política praticada na arruaça à base de insolência e estupidez. Com isso viria um deus ex machina, as Forças Armadas, para pacificar e impor a ordem.

Não chegaremos a isso: a democracia prevalecerá. Pelo voto ele sairá da presidência após seu último dia de mandato. E sua minoria será ampla, bem ampla.