sábado, 10 de junho de 2006

Caros amigos...

Negócio é o seguinte: estou colaborando com o jornal www.achei.ca, dirigido pela advogada Priscilla Amaral, que mora no Canadá, mas tem tudo de uma boa jornalista. A publicação é voltada para a comunidade brasileira no Canadá. O jornal ficou on line a partir ontem. Minha coluna chama-se "Caros Amigos..."

Se achar interessante, pode dar uma conferida.
Abração,
Emanoel Barreto

sexta-feira, 9 de junho de 2006

Muito doido, bicho.. muito doido...

"Se não tivermos êxito,
corremos o risco de fracassar."
Presidente George W. Bush

Bom, o Tribunal Superior Eleitoral entendeu que não havia entendido nada da política brasileira e afinal seu plenário se entendeu, juntou-se ao desentendimento geral dos partidos políticos, por entender que é preciso entender que nesse país não há entendimento e assim é preciso permitir que os políticos continuem a se entender e a se atender em suas conveniências, ao mesmo tempo em que promovem o desentendimento do povo, que não entende afinal o que seja um partido político. Mas mesmo assim vota.

Entendeu? Não? É isso mesmo, não dá para entender. Afinal, como é possível entender que um ministro judicante, supostamente dotado de notável saber jurídico, vai voltar atrás numa decisão grave, séria, cuja eficácia atingiria fundamentalmente todo um sistema político? E mais, porque tomou a decisão de impedir as coligações sem antes consultar seu capital de conhecimentos jurídicos? E pior: a decisão era necessária e urgente, para esses políticos aprenderem que partido se faz a partir de confissões ideológicas internalizadas e vividas, não ao sabor de conveniências de ocasião.

A decisão do ministro Marco Aurélio Melo, admita-se, foi tomada literalmente em cima da hora. Ora, esse ministro não pensa nas consqüências dos seus atos jurídicos? Deveria pensar. Agora, tomar uma decisão dessas, ser esta aprovada em colegiado, para depois voltar atrás, é coonestar a cena brasileira, que é de triste figura.

Mas, afinal, a Copa começa hoje a vai ficar todo mundo louco. E mais uma confusãozinha não vai alterar muito, né não? Afinal, os políticos foram apascentados, vão fazer o seu repasto e todos nós devemos entender que é preciso que haja um entendimento a fim de que todos possam seguir de maneira coordenada em direção ao entendimento que de há muito esse país busca, a fim de poder entender porque vivemos nos desentendendo na tentativa de entender porque há tanta confusão.

PS: Para completar o samba do crioulo doido fica aqui um registro:gooooooooooooooooooooooooooool!!!!!!!!!! Né não?

quinta-feira, 8 de junho de 2006

Se o povo não tem pão, que coma gols

"Tem gente que se acha honesta
só porque não sabia nada."
Millôr Fernandes

Vamos combinar assim: a partir de amanhã, o Brasil fecha para balanço. Balanço do samba embalado pelos pés de jogadores milionários; balanço do vai-e-vem dos garçons servindo chope; balanço do nosso eterno berço esplêndido.

Vamos todos nos deitar nas redes armadas nos estádios alemães e ficar embalados pela gritaria que vai ninar o povo a cada novo grito de gol. É assim de quatro em quatro anos. Esse país inteiro pára, boquiaberto, encantado pelo sortilégio das jogadas, dos passes geniais, das defesas incríveis, dos pênaltis e da ansiedade pela vitória da Seleção.

Esse país inteiro pára, compensando num processo de busca insensata alguma coisa, um não-sei-quê nacional, que nos fará sentirmo-nos completos, recheados, remidos das culpas sociais que assolam corações e mentes do Oiapoque ao Chuí.

Não tem boa educação para todos? Gol da Seleção e faz de conta que está tudo bem. Falta segurança e o PCC é um medo que pode explodir a qualquer momento? Gol da Seleção e estaremos certos, por instantes, de que um dia a coisa tem jeito. O posto de saúde, que já não funciona, agora é que fecha mesmo as portas por causa dos jogos? Palmas para a Seleção, que vai nos livrar da dor de cabeça que é esperar inutilmente por uma ficha de consulta a um médico que dificilmente aparece no trabalho.

Amanhã terá início um espetáculo mundializado, programado, marketizado, totalmente plastificado para dar a todos, especialmente a nós, brasileiros, a sensação de que tudo vai bem e que somos, todos, obrigados a grudar um sorriso na cara e trazer na boca um berro de louvação.

A partir de amanhã vamos dar um balanço no caixa das emoções contidas e dos bolsos vazios, das vontades não atendidas e dos desvãos das desigualdades sociais. Vamos sorrir, vamos brindar, vamos fechar as repartições mais cedo, aliás nem mesmo vamos abri-las. Afinal, é Copa do Mundo e este país tem de fechar para balanço.

Aliás, nem é balanço; é balancete, porque a Copa nem dura tanto tempo. Mas, no fim, você vai ver o tamanho da conta.

A barbárie como prática política

"Existem verdades que a gente
só pode dizer depois de
ter conquistado o direito de dizê-las."
Jean Cocteau

A invasão da Câmara dos Deputados por uma multidão de baderneiros ligados ao Movimento de Libertação dos Sem-terra, mesmo recebendo repúdio da opinião pública nacional pela falta de respeito ao Poder Legislativo, permite e até obriga a uma reflexão: ações como essa misturam, confundem num só grito o comportamento desordeiro com as legítimas reivindicações democráticas.

E por quê? Pelo fato simples de que o Congresso Nacional perdeu o respeito próprio permitindo, por uma espécie de gravidade social, que escorram até as suas salas as mazelas de grupos marginais aos movimentos sociais, escorados num raciocínio primário: quem não se respeita, não merece ser respeitado.

Ao atacar a Câmara, a horda gritava contra os deputados acusações como "mensaleiros", "corruptos", "ladrões". É aí que está o perigo: um Congresso desmoralizado, um Congresso coalhado de políticos inconfiáveis, termina por atrair para si, literalmente, os seus iguais.

E as violências morais que o Congresso tem assacado contra a nação, sofrem uma espécie de metáfora social perversa e se transformam em violência agenciada por um grupo de desordeiros.

Mas é preciso preservar a instituição legislativa. Não se pode conviver com os ataques impunes ao Legislativo. Há salvação, sim. O processo histórico pode nos levar a ter algum dia a democracia representativa manifesta nas ações de um Congresso íntegro.

Por enquanto, lamentavelmente, o País convive ora com a ação dos bandidos contra os agentes da lei, como ocorreu há cerca de 15 dias em São Paulo, agora com a ação de desordeiros contra quem faz as leis.

Ao fundo, um grave problema histórico baliza o quadro: a péssima divisão de renda que provocou uma estrutura social danificada por uma situação de pobreza, miséria, fome, rede de serviços públicos ineficaz e uma cultura que faz o povo buscar nos pés de jogadores de futebol a graça que a vida lhe nega em saúde, trabalho e pão.

terça-feira, 6 de junho de 2006

Viver bem

"As dúvidas são mais cruéis

do que as duras verdades"

Moliére

Quando a manhã surge, com as suas mãos rosadas, é o sinal que a vida desperta num brilho de cristal, o cristal do orvalho da noite que passou.


Assim deve ser a vida: suave, delicado presente que recebemos todos os dias. Vamos viver bem esse presente. Mesmo que depois ele mostre seus perigos.


Viver bem é responder com o gesto do abraço ao grito que nos ameaça; é transformar em canção o grito que muitas vezes está ardendo dentro de você.


Viver bem é dizer sim a quem só recebeu da vida o desprezo e o não. Viver bem é dar atenção ao olhar inocente da criança. É ajudar. É unir.


É seguir em frente, mesmo quando tudo diz que chegou a hora de desistir.
Viver bem é olhar para si mesmo e sentir que um sorriso diz mais que mil palavras. É saber que há pedras no caminho. Mas, apesar das pedras, o caminho chama e aí você diz: eu vou.

Viver bem é acreditar, é descobrir o mar e os barcos que nele habitam. É estar de mãos dadas com a simplicidade.


Viver bem é um desafio, um mistério, um encontro. É caminhar no escuro, mesmo sentindo o medo arranhar seus pés.


É acreditar no maravilhoso e entender a magia dos momentos, de todos os momentos, desse grande momento que se chama Vida.



domingo, 4 de junho de 2006

Invasão de privacidade

"A violência destrói o que ela pretende defender:
a dignidade da vida, a liberdade do ser humano."
João Paulo II

O Governo de São Paulo está gestando uma ação administrativa que faria entrar em pânico até mesmo um personagem do livro "1984", de George Orwell. A Folha de S. Paulo informou que a idéia é vender dados sigilosos dos cidadãos que estejam em poder do Estado a empresas privadas, para que assim se possa controlar melhor a vida das pessoas.

Até mesmo uma equipe já viajou aos Estados Unidos, onde a deplorável atitude já está em prática em algumas cidades, a fim de ganhar conhecimentos a respeito do assunto. Falando objetivamente: de posse de informações a respeito do cidadão, uma empresa de seguros poderá obrigar uma pessoa a pagar mais caro para segurar seu carro, caso venha a saber que, há muitos anos, esta se envolveu em um acidente automobilístico.

Mais: alguém que tome determinado tipo de medicamento, os tais medicamentos controlados, poderá não ser admitido em uma empresa, caso tal informação chegue a seu conhecimento.

Diariamente, ao acessarmos a internet, de alguma maneira deixamos rastros, que passam a compor o capital simbólico de empresas ou indivíduos nos mais diversos pontos do planeta. Aos poucos, o cidadão, o indivíduo, passa a ser visto como alguém sob vigia, observância permanente. E tudo para atender aos interesses de corporações transnacionais, cujo anseio de lucro e domínio têm como limite o infinito.