sábado, 25 de julho de 2009

Os ladravazes...
Emanoel Barreto

Os ladravazes, ah!, os ladravazes.
Os ladravazes são imunes, pois
impunes são.

Os ladravazes, ah!, os ladravazes.
Como são gordos, perfumados, cobiçosos.
Veem o mundo com seus óculos de alegria.
E riem, como riem os ladravazes.

Ganham milhões, bilhões, os ladravazes.
Estão no Congresso, nas empresas, em toda parte.
Os ladravazes, ah!, os ladravazes...

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Trabalho de redação
Emanoel Barreto


A Liberdade lá vem, guiando o povo.
Muita gente morre no caminho.
Gente que até perdeu a roupa.
Porque esse homem nu em meio à guerra?

A Liberdade, essa louquinha, pensa que a vão deixar ficar.
Mas, não. Eles nunca deixam o livre exercer a Liberdade.
A Liberdade é apenas uma moça.
Que, de tão tola, esqueceu de usar o sutiã.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Ouça, mas, depois, lave as mãos
Emanoel Barreto

O magnífico texto de Mauro Santayana, no Jornal do Brasil, ensina: "Há uma frase de Disraeli, o poderoso e controvertido primeiro-ministro britânico, que deveria servir para a nossa meditação. O filho de judeus convertidos ao cristianismo atribuiu a grandeza da Inglaterra ao fato de que, naquele país, os homens de bem têm (ou tinham naquele tempo) tanta ousadia quanto os canalhas. Falta essa ousadia à maioria dos homens de bem no Brasil, além de informação mais honesta. Muitos dos que, hipocritamente, berram, no Senado e pela imprensa, suas virtudes, não podem ser considerados homens honrados: basta examinar a sua vida conhecida."
........

É verdade. A indiferença das mulheres e homens honrados evolui malignamente para silêncio militante a favor dos canalhas. A indiferença da nossa sociedade civil para com os movimentos felínicos de políticos, empresários e quejandos, quando em sua manifestação corrupta, permite que todos eles, em movimento sistemático, e até diria orquestral, se apoderem da coisa pública e dela façam uso.

Parece que a formação bacante de nossa sociedade migrou para a política, encontrando ali campo vasto, faustoso e debochado, que sacia fome e sede dos que tiram da boca dos desvalidos. Nada contra a adoração de Baco, a sensualidade liberta e refletida - não. Somos um povo tropical a dionisíaco.

Mas, a transformação do que é público em orgia, a transfiguração do que é sério em devassidão argentária, revela o lado inaceitável e perverso de um sistema político que se transformou em lodo.

E, nesse mundo viscoso, o Estadão online traz hoje novas gravações sobre os negócios da família Sarney. Se não ouviu, ouça. Não é gripe suína, mas, depois de ouvir, lave as mãos como recomendam os médicos.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Da gripe à família Sarney
Emanoel Barreto

A Folha diz, em suas coisas de jornal, que a gripe suína matou mais seis em São Paulo; no país, já são 22 os mortos. O Estadão online traz áudio de conversas da família Sarney, se lambuzando com o dinheiro público. Assim, pendulamos de uma ameaça natural aos crimes. Esses eminentemente sociais, decorrentes de cultura política que mistura o público com o privado e faz do público coisa de uso particular.

No caso da gripe, não vejo ações de governo que venham de alguma forma assegurar que o problema seja enfrentado. A rede pública hospitalar está aos frangalhos, do Oiapoque ao Chuí. Medicação existe. E porque o Tamiflu não está sendo distribuído? É tão difícil assim? Mais difícil é a sociedade suportar o temor e as mortes decorrentes dessa pandemia que o governo mobilizar recursos para atender às emergências sociais. Lembrando que dinheiro, e muito, vai ser esbanjado com a Copa do Mundo.

Mas, é isso: de tragédia em tragédia vamos convivendo com uma e com outra. E então, pronto: tudo se torna tão comum que passa a ser normal. E sendo normal é natural. E fica tudo por isso mesmo. Nada muda e os erros somente fazem crescer.

terça-feira, 21 de julho de 2009

São Jorge, o dragão e a lua
Emanoel Barreto

Pois é: ontem foram comemorados os 40 anos da chegada do homem à lua. Preferi deixar para hoje comentário sobre o assunto. E isso porque, ontem, não consegui falar com São Jorge que, como se sabe, mora na lua, juntamente com seu cavalo branco e o dragão. Hoje falei com ele.

Demonstrou preocupação: Jorge é um cavaleiro medieval. Assim, está paramentado com sua armadura, espada, lança e escudo para enfrentar o dragão. O problema é que, desde a chegada do homem à lua, firmou-se um acordo entre as forças do mal, que uma parcela dos seres humanos representamos, e o dragão.

Agora, em vez de lançar fogo pela boca, ele dispara tiros de alto poder mortífero. E, se a armadura de S. Jorge não fosse tão poderosamente resistente, ele já teria sucumbido. Disso pode ter certeza.

Contou-me que, durante o último confronto, avançou corajosamente contra o dragão, mas ele, que agora voa, atirou-se sobre o cavaleiro numa metralha infernal. Se S. Jorge não fosse tão magnífico ginete não teria sobrevivido. Em meio ao fogo conseguiu, com a lança, atingir uma asa do dragão, que refugiou-se numa furna para tratar dos ferimentos.

Sou amigo de S. Jorge há muitos anos. Acho que desde meus oito ou nove anos nos conhecemos. Já cavalgamos juntos e participamos de grandes batalhas. Espero que meu amigo consiga continuar lutando contra o dragão. Que já abriu filial na Terra e transformou o mundo no que hoje dele conhecemos - e, pior, vivemos.


segunda-feira, 20 de julho de 2009


Psiu! Ei! Venha ser jornalista...
Emanoel Barreto

A arte de fazer jornalismo - Curso desenvolvido em parceria com a Faculdade Cásper Líbero. Direcionado a estudantes de graduação ou portadores de diploma de nível superior (de qualquer área do conhecimento) que queiram exercer ou se aperfeiçoar na profissão. A grade apresenta profissionais cuja competência permitirá esclarecimento teórico e debate de questões que se manifestam diariamente em relação à prática jornalística. Para tanto, o curso compreende desde metodologia e técnicas de redação, até os critérios de edição e implicações éticas. De 3 a 31 de agosto às segundas e quintas-feiras, das 19h30 às 22h.
.....

O texto acima chegou-me, enviado por colegas do Forum Nacional dos Professores de Jornalismo. É incrível, mas o que esse cursinho promete é formar um jornalista em apenas um mês. Nem corte e costura formaria em período tão, digamos, mixuruca, profissional qualificado. Trata-se, ao que sei, da primeira manifestação perversa, em termos práticos, do fim da exigência de diploma para o exercício do jornalismo.

A decisão do Supremo, que institucionalizou essa decisão mais parece resolução de um colegiado de dementes, decidindo pela revogação da lei da gravidade. Isso é grave, muito grave. E torna-se, por isso mesmo, a nova lei da gravidade a ameaçar a formação de jornalistas no país.

Agora, uma pergunta: por que em vez de fazer esse cursinho da Cásper Líbero, o pretendende a jornalista não faz vestibular e se forma numa universidade? Por quê?

domingo, 19 de julho de 2009


O novo davi... é você
Emanoel Barreto

Não, não, jamais, não é possível.
Não há davis. Jamais, só os golias.
Eles são gordos, lerdos, possessivos.
Ganham espaços à medida em que engordam.

Eles são ricos, preguiçosos, ociosos.
Estão aqui, ali, em toda parte.
Ditam leis, decretos e toda a ordem.

E neles, quando então se quer mexer,
pesam tanto, e oprimem tão maestros,
que se tornam em si a própria lei.

E você, pequeno, magro e fraco,
sucumbe - é que se curva ao peso do poder.
Não é gente; é só pequeno estorvo.
Que depois eles vão só esmagar.