O Detefon da repressão
Ver
na net as cenas de ontem, quando estudantes foram atacados pela guarda
municipal com choques e sray de pimenta, deu-me a exata sensação de presenciar
um ato de teatro do absurdo, ou seja: a violência partiu daqueles que deveriam
impedir a violência. Mas, por efeito do espelho mágico da ideologia, os
estudantes é que foram os “violentos” ao protestar na Câmara Municipal de Natal.
Mais que
isso, a perversidade da situação se expressava da seguinte forma: como se
fossem perigosos insetos os estudantes eram dedetizados
com aquele cruel armamento.
Na verdade
quem precisava de Detefon eram os guardas; eram eles os insetos, eram eles os
portadores, os vetores do vírus dessa, digamos, bio-violência, bio-brutalidade
que tão bem sabem exercitar nos laboratórios da repressão que ataca os atos
públicos.
Rapazes
foram atacados, moças foram agredidas; puxadas pelos cabelos, arrastadas. Muitos
dos manifestantes levaram choques.
Lamentável.
Então,
diante do que se viu, a constatação é de que a epidemia de violência contaminou
o aparelho repressivo. A vacina contra essa epidemia é a palavra, o grito
corajoso, firme, dos jovens. A serena firmeza de dizer não.