terça-feira, 20 de novembro de 2012

Encontrei no blog O Universo, eternos aprendizes

2012: Don Yeomans, cientista da NASA e coordenador do programa NEO, explica o que não vai acontecer em 2012


Don Yeomans, cientista e pesquisador sênior da NASA, responsável pelo programa de busca de asteróides potencialmente perigosos (NEO) publicou um artigo falando a respeito das verdades científicas sobre os alegados eventos de 2012. Vejamos a seguir o que ele disse…
Don Yeomans é cientista sênior na NASA e coordenador responsável pelo programa NEO de busca por asteróides perigosos.
Don Yeomans é cientista sênior na NASA e coordenador responsável pelo programa NEO de busca por asteróides perigosos.

Aparentemente há uma grande dose de interesse das pessoas em objetos celestiais, suas localizações e trajetórias ao final do ano de 2012 Eu pessoalmente adoro um bom livro ou um filme, tanto como você. Mas é importante ressaltar que o que estamos vendo no ciberespaço, na TV e nos cinemas sobre 2012 não é baseado em ciência. Existe até um falso website com ‘notícias da NASA’ na rede…

1. Nibiru, um objeto de grande porte em direção da Terra, simplesmente não existe!

Não existe nenhuma evidência confirmada – seja por telescópio ou por outros meios – que suporta a existência de tal objeto Nibiru. Também não há nenhuma evidência de quaisquer efeitos gravitacionais em quaisquer dos outros objetos (planetas, luas, asteróides, cometas, etc…) do sistema solar. Eu pessoalmente até gosto do nome “Nibiru”. Se eu for comprar um peixinho dourado para por em meu aquário (e farei isto em algum momento no inicio de 2013), “Nibiru” certamente estará na minha lista de nomes a dar ao peixinho :) .

2. O calendário Maia não termina em Dezembro de 2012

Assim como o calendário que nós temos na parede de nossas cozinhas e que não cessa no dia 31 de dezembro, o calendário Maia também não termina em 21 de dezembro de 2012. A data coincide simplesmente com o fim do período de ‘contagem – longa’ dos Maias, mas depois (da mesma forma que nossos calendários se reiniciam no dia 01 de janeiro) um novo período de ‘contagem – longa’ irá se iniciar para o calendário Maia.

3. Não há previsões de eventos astronômicos catastróficos em 2012

O Sol possui uma atividade cíclica com um período aproximado de 11 anos e a ocorrência do ciclo de máximo solar está prevista para ocorrer iniciando no período de 2010 a 2012. Entretanto, rotineiramente, a Terra pode enfrentar alguns períodos de intensa atividade solar, por eras, sem sofrer efeitos catastróficos. O campo magnético terrestre, que desvia as partículas iônicas carregadas emitidas pelo Sol de fato pode sofrer reversões em seus pólos a cada 400.000 anos, mas não existe qualquer evidência que uma reversão, que toma milhares de anos para se concretizar irá iniciar-se em 2012. Mesmo que um processo de reversão de milhares de anos estivesse hipoteticamente para ocorrer (não está!), tal jamais iria afetar a rotação da Terra nem tampouco a direção do eixo de rotação terrestre. Só mesmo o Super-Homem conseguiria fazer isso :) .

4. Os únicos empurrões gravitacionais que a Terra experimenta são provocados apenas pela Lua e pelo Sol

Não há alinhamentos planetários previstos para as próximas décadas. A Terra não irá cruzar o plano do disco da galáxia em 2012 e mesmo se tais alinhamentos porventura ocorressem, os efeitos na Terra seriam absolutamente desprezíveis. No mês de dezembro, em todos os anos, a Terra e o Sol se alinham de forma aproximada do centro da nossa galáxia, a Via Láctea. O ‘alinhamento galáctico’ é um evento comum que ocorre todos os anos, que não trás nenhum impacto em nosso planeta.

5. As previsões sobre o fim-do-mundo ou mudanças dramáticas a ocorrer em 21 de dezembro de 2012 são todas falsas.

Falsas ou incorretas previsões de ‘fim-do-mundo’ já foram antevistas diversas vezes nos últimos séculos na história humana. Os leitores devem ter sempre em mente, como disse Carl Sagan, que “alegações extraordinárias sempre necessitam de evidências extraordinárias” para suportá-las.

Para quaisquer alegações de desastres ou mudanças dramáticas por vir em 2012 , a responsabilidade de provar pertencem as pessoas que fazem estas suposições.

Onde está a ciência por trás das alegações? Onde estão as evidências comprobatórias? Não existem explicações plausíveis. Tratam-se de anúncios histéricos, irracionais :( , persistentes e até lucrativos, pois acarretam a venda de livros, filmes, documentários, bugigangas ou até mesmo propaganda comercial através da Internet. Estas falsas alegações não podem mudar os fatos reais: não existe nenhuma evidência confiável para quaisquer das supostas previsões de eventos incomuns a ocorrer em Dezembro de 2012.

domingo, 18 de novembro de 2012

Leio na Carta Maior e trago a você


DEBATE ABERTO

A guerra em São Paulo

Nessa guerra os que morrem são sempre os mais pobres, e não beligerantes diretos. Raramente um oficial é executado por bandidos. Em algumas vezes são soldados desprotegidos, alvejados quando chegam do trabalho. Da mesma forma, não são os capitães do PCC e de outras organizações semelhantes os mortos.




 

 
Falta identificar as forças beligerantes na guerra que se trava em São Paulo, com baixas diárias que se aproximam das registradas em conflitos internacionais.
 Aparentemente – e convém desconfiar das aparências – o confronto se dá entre os bandidos e a polícia. Os bandidos, na versão oficiosa, vingam-se da sociedade que os confina ao “executar” policiais militares em emboscadas. Há, no entanto, a denúncia de que os policiais militares estão assassinando pequenos bandidos, mas também pessoas trabalhadoras, a fim de atemorizar as organizações criminosas dos presídios.

Não há policiais perfeitos, a não ser na ficção, mas sem dúvida a Polícia Militar, pela sua natureza, é muito mais violenta do que as corporações civis. O uniforme, os aquartelamentos, as formações e os treinamentos – semelhantes aos que se submetem as forças armadas destinadas à hipótese da guerra contra os inimigos externos – condicionam esses homens ao ato de matar sem a inibição do sentimento de culpa. Isso não inocenta os policiais civis, muitos deles tão violentos ou ainda mais violentos do que os uniformizados.


Organizações brasileiras denunciaram à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, em Washington, que só em São Paulo e no Rio de Janeiro, entre 2003 e 2009 (não há estatística mais recente), a polícia matou 11.000 pessoas – mais de vinte vezes as baixas das tropas brasileiras em combate na Itália. Na quase totalidade dos casos, os próprios matadores redigem um “auto de resistência”, embora nunca possam provar que os mortos tiveram a iniciativa do tiroteio.

Isso, apenas nas duas capitais brasileiras mais populosas. No interior do país, a situação é semelhante. Ainda agora, acabam de ser identificadas três milícias em João Pessoa, compostas de policiais militares e civis, acusadas de constituir um grupo de extermínio, de oferecer proteção a homens de negócios e de extorquir os traficantes de drogas na Paraíba. Foram presos 56 suspeitos, entre eles soldados e oficiais da PM, além de carcereiros e policiais civis. A operação foi realizada por 400 agentes da Polícia Federal, com o apoio das autoridades estaduais, e sob mandato judicial.

Nessa guerra os que morrem são sempre os mais pobres, e não beligerantes diretos. Raramente um oficial é executado por bandidos. Em algumas vezes são soldados desprotegidos, alvejados quando chegam do trabalho. Da mesma forma, não são os capitães do PCC e de outras organizações semelhantes os mortos, mas delinqüentes menores ou apenas trabalhadores inocentes, como parecem ser os últimos fuzilados em São Paulo por um soldado que passeava com a sua família e alegou haver respondido à ameaça dos mortos. Testemunhas afirmam que se tratou apenas de uma disputa de trânsito – as vítimas teriam “fechado” o carro do policial. Por terem assim agido, de acordo com as testemunhas, os rapazes foram fuzilados pelo militar.

Quando alguém importante é vítima de um criminoso comum, a sociedade se mobiliza. Quando os mortos são trabalhadores das favelas – ou pequenos criminosos levados ao tráfico pela falta de educação, de estrutura familiar sadia, e de empregos normais – a reação é quase nenhuma. Aqui e ali se manifestam alguns altruístas, e, pouco depois, as execuções deixam de ser notícia.

Quando houve, há seis anos, uma insurreição aberta de bandidos em São Paulo, o então governador Cláudio Lembo colocou o dedo na ferida, ao culpar pela calamidade “a elite branca e perversa” de seu estado. É certo que a desigualdade social não é a única responsável pela violência urbana -a cultura da violência, importada dos EUA pela televisão, tenha muito dessa culpa- nem pelos crimes brutais que conhecemos. Bandidos há em todas as classes e, provavelmente, os mais cruéis sejam os mais dissimulados, como os que atuam em Wall Street.

Onde há mais justiça social há menos medo nas ruas.

Mauro Santayana é colunista político do Jornal do Brasil, diário de que foi correspondente na Europa (1968 a 1973). Foi redator-secretário da Ultima Hora (1959), e trabalhou nos principais jornais brasileiros, entre eles, a Folha de S. Paulo (1976-82), de que foi colunista político e correspondente na Península Ibérica e na África do Norte.