sábado, 3 de abril de 2010

Na Folha falta até ombudsman 
Emanoel Barreto

Dia 21 de fevereiro o jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva assinou sua última coluna como ombudsman da Folha, sob o título "Um é pouco, dois é bom, três é demais", aludindo ao fato de que não permaneceria no posto por mais um ano, o terceiro. O cargo que o desencantou, em si não tem qualquer força ou expressividade já que não pode interferir diretamente no comando de Redação, alterar política editorial ou criticar ideologicamente o posicionamento da empresa.

Dizia o jornalistra que a iminência de um processo eleitoral em que trogloditas irão se digladiar não o interessa, por não "ter instrumental" para compartilhar situações de antropofagia política. Não com estas palavras, mas como este sentido.

Não acredito no cargo de ombudsman. Por isso, termino não acreditanto nos ombudsman. Eles são intelectuais orgânicos à empresa, fazem parte de um processo de fortalecimento de sua imagem junto ao mercado, colocando o jornal como "sério". Tanto, que sofreria uma espécie de "auditagem noticiosa" materializada na figura daquele profissional.

Não é verdade tal auditagem. Os ombudsman, a rigor, apenas ouvem reclamações de leitores e as repassam à chefia de Redação ou até mesmo à Direção do jornal. Que podem acatar a reclamação no todo ou em parte e fazer, em edição posterior, alguma retificação a respeito da matéria reclamada. Só isso.

O ombudsman é uma espécie de ornamento mercadológico regiamente pago, e integra a retórica do marketing da empresa jornalística, que com isso busca se reafirmar em termos de credibilidade. E credibilidade é coisa que falta, e muito, à Folha. No momento falta até ombusaman.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Charge do Laerte, na Folha

Vamos todos, irmãos
Emanoel Barreto

Vamos todos, irmãos,seguir as leis.
Vamos comprar, usar e consumir.
Pois é bom o que nos mandam os Senhores.
Desta pátria amada e mãe gentil.

Pois, se não somos o que eles determinam,
o que mais poderemos um dia ser?
Nada, a não ser tolos vazios,
que perderam de cumprir dócil destino. Eia!
Bert Stern
Segredos e malícias de Marilyn Monroe

Vi esse material na Folha. Interessante registro sobre Marilyn Monroe.(EB)

"A Vida Secreta de Marilyn Monroe" (Planeta, 2010), do biógrafo de celebridades J. Randy Taraborrelli, conta a história da atriz não somente sob a luz dos holofotes e dos escândalos amorosos, mas agrupa acontecimentos dramáticos, como a esquizofrenia de sua mãe e o próprio declínio mental de Marilyn durante o processo.


O volume chegará às livrarias no dia 15 de abril. Segundo o autor, suas fontes de referência e consulta foram historiadores, chamados de "verdadeiros especialistas", atores, atrizes e até mesmo agentes do serviço secreto americano. Biógrafo de personalidades como Michael Jackson, Madonna, Grace Kelly, Diana Ross, Elizabeth Taylor e Frank Sinatra, Taraborrelli também consultou notas e matérias da década de 1950 para construir um relato preciso e esclarecedor.

Um deles é sobre o affair entre Marilyn e Sinatra. No trecho abaixo, extraído do livro, vemos uma atriz que se esforçava em chamar a atenção de um homem que havia acabado de perder a mulher (Ava Gardner). Percebemos também um artista excepcional que tentava lidar com a impotência sexual dividindo o mesmo teto com um dos símbolos sexuais de Hollywood.

Marilyn, que tinha o costume de andar nua em seu lar, perdeu aos poucos o hábito. Veja abaixo como se deu o processo, influenciado pelo próprio cantor.


Tempos difíceis


Quando passaram a morar juntos, Frank e Marilyn admitiram que ainda eram apaixonados pelos ex-parceiros. Portanto, por um tempo, não houve nenhuma ligação sexual entre eles. Apenas dividiam uma vasta solidão comum aos dois. Frank não estava interessado em nada além disso, embora fosse difícil para os amigos dele entenderem que, mesmo tendo no apartamento uma das estrelas do cinema mais assediadas, não havia nada entre eles.

O que se conta é que Marilyn havia adquirido o hábito de não se vestir quando estava em casa. Todos que a conheciam bem sabiam dessa mania. Sempre dizia que preferia ficar nua; amigos e criados estavam acostumados a vê-la au naturel. Quando se hospedou com Frank nessa época, Marilyn não alterou seus hábitos. Certa manhã, de acordo com um amigo de Sinatra, ele acordou, foi para a cozinha vestindo apenas um short, e encontrou Marilyn parada diante do refrigerador aberto, com o dedo mínimo na boca, tentando decidir se bebia suco de laranja ou de grapefruit. Estava nua. "Oh, Frankie", teria dito, provavelmente fingindo constrangimento. "Não sabia que você acordava tão cedo."

"Esse foi o fim de tudo que havia de platônico entre eles", relatou Jimmy Whiting. "Ele me contou que fez sexo com ela ali mesmo, na cozinha, contra a porta do refrigerador. 'Homem', ele comentou, 'nunca havia feito sexo daquele jeito. É uma mulher fantástica'."


"Na verdade, Frank enfrentava problemas de impotência naquele tempo. Muita bebida. O álcool estava arruinando sua vida sexual. Estava ficando velho demais para beber daquela maneira e ainda esperar uma boa performance na cama. E estava frustrado com isso, porque uma coisa de que Frank sempre se orgulhara era da habilidade de satisfazer uma mulher."

Aparentemente, Marilyn curou Sinatra de sua impotência, pelo menos por um tempo. Ela disse que não se importava com o tempo necessário para isso; estava decidida a se divertir na cama com ele. Os dois eram sexualmente inovadores. Por exemplo, de acordo com amigos de Sinatra, ele e Marilyn tinham intimidades à noite no telhado do Sands Hotel, sobre a faixa de Las Vegas. Curiosamente, um memorando datado de 30 de maio de 1959 e assinado por Jack Entratter para a equipe de segurança de hotel confirma essa história. O documento concede: "Permissão integral ao senhor Frank Sinatra para ir ao telhado do Sands Hotel nas 24 horas do dia. O senhor Sinatra se compromete a ser discreto ao entreter qualquer outro hóspede nesse local. Obrigado".

"O que ouvi no escritório foi que Marilyn e Frank tiveram uma discussão quando ela, bêbada, confessou que, enquanto tentava curá-lo da impotência, frequentemente 'fingia', não tendo obtido ela mesma satisfação sexual", lembrou Wesley Miller da Wright, Wright, Green & Wright. "Frank ficou muito aborrecido com a revelação e, aparentemente, disse: 'Jesus, se não posso satisfazê-la, então que diabos estou fazendo com ela? Por que ela tinha de me dizer isso? Precisava saber? Inferno, não, não precisava'." (Frank considerou a confissão de Marilyn uma afronta a sua masculinidade, mas outros que a conheciam bem afirmavam que ela raras vezes sentia prazer durante as relações sexuais, e que o problema era consequência dos inúmeros problemas psicológicos.)



Apesar de todos os problemas que tinha com ela, Frank sempre achara Marilyn inteligente, espirituosa, sexy e excitante. "Frank dizia que Marilyn era como um meteoro", observou a atriz Esther Williams, "e era impossível não ficar fascinado com sua jornada. Sabia-se que ela ia se chocar e se queimar, mas não se sabia como. Mas era certo que a jornada seria cintilante e incrível. A única razão que impedia Frank Sinatra de assumir um relacionamento mais sério com Marilyn, declarou, era o sofrimento que ainda experimentava com a perda de Ava. Era cedo demais. Além disso, nunca mais se envolveria com outra atriz. Prometera a si mesmo."


Mesmo se entendendo muito bem, Frank e Marilyn discutiam de vez em quando. Uma vez, ela apareceu distraída e nua em um jogo de pôquer de Frank com os amigos, algo que o enfureceu. "Leve esse traseiro gordo de volta para o quarto", explodiu. Mas não conseguia ficar zangado com ela por muito tempo. De fato amava Marilyn - embora não estivesse apaixonado por ela - e entendia suas fraquezas. Era frágil e delicada, características que Frank não apreciava em uma mulher. Jamais permitiria a nenhuma de suas mulheres o luxo da vulnerabilidade, mas, com Marilyn, era diferente. Era especial.

Depois daquele jogo de pôquer, quando os amigos foram embora, Sinatra voltou para o quarto dela, segundo recordações de Marilyn: "beijou-me no rosto, e fez que me sentisse muito especial. Daquele dia em diante, sempre me vesti para ele, mesmo que não houvesse mais ninguém em casa".



quinta-feira, 1 de abril de 2010

Um poema com o sentido do mundo
Emanoel Barreto

Garimpando a net encontrei o poema "Proa" de Edival Perrini.Uma pérola que compartilho, neste tempo de páscoa.
O sonho é meu pastor, nada me faltará.
Que venham as tormentas, que venha o que vier,
tenho o sonho comigo, o sonho é meu pastor.


O mundo da aparência não me engolirá.
Conheço bem suas manhas, meu ofício é interior:
girassol que é girassol tem proa pro amanhecer.

O sonho é meu pastor, nada me faltará.
Com ele eu teço o mundo, reinvento a via-láctea.
Mistérios são bem-vindos, o sonho é meu pastor.


Ou eu busco a verdade ou ela não me achará.
Minha verdade, o sonho, é pomar e é brasão.
Seu universo, os versos, fio do sim e do não.


O sonho é meu pastor, nada me faltará.
Encontro nele a luz, meu alimento e cor.
Que escorra a ampulheta, o sonho é meu pastor.

segunda-feira, 29 de março de 2010


http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u713589.shtml
Ao mestre, com carinho
Emanoel Barreto

O mestre Armando Nogueira deixa os gramados da vida para encaminhar-se a outros maracanãs. No jornalismo, destacou-se como o homem que criou o Jornal Nacional. O jornalismo é assim: uma atividade para a qual parece que já nascemos talhados, pensando de um determinado modo, agindo de um certo jeito. O jornalista nasce para acompanhar a louca aventura do homem no mundo.

Quando a Globo revolucionou o telejornalismo, começando a implantar sua hegemonia, Armando foi o técnico e o artilheiro. Literalmente, gostava de alçar voos altos. Era piloto de ultraleve, águia do texto, viajor da música que tocava em sua gaita.

Viveu muito e viveu bem. Deixa uma lacuna e uma grande lição do que é ser um repórter.
Três olhares sobre minha casa
Emanoel Barreto

Minha casa vista por mim


Minha casa vista pelo avaliador, depois do que fez a Prefeitura e a sua "drenagem"


Minha casa vista pelo IPTU da Prefeitura

Ontem à noite, após 20 minutos de chuva, as "obras" de drenagem na zona sul mostraram seu resultado perverso. Fui obrigado a tirar o carro da garagem. Caso continuasse a chover, viria a inundação. E o carro, bom, o carro... 
00:15 - madrugada do dia 29/03/2010, hora de colocar o carro na rua e abrir espaço para a água. 


Lado interno

O gramado sumiu

A água invade a garagem

A calçada sumiu

A rua também

Lado interno - água invade a contenção de alagamento

A enchente lá fora

A enchente do lado interno


Isto foi só uma amostra daquilo que poderemos enfrentar durante o inverno.

domingo, 28 de março de 2010

http://pluralidade.files.wordpress.com/2009/03/caso-nardoni.jpg
O silêncio dos desgraçados
Emanoel Barreto

Passsada a  fase sencacionalista do julgamento e condenação de Alexandre Nardoni e Ana Carolina Jatobá, o casal entrará para o que poderia ser chamado de o silêncio dos desgraçados. Trata-se, em todos os casos, de um acontecimento perverso: das suas origens hediondas até o comportamento jornalístico, que elevou a níveis de histeria a comoção do senso comum.

De alguma forma houve uma catarse coletiva, quando todos os males da nossa sociedade foram como que purgados na condenação dos dois. Crime houve, punição deve haver. Todavia, não é papel do jornalismo exarcerbar o tumulto dos ânimos populares. Se o Direito é manifestação de civilidade, o grito das multidões não deve servir, como mercadoria, às empresas jornalísticas para faturar audiência.

O silêncio dos dois desgraçados, seu calabouço social, deveria ser a pena em si. Jamais a imprensa agindo como falsa consciência desse mesmo social.