Temer, a
captura de Rocha Loures e os caça-fantasmas
A captura de Rodrigo Rocha Loures representa um grave embaraço ao já abalado despresidente Temer.
Ante a possibilidade de uma delação premiada
envolvendo-o diretamente– e a repercussões políticas naturais daí resultantes –
tudo indica que estamos vivendo clima político em que mais e mais o atual
governo naufraga.
O PSDB tem segmentos que buscam a
qualquer custo saltar do navio.
Agora, os chamados cabeças pretas
– ala tucana de deputados federais que quer atirar-se pela amurada e escapar de
ligações com o Planalto –, têm mais e mais motivos para tentar a fuga e
livrar-se da companhia do palaciano que está enrolado na Lava Jato.
A captura de Rocha Loures poderá
ter pesadas consequências no julgamento da chapa Dilma/Temer dia 6 próximo. Magistrados
terão dificuldade em analisar sua situação de forma menos incisiva. A sensação,
no desgoverno, é de desmanche de um castelo de cartas que começa a desmoronar.
A começar pela presença do
despresidente Temer, que não é um líder, mas tão-somente um refém da própria situação
que criou ao trazer para perto de si seus leais inimigos, aqueles, do PSDB,
aqueles que pediram a cassação da chapa Dilma/Temer.
Foi o PSDB, hoje no poder com
Temer, quem propôs sua cassação. Coisas do Brasil.
Assim, vivendo esse estranho
mundo, Temer convive com os fantasmas que ele próprio conjurou e que agora, decididos,
pelo menos uma parte deles, querem vê-lo pelas costas.
Imagine se ele ainda estivesse
vivendo no Palácio da Alvorada, onde disse haver constatado a presença de “certas
energias”, forças sobrenaturais que o fizeram fugir espavorido de volta ao
Palácio Jaburu: se assim fosse, e às voltas com os espectros do PSDB certamente
estaria buscando ajuda de um exorcista.
Mas agora é tarde: o filma Os
caça-fantasmas está fora de cartaz.