sábado, 3 de junho de 2017



Temer, a captura de Rocha Loures e os caça-fantasmas

A captura de Rodrigo Rocha Loures representa um grave embaraço ao já abalado despresidente Temer.

 Ante a possibilidade de uma delação premiada envolvendo-o diretamente– e a repercussões políticas naturais daí resultantes – tudo indica que estamos vivendo clima político em que mais e mais o atual governo naufraga.

O PSDB tem segmentos que buscam a qualquer custo saltar do navio.
Agora, os chamados cabeças pretas – ala tucana de deputados federais que quer atirar-se pela amurada e escapar de ligações com o Planalto –, têm mais e mais motivos para tentar a fuga e livrar-se da companhia do palaciano que está enrolado na Lava Jato. 

A captura de Rocha Loures poderá ter pesadas consequências no julgamento da chapa Dilma/Temer dia 6 próximo. Magistrados terão dificuldade em analisar sua situação de forma menos incisiva. A sensação, no desgoverno, é de desmanche de um castelo de cartas que começa a desmoronar.

A começar pela presença do despresidente Temer, que não é um líder, mas tão-somente um refém da própria situação que criou ao trazer para perto de si seus leais inimigos, aqueles, do PSDB, aqueles que pediram a cassação da chapa Dilma/Temer. 

Foi o PSDB, hoje no poder com Temer, quem propôs sua cassação. Coisas do Brasil. 

Assim, vivendo esse estranho mundo, Temer convive com os fantasmas que ele próprio conjurou e que agora, decididos, pelo menos uma parte deles, querem vê-lo pelas costas. 

Imagine se ele ainda estivesse vivendo no Palácio da Alvorada, onde disse haver constatado a presença de “certas energias”, forças sobrenaturais que o fizeram fugir espavorido de volta ao Palácio Jaburu: se assim fosse, e às voltas com os espectros do PSDB certamente estaria buscando ajuda de um exorcista. 

Mas agora é tarde: o filma Os caça-fantasmas está fora de cartaz.

segunda-feira, 29 de maio de 2017



Temer, o barro e um pedaço de isopor

Parasitado por um presidente que despresidenciou-se; e pior, recusa-se a viver sua condição de pessoa inapropriada para o cargo, o Brasil vive possivelmente seu mais paradoxal – e a cada dia mais perigoso – momento histórico.
Cercado por aliados que, dizem até mesmo seus mais leais jornalistas, estão preparados para dar o bote caso Temer tropique mais forte, o despresidente insiste em ficar no cargo.
Tem ciência e consciência de que seus atos terão graves, gravíssimos desdobramentos ao longo da História, especialmente sobre a classe trabalhadora, mas está aferrado a uma obsessão: “Não renunciarei.”
Temer sabe que não é estadista, consequentemente não é líder, sequer um gerente atilado e determinado. Trata-se tão-somente de alguém que, pelos azares da sorte, chegou ao cargo que lhe coube, mas sem a virtù ou a fortuna de que falava Maquiavel.
Acolitado por indivíduos a quem os processos acossam, enredado em situações que se alteram com o rumo dos ventos, gritando sentenças que buscam sufocar o povo, o despresidente, ele mesmo um acossado, é como um náufrago que confia sua salvação a um pedaço de isopor.
As coisas de jornal que tenho lido apontam para rumos escuros, situações de incertezas. Fala-se que ele, se for cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral, vai apelar.
Isso delongará ainda mais sua despresidência: com isso todos saem perdendo: especialmente o Brasil e seus degredados das favelas e arrabaldes.
Vale lembrar: foi o PSDB, hoje seu aliado mais perfeito, quem perpetrou o pedido de cassação da chama Dilma/Temer. 
Veja-se o miserável nível, a perversa situação a que chegou nossa política: agora, o mesmo PSDB defende a permanência daquele a quem queria expulso do cargo. 
E esse mesmo partido integra o governo que quer depor. 
Mas, não esqueçamos: o PSDB defende Temer, mas, quando ele tropicar mais seriamente, será o primeiro a dar o rabo de arraia que vai atirá-lo ao barro.