sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

O Big Brother Brasil, os tolos e a realidade falsificada

Anuncia-se para janeiro a sétima edição do Big Brother Brasil. Detalhe: a imprensa fala em "mistério" cercando o programa, quando não há mistério algum: a Globo forja um clima de expectativa a respeito de uma lamentável realização televisiva. E por um fator muito simples: o BBB é totalmente previsível e se constitui unicamente numa seqüência de tolices cuja sordidez mercadorizada mobiliza as atenções de milhões de pessoas.

Fala-se que é um reality show. Realidade, ali, é algo que não existe. Os participantes cumprem um roteiro comportamental que só aparentemente é espontâneo, em busca do ganho de um prêmio em dinheiro. Todos os concorrentes agem segundo uma espécie de caos cifrado. Quem quebra as regras, brigando para valer com um adversário, é advertido.

No último programa, o desentendimento entre dois participantes foi editado para impedir que a troca de desacatos não fosse mostrada em toda a sua crueza. Ou seja: quando ocorreu algo "real", a realidade foi ocultada. A troca de insultos poderia ferir a sensibilidade do público e prejudicar, mercadologicamente, o produto.

Detalhe a respeito da farsa: as informações na imprensa indicam que todos os futuros BBBs já foram escolhidos. As inscrições são apenas um apelo à curiosidade massiva. Quem busca aparecer no BBB, apenas se expõe ao ridículo e pode terminar por ser apresentado no Fantástico como um bufão, um tolo que sucumbiu à tentação de ser famoso por quinze minutos.

Produtos como o Big Brother Brasil são uma fórmula escapista, uma saída de emergência, um ralo social por onde escorrem as mazelas de uma sociedade onde falta pão, mas sempre sobra circo. BBB: é verdade que é mentira.

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Filme erótico da Xuxa agora está proibido.

O Estadão online publicou a seguinte notícia:"RIO - Xuxa ganhou nos tribunais um processo contra o site de leilões Mercado Livre, que pretendia vender cópias de um filme erótico protagonizado por ela em 1982, assim como o CD com músicas em inglês Xuxa Talk To Me, informaram nesta segunda-feira fontes judiciais. Xuxa exigia a proibição das vendas do polêmico filme Amor Estranho Amor, no qual aparece nua seduzindo um menino de 12 anos."

Figura midiática que faz muito bem o jogo do mercado de bens simbólicos, Xuxa busca com tal iniciativa garantir sua imagem junto ao público infantil, que sempre foi sua grande fonte de aporte financeiro. Aos 43 anos, tem em horizonte próximo os indícios de que não poderá prolongar indefinidamente o rótulo que construiu, de Rainha dos Baixinhos. O tempo não pára, as rugas são implacáveis.

Há muitos anos ela vem lutando contra a venda de cópias do filme e agora ganha uma grande batalha. O paradoxo está no fato de que o julgamento moral negativo a respeito do filme vem não da sociedade, mas daquela que se deixou filmar.

A produção não impediu sua ascenção ao estrelato e em nenhum momento houve qualquer reação ao filme, que integra a obra do diretor Walther Hugo Khouri, toda ela centrada no erotismo. À época, Xuxa investia sua imagem não só no cinema erótico, mas avistava também espaços largos em publicações como a Playboy.

Na verdade, buscava mesmo um nicho de mercado onde pudesse se apresentar e assegurar seu capital simbólico. Veio a Rede Globo e ela viu na criançada esse nicho. Apostou em sua imagem angelical, no jeitinho meigo, no rostinho infantilizado, e deu certo.

Depois, o filme ficou como que uma pecha, um estigma a ser apagado. E agora, mesmo tendo assegurado seu prestígio, que em nenhum momento correu perigo, persiste em impedir que tais recordações voltem à tona. Por isso, não concede entrevistas, não chega à cena jornalística: poderiam surgir perguntas "inconvenientes" e, assim, é melhor evitar.

Soube manipular muito bem a sua imagem. E as forças de mercado se encarregaram de manter em preamar esse prestígio. Em resumo: na sociedade da simulação, todos os atores que souberem agir segundo as suas regras, podem, sem temor, afivelar suas máscaras - e entrar no palco. O resto, o dinheiro e seus agentes fazem.