sábado, 29 de março de 2014

Povo do RN paga conta de mais de um bilhão pelo campo de futebol Arena das Dunas



Indignação e nojo ou o pão que o diabo amassou

Entre perplexo e indignado - indignado não, enojado -, leio matéria na Tribuna do Norte onde se informa: “O Governo do Estado efetuou o pagamento da primeira parcela de contraprestação pública pela construção e administração do estádio Arena das Dunas à construtora OAS. Até dezembro de 2022, serão depositadas parcelas de R$ 10,2 milhões na conta da construtora. A partir de 2023, o valor sofrerá redução e, ao final dos 17 anos de repasses mensais, o Estado terá pago mais de R$ 1 bilhão à empreiteira.”
 
http://jornaleirotalisandrade.wordpress.com/tag/eleicoes-2014/
Mais adiante, começa a minha náusea: “Apesar da Arena das Dunas ter sido inaugurada oficialmente no dia 19 de janeiro, ter recebido alguns jogos e, na próxima sexta-feira, receber um evento com shows artísticos, não houve qualquer repasse da administração do estádio para o Governo do Estado referente à divisão de lucros prevista no contrato assinado entre as partes.”

Completa o jornal: “O titular da secretaria Extraordinária para Assuntos Relativos à Copa do Mundo 2014 (Secopa), Demétrio Torres, informou que o repasse será realizado somente após uma auditoria nas contas da OAS, o que deve acontecer apenas no segundo semestre deste ano. ‘Vamos começar o processo licitatório para contratar uma empresa de auditores. Somente após a Copa, teremos detalhes’”, disse.”

Qualquer débil mental percebe que trata-se de um negócio arranjado somente para dar dinheiro à iniciativa privada. O dinheiro público, que deveria ser usado em coisas sérias e urgentes, além de desperdiçado num campo de futebol que o tempo vai demonstrar inútil para uma cidade do porte de Natal, está, de forma cifrada, voltado unicamente para fortalecer a construtora.

Ainda a respeito da empresa, diz a TN: “O contrato de concessão é de 20 anos, mas os primeiros três anos – quando o estádio estava sendo erguido – é o chamado “período de carência” do contrato Governo/OAS. Para a obra, a construtora contraiu empréstimo de R$ 300 milhões junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e desembolsou mais de R$ 100 milhões do próprio bolso.”

 Ou seja: a empresa investiu 100 milhões e tomou 300 milhões a um banco. Qual banco? Um banco público. Mas, por que foi ao mercado de capitais mantido pelos bancos privados? Fica a pergunta que não é meramente pergunta retórica. 

E ficamos nós, norte-rio-grandenses, pagando conta astronômica, hiperbólica, louca, cruel. Temos uma chamada classe política que é mumificada, apegada, agarrada a práticas abomináveis, munida de um discurso ralo e sórdido que a sociedade anestesiada consome e dá resposta em forma de voto, coonestando toda a patranha histórica. 

Enquanto isso durar vai durar o Brasil dos muitos que trabalham muito para sustentar os poucos que bocejam a lucram; os políticos entre eles. Pior: enquanto o Brasil for massa vai ser pão que o diabo amassou.






sexta-feira, 28 de março de 2014

É de dar medo urgência no Walfredo Gurgel




Caos do Walfredo Gugel
Vamo correr, minha gente! Vamo correr!
Vi hoje na Intertv Cabugi matéria que mostrava um “treinamento” da equipe do hospital Walfredo Gurgel para eventual atendimento de emergência em massa. Tudo, segundo a matéria, sob a supervisão de médicos alemães. Preparação para a Copa do Mundo, claro. 
 
http://www.marceloabdon.com.br/?view=plink&id=33657
Aí, veio-me a dúvida: espere aí: quer dizer que a equipe do Walfredo não está preparada para esse tipo de atendimento? Isso não deveria ser algo típico, essencial do seu trabalho? E precisa vir gente da Alemanha para isso? A cena ficou-me presa na retina da memória. 

A cena do “treinamento” pareceu-me oscilar entre o ridículo e o grotesco. Uma miserável encenação. E por um motivo muito simples: o Walfredo jamais conseguirá atender a uma demanda de massa. Não conseguirá porque o governo do estado nele nada investe, não dá condições à sua equipe para que preste uma assistência digna desse nome.

Tudo o que foi praticado a título de digamos, qualificação, é apenas tudo o que cotidianamente deveria ser feito: funcionários em número suficiente para tal serviço, macas, camas, enfermarias, UTI, tudo em processo coeso e capaz. 

Todos sabemos que se houver algum acontecimento de grande monta será um caos – salvo, claro, se o governo do estado, num instante de dificílima lucidez, mantenha a postos toda uma grande estrutura humana e material pronta para agir. Não creio nisso. E espero que não haja nenhum desastre que exija do hospital que se torne digno desse nome.