sábado, 12 de dezembro de 2009

Foto: Divulgação
Capitão Nascimento, o retorno
Emanoel Barreto

O ator Wagner Moura iniciou preparação especial, com aulas de jiu-jítsu e vale-tudo, para viver novamente o Capitão Nascimento, no filme "Tropa de Elite 2", informou a coluna Radar, de Lauro Jardim, publicada na revista "Veja" desta semana.
As aulas serão dadas por Rickson Gracie, que mora nos Estados Unidos, e é um dos principais nomes da lendária família de lutadores.
As filmagens começarão na terceira semana de janeiro. O filme "Tropa de Elite 2" tem estreia prevista para agosto de 2010.
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A informação é da Folha Online Ilustrada.
O Capitão Nascimento é uma espécie de figura urbano-mitológica tardia do senso comum. Prefigura e glorifica o perfil do policial que, ante os desmandos do crime organizado, reage com igual vigor e brutalidade, punindo por uma sociedade indefesa frente à fúria de traficantes e assaltantes.

Ele representa de forma vívida o repúdio de larga parcela da sociedade brasileira aos grupos de direitos humanos. As pessoas veem na ação desses grupos um paradoxo simplista: seus militantes se compadecem de criminosos e estão a favor dos bandidos, esquecendo suas brutalidades contra os indefesos. Na implicação contida em tal lógica esses militantes estão contra os cidadãos. Infelizmente, é isso o que acontece.

O personagem, assim, propicia o que os psicólogos chamam de ab-reação, comportamento assim descrito no Houaiss: "Descarga emocional pela qual um indivíduo se liberta do afeto que acompanha a recordação de um acontecimento traumático [Pode ser provocada, por exemplo, por hipnose, ou ocorrer de forma espontânea no decorrer do processo psicoterápico.]". Ou por outra: "Efeito liberador produzido pela encenação de certas ações esp. as que fazem apelo ao medo e à raiva, utilizado pelas terapias que se baseiam no método catártico."

O fato de o ator Wagner Moura estar tomando lições de luta sugere que o personagem entrará em combate corporal com antagonistas, o que não ocorreu quando da produção anterior. Isso, sem dúvida, ampliará o efeito de catarse, trazendo ao filme mais glamour à violência punitiva. O público sempre gosta quando os vilões são, literalmente, batidos pelos que pretensamente encarnam o "bem".

O brasileiro está cansado de ver o triunfo do mal no mundo vivido. Assim, pelo menos no cinema verá alguém ser punido. É a terrível compensação para quem vive um inferno e encontra, no pesadelo encenado, sua fugidia compensação.





Fotos: Emanoel Barreto

encontro com Djalma Maranhão
Emanoel Barreto

Hoje acordei numa espécie de déjà vu: máquinas na rua, em frente à minha casa. Homens trabalhando para instalar o sistema de drenagem, em Capim Macio. Mas, e o déjà vu? É o seguinte: certa vez, Djalma Maranhão prefeito de Natal, idos de 1961, 62, amanheci desperto por um barulho terrível, monstruoso ronco que, à minha sensação de menino, seria algo como um dragão atacando o meu castelo, quer dizer, a minha casa.

Na verdade, era o desvio dos ônibus, que deixavam de circular pela Rio Branco, que estava sendo asfaltada, atirando-se pela Princesa Isabel, onde eu morava. Dias e dias assim, até que a obra ficasse pronta e a minha pacífica rua voltasse a ser sinceramente calma e pacífica, como o eram as ruas de Natal nos anos 60.

Agora, o ronco de uma máquina rasgando o chão para soterrar as manilhas não me apavorou. Alegrou. Afinal, estarei livre das inundações, afinal deixarei de me sentir como Noé a cada inverno.

Mas o déjà vu levou-me a passear a memória até Djalma Maranhão. Nunca o vi, a não ser em fotos. Mas, dele, tenho sempre uma lembrança boa. Uma espécie de saudade mansa de alguém a quem não conheci, mas que me abraça e me diz que ele era um político para quem decência era sinônimo de essência, e isso o fazia ser um prefeito que amava, sem medo e sem mácula, a sua cidade Natal.

Sinto que encontrei Djalma hoje de manhã. Não, nada a haver com a "Ronda dos Fantasmas", radioteatro de terror que a Rádio Cabugi produzia magistralmente uma vez por semana. Nada disso. Foi uma espécie de reencontro com coisas, memórias, lembranças esquivas que moram em mim. E esse encontro foi como se ele estivesse dizendo: "Ei, menino! Não tenha medo. Dragões não existem. E eu continuo cuidando de Natal..."

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Foto: http://images.google.com/imgres?
Goodbye, Bat Masterson
Emanoel Barreto

Morreu Gene Barry, que interpretava na TV o personagem Bat Masterson. Morreu quinta-feira passada, aos 90 anos, mas somente hoje divulgaram. Quando a série passava no Brasil, entre 1958 a 1961, jamais a assisti: Natal não tinha repetidora. Mas, nas revistas em quadrinhos, eu sempre o encontrava. A capa tinha sempre uma foto sua. O desenhista repetia à perfeição, em traço, as feições do meu amigo. Sim, porque ele era meu amigo. E eu me sentia a seu lado naquelas aventuras.

As revistas eram para mim como uma espécie de jornal: cada edição era como um noticiáirio, coisas grandiosas e empolgantes que os meus amigos, Zorro, Batman, Príncipe Valente, Super Homem e Bat Masterson viviam, sem esquecer Tarzan, claro. A lista de amigos é enorme e não caberia aqui.

Agora, o meu amigo se foi. Na verdade já não nos encontrávamos há muitos e muitos anos, desde que deixei os quadrinhos como leitura preferencial. Mas valeu, Bat. De alguma forma, lendo suas histórias, aprendi de que lado ficar.



quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Foto:Reuters
"Eu prefio ser essa metamorfose ambulante" (Raul Seixas)

O presidente Obama encarna à perfeição a metamorfose ambulante. Ao receber o Nobel da Paz, ele, que estranhamente foi escolhido para a comenda, uma vez que nada fez pela paz, defende... a guerra. E ainda é aplaudido.

Norteia-se, sem dúvida, pelo apotegma romano: "Se queres a paz, prepara a guerra". É realmente estranho que o dirigente máximo da maior potência bélica e belicista do planeta, um país que vive de e para a guerra, seja eleito paladino da paz...

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Foto: Dida Sampaio
A vigilância cuida do normal, os automóveis ouvem a notícia, os homens a publicam no jornal (Zé Ramalho)
Emanoel Barreto

O fotoflagrante é da repressão da polícia a manifestantes que pedem o impeachment de Arruda, o arruaceiro, o governador do Distrito Federal. Nada demais: os soldados estão apenas cuidando do normal. Como a corrupção é normal neste país, a vigilância está cuidando meter o pau e de manter as coisas... dentro do normal.


Foto: http://www.estadao.com.br/fotos/explosao-p.jpg
Assim caminha a humanidade
Emanoel Barreto

A estratégia no Iraque serviu de base para o plano do presidente Barack Obama de enviar mais 30 mil soldados para o Afeganistão, seguindo a recomendação do comandante das forças americanas no território afegão, general Stanley McCrystal. Mas, assim como ocorreu com o conflito afegão, aos poucos a guerra iraquiana começa a ser esquecida, para voltar à tona apenas quando grandes atentados ocorrem, como os de ontem.

Os jornais e TVs americanos não cobrem mais Bagdá como faziam até o começo do ano. Os principais correspondentes foram deslocados para Cabul. Os centros de estudo em Washington dedicam seus principais eventos ao que ocorre no Afeganistão e no Paquistão, assim como optaram por contratar mais analistas especializados nestes dois países.

E a agenda da política externa de Obama foi dominada pelo Afeganistão nos últimos três meses. Ontem, depois dos ataques, a condenação ficou por conta dos representantes militares americanos no Iraque, sem grandes declarações de Obama ou da secretária de Estado Hillary Clinton.
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A transcrição que faço, de trecho da matéria assinada pelo jornalista Gustavo Chacra, do Estadão, dá bem uma ideia de como os mandantes do mundo veem a guerra, a destruição, o horror: tudo isso está "do outro lado", "lá longe". É coisa que eles provocam, mas que não os atinge. Não diretamente. Assim, o que se passa no território do horror fica para lá. A "eles" não interessa muito.É isso. Assim caminha a humanidade. E todos os que a ela ofendem.
Foto: Ahmed Malik/Reuters
Somente os fotógrafos podem ver a Morte*
Emanoel Barreto


BAGDÁ - O primeiro-ministro do Iraque, Nouri al-Maliki, fez um pronunciamento na TV no qual pediu paciência e o apoio às forças de segurança do país após a onda de atentados que deixou 127 mortos em Bagdá na terça-feira, 8.

Maliki deve ir uma audiência no Parlamento nesta quarta. Ele vem sofrendo fortes críticas de parlamentares, que pedem a renúncia da cúpula de segurança no país. Nos últimos quatro meses, houve outros dois atentados contra prédios públicos no país.


No primeiro, em agosto, 100 pessoas morreram. Em outubro, um ataque deixou 155 vítimas. Insurgentes têm direcionado seus ataques a alvos do governo públicos. Analistas atribuem o ataque a militantes sunitas ligados ao antigo partido Baath, do ex-ditador Saddam Hussein, descontentes com o governo xiita pró-ocidental.
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O texto acima é do Estadão. Mas o que me moveu mesmo foi a foto. Veja como caminham os parentes da vítima: elas levam o caixão como se levassem todo o peso da morte. Não a morte enquanto fenômeno de cessação da vida, mas a Morte, a grande Morte, o mistério sombrio de ter à vista e em mãos um corpo que perdeu seu anima.
A fotografia tem esse condão. Captar o instante, o momento preciso, como dizia Henry Cartier Bresson. É esse momento que resume tudo, toda a força, impacto, intensidade e representatividade de uma ação, que o jornalista-fotógrafo sabe figurar como ninguém. Só ele, esse mágico ao mesmo tempo sensato e louco.
Veja o esforço dos que levam o caixão. Eles carregam todas as dores do mundo. Ao contrário de nós, ocidentais, que levamos o - perdão pela palavra - féretro segurando suas alças laterais, eles o conduzem aos ombros. É o homem, em sua miserável universalidade, levando sobre si o peso maciço de todas as suas dores, um peso que é presidido pela grande, soturna, maciça e muito nossa Morte.
E, só os fotógrafos podem nos mostrar esses momentos...
* Esta crônica é dedicada a João Maria Alves, Giovanni Sérgio, Canindé Queiroz e Claudinei Bôas

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Foto: http://1.bp.blogspot.com/_xD7nCBlQN60/SfUhF_h-zXI/AAAAAAAAA4s/knP5bset7Hw/s400/10.jpg
As fotos de Bardot quando andava vestida de beleza
Emanoel Barreto

As coisas de jornal, em muitas bancas, anunciam que estarão à venda no Brasil fotos de Brigitte Bardot no esplendor da sua beleza. A Folha Online diz: A atriz francesa Brigitte Bardot, que comemora 75 anos, é tema de uma exposição fotográfica que começa amanhã (9), em São Paulo. A mostra "Brigitte Bardot" traz fotos inéditas e originais da diva, clicadas pelo renomado fotógrafo italiano Marcello Geppetti, um dos precursores do termo paparazzi nos anos 60 e amigo de Bardot. Destaque do site Catraca Livre o evento já passou por vários países e fica no Brasil até o dia 23 de dezembro, na galeria Lourdina Jean Rabieh. A entrada é gratuita e as fotos estarão à venda. Os preços devem variar entre 8 e 14 mil reais cada.

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O Tempo, o velho Tempo, esconde na máscara da Vida os fios de sua trama imensa. E quando o Tempo - que também se chama Depois -, se torna Hoje, vemos que o Passar, que é pai do Tempo, não vem de fora, mas está dentro de nós e nos destroi.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Foto: Divulgação
É preciso cantar, é preciso pintar, é preciso vender...
Emanoel Barreto

"A foto é da obra 'Retrato de um homem, a meia distância, com as mãos na cintura', de Rembrandt, que pode ser arrematado por até R$ 70 milhões", dizia a legenda que transcrevo, tirada da net.

Agora, uma questão: a obra tem valor intrínseco, algo que vai muito além do valor que, miseravelmente, o dinheiro tenta mensurar ou os seus adoradores podem presumir, em suas minúsculas mentalidades que se guiam por cifras.

Nesses leilões ocorre um processo perverso: a obra de arte tem valor pelo valor do dinheiro que ela representa, não pelo seu conteúdo plástico ou visão de mundo imanente. Sei que os grandes pintores - a arte sempre aconteceu assim, ainda hoje é assim - precisa de um benefactor, um mecenas e um marchand. Afinal, a arte deve e precisa ser comercializada. O pintor também tem fome.

O problema é que, coisas bem da nossa condição humana, o processo assume as conotações malíssimas que mencionei quando o valor venal, por efeito ideológico, assume o valor ético da obra e o que se compra não e a obra em si, mas o valor financeiro-mercadológico agregado àquela. Infelizmente, é isso. Mas, adelante. É preciso pintar, é preciso cantar, é preciso vender...

O amigo jornalista Walter Medeiros manda artigo que abaixo publico. Obrigado, Walter.
Emanoel Barreto

Médicos precipitados
--- Walter Medeiros* – walterm.nat@terra.com.br

Um fato que se repete sempre chama a atenção e costumeiramente vira objeto de pesquisa, quando se busca um entendimento mais exato dos fenômenos. Nos últimos tempos vimos tomando conhecimento de afirmações de senso comum em consultórios médicos em reação imediata às pessoas que indagam sobre o uso da auto-hemoterapia. Em muitos casos, a primeira reação do médico ou médica é dizer que não conhece a técnica; e em seguida sentenciam: “deve ter alguém ganhando dinheiro com isso”. Mas quando informados, muitos ficam pletóricos** de vergonha pela afirmação precipitada e passam a se interessar pelo assunto.

A culpa pela ocorrência destas reações não é de todos os médicos, pois embora muitos deles ainda acreditam que são deuses – já que a vida das pessoas está em suas mãos, uma imensa parcela dos médicos já passou para o lado dos humanos. A falha ainda está em grande parte das faculdades de medicina, que preparam seus alunos para serem pessoas arrogantes, “superiores”, importantes (no sentido vulgar da palavra). Mas percebe-se que as próprias entidades representativas da categoria dão margem a um distanciamento da realidade para os seus associados ou filiados.

No caso do desconhecimento da técnica (Auto-hemoterapia é uma técnica que combate e cura doenças com a retirada de sangue da veia e aplicação imediata no músculo), vemos que as faculdades de medicina estão fora da realidade, pois deixam de fazer qualquer referência a uma técnica que tem mais de cem anos que é utilizada. Mesmo que não enquadradas totalmente nos padrões de reconhecimento acadêmicos, pelo menos em parte a auto-hemoterapia tem reconhecimento científico, no que se refere ao Tampão Sanguíneo Peridural, muito utilizado por ocasião de cirurgias.

Quanto ao fato de dizerem que “deve ter alguém ganhando dinheiro com isso”, os médicos refletem a realidade brasileira, onde se acostumaram a ver gente querendo levar vantagem em tudo. Mesmo assim é uma afirmação precipitada perante os ditos pacientes que procuram assistência e desejam saber a opinião daqueles profissionais que deveriam ter as respostas corretas. Mas o mais grave é que esta impressão foi passada para o público também pelo Presidente do Conselho Federal de Medicina, no Fantástico da Rede Globo.

A verdade, entretanto, é que a auto-hemoterapia vem sendo divulgada gratuitamente, através de usuários que se deram bem com o seu uso e reproduzem o DVD do Dr. Luiz Moura sobre o assunto. A reprodução e distribuição do DVD é autorizada com uma única condição: que a distribuição seja totalmente gratuita. Desta forma, quem ganha com a auto-hemoterapia são as pessoas que esbarraram nas limitações oficiais da medicina e experimentaram uma técnica que as livra das dores e das enfermidades. Em muitos casos orientados pelos seus médicos, que discordam da caça às bruxas feita pelas autoridades de saúde (CFM e ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em detrimento da saúde pública.
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* Walter Medeiros é jornalista profissional

Leia mais sobre o assunto no link
http://www.rnsites.com.br/auto-hemoterapia.htm