sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Um belo trabalho do fotógrafo Toni Frissell

E aí vem a polícia e diz: "Nossa greve é nosso berro!"

O crescimento da onda de protestos de policiais militares parece indicar tendência de que o movimento ganhe efetivamente contornos nacionais. Se os grevistas da Bahia, pelo menos uma parte deles, não são um bom exemplo, não se pode negar que em essência o movimento não tenha razão. Os governantes, quando candidatos, chamam a assessorá-los marqueteiros que preparam campanhas belíssimas apregoando que, eleito ou eleita, o governante ou a governante farão, pelo simples toque de suas mãos mágicas, um mundo perfeito. Não é bem assim e os governantes sabem disso muito bem.
http://www.google.com.br/imgres?q=policiais&hl=pt-BR&safe=off&client=firefox-

Tais promessas incluem a segurança e, em decorrência disso, segurança feita por pessoal bem remunerado e treinado. O policial é parte do povo; é o povo armado em defesa da sociedade, gente que certamente acreditou e votou nos dirigentes.  Mas, entre o mundo do marketing e o mundo real há uma diferença enorme, abissal, assustadora. E tal realidade abrange os salários dos funcionários armados, que precisam e devem ser compatíveis com os riscos que correm. Os policiais em pé de greve têm sim motivos para o encrespamento. Não para a baderna e o terror social, mas para reivindicar, dentro do bom senso e da prudência, sim. 

A tropa mal paga entra em processo de desagregação dos valores militares, cuja base são disciplina e hierarquia. Contaminada por sentimento desagregador tais valores vêm abaixo e dá-se o que vimos em Salvador.

O movimento nascido na  Bahia pode vir a se constituir em tendência, a levar-se em conta idêntica atitude da PM no Rio. E o que é tendência?  Tendência é propensão de alguém a alguma coisa, medindo-se tal propensão em atitudes visíveis e perceptíveis, com possibilidade de outros se reunirem a tal comportamento tornado socialmente simpático aos que dele possam se tornar adesistas. Então, parece haver uma tendência.

Os policiais, claro, se aproveitam da proximidade do carnaval, festa maior do povo brasileiro e acenam com a possibilidade de uma greve. No Rio isso poderia ter consequências bem maiores e bem piores que em Salvador face ao crime organizado enquistado na sociedade carioca. O governo federal deveria já estar encarando o problema, colocando-o como prioridade para ter solução. Uma política de segurança passa necessariamente por agentes bem remunerados ou próximos disso. Caso contrário vai valer, da parte dos policiais, o lema "nossa greve é nosso berro!"

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Deu na Folha:

Veja os cinco maiores arrependimentos daqueles que estão para morrer


DE SÃO PAULO
Uma enfermeira que aconselhou muitas pessoas em seus últimos dias de vida escreveu um livro com os cinco arrependimentos mais comuns das pessoas antes de morrer.

Bronnie Ware é um enfermeira que passou muitos anos trabalhando com cuidados paliativos, cuidando de pacientes em seus últimos três meses de vida. Ela conta que os pacientes ganharam uma clareza de pensamento incrível no fim de suas vidas e que podemos aprender muito desta sabedoria.

"Quando questionados sobre desejos e arrependimentos, alguns temas comuns surgiam repetidamente", disse Bronnie ao jornal britânico "The Guardian".

Confira a lista e os comentários da enfermeira:
 
1. Eu gostaria de ter tido a coragem de viver a vida que eu quisesse, não a vida que os outros esperavam que eu vivesse
"Esse foi o arrependimento mais comum. Quando as pessoas percebem que a vida delas está quase no fim e olham para trás, é fácil ver quantos sonhos não foram realizados. A maioria das pessoas não realizou nem metade dos seus sonhos e têm de morrer sabendo que isso aconteceu por causa de decisões que tomaram, ou não tomaram. A saúde traz uma liberdade que poucos conseguem perceber, até que eles não a têm mais."


2. Eu gostaria de não ter trabalhado tanto
"Eu ouvi isso de todo paciente masculino que eu trabalhei. Eles sentiam falta de ter vivido mais a juventude dos filhos e a companhia de seus parceiros. As mulheres também falaram desse arrependimento, mas como a maioria era de uma geração mais antiga, muitas não tiveram uma carreira. Todos os homens com quem eu conversei se arrependeram de passar tanto tempo de suas vidas no ambiente de trabalho."

3. Eu queria ter tido a coragem de expressar meus sentimentos
"Muitas pessoas suprimiram seus sentimentos para ficar em paz com os outros. Como resultado, ele se acomodaram em uma existência medíocre e nunca se tornaram quem eles realmente eram capazes de ser. Muitos desenvolveram doenças relacionadas à amargura e resentimento que eles carregavam."

4. Eu gostaria de ter ficado em contato com os meus amigos
"Frequentemente eles não percebiam as vantagens de ter velhos amigos até eles chegarem em suas últimas semanas de vida e não era sempre possível rastrear essas pessoas. Muitos ficaram tão envolvidos em suas próprias vidas que eles deixaram amizades de ouro se perderem ao longo dos anos. Tiveram muito arrependimentos profundos sobre não ter dedicado tempo e esforço às amizades. Todo mundo sente falta dos amigos quando está morrendo."

5. Eu gostaria de ter me permitido ser mais feliz
"Esse é um arrependimento surpreendentemente comum. Muitos só percebem isso no fim da vida que a felicidade é uma escolha. As pessoas ficam presas em antigos hábitos e padrões. O famoso 'conforto' com as coisas que são familiares O medo da mudança fez com que ele fingissem para os outros e para si mesmos que eles estavam contentes quando, no fundo, eles ansiavam por rir de verdade e aproveitar as coisas bobas em suas vidas de novo."

Da Folha: Site do governo tira do ar vídeo com homossexuais se acariciando; veja



O Ministério da Saúde retirou do Portal sobre Aids, Doenças Sexualmente Transmissíveis e Hepatites Virais, que o órgão mantém na internet, um vídeo com cenas de um casal homossexual trocando carícias em uma boate.

O filme fazia parte da campanha de prevenção a doenças transmissíveis por relações sexuais lançada para o carnaval deste ano.

De acordo com a assessoria de imprensa do ministério, o vídeo foi feito para ser exibido exclusivamente em locais fechados, que recebem público homossexual, e não deveria ter sido disponibilizado na internet.

Segundo o ministério, a postagem do vídeo no portal foi "um equívoco".

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse na quarta-feira (8) que está na fase final de produção uma peça audiovisual para ser exibida nas TVs abertas, que mantém a estratégia do governo de priorizar, na campanha deste ano, o público homossexual.

A campanha de prevenção para o carnaval foi lançada na semana passada e tem como alvo jovens de 15 a 24 anos, sobretudo gays.

O aumento da incidência da aids nesse grupo foi 10,1%, conforme dados divulgados pelo governo federal no fim do ano passado. Em 2010, para cada dez heterossexuais com aids, havia 16 homossexuais soropositivos. Em 1998, a relação era de dez para 12.

Leio na Folha e compartilho

Macaulay Culkin reaparece muito magro e assusta fãs



DE SÃO PAULO
Macaulay Culkin, 31, surpreendeu os fãs durante um passeio descontraído em Nova York, devidamente registrado por paparazzi.
Segundo o tabloide "The Sun", o visual envelhecido e o porte esquelético motivaram especulações a respeito da saúde do ator.
Culkin ficou conhecido pelo papel de Kevin McCallister, protagonista do clássico "Esqueceram de Mim" (1990).
Divulgação
Macaulay Culkin com 10 anos, na época do primeiro filme "Esqueceram de Mim"
Culkin com 10 anos, na época do filme "Esqueceram de Mim"
Em 1998, ele ganhou um processo contra os próprios pais, então divorciados, por não terem administrado bem os ganhos que ele teve com a série de filmes. 

Ele já foi preso por porte de maconha e substâncias controladas e foi testemunha de defesa de Michael Jackson, de quem ficou amigo na infância, no processo de abuso sexual de crianças.
Em 2008, a irmã do ator, Dakota, morreu ao ser atropelada por um carro em Los Angeles. 

Na vida amorosa, foi casado com a atriz Rachel Miner por quatro anos e, após o divórcio, namorou Mila Kunis por outros oito anos.

The Grosby Group
Macaulay Culkin
O ator Macaulay Culkin, durante passeio por Nova York registrado por paparazzi na última quarta-feira (8)

Encontro na Tribuna do Norte esta bela matéria sobre Deífilo Gurgel

O derradeiro verso do folclorista


Tádzio França e Yuno Silva - Repórteres
Cinthia Lopes - Editora

"Este foi um homem feliz. / Trabalhou em silêncio, / sua ração cotidiana / de humildes aleg(o)rias // Nunca o seduziu a glória dos humanos / Nem a eternidade dos deuses. // Fez o que tinha de fazer: / repartiu o seu pão entre os humildes,  / defendeu como pôde os ofendidos,  / semeou esperanças entre os justos, / e partiu, como tinha de partir / feliz com sua vida e sua morte."
Giovani SérgioEntre carrancas e livros, na foto de Giovanni Sérgio: Deífilo era um verdadeiro entusiasta e batalhador das tradições imateriais. Costumava catalogar tudo o que via em suas viagens e encontros. Orgulhava-se de ter descoberto a romanceira Dona Militana.Entre carrancas e livros, na foto de Giovanni Sérgio: Deífilo era um verdadeiro entusiasta e batalhador das tradições imateriais. Costumava catalogar tudo o que via em suas viagens e encontros. Orgulhava-se de ter descoberto a romanceira Dona Militana.

O poema "Epitáfio", escrito em 1994 por Deífilo Gurgel, 85. comprova que o próprio poeta, escritor, pesquisador, professor e folclorista tinha a certeza do dever cumprido há quase duas décadas. E isso, de certa forma, conforta.

Falecido às 11h50 desta segunda-feira (6), após 16 dias internado na UTI do hospital PAPI, em decorrência à falência múltipla de órgãos, Deífilo foi velado e sepultado ontem no Cemitério Morada da Paz, em Emaús. Último elo legítimo entre passado, presente e futuro, o folclorista cumpriu a missão de registrar para a posteridade capítulos importantes de uma tradição intimamente ligada à formação da identidade cultural do povo potiguar. Seu trabalho está impregnado de uma insubstituível sabedoria oral. Deífilo deixa a esposa Zoraide de Oliveira Gurgel, 9 filhos, 17 netos e 6 bisnetos. Ficam também, em caráter inédito, as obras "O Romanceiro Potiguar",  (finalizado, mas sem data de lançamento pela Fundação José Augusto , "No reino de Baltazar" e "O Diabo a quatro".

O POETA E O PESQUISADOR

Deífilo Gurgel se dizia, como Cascudo, um "provinciano incurável". A afirmação tinha mais a ver com a paixão que ele nutria pela cultura de sua terra do que com algum tipo de conservadorismo. Em Areia Branca, onde nasceu, já se via fascinado pelas apresentações de Pastoril e Bumba Meu Boi. Mas até então eram só lembranças de criança. Quando o folclore passou a ser o motivo maior da vida do poeta, escritor e advogado, o próprio Deífilo foi incorporado à história que ele tanto pesquisou e enriqueceu ao longo de 40 anos de trabalho.

Aos 18 anos Deífilo deixou Areia Branca e veio estudar em Natal, no velho Atheneu da Cidade Alta. Corria o ano de 1944.  Já nesse período escrevia sonetos que eram publicados nos suplementos literários da época. O único lazer era jogar sinuca no Café Grande Ponto, antes de ir pra casa. Em 1951 se casa com Zoraide Gurgel, com quem teve nove filhos. Durante a década de 60 Deífilo cursou a Faculdade de Direito; um dos seus professores foi Câmara Cascudo - com quem futuramente teria um belo trabalho em comum.
Alex RégisMorre, aos 85 anos, o poeta e pesquisador Deífilo Gurgel, o homem que, com seriedade e abnegação, dedicou sua vida às pesquisas das danças populares e romanceiros de origem medieval.Morre, aos 85 anos, o poeta e pesquisador Deífilo Gurgel, o homem que, com seriedade e abnegação, dedicou sua vida às pesquisas das danças populares e romanceiros de origem medieval.

A primeira faceta de Deífilo foi a de poeta. No território dos versos lançou os livros "Cais da ausência" (o primeiro, em 1961), "Os dias e as noites", "Sete sonetos do Rio e outros poemas", "Areia Branca, a Terra e a Gente", e "Os bens aventurados".  A prosa veio depois, em forma de pesquisa. O interesse profundo pelo folclore só veio em 1970, quando ele já estava com 44 anos, época em que atuava como diretor de cultura pela prefeitura de Natal. O até então poeta foi incumbido pelo município de organizar um grupo de artistas para um show folclórico. Deífilo foi para São Gonçalo do Amarante e, entre as coloridas fitas esvoaçantes dos galantes, encontrou um novo motivo de fascínio.

"Fique maravilhado e decidi estudar. O primeiro livro sobre o assunto que eu li foi 'Danças Dramáticas do Brasil', de Mário de Andrade. Mário era um gênio!", declarou ele em uma entrevista à poeta Marize Castro, em 2001. Aliás, um dos maiores motivos de orgulho para Deífilo enquanto folclorista teve a ver com a obra de Andrade. A história começa na década de 20, época em que o escritor paulista esteve no Rio Grande do Norte para uma pesquisa etnográfica. Em Pedro Velho, Andrade conheceu Chico Antônio, um dos mais hábeis emboladores de coco que já havia visto. Registrou tudo devidamente em seus livros.

Anos depois, entre 1979 e 1981, Deífilo iniciou um extensa pesquisa sobre as danças folclóricas do RN, viajando por todo o Estado. Ao passar por Pedro Velho, na reta final da viagem, recebeu a dica de um morador sobre um certo embolador de coco "muito bom". Qual a surpresa de Deífilo ao ver que o tal coquista era Chico Antônio, o mesmo que encantou Mário de Andrade 50 anos atrás. O folclorista levou Chico para uma apresentação no programa Som Brasil, cuja apresentação mereceu aplausos de pé.

Outro orgulho de Deífilo foi ter descoberto a maior romanceira do Brasil, Dona Militana, em São Gonçalo do Amarante. O folclorista já havia conhecido o pai dela, no mesmo período em que fazia as pesquisas sobre as danças, nos anos 70. Deífilo registrou em seu gravador séculos de uma tradição oral ibérica, trabalho que o estimulava mais do que tudo. "O que me emociona e me encanta é pegar um gravador e uma máquina fotográfica e sair pelas vilas humildes, sítios e fazendas entrevistando pessoas simples que  sabem coisas que muita gente de academia não sabe", afirmou.

Deífilo Gurgel esteve  ligado por anos ao incentivo da cultura popular no Estado. Trabalhou como diretor do Depto de Cultura da Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Natal (SMEC), diretor de Promoções Culturais da Fundação José Augusto e presidente da Comissão Norte-rio-grandense de Folclore. Também foi professor de folclore brasileiro na UFRN por 12 anos.  Seu trabalho também trouxe à tona os trabalhos de mamulengueiro Chico Daniel e de Manoel Marinheiro. Entre os livros sobre folclore estão "Danças folclóricas do RN", "João Redondo - Teatro de Bonecos do Nordeste", "Romanceiro de Alcaçus", "Manual do Boi Calemba" e "Espaço e tempo do folclore potiguar".
Grito de gol, grito de greve

O Diário de Natal informa que os operários que trabalham na construção da Arena das Dunas podem entrar em greve,que seria também deflagrada em  Salvador, Recife, Brasília e Rio de Janeiro, cidades onde também haverá jogos da Copa do Mundo. 
http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/6403-greve-da-pm-em-salvador#foto-123343
Foto:  Moacyr Lopes Junior - 9.fev.12/Folhapress

Diz o jornal:  A ideia é que os aproximadamente 25 mil operários espalhados pelas cidades-sede (Rio de Janeiro, São Paulo , Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Cuiabá, Brasília, Natal, Fortaleza, Manaus, Recife e Salvador) cruzem os braços, caso não seja aprovada uma proposta única de piso salarial e benefícios para todos os trabalhadores. A decisão quanto à paralisação ou não deve sair até o dia 15 deste mês, quando as forças sindicais pretendem ir a Brasília para se reunir com o secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, e com a Confederação Nacional das Indústrias (CNI).

Afirma também o DN que entre as principais reivindicações das forças sindicais estão o piso nacional unificado de R$ 1,1 mil para ajudantes de obras e de R$ 1,580 para pedreiros e carpinteiros, hora extra com percentual de 100% durante os dias de semana, cesta básica no valor de R$ 35 e planos de saúde extensível a familiares. A paralisação, caso realmente aconteça, ainda não tem data confirmada. O certo é que poderá coincidir com a vista do presidente da Fifa, Joseph Blatter, e do secretário-geral da entidade, Jérôme Valckle, ao Brasil em março. As forças sindicais, no entanto, garantem que a data nada tem a ver com a presença dos dirigentes. 

Muito bem, agora vejamos: essa admissível paralisação viria, não há como negar, no vácuo do que ocorre na Bahia, onde a Polícia Militar está em greve. A saliência e a ênfase do noticiário dão o alarma para a categoria dos pedreiros: a hora de reivindicar se aproxima, quando o grandão da Fifa vem ver se o país está cumprindo direitinho o que determinou a entidade mundial do futebol: gastando dinheiro público para manter as obras em dia. 

Por sua vez, a leitura do acontecimento na Bahia sugere uma espécie de choque de realidade aos governantes: o que se paga aos trabalhadores não dá para viver com dignidade, seja o militar, seja o civil. 

Claro, não dá para admitir os rumos que o movimento tomou na Bahia, quando se percebe o intento de implantar o caos, o terror, a insegurança. Isso, todavia, que em essência é algo perverso, tem também em sua origem outra perversidade histórica: o péssimo salário que se ganha neste país. E quando alguém começa a acreditar que "não tem mais nada a perder" têm início atos como os perpetrados em Salvador: a tropa quase em sublevação, programando instalar o descalabro.

Para se chegar ao fim do problema exige-se bom senso de lado a lado em Salvador e ação urgente junto aos trabalhadores que constroem os estádios para essa desastrosa Copa do Mundo são essenciais para que a normalidade seja mantida: nas ruas com a polícia trabalhando, nas obras com a preparação das arenas onde o país vai gastar milhões e milhões para entupir o povo de gol. Mas, atentai bem, nem só de gol vive o brasileiro. 

A ilusão de um povo feliz, só porque está assistindo jogos de futebol só engana os governantes. Quando a realidade aperta - e sempre aperta o povo - não se ouve grito de gol, mas grito de greve.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Leio na Folha e compartilho matéria sobre entrega da patrimônio público

Minha opinião: Dilma entrega patrimônio público a inicitiva privada e povo é quem vai dar o dinheiro aos empresários, através de banco oficial. 

Diz a Folha:  
Operadores 'modestos' levam aeroportos
Responsáveis por terminais na África e na Argentina dominam leilão de privatização de Cumbica, Viracopos e Brasília
Os três grupos vão pagar R$ 24,5 bilhões pela concessão, 347% superior ao esperado; BNDES financia 80%

Apu Gomes/Folhapress
Participante do leilão é hostilizado por sindicalistas
Participante do leilão é hostilizado por sindicalistas 
DE SÃO PAULO
 

Pesos-pesados da administração de aeroportos globais, como os de Cingapura, Frankfurt e Zurique, foram derrotados ontem no leilão dos aeroportos brasileiros de Cumbica, Viracopos e Brasília. 

Quem levou foram operadores da África e da América Latina, que não administram nenhum dos 30 maiores aeroportos do mundo. Os três grupos vencedores pagarão R$ 24,5 bilhões pela concessão, 347% mais que o lance mínimo. O BNDES financia 80% desse investimento. 

As concessões serão de 20 anos (Cumbica), 25 anos (Brasília) e 30 anos (Viracopos). A estatal Infraero manterá participação de 49%. Os consórcios são obrigados a manter um investimento mínimo (e mais concentrado) até a Copa-14 (ver quadro ao lado).
A Anac (Agência Nacional de Avião Civil) disse que controlará o reajuste das tarifas. 

Os vencedores de Cumbica foram o consórcio formado por 90% da Invepar (sociedade entre a construtora OAS e fundos de pensão Previ, Funcef e Petros) e 10% da sul-africana Acsa. 

"O fato de ser um país emergente não diminui ninguém porque, senão, teríamos de ter o complexo de vira-lata eterno. Não temos vergonha de ser emergentes", afirmou o ministro da Aviação Civil, Wagner Bittencourt.
"São atores perfeitamente possíveis de ganhar e ganharam. Pena que os outros não tenham tido tanta ambição." 

O maior aeroporto brasileiro, em Guarulhos, com 30 milhões de passageiros/ano, terá como operadora a Acsa, que trabalha, há quase dez anos, com nove unidades da África do Sul, entre elas a de Johannesburgo e a da Cidade do Cabo. Juntas, recebem 35 milhões de passageiros/ano. 

Embora o aeroporto de Johannesburgo seja elogiado pela beleza, o país não primou pela excelência na Copa-10. Jatos executivos lotaram os pátios e voos comerciais tiveram de ser desviados. Houve caso de aviões vindos da Europa que tiveram de retornar em pleno voo. 

Viracopos, em Campinas, será operado pela Egis, consultoria francesa que administra 11 aeroportos na África (Argélia, Congo, Gabão) e na Polinésia, além do terceiro aeroporto de Paris, o Beauvais, a 55 km da capital francesa. Juntos, têm 13 milhões de passageiros ao ano (menos que Congonhas, que recebe 16,7 milhões).
A Egis tem 10% do consórcio, em sociedade com a Triunfo (45%) e a UTC (45%). 

TÁTICA AGRESSIVA
Vencedores do aeroporto de São Gonçalo do Amarante, em Natal, o consórcio formado pela Infravix (construtora Engevix) e pelo operador aeroportuário argentino Corporación América, foi o mais agressivo no leilão, levando Brasília com 675% de ágio. 

Com 40 aeroportos na América do Sul e na Armênia, dos quais 33 na Argentina, a empresa tem uma história conturbada em seu país.
Venceu o leilão de privatização nos anos 90 pagando ágio elevadíssimo, mas não conseguiu honrar contratos. 

Com dívidas de US$ 600 milhões e atrasos no cronograma de investimentos, o grupo conseguiu, em 2007, renegociar o contrato, trocando a dívida por uma participação de 20% do Estado. Com a "reestatização", deixou de pagar a outorga em troca de um porcentual das receitas para o governo. 

(DIMMI AMORA, MARIANA BARBOSA, JULIO WIZIACK E MARIANA SALLOWICZ)

Recebo de Claudio Alves o email: "Parabéns pela reportagem sobre o mestre da cultura popular do RN, Deifílo Gurgel o imortal."

* Grato, Cláudio, pelas palavras. Mas saiba que agora, aqueles que jamais apoiaram o trabalho de Deífilo - políticos e quejandos - vão começar com as "homenagens". Serão prêmios com o nome dele, semanas de estudo sobre sua obra, estátuas e tremeliques. Só pantim, meu amigo; só pantim. Tudo querendo aparecer. Pode esperar.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

... e partiu Deífilo, o último dos Doze Pares de França...
Deífilo: o velho, o tempo e sua presença  na história

E se foi Deífilo. Pastorinhas, mamulengos, bois de reis, brincantes e fandangos o levam ao Presépio, lá no Alto, onde o esperam Cascudo e Fabião das Queimadas. A rabeca chora um choro triste da caatinga.

O Nordeste perde o último dos Doze Pares de França. Vá, Deífilo, vá meu amigo. Coberto de fitas, engrinaldado de cantares, vá. Um anjo de luz o guia, Nossa Senhora, São José e o Menino Deus estendem a mão ao suave cangaceiro; São Jorge, trajado de vaqueiro vai na frente aboiando a chegada do novo santo e tangendo um boizinho de reis faceiro que só ele.

Vá; beijo as suas mãos, amigo e peço a sua bença. Obrigado. Dona Militana vai contar o seu romance. Um abraço

Entrevista feita por mim em 1985, com a ajuda do Professor Deífilo Gurgel

"Vou entrando neste ornó"


O que é isso, Sr. Sarnoff?
Que bruxaria é essa?”
(Assis Chateaubriand vendo, nos EUA, experiências de TV em cores, anos 50)

Uma velha empregada dos meus idos de menino costumava me cantar uma canção folclórica, com os seguintes e estranhos versos:

Vou entrando neste ornó
Não venho fazer mal
 

Venho arregatar a meu filho
Que está preso neste ornó...
 

Meu filho é moura, 'stá batizado
Já 'stá na lei da cristiandade... (bis)

E repetia aquela esquisita música: que o filho do personagem era “moura”, “estava batizado” e, santamente, “na lei da cristiandade”. O que queriam dizer aqueles versos? Qual seu sentido? A poética, eminentemente despojada, escovada de qualquer enfeite estético convencional, sequer tinha rimas. Mas, se eu conseguisse cifrar musicalmente essa letra e você soubesse ler pauta musical, veria como havia força, raiz, virtuose telúrica naquela exótica composição. Uma cantilena, uma oração. 

Pois bem, jamais esqueci aquela música, apesar de sequer imaginar qual o seu verdadeiro sentido.

Mas, veja só como são as coisas: certa feita fui, na companhia do folclorista Deífilo Gurgel a um bairro popular, na periferia, para entrevistar Zé Relampo, artista genial que, se vivo ainda for, dá espetáculos maravilhosos com bonecos de joão-redondo. Era o ano de 1975. A entrevista era para o Módulo III, um caderno especial, dominical, que então o Poti, edição dominical do Diário de Natal, publicava.

Antes de chegarmos à casa de Relampo, me vem à memória a velha canção folclórica, coisa do Amazonas ou arredores e vi que ali poderia estar a solução: Deífilo, como estudioso do assunto, poderia ser o decifrador daquele antigo  mistério de um menino que, agora jornalista, já pouco acreditava em lendas e dava passos rápidos para duvidar de tudo.

Cantei a Deífilo a canção - que ele jamais tinha ouvido - ele a achou interessante e, num minuto - para você ver o que é tratar de um assunto com um especialista - ele decifrou o mistério.

Explicou: aquilo era um romance, um tipo de literatura oral. E mais: “ornó”, era uma corruptela de “nau”, as naus portuguesas, que cruzavam os mares, dominando o mundo. “Arregatar”, nada mais era do que “resgatar”, salvar, livrar quem estivesse preso. E “moura”, era nada mais nada menos que “mouro”, o árabe, o infiel, que dominava a Terra Santa.


Daí, o motivo da composição: se o filho do cantor era “moura, mas já estava batizado”, não, realmente não, jamais poderia ficar preso no “ornó”, uma vez que já estava convertido aos princípios da Igreja. Faz sentido, faz sentido... Faz sentido, mas demonstra uma relação de dominação cultural, imposição de poderio injusto. No fundo, a canção revela uma perda de identidade, em função da força vinda de fora e que nos leva sempre a um ornó que não desejamos.

Para mim, foi como um achado, uma alegria, um reencontro e um estímulo a fazer com o meu maior entusiasmo de foca a matéria com Zé Relampo. E ainda hoje, em horas vazias, às vezes quando teclo estes textos noturnamente para enviar ao Coisas de Jornal, pareço ouvir:
Vou entrando neste ornó, não venho fazer mal...


E eu, que continuo moura, sinto-me ausente do meu ornó, naequela simples e esquecida canção vinda dos moradores do Norte. Mas espero, algum dia, ser arregatado deste ornó...

Leio no Globo e compartilho

Minha opinião: PT é igual a PSDB: vai entregar aeroportos, patrimônio público, à iniciativa privada. Todos sabemos o que isso significa: as empresas vão ser financiadas para ter a outorga dos aeroportos, não vão gastar nada com reforma e melhoria, vão aumentar preços e custos aos usuários e ficar com  o lucro. Segue a matéria:

Governo leiloa aeroportos com expectativa de forte concorrência

Aeroportos privatizados vão receber R$16 bilhões em investimentos

SÃO PAULO — O governo leiloa nesta segunda-feira, a partir das 10h, a concessão de três dos maiores aeroportos do Brasil: Guarulhos (SP), Viracopos (SP) e Brasília (DF).
De olho na Copa do Mundo de 2014 e nas Olimpíadas de 2016, a administração da presidente Dilma Rousseff conta com os recursos e a gestão de empresas privadas brasileiras e operadoras internacionais de aeroportos para realizar os necessários investimentos nos terminais.

A disputa, na sede da BM&FBovespa, deverá ter 11 consórcios, todos reunindo empresas brasileiras, principalmente empreiteiras e concessionárias de rodovias, e operadoras de aeroportos estrangeiros.



A presença de companhias de fora do Brasil foi uma exigência do edital, ao estabelecer que cada consórcio tivesse um operador que tenha transportado ao menos 5 milhões de passageiros no ano passado.

A estatal Infraero, atualmente responsável pelos aeroportos no Brasil, será sócia dos concessionários privados, com participação de 49 por cento nos terminais. Vencerão os leilões os investidores que oferecerem ao governo o maior valor de outorga, sendo que um mesmo grupo não poderá ficar com mais de um empreendimento.
Para o aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, o preço mínimo estipulado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e pela Secretaria de Aviação Civil foi de R$ 3,4 bilhões. Para Viracopos, em Campinas, o piso será de R$ 1,47 bilhão, enquanto para Brasília o edital estipula R$ 582 milhões.

Os três aeroportos têm prazo de concessão diferentes. São 20 anos para Guarulhos, 25 anos para Brasília e 30 anos para Viracopos.
Além da outorga, os concessionários terão que ceder um percentual da receita bruta ao governo, dinheiro que irá para um fundo cujos recursos serão destinados ao fomento da aviação regional. O leilão prevê a abertura inicial dos envelopes com as ofertas dos proponentes e uma fase de viva-voz. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai financiar até 80% do investimento total previsto no edital do leilão para os três aeroportos. O prazo do empréstimos será de até 15 anos para os terminais de Guarulhos e de Brasília e de até 20 anos no caso de Viracopos.

Aeroportos privatizados receberão R$16 bilhões
Os concessionários que vencerem nesta segunda-feira a disputa pelos aeroportos de Guarulhos (SP), Viracopos (SP) e Brasília (DF) deverão investir cerca de R$ 16 bilhões nos três aeroportos durante a concessão, sendo cerca de R$ 2,9 bilhões antes da Copa do Mundo de 2014.

Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), os três aeroportos juntos respondem por 30% do trânsito de passageiros no Brasil, por 57% das cargas e por 19% da movimentação de aeronaves.

Confira a seguir os dados dos aeroportos e das concessões:
GUARULHOS— Quem vencer vai operar o aeroporto por 20 anos e terá de investir R$ 4,6 bilhões, dos quais R$ 1,38 bilhão antes da Copa do Mundo de 2014. O lance mínimo para levar o aeroporto é de R$ 3,4 bilhões.

BRASÍLIA— A concessão vale por 25 anos e exigirá do titular investimento de R$ 2,8 bilhões. Do total, R$ 626,5 milhões devem ser aportados antes de 2014. O preço mínimo de outorga é de R$ 582 milhões.

VIRACOPOS— Ao longo dos 30 anos de concessão, o vencedor do leilão terá de investir R$ 8,7 bilhões no aeroporto localizado em Campinas, interior de São Paulo, sendo R$ 873 milhões até a Copa. O piso para outorga é de R$ 1,47 bilhão.

Conheça os consórcios que disputarão os aeroportos
O leilão dos aeroportos de Guarulhos (SP), Viracopos (SP) e Brasília (DF) que acontece nesta segunda-feira atraiu forte interesse de grupos estrangeiros, além de grandes empresas brasileiras e até fundos de private equity.

Apesar de não ter havido divulgação prévia oficial sobre a quantidade e os integrantes dos consórcios, a maior parte deles já anunciou oficialmente a participação.

Outros foram confirmados à Reuters por fontes que acompanham de perto o processo do leilão.

Confira, a seguir, os 11 consórcios que devem participar do certame:
— Odebrecht e Changi (Cingapura)
— CCR e Flughafen Zurich (Suíça)
— Invepar, OAS e ACSA (África do Sul)
— Ecorodovias e Fraport (Alemanha)
— OHL Brasil e Aena (Espanha)
— Queiroz Galvão e Ferrovial (Espanha)
— Fidens Engenharia e ADC&Has (EUA)
— Carioca Engenharia, GP Investimentos e ADP (França)
— Engevix e Corporación América (Argentina)
— Advent International e Asur (México)
— Triunfo e Egis Airport Operation (França)

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