sábado, 25 de outubro de 2008

"Comportamento Geral"



Só para meditar: o governo brasileiro já está pensando em premiar banqueiro desonesto, caso seja atingido pela crise. Ou seja: eles raspam o tacho do nosso dinheiro e ainda terão um prêmio. Só para pensar, neste fim de semana, deixo você com Gonzaguinha e a letra de "Comportamento Geral".

Emanoel Barreto

.......

Você deve notar que não tem mais tutu
e dizer que não está preocupado
Você deve lutar pela xepa da feira
e dizer que está recompensado

Você deve estampar sempre um ar de alegria
e dizer: tudo tem melhorado
Você deve rezar pelo bem do patrão
e esquecer que está desempregado


Você merece, você merece
Tudo vai bem, tudo legal
Cerveja, samba, e amanhã, seu Zé
Se acabar em teu Carnaval


Você merece, você merece
Tudo vai bem, tudo legal
Cerveja, samba, e amanhã, seu Zé
Se acabar em teu Carnaval


Você deve aprender a baixar a cabeça
E dizer sempre: "Muito obrigado"
São palavras que ainda te deixam dizer
Por ser homem bem disciplinado
Deve pois só fazer pelo bem da Nação
Tudo aquilo que for ordenado

Pra ganhar um Fuscão no juízo final
E diploma de bem comportado
Você merece, você merece
Tudo vai bem, tudo legal

Cerveja, samba, e amanhã, seu Zé
Se acabar em teu Carnaval
Você merece, você merece
Tudo vai bem, tudo legal

Cerveja, samba, e amanhã, seu Zé
Se acabarem com teu Carnaval?
Você merece, você merece
Tudo vai bem, tudo legal

E um Fuscão no juízo final
Você merece, você merece
E diploma de bem comportado
Você merece, você merece

Esqueça que está desempregado
Você merece, você merece
Tudo vai bem, tudo legal

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Here comes the sun

OI,
O mundo é normalmente cruel, feio, cinzento, mau.

Mas, que tal virar a página, e perceber algo belo, intenso, nosso, confidencialmente nosso?

Hoje, vamos ver o lado bom da vida. O começo, a força, a fé, a confiança. Decisão sem medo do que virá.
A noiva luzente, que acredita num casamento que vai ser seu amanhã, eterno e radioso.

Para trás a bala, o grito, a dor, o imperfeito.

Vamos ser o teclado do piano, o texto maravilhoso, o acorde maior, o instante pleno de vida e juventude: ímpeto.

Sejamos o sol; límpido, grandioso, alucinante e terno; calmo e aconchegante, manhã que desejamos, praia e mar aberto.

Um abraço, e ouça uma canção.
Emanoel Barreto

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Quando a TV puxa o gatilho

Caras e Caros,
As TVs estão espremendo, até à última gota, o terrificante espetáculo por elas mesmas criados, com a morte da menina Eloá. Nenhum jornalista chegou ao pódio dos monitores para analisar seu papel, sua participação, sua presença para a deflagração das balas que tiraram a vida inocente.

Foi a TV, sim, quem disparou o revólver do criminoso. A polícia, permitam-me, falhou miseravelmente. Falhou ao permitir o retorno da segunda menina ao apartamento, falhou em suas técnicas de negociação. Mas foi a TV quem patrocinou a realização daquele reality show, hediondo e imoral.

Se o carrasco não tivesse se sentido como prima donna daquele circo de crueldade, se não tivesse dado entrevistas ao vivo, se não houvesse sido chamado de apenas um jovem apaixonado, trabalhador e calmo, certamente não teria prolongado até o limite do insustentável aquele funesto acontecimento.

Precisa a polícia brasileira aprimorar seus métodos táticos para enfrentar situações como aquela; precisa a TV admitir-se como terceiro ator, deplorável, indecoroso e sujo, de tudo o que aconteceu.
Emanoel Barreto

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Marcacos me mordam!

Veja,
O tipo aí na foto é Marcos Valério, famoso desde que foi denunciado como envolvido no mensalão. "Macacos me mordam!", como diziam os personagens de antigas histórias em quadrinhos, o homem, até em fotografia, sabe se esconder muito bem. Mesmo que hoje esteja preso. Mas sai já, sai já...

E, saindo da cadeia, poderemos dizer "Marcacos andaram mordendo o dinheiro dos brasileiros." E morderam muito, e mordem, todos os dias. A corrupção é coisa nossa, tão antiga e farta como as capitanias hereditárias, que El Rey de Portugal distribuía aos ricaços daquele tempo.

A corrupção é doença. Um estranho e invisível vírus. Na verdade, um vírus mais intangível que o ar. O ar, pelo menos, podemos senti-lo. O vírus da corrupção, não. Ele existe, digamos assim, numa certa esfera espiritual. Pronto, é isso: o vírus da corrupção tem sua existência nas matrizes mais profundas, reptilianas, da mente dos corruptos. Já se nasce com essa propensão, disseram-me alguns cientistas que estudam o caso em laboratório.

Quem sou eu para discordar? Esses cientistas, uma vez, conseguiram isolá-lo. Mas, isolado, conseguiu fugir. Como? Muito simples: contaminando um dos próprios cientistas.
Emanoel Barreto

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Compre Batom... Compre Batom...

A Folha informa: "O publicitário Duda Mendonça trabalha desde o início do segundo turno na campanha de Marcio Lacerda (PSB), em Belo Horizonte, conforme revelou hoje o próprio candidato socialista. Duda Mendonça faz, disse Lacerda, uma espécie de "consultoria informal"."

Os marqueteiros são vistos pelos políticos como uma espécie de magos, bruxos poderosos da comunicação, cujo saber esotérico, carisma quase místico, teria o poder de manipular corações e mentes. E afinal, garantir a eleição. Se fosse verdade, todas as eleições majoritárias terminariam empatadas.

E é isso mesmo o que acontece: nos tempos antigos, à época clássica, reis e demais poderosos entregavam, ou pensabem entegar, os destinos de batalhas e o futuro do reino à sapiência de áugures e pitonisas, cujos insondáveis saberes perscrutavam o futuro.

Eles estudavam os vôos dos pássaros, vísceras de animais e a partir daí faziam seus presságios, permitindo ao monarca tomar a decisão supostamente mais acertada. De alguma forma, isso transmutou-se e hoje o áugure é o marqueteiro. É ele que se apresenta como a pedra mais preciosa da coroa, tem a postura autoritária e os ademanes do sacerdote que preside o oráculo da comunicação.

Sua palavra tatem o condão das cerimônias secretas, o poder de chamar a favor do candidato as idéias que salvarão a campanha quase perdida, entufar as multidões e fazê-las crer: "Esse é o homem."

A marqueteria é isso: a superstição dos áugures colocada como fórmula alquímica que fará da pedra comum e mistificadora do político, transformar-se na pedra filosofal, aquela que, ao tocar em qualquer substância inferior, a transformaria em ouro.
Como dizia aquele antigo comercial: "Compre Batom... Compre Batom..."
Emanoel Barreto

domingo, 19 de outubro de 2008

O sinistro talento

Cara Amiga,
Caro Amigo,

O sinistro talento
é morador de todos os gatilhos.

O sinistro talento
desperta sem pensar.

E depois de ser
tão totalmente,
mente.

E, na mente do matador,
se fez justiça.
Emanoel Barreto