sexta-feira, 3 de maio de 2013



Ave, sertão brabo do Pade Ciço;
Ave, cavalo bom de gado

Vi na televisão que hoje é o Dia do Sertão. A bença a meu Padim Pade Ciço do Juazeiro, a Frei Damião e aos vaqueiros rezadores, aqueles que curam no rastro. A bença às benzedeiras e à santas mulheres antigas, aquelas que iam à missa de mantilha, terço na mão, fé no olhar.
 
http://freeormind.blogspot.com.br/2010/05/sertao-um-pedaco-do-pais-informacoes.html
Nasci em Natal, mas me considero sertanejo de gosto e vontade de ser de lá. Li em Guimarães Rosa que o sertão é uma grande espera. 

Mas ele não se referia ao sertão do Nordeste, virava-se a outra instância do sertão: a vastidão do campo largo, batido de vento e percorrido pela vida dos agrestes que por lá moravam no tempo que ele cifrou em seu livro famoso. Era um outro sertão, não o nosso; não tinha seca nem vaqueiro encourado. Mas também é bonito e dele me apego.

Nosso sertão tem a brabeza das coisas que não têm pena de gente: pedras e calor sem dó. Mas quando chega chuva criadeira o sertão vira um mar, um mar que só o sertanejo entende em sua alma de bicho de Deus.

Ave sertão, ave Maria, ave rezadeiras e o bicho lobisomem; ave cavalos bons de gado.