sábado, 23 de junho de 2012

BARROCO SEVERINO
---Walter Medeiros –
 waltermedeiros@supercabo.com.br 
 
    O professor José Willington Germano falava para uma plateia que ocupava o espaço de lançamento de livros da Cooperativa Cultural Universitária da UFRN, nesta quinta-feira, 21 de Junho de 2012, aludindo a um novo livro que seria lançado, com o título “O Teatro da Morte e da vida – A Escrita Barroca de João Cabral de Melo Neto”. Ouvi atentamente, observando todos os presentes – intelectuais, professores, doutores, artistas e outras pessoas, que aguardava para aplacar a curiosidade do lançamento.
 
    Naquele momento fiz uma viagem no tempo, para lembrar de um amigo de turma do Ginásio Industrial que cursamos na Escola Industrial Federal do Rio Grande do Norte, de 1967 a 1970. Um colega humilde, simples, tímido, estudioso e caprichoso, que não revelava maiores sonhos para a sua vida, que não ambientados naquela realidade de pobreza estampada na maioria da nossa sala de aula, onde alguém com melhores condições de vida era exceção.
 
    Olhávamos para os amigos de turma e sabíamos das dificuldades que a maioria tinha para estudar, muitos deles com fardas surradas, famintos e andando quilômetros a pé para aprender a ser gente. Aí retornei àquele ambiente de elite cultural, onde ouvia um doutor explicar para o público as bases daquele novo trabalho, que descobria certas ligações nunca mostradas na literatura brasileira e nordestina, especificamente.
 
    O professor Willington falava de um novo trabalho que pode ter repercussão internacional, haja vista a abordagem que foi feita, mostrando importantes entrelinhas do poema de João Cabral de Melo Neto. E não poupava elogios ao seu autor, presente e ao seu lado, ouvindo atentamente as palavras do professor, que situava também todos sobre o conteúdo do novo trabalho.
 
    Quantas pessoas não gostariam de estar naquele lugar, recebendo menções elogiosas e vivendo momentos gloriosos, com respaldo de amigos e da sociedade, valorizando a nova obra acadêmica... Uma obra importante, de qualidade, cujo valor não tenho maiores qualidades para aquilatar que os membros da mesa de avaliação; mas basta estes terem aprovado e elogiado, como fizeram, ao analisarem o seu conteúdo.
 
    Estava ali como convidado e senti uma grande emoção ao participar do brilhante momento de lançamento daquele livro, com longa fila para autógrafos e uma performance onde o poema de João Cabral de Melo Neto – Morte e Vida Severina foi declamado, ao som de “Funeral do Lavrador”. Fui também à mesa buscar o autógrafo para o meu exemplar. E o autógrafo foi dado por um homem também muito emocionado, o autor: Francisco Israel de Carvalho. Aquela figura destacada no meio acadêmico vem a ser aquele mesmo menino da minha turma de ginásio industrial - humilde, simples, tímido, estudioso e caprichoso – como sempre. Parabéns, Israel!

quarta-feira, 20 de junho de 2012

PT e Maluf, quem é o mais sujo?

A aliança entre PT e Paulo Maluf, além de revelar como funciona o Partido dos Trabalhadores em termos de prática política, pode resultar num erro tático: não levou-se em consideração um efeito não-pretendido, qual seja o repúdio social a esse arranjo. Ao que parece, Lula valorizou apenas o suposto potencial de Maluf, o de grande eleitor que traria no vácuo de sua presença votação que garantiria a eleição do candidato Fernando Haddad.

http://o-mascate.blogspot.com.br/2011/09/stf-acata-denuncia-contra-paulo-maluf.html
O partido atira no lixo da história uma trajetória que, de resto, já vinha sendo arranhada interna corpore. Agora, o velho homem da pequena política dá sua contribuição para que o PT não possa mais de arrogar como representante dos trabalhadores. Perde-se legitimidade de sigla. 

O acerto como Maluf, que fez questão de posar ao lado de Lula, registrando a preço de manchete sua aliança com os antigos e figadais adversários, não dá garantia alguma de aporte de votos. A aliança não é um gatilho que automaticamente dispararia certeiro no alvo que é a prefeitura paulistana. 

Pode somar?, talvez possa. Mas da mesma maneira, e de forma exponencial, essa arrumação é também um ato de comunicação, cuja compreensão pública mais parece indicar em direção a perplexidade e repúdio que em favor de crescimento do capital político do partido. 

Sem dúvida o encontro de águas entre petistas e Maluf é, formalmente, um conluio de forças, mas, como no caso dos rios Negro e Amazonas, nota-se perfeitamente a divisão de águas. No caso da política, o que não se sabe é quem é o mais sujo.

terça-feira, 19 de junho de 2012

A pequena política, aquela mesquinhazinha, sorrateirazinha, bem estampada na foto de Moacir Lopes Jr. para a Folha. Lula e Maluf, lamentável forma de fazer a vida pública deste país.

Abaixo, a matéria da Folha:

Haddad sela apoio de Maluf e promete cargos na prefeitura

Para anunciar adesão à chapa petista, ex-prefeito exigiu foto ao lado de Lula
Erundina ataca aliança e diz que passado de Maluf é 'abominável'; Haddad chama pepista de 'nosso ilustre Maluf'

Moacyr Lopes Júnior/Folhapress
Lula observa cumprimento entre Haddad e Maluf; ao lado, o vereador Wadih Mutran (PP), vice-líder da gestão Celso Pitta (97-2000)
Lula observa cumprimento entre Haddad e Maluf; ao lado, o vereador Wadih Mutran (PP), vice-líder da gestão Celso Pitta (97-2000) 
 
BERNARDO MELLO FRANCO
DIÓGENES CAMPANHA
DE SÃO PAULO


Com foto conjunta, promessa de cargos e feijoada, o PT e o deputado Paulo Maluf (PP-SP) selaram ontem uma aliança inédita em apoio a Fernando Haddad na corrida à Prefeitura de São Paulo. 

O anúncio teve direito a pose do ex-prefeito com o ex-presidente Lula e terminou com o pré-candidato chamando malufistas históricos de "companheiros", em discurso na sede estadual do PP.
A vice de Haddad, deputada Luiza Erundina (PSB-SP), ameaçou abandonar a chapa em protesto. Ela afirmou que o passado de Maluf é "abominável" e disse que o petista vai perder votos por se aliar a ele. 

A aliança entre Maluf e PT já no primeiro turno (em 2002 e 2004 ele declarou apoio a petistas no segundo turno) foi formalizada três dias após o Ministério das Cidades nomear Osvaldo Garcia (apontado por pepistas como afilhado de Maluf) para a Secretaria de Saneamento Ambiental.
O ex-prefeito negou a troca do cargo por apoio. "Não conheço ele. Parece que é do Paraná. É do PP do Paraná." 

Maluf, que ensaiava apoiar José Serra (PSDB) e tem cargos no governo Alckmin, disse ter mudado de ideia pela ligação do petista com o governo Dilma: "É o nosso candidato porque eu amo São Paulo. E por amor a São Paulo eu tenho plena convicção de que São Paulo vai precisar do governo federal para resolver seus problemas".
"Não tem mais no mundo esquerda e direita", acrescentou Maluf. "O que tem hoje é "efficacité" [eficiência em francês]. Eu fiz a minha opção por uma parceria estratégica com o governo federal." 

O deputado disputou cinco das seis últimas eleições municipais. A exceção foi em 1996, quando apoiou Celso Pitta [1946-2009] pedindo a seu eleitor que não votasse mais nele caso o afilhado não fosse um bom prefeito. 

Ao ser lembrado da frase, ele deu risada e afirmou: "Este rapaz tem boa memória". Em seguida, foi questionado se Haddad seria melhor do que Pitta. Não respondeu.
Haddad justificou a aliança como "um pacto pela cidade". "Divergência é natural na política, mas também é natural buscar convergência." 

FEIJOADA
De última hora, Maluf exigiu a presença de Lula em sua casa, no Jardim América, para selar o acordo. "Ele disse que a foto fazia parte do pacote", relatou um petista. O ex-presidente ficou contrariado, mas foi. Posou para fotos e saiu sem dar entrevista. 

Haddad e Rui Falcão ficaram para o almoço. O ex-prefeito serviu feijoada ("prato internacional do Brasil", segundo ele), refrigerantes e pudim como sobremesa.
À mesa, malufistas históricos como o vereador Wadih Mutran (PP), vice-líder de Pitta na Câmara, e o deputado estadual Antonio Salim Curiati (PP), que foi prefeito nomeado na ditadura militar. 

Mais tarde, Haddad foi à sede do PP, onde chamou o ex-prefeito de "nosso ilustre Maluf" e seus aliados de "companheiros do PP".
O presidente do PT, Rui Falcão, disse aos malufistas que eles terão cargos na prefeitura em caso de vitória: "Vamos fazer campanha juntos, e como já me disse o Haddad, vamos fazer um governo juntos. Ele já me disse que quer fazer um governo de coalizão". 

Mutran saiu em defesa de Maluf e ironizou as críticas da imprensa à negociação de cargos: "Tenho certeza que o senhor acertou com quem dá mais... para São Paulo!"

Recebo e divulgo

Caos na saúde do RN continua sem solução

A população do Rio Grande do Norte continua sofrendo com o descaso da saúde pública no estado. O caos se espalha por todos os setores, faltam leitos, insumos e profissionais para atender as demandas nos hospitais. Os médicos continuam em greve (50 dias) e não recebem uma resposta do governo.

Hoje, 19/06, a situação gravíssima pôde ser vista no hospital psiquiátrico João Machado, onde existem 35 leitos e 50 pacientes internados. Fazendo as contas, sobram 15 pacientes sem leitos aguardando vaga. Enquanto isso, estes pacientes estão no conhecido leito-chão, deitados em colchão no chão.

A médica plantonista Louise Seabra entrou em contato com o Sinmed para denunciar a problemática enfrentada pelos profissionais que querem atender aos pacientes, mas não tem as condições necessárias para isto.

Hoje, devido a movimentação no hospital João Machado, a médica fechou as portas do pronto-socorro, atendendo apenas as emergências. “É difícil tomar uma atitude dessas, sei que quem procura o hospital realmente necessita de atendimento, mas não tenho como atender a tantos pacientes sozinha”, disse Louise.

A médica informou que nos turnos da manhã e noite só tem um plantonista e a tarde são dois. Segundo ela, número insuficiente de profissionais para atender a demanda. “Além disso, alguns pacientes poderiam estar em unidades clínicas, mas são trazidos para cá, superlotando o hospital”, relata.

Além dos fatos já relatados, foi informado ainda que até o momento foram encaminhados apenas 10 lençóis para a unidade hospitalar (para 50 pacientes) e não tem toalha ou sabão para os pacientes tomarem banho.

A situação que está acontecendo hoje tem se tornado rotina e é possível ser flagrada, no mínimo, duas vezes ao mês, de acordo com Louise Seabra.

O Sinmed está estudando o caso para identificar quais as medidas devem ser tomadas para dar suporte aos médicos e aos pacientes do João Machado.

domingo, 17 de junho de 2012

A louca e grandiosa construção do Estádio Monumental

Depois de haver tomado a decisão de que todos deveriam ter saúde e de que a prática de um esporte é a melhor maneira manter-se saudável, O Governo determinou por ato legal a construção do Estádio Monumental, a fim de que todos os cidadãos, também por lei, deveriam comparecer para a prática desportiva. 

Da mesma forma, foi estatuído que todos os recursos públicos deveriam ser aplicados na construção do Estádio Monumental, sendo portanto dispensáveis todos os hospitais. Apensa a tal fato, legislação especificou que todo aquele que apresentasse sintomas de doença seria preso, considerando-se, em consequência, hospitais como "casas suspeitas" de propagar o mal, a doença e os maus costumes.

Ou seja: se o cidadão estivesse doente o era em função de que não estava comparecendo ao Estádio Monumental, negligenciando assim os cuidados com a saúde. O Estado, ficava bem claro, estava cumprindo o seu papel; as pessoas, por implicação, é que estavam se inserindo em tipificação criminosa. 

Foram proibidas as faculdades de medicina, consultórios, postos de saúde e serviços de emergência. Enquanto isso, o Estádio Monumental crescia e se apresentava como obra magnífica. E as pessoas, apesar de comparecer ao esporte, continuavam a adoecer, e o que é pior: como todos eram obrigados à prática esportiva, logo juntaram-se grandes multidões e não havia como atender a todos, pois os campos não comportavam tanta gente.

O Governo anunciou então a inauguração do Estádio Monumental como solução para o problema, mas, antes, deveria haver a Copa do Mundo, para comemorar tão necessária obra. E veio a Copa e houve festejos. Todos, segundo a lei, compareceram ao Estádio Monumental, mas entre eles havia doentes, e competia à polícia sua captura segundo o que determinava a lei. Mas os doentes tentavam se esconder entre os que estavam sãos, e com isso estabeleceu-se grande tumulto.

A polícia foi obrigada a abrir fogo. As metralhadoras zumbiram durante muito tempo até que não restou ninguém de pé. Feito isso, tiveram início os jogos.