sábado, 19 de maio de 2012

Leio no Novo Jornal e compartilho

Plural
ERICK PEREIRA
Advogado ▶ ewp@erickpereira.adv.br

A utopia do recall

O “recall” se popularizou entre nós como o recolhimento de um produto
defeituoso pelo fabricante. Produto material, bem dizer: automóveis,
brinquedos, medicamentos, eletroeletrônicos. O recall humano, o
eleitoral, em que parcela insatisfeita dos cidadãos eventualmente determina
a remoção de seu representante, permanece nosso desconhecido.

No último Congresso Brasileiro de Direito Constitucional (IBDC), em
São Paulo, ousou-se discutir este instrumento político de participação
semidireta que, embora nos apareça como miragem ou um projeto de
Th omas Morus, abriga história e usos insuspeitos.

O instituto de tradição suíça foi objeto do entusiasmo de Lenin, o líder
comunista tido pelo historiador Eric Hobsbawm como “o personagem
mais infl uente do séc. XX”. Surpreendentemente, foi Lenin quem
introduziu o recall eleitoral na Constituição russa de 1918, prestígio que
se estendeu às constituições de 1933 e 1977 da União Soviética e às Cartas
da Hungria, Polônia, Romênia e das antigas Alemanha Oriental e
Tchecoslováquia.

Atualmente, o recall é acolhido em poucos países, destacando-se na
tradição da cultura política norte-americana onde o instrumento é utilizado
contra detentores de cargos nos três Poderes. O caso mais famoso
ocorreu em 2003, na Califórnia, quando o republicano Schwarzenegger
substituiu o governador democrata Gray Davis, cassado por recall. E pensar
que a cassação decorreu apenas de uma avaliação de incompetência
para solucionar uns “apagões” decorrentes de uma crise energética...

O Brasil da época de Bonifácio adotou instrumento semelhante ao
recall durante brevíssimo tempo. Algumas constituições estaduais igualmente
o abrigaram sem sucesso. Aliás, nestas plagas sempre predominaram
os oponentes do recall eleitoral, apesar das restritas regras que limitam
a sua aplicação. Num país em que o eleitorado não é valorizado na
educação do exercício da cidadania, há sempre o risco do “excesso de democracia”
pela redução da independência dos eleitos e pelos abusos de
grupos infl uentes e com poder econômico.

No pensamento de um Lenin exilado na Suíça - “um país não é democrático
se o eleitor não contar com um instrumento para retomar o
mandato concedido ao eleito” –, ou no do magistrado brasileiro Ali Mazloum
– “o atual estágio de maturidade republicana recomenda a introdução
de recall anual para patrulhar políticos” -, podemos buscar inspiração
para projetar a utopia de uma cidadania plena. Afi nal, por que
não sonhar com políticos investidos de simples servidores, representantes
dos nossos mais legítimos interesses?
Nome de Dom Nivaldo atirado ao esgoto

Tomei um susto quando li no Novo Jornal, sob o título "Em obras", que a estação de tratamento de esgotos de Natal tem o nome, veja só, de Dom Nivaldo Monte. Só pode ser gozação da Caern. Pelo menos uma terrível e malcheirosa gozação. Confesso que não sabia que o saudoso arcebispo fora - não sei há quanto tempo - alvo de tão espantosa homenagem. 

http://nataldeontem.blogspot.com.br/2008_12_01_archive.html
Você já imaginou, dar o nome de Dom Nivaldo a uma estação de tratamento de esgoto? Dar o nome de qualquer pessoa a uma estação desse tipo?

Se a moda pega, vamos ter coisas como Fossa Dr. Fulano de Tal, Lamaçal Professora Maria não sei do quê, Buraco Patati-patatá, Privada João de sei lá, Fedentina Dona não sei quem, Atoleiro Dr. Paulo de Tal, Pântano Engenheiro Astrojildo das Quantas e por aí vai.

Pelo amor de Deus, Dom Nivaldo não merece isso, pessoal. Vamos fazer uma corrente de orações para ver se abrandamos o coração da Caern e eles tiram seu nome da tal estação de tratamento. Ave Maria!

Leia o início da matéria onde li sobre a aberração:

AS OBRAS DE interligação de rede
de esgotos à Estação de Tratamento
de Esgotos Dom Nivaldo
Monte (ETE do Baldo) só deverão
ser concluídas daqui a aproximadamente
30 dias. Realizada pela
Companhia de Águas e Esgotos do
Rio Grande do Norte (Caern), as
obras tiveram início no dia 18 de
abril e, a partir de então, causaram
uma interdição parcial da Avenida
do Contorno. Por causa disso, o
tráfego de veículos no sentido Baldo-
Ribeira e Cidade-Baldo no trecho
em que a avenida cruza com a
Rua Governador Rafael Fernandes
está temporariamente obstruído.

Muito obrigado, nuvens

Uma chuva boa chegou, trazendo alegria à manhã deste sábado. É que no Nordeste, quando o tempo seca muito, dá uma espécie de tristeza, um a coisa ruim de doer, o calor entrando no corpo da gente como se fosse uma febre vindo de fora para nos fazer o mal.
Pulsar imagens

Mas aí chegou a chuva, acho que chuva já antiga, que as nuvens vinham guardando, apurando, maturando em sua natureza de algodão. E então, de repente, todas elas, as nuvens, deixaram a água descer às terras nordestinas, tão belas e tão duras, tão fortes e tão exigentes a nós homens que a elas habitamos.

Aproveito para fazer um pedido às nuvens: vocês podem partir do litoral e chegar ao agreste, ao sertão e ali deixar cair seus grãos de água? Fazer o agrecista e o sertanejo abrir os braços para estreitar em aperto amigo essa água querida, podem?

Façam isso, nuvens. E verão que os grãos de água vão brotar em milagre nos roçados e nos açudes, nos açudecos e nos barreiros cacimbas e cisternas do povo do sertão, nas gentes do agreste.

Um abraço, nuvens. E boas chuvas para vocês. 
PS: e para nós também.

Recebo e divulgo

Para no (a)pagar la radio

En Argentina no se ha iniciado aún el proceso de digitalización de las señales de radio, proceso que ya comenzó en otras partes del mundo. Por eso es importante conocer qué es lo que está en juego y qué se debate a nivel mundial. Damián Loreti estuvo en Bruselas participando de un foro sobre el tema en la sede del Parlamento Europeo y aquí expone las principales aristas de la cuestión.

Por Damián Loreti *

Desde Bruselas


El 8 y 9 de mayo se realizó en la sede del Parlamento Europeo en Bruselas una audiencia pública bajo el título “Radios comunitarias, diversidad cultural e inclusión social en el espectro de frecuencias ante el apagón analógico”, convocada por el grupo parlamentario conjunto de la Izquierda Europea Unificada y la Izquierda Verde Nórdica.


Algunas aclaraciones previas. Así como lo hemos empezado a ver en Argentina con la televisión, en otros lugares (Estados Unidos y algunos países de Europa Occidental) ya han tomado decisiones para comenzar los procesos de digitalización de la radio. Como suele ocurrir, las tensiones en torno de la elección de normas técnicas encierran intereses económicos de las empresas prestadoras. Y esto trae aparejados efectos sociales y culturales vinculados con la concentración de poder.


En este punto, al igual que ocurrió con la televisión digital, el enfrentamiento se da entre las normas de EE.UU. y Europa. Aunque existen varios estándares para la transmisión digital de señales de radio, en nuestra región –en lo que hace a decisiones ya tomadas– hasta ahora se viene manejando sólo uno: el IBOC. Creado e impulsado por la industria norteamericana, ofrece cero riesgo a los empresarios que ya cuentan con licencias de radio, en tanto funciona con el mismo canal que hasta ahora vienen utilizando para afrontar la transición, brindando una mejor calidad de la señal (muy notoria en AM y algo menos en FM) y nuevos servicios asociados.


El IBOC permite que mientras la población va reemplazando los receptores analógicos por digitales, los propietarios de las radios no pierdan audiencia ni deban afrontar un cambio de frecuencia que implicaría posicionar la nueva “marca”, ya que en el mismo número de frecuencia por el que hoy se recibe cada emisora podrán transmitir en analógico y en digital.


Una opción competitiva frente al IBOC es el europeo DAB (Digital Audio Broadcasting), antes llamado Eureka-1475, que implica la utilización de una nueva banda del espectro (VHF o L) para la radio digital. Al llegar el apagón analógico, todo el espectro actual de FM se pasaría a la nueva banda y la anterior quedaría libre para otros servicios, lo cual, como veremos, no es necesariamente bueno.


Otros estándares en desarrollo son el DRM (Digital Radio Mondiale), previsto para frecuencias inferiores a tres megaciclos (onda media, larga y corta), y el coreano DMB (Digital Multimedia Broadcasting), con el mismo mecanismo de trasmisión que el DAB y algunas diferencias respecto de las señales multimedia. Para todos ellos ya hay versiones (+) (plus).


En alerta

¿Para qué toda esta explicación? Para ir alertando sobre algunas cuestiones. En primer lugar, la IBOC es una norma tributaria. Es decir, implica el pago de licencias a los titulares de las tecnologías. Por otra parte, la idea de salirse de la banda de FM como ocurriría al optar por una norma europea implicaría el cambio total del parque de aparatos receptores y la eventual aparición de una figura que ya se conoce en la televisión digital en otros países y afortunadamente aún no entre nosotros: el operador de red. Algo así como un concesionario de la frecuencia o banda por la que se transmite, que la alquila a terceros.


Cuando se fijó el criterio de torre única y transmisor público para la TV digital en Argentina, algunos (por zoncera, por negocios o por desconocimiento) dijeron que la televisión se monopolizaba. Pues bien, cuando esa administración se delega en un privado, éste lo alquila y para entrar hay que pagar. Esta situación podría traer como consecuencia el tener que pedirle a los televidentes/oyentes que paguen para ver Televisión Digital Terrestre HD o escuchar radio digital codificada, tal como hoy se paga para el cable. Y esto es lo que no debería ocurrir como regla.


El relato de los representantes de los medios comunitarios europeos nucleados en la Asociación Mundial de Radios Comunitarias (Amarc), durante el encuentro de Bruselas, mostró notorias asimetrías en el contexto continental europeo y un profundo desinterés de la mayoría de los gobiernos sobre cómo prevenir y evitar la ampliación de la brecha social que traen las tecnologías digitales cuando son impuestas desde el mercado. En muchos países, los vacíos normativos conviven con las declaraciones de ilegalidad a las emisoras –España, Hungría, República Checa–, en otros se verifican situaciones de mayor respaldo estatal –Irlanda, Francia– y perspectivas de crecimiento tecnológico conjunto. Pero lo visto hasta ahora demuestra que las tecnologías de digitalización en la radio están pensadas para las empresas de medios más poderosas, mientras que aquellas que tienen menor capacidad económica –incluidas las comunitarias– no encuentran modo de subirse a la ola, porque nadie les facilitará gratis (o al precio que un medio no comercial puede afrontar) el acceso al multiplexado.


Podríamos adelantarnos a decir que las tecnologías de Internet permitirán reemplazar a la radio y que tiene mucho más espacio. Malas noticias: Internet no es gratis y no garantiza anonimato en los gustos y tendencias. La radio sí lo es para el oyente que escucha lo que quiere y nadie lo detecta. Ello significa que así como la ley de protección de datos personales no es necesaria para los oyentes de radio, sí lo es para los usuarios de Internet porque se detecta el tráfico de datos y el gran hermano prestador del servicio sabe qué vemos y cuándo. En la primera, la comunicación es amplia y de acceso abierto, la segunda se basa en el streaming individual y, además, se paga.


Sentido de las políticas públicas

El problema no son sólo los medios comunitarios en sí, sino que ellos y sus oyentes son el espejo en el cual mirarse porque es donde más rápida y claramente se nota la inclinación del tobogán que la mayoría de los Estados les ofrece por la incomprensión y el silencio. Los modelos y las tecnologías no son inocuos ni neutros. En Canadá, la TV digital no llega a las ciudades que no alcanzan un mínimo determinado de habitantes porque el Estado no asume más que el funcionamiento de la cadena pública. Ello implica que entre el 10 y el 15 por ciento de la población seguirá en analógico. Volviendo a la radio, en Brasil, por impulso y presión de una coalición de sectores sociales, se inició una etapa de prueba en una norma técnica distinta a la norteamericana por los graves efectos que generaba. En México se impuso la IBOC con un breve aviso previo y sin proceso de consulta.


En 2007 los Relatores de libertad de expresión de ONU, OEA, OSCE y la Comisión Africana plantearon que “los diferentes tipos de medios de comunicación –comerciales, de servicio público y comunitarios– deben ser capaces de operar en, y tener acceso equitativo a todas las plataformas de transmisión disponibles. Las medidas específicas para promover la diversidad pueden incluir el reservar frecuencias adecuadas para diferentes tipos de medio (...) En la planificación de la transición de la radiodifusión análoga a la digital se debe considerar el impacto que tiene en el acceso a los medios de comunicación y en los diferentes tipos de medios. Esto requiere un plan claro para el cambio que promueva, en lugar de limitar, los medios públicos. Se deben adoptar medidas para asegurar que el costo de la transición digital no limite la capacidad de los medios comunitarios para operar”.


Cuando en la Ley de Servicios de Comunicación Audiovisual 26.522 se consignó que el objetivo de la regulación era garantizar el derecho a la comunicación de las personas, se estableció un paradigma opuesto al de la actividad comercial como razón de ser de la comunicación. De allí la reserva de frecuencias prevista en el artículo 77.


Este mandato normativo ordena el sentido de las políticas públicas y los planes posteriores deben ir de la mano con lo dicho. Se trata, como en tantos otros ámbitos, de expandir derechos e integrar y no de pagar por ver la tribuna. Todavía no hemos empezado aquí el proceso de digitalización de las señales de radio y nada indica que tengamos que desconfiar ni apurarnos, pero es bueno conocer de qué van las cosas.


Porque habrá siempre quienes quieran que (a)paguemos la radio.


* Profesor de Derecho a la Información de la UBA. Fue invitado a participar por los convocantes como consejero legal de Amarc Internacional.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Recebo e divulgo

A Agência de Comunicação da UFRN-Agecon, registrou a primeira edição do Jornal Livre. Segue a matéria:

Curso de Comunicação Social publica primeira edição de jornal laboratório

O Curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) publica nesta semana, com a denominação de Jornal Livre, a primeira edição de um jornal laboratório produzido por alunos da habilitação em Jornalismo, sob a orientação do professor Emanoel Francisco Pinto Barreto.

A edição zero, como foi registrada, colorida, com 16 páginas e formato tablóide, traz um ensaio fotográfico e matérias produzidas pelos estudantes em outubro de 2011. Além de textos sobre cultura e esporte, o jornal traz também duas reportagens sobre temas atuais: o casamento entre homossexuais e a situação de menores infratores.

“Vestindo Branco” é o título da reportagem que revela detalhes do primeiro casamento gay registrado no estado, ocorrido na cidade de Goianinha, em agosto do ano passado. A condição dos menores infratores do Centro de Educação (CEDUC) de Pitimbú é mostrada sob o título “Crime e Castigo”.

“Somos o Jornal Livre. Apartidário, político, participante. Não temos amarras ou ligações com projetos pessoais, eleitorais ou com o mercado”, diz, a certa altura, a Carta ao Leitor.

A primeira edição de o Jornal Livre teve tiragem de 1 mil exemplares. O conteúdo do impresso também pode ser conferido no site: www.jornallivre.org


segunda-feira, 14 de maio de 2012


 O Jornal Livre


Acabo de receber exemplar da primeira edição do Jornal Livre, produzido pelos estudantes de jornalismo do curso de Comunicação Social da UFRN. É luta empreendida desde o ano passado, quando professores e alunos lançaram a campanha "Queremos um jornal". 

Afinal sai o número zero, cujo editorial critica a falta de compromisso da Reitoria em viabilizar o jornal, realizado como projeto de extensão cujos recursos somente garantiram a saída do primeiro número. Lutaremos para reverter esse quadro.

O Jornal Livre marca momento histórico do curso de Comunicação Social. Amanhã a equipe fará reunião de pauta e revisão crítica da edição.


Segue o editorial.



Quem sabe faz a hora
 
Fruto do trabalho dos estudantes de jornalismo da UFRN sai esta primeira edição do Jornal Livre. A reunião de esforços, a decisão de fazer, a sinergia que mobilizamos nos dão a dimensão da importância da campanha Queremos um jornal, que nos mobilizou em causa. Foram muitas as dificuldades que transformamos em desafios, grandes as limitações superadas, reconfortantes todas as etapas. Da pauta à edição, da busca por uma gráfica à alegria de ver os primeiros exemplares impressos. Tudo o que fizemos tem, para nós, o sentido de marco fincado na história do Curso de Comunicação Social. Compartilhamos com todos, professores, alunos e funcionários, esse legado.
 Esta edição é um limiar, fronteira que marca um começo. Saberemos, com serenidade e firmeza, manter essa luta, guiar seus próximos passos, fundar uma tradição: a de que o nosso Curso tenha um jornal que circule regularmente. É um direito dos estudantes e uma obrigação da UFRN. O Jornal Livre foi feito com garra e com o limitado apoio da Pro-Reitoria de Extensão, cujo financiamento somente deu para esta edição: agora, é preciso que a UFRN tome consciência de suas responsabilidades perante o Curso de Comunicação e mostre proatividade, garantindo recursos para que o Jornal Livre continue a circular. 

Caso isso não ocorra, omitindo-se a Universidade, mobilizaremos os estudantes a fim de que venhamos a reunir recursos para as próximas edições. Lamentamos que a UFRN não tenha se sensibilizado com a proposta de que o Curso de Comunicação precisa e deve ter garantido, institucionalmente, um jornal-laboratório, limitando o apoio a esta edição. É um direito dos discentes, e objetivo dos professores, o exercício pleno do processo de qualificação dos futuros profissionais e uma obrigação a que a Universidade não pode se furtar. Assim sendo, estamos aqui. 
Somos um jornal de sociedade civil, plural e democrático. Queremos nos manter em circulação e intervir no pleno da história. Esta ideia não morrerá. Com ou sem ajuda, não cessaremos. Não buscamos uma quimera: vivemos plenamente nossa utopia, aqui no sentido de busca de potencialidades realizáveis, razoáveis e concretas. Essas potencialidades já estão aqui representadas, vividas, vívidas, expostas. 

Somos o Jornal Livre. Apartidário, político, participante. Não temos amarras ou ligações com projetos pessoais, eleitorais ou com o mercado. A condição de livre faz deste jornal instrumento social com papel inescusável: colocar-se ao lado de causas voltadas para a cidadania e para o dissenso democrático, expondo suas páginas à defesa do bem-comum. Sem radicalismo, com determinação; sem ofender pessoas, mas sem recuar diante de falhas de sujeitos, faremos do nosso jornalismo uma página a serviço do social e da comunidade acadêmica, seus reclamos, suas urgências. Estamos somente começando a fazer a nossa parte. Agora, compete à Reitoria começar a fazer a parte que lhe cabe. E isso nós vamos cobrar.

Momento inesquecível
--- Walter Medeiros* 
 
Uma penumbra de nuvens densas e frias na tarde da segunda-feira, 7 de Maio de 2012, criou um ambiente de sonhos para mim. Lá estava eu assistindo ao meu filho Walter defender uma monografia perante uma banca de professores do Instituto Federal de Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Norte, para formar-se em Construção Civil. Depois de uma apresentação emocionada e bela, eis o resultado: aprovado. Felicidade em seu semblante e da sua namorada, também presente.

Impossível conter as palavras no momento em que senti que era possível dizer algo. Para dizer aos presentes que inaugurei aquele prédio junto com as turmas de alunos de 1967. Naquele ano a Escola Industrial de Natal passava a funcionar na Salgado Filho com Bernardo Vieira e ali cursei o Ginásio Industrial. E falei sobre outros momentos da história daquela escola, que este ano completa 103 anos de fundação.

Andando naqueles corredores tive de comparar os tempos. Nos anos 60/70 a escola atendia apenas estudantes do sexo masculino. Tinha apenas o prédio central, que terminava com uns galpões de oficinas. De lá para cá ganhou urbanização em lugar da areia e cajueiros; ginásio coberto; estádio; auditório; centro de convivência; laboratórios e tantos outros recursos. Na minha avaliação de quem não tem muita amizade com matemática, em 67 a escola seria 20% do que é hoje, em termos de estrutura. Um professor estimou na hora em cerca de 40%. O fato é que cresceu muito.

Cresceu e mudou. Moderna já era, mas modernizou-se muito mais. Acompanhou a evolução e hoje continua uma escola jovem, embora centenária. Onde nem telefone se sonhava em ter, estão dispostos notebooks, projetores, internet e todos os demais recursos que os professores, alunos e funcionários precisam dispor para se manterem sintonizados com o mundo lá fora e com os tempos que sempre mudam.

Fiquei emocionado com aquela aconchego de jovens, estudantes, namorados, naquela movimentação tão viva, cada um em busca de suas obrigações, cada um com certeza vivendo momentos importantes de suas vidas. O vento da janela, vindo do Morro Branco, é o mesmo que batia em meu rosto nos anos sessenta. E nos laboratórios, o olhar dos jovens para as máquinas, visores e medidores são os mesmos olhares que hoje aprendem as coisas do Século XXI, com os mesmos sonhos dos olhos que aprendiam a montar um rádio ouvindo o professor Názaro explicar como se media os nanofarades e microfarades.

Mesmo tendo crescido tanto, a escola de 1967 está lá. Sabemos onde ela começa e onde começou a ser ampliada. Foi extasiante, embora tenha procurado disfarçar, caminhar naquela corredor onde pegava a xepa; olhar pela varanda de onde se via a escola em forma para cantar o Hino Nacional; passar naquela rampa vendo os mesmos desenhos de Newton Navarro e observar que as suas paredes receberam azulejos de cores discretas para quebrar a monotonia da construção original, e que mudaram para melhor.

Na frente, a mesma sala onde a minha mãe foi anos seguidos comprar minhas fardas, cadernos e livros; onde a telefonista Mariêta atendia a toda a escola; onde os professores remanescentes da EIN – Escola Industrial de Natal recebiam o respeito de todos. Até a chuva que me fazia chegar à casa molhado, vez por outra, apareceu no começo da noite. E por fim uma tristeza, uma saudade, uma vontade de ficar mais, mas era hora de sair de novo daquele chão do tempo, levando comigo mais uma bela lembrança; uma lembrança inesquecível.
*Jornalista
 Greve não é chantagem

Leio nas coisas de jornal publicadas na net que os motoristas de ônibus estão tentando impedir a circulação dos alternativos. Assim já não é greve: é intimidação e chantagem. Querem instalar o caos para ganhar em cima disso. 

A greve é um direito, uma conquista social. Usar a força bruta para impedir a circulação dos alternativos é somente chantagem e tentativa de parar tudo na marra. Muitos alunos e funcionários da UFRN foram vítimas desse tipo de manobra: não puderam chegar ao Campus. Temo que hoje à tarde e à noite não teremos aula.

Como resultado da exarcebação de ânimos há quem parta para apedrejar ônibus, outro erro. Cabe também aos empresários do setor ter sensibilidade para atender às reivindicações dos motoristas e cobradores, que, por sua vez, devem agir de forma compatível com a respeitabilidade da condição de trabalhadores.

Congresso ALAIC 2012 - O protagonismo hegemônico de Assis Chateaubriand


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domingo, 13 de maio de 2012

Olá, Amigos,

Magnífica e ancestral impressora encontrada na Biblioteca Nacional do Uruguai
Voltei do Uruguai e do seu frio cortante. Cheguei tangido, puxado pelo braço por um vento vaqueiro.E abraçado, ao pisar o nosso chão, por uma brisa praieira e nordestina. Quando vou a esses países hermanos, sempre a trabalho, sempre percorrendo seus espaços de congressos e encontros de professores de jornalismo, lá está ele, o frio. Sabe que sou um cabra do Nordeste e percebe que seu jeito de ser é um e o meu é outro. Sabe que sou de gibão de couro e ele veste-se de poncho. Mas me recebe bem e me dá uns agasalhos. É uma forma de o frio me chamar de amigo.

Foi uma experiência, boa, como boas foram as da Colômbia e Argentina, já lá se vão uns seis anos. O povo do frio tem roupagem diferente da nossa. Cobre-se de vestuário pesado e elegante, formal e vistoso. Eles me atendem bem e dizem que sou "muy amable". 

Montevidéu tem um aspecto belo, com suas ruas outonais recobertas pela folhagem triste dos plátanos. Casais, muitos de idade antiga e gris, dançam tango ao entardecer às margens do Prata, um rio que tem muito de mar. E estando nós de um lado não se lhe vemos a outra margem, tamanha a sua largura. Belo rio. Às vezes, tocado por um vento poderoso, atira-se em ondas magistrais sobre a pista e lava os carros com ímpeto e força. 

Quase dois milhões de almas austrais percorrem requintadamente suas ruas - de casas  muitas em estilo pesado, bem espanhol. Às vezes o olhar se queda chocado: é que em meio aos homens e mulheres bem vestidos deambulam fantasmas: são os pobres e os miseráveis do lugar, envoltos em pesadíssimos trapos. Apanhando pontas de cigarro pelo chão e dizendo, com sua simples presença que como nós são latinos. E compartilham o sofrimento endêmico de nossa teia histórica de injustiça e exclusão.

Foi uma semana de muito trabalho, reuniões e apresentação do meu trabalho. Na tarde antes da partida, em frente ao hotel onde estava, um cantor de rua entoava tangos tristíssimos acompanhado de sua guitarra e de um teclado. Olhei lá de cima o espetáculo e senti uma ponta de saudade antecipada. Agradeci ao Uruguai, agradeci ao frio ter recebido este cabra nordestino e solar e prometi algum dia voltar. 

Hasta la vista, Uruguai. Hasta la vista...