sábado, 8 de dezembro de 2012

Divulgando



Exposição de alunos de extensão doIFRNX terá abertura nesta segunda

O projeto CASA AMARELA encerra as atividades do ano realizando a EXPOSIÇÃO JOVENS TALENTOS DO IFRN com abertura no dia 10 de dezembro, a partir das 19h, na Galeria de Arte do IFRN Cidade Alta.

Sob coordenação da professora Mara Beatriz Pucci de Mattos, assessorada por Jocasta Andrade e Sonia Silva Avólio, a exposição revela a trajetória de contextualização, apreciação crítica e produção artística dos alunos vinculados ao projeto, composto por alunos dos cursos de extensão Composição Artística e Pintura e Desenho de História em Quadrinhos.

SOBRE O PROJETO
O CASA AMARELA teve seu início em maio de 2012 e seu objetivo é consolidar grupos de iniciação à reflexão e pesquisa na área de pintura e oportunizar, gratuitamente, o acesso ao conhecimento artístico, como também qualificar a formação inicial e continuada de jovens e adultos.

SOBRE A EXPOSIÇÃO
A exposição Novos Talentos do IFRN está em sua segunda edição. Além de apresentar o resultado das oficinas de extensão dos cursos gratuitos oferecidos a comunidade, oportuniza a apreciação dos trabalhos de novos artistas, evidenciando seus potenciais. A exposição segue até dia 19 de dezembro, aberto a visitação de segunda a sexta-feira das 9h às 20h, e sábados das 8h às 11h.

SERVIÇO
Vernissage Novos Talentos do IFRN
Segunda, dia 10 de dezembro de 2012 às 19h
IFRN Cidade Alta - avenida Rio Branco, 743
Informações: (84) 4005-0954



“Queremos Aluízio em 70”
Walter Medeiros*
 
Na efervescência política dos anos sessenta, quando a disputa no Rio Grande do Norte se dava principalmente entre os seguidores do ex-governador Aluízio Alves e do senador Dinarte Mariz, firmava-se a preferência pela corrente democrática e populista que garantira a eleição do Monsenhor Walfredo Gurgel para o Governo do Estado. Havia uma sintonia que já levava às ruas uma palavra de ordem que ganhava corpo junto ao eleitorado entusiasmado da corrente denominada de “Bacuraus”, a qual dizia nos quatro cantos: “Queremos Aluízio em 70”.

Aquela demonstração de desejo do retorno de Aluízio Alves ao Governo não era nada contra o governo do Monsenhor Walfredo, mas a antecipação do que o grupo político e seus seguidores desejavam. Ela vinha como resultado de um governo que havia mudado o Rio Grande do Norte, estabelecendo modernas relações no âmbito da energia elétrica, telefonia, habitação e outros setores de forma nunca antes vista. Havia sido um grande salto para o nosso estado.

Lembro bem do meu avô, Francisco Bezerra e minha avó, Dona Constância, caracterizados do verde da Cruzada da Esperança e do retrato de Aluízio na oficina de arte onde ele (meu avô) trabalhava. Do outro lado da minha casa, a minha tia, Mariêta, que guardava orgulhosa um disco de 78 rotações com a Marcha da Esperança e outra música, com Jackson do Pandeiro, enaltecendo Aluízio. O disco ela deixou para mim e eu achei que ficaria melhor guardado no Memorial do ex-governador.

Naquele entusiasmo, ouvíamos Erivan França apresentando o programa “Falando Francamente” na rádio Cabugi, início da noite. Não deixávamos de dar uma passada e ouvir enraivecidademente Eugênio Netto fazer o seu programa na Rádio Nordeste, com aquela característica que cantava “O velho tinha razão”. E a síntese daquilo era meus parentes, entre eles Wellington Medeiros, meu irmão, radialista, já na Rádio Cabugi, comentando o que diziam: que na fronteira da Paraiba os paraibanos pediam que empresássemos Aluízio para mudar o estado vizinho.

Era a época em que os livros didáticos popularizavam o poema de Drummond que anunciava: “Tinha uma pedra no meio do caminho”. Inesperadamente, inacreditavelmente, supreendentemente, eis que vem a notícia de que os militares haviam decidido cassar o mandato e suspender os direitos políticos de Aluízio Alves e outros. Não sei e jamais saberemos o que o povo diria nas urnas de 1970, mas aquele gesto de força, arbítrio e injustiça mudou a história do Rio Grande do Norte. Calava-se o grito ensaiado do povo, que não poderia mais dizer “Queremos Aluízio em 70.

Por esses dias, a Câmara dos Deputados devolveu, simbolicamente, os mandatos de 173 deputados federais cassados ao longo de quatro legislaturas entre 1964 e 1977, durante o regime militar (1964-1985). O presidente da Câmara, Marco Maia, disse que a solenidade foi um ato que busca apagar a nódoa causada pelos gestos autoritários que muito nos envergonham. Ele lembrou que os deputados cassados foram calados não pelo debate, mas por imposição e força da ditadura.

O presidente da Comissão Nacional da Verdade, ex-procurador-geral da República Claudio Fonteles disse que o ato deve servir para “que nunca mais venhamos a permitir que nossas divergências sejam decididas pelo arbítrio, pela truculência e pelo desaparecimento”. Para a ministra da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, a restituição simbólica dos mandatos “é um compromisso para que jamais permitam que a democracia, a justiça e a paz sejam aviltadas como foram no golpe de 1964”.

Ao tratarmos aqui dessa realidade que havia no Rio Grande do Norte em meados dos anos 60 pinçamos uma pequena mostra do que ocorreu Brasil afora. Os ambientes políticos em que viviam 173 parlamentares, cujas palavras foram cerceadas, cujas trajetórias foram violentamente obstruídas, contrariando a decisão antes tomada pelo povo que os elegeu, foram todos mutilados. De todos esses tristes episódios, restam, pelo menos, as lições. A cena que a sociedade desejava à época jamais será recomposta. Entretanto, ficou comprovado que os canhões do arbítrio deixam seus rastros de sangue, mas são derrotados e a democracia ressurge mais forte.
*Jornalista


sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Jornalismo lamentável resulta na morte de uma mulher

 Da Folha de S. Paulo

Enfermeira que caiu em trote de gravidez de Kate é encontrada morta


Foi encontrada morta nesta sexta-feira a enfermeira que caiu em um trote de uma rádio australiana a respeito da gravidez de Kate Middleton. Segundo informações da mídia britânica, a suspeita é de suicídio. 

A enfermeira, chamada Jacintha Saldanha, foi encontrada morta a apenas alguns metros do Hospital King Edward 7º, onde ela trabalhava havia quatro anos e onde Kate passou três dias internada, nesta semana. 

Locutores se fazem passar por rainha; ouça Príncipe e Kate afirmam estar "muito tristes" Com aspecto saudável, Kate deixa hospital Entenda condição que levou Kate a hospital
 
O trote aconteceu na terça-feira (4). Uma dupla de radialistas da 2DayFM, da Austrália, telefonou para o hospital e, fazendo-se passar pela rainha Elizabeth 2ª e pelo príncipe Charles conseguiu obter de uma enfermeira detalhes sobre o estado de saúde da duquesa de Cambridge. 

Conforme o jornal britânico "The Independent", a enfermeira encontrada morta foi a que primeiro atendeu à chamada e, acreditando falar com a realeza, a transferiu a uma colega, que então revelou os detalhes da paciente. A enfermeira teria atendido ao telefone porque era o início da manhã, e a recepcionista ainda não tinha chegado.
Houve rumores de que o príncipe William e Kate ficaram irritados co
m a intromissão, mas o casal não se pronunciou oficialmente. Nesta quinta, o príncipe Charles fez piada com o episódio, dizendo a repórteres: "como vocês sabem que eu não sou de uma rádio?" 

O telefonema foi motivo de muito embaraço para o hospital, que já tinha tratado a rainha-mãe, a rainha Elizabeth 2ª e outros membros da realeza. De acordo com a BBC, não há informações de que a enfermeira foi suspensa ou punida por causa do episódio. "Ela era uma excelente enfermeira, respeitada e popular com colegas", disseram porta-vozes do hospital à imprensa. "Estamos todos chocados." 

No dia seguinte à chamada, os radialistas pediram desculpas, via Twitter. Na rede social, Michael Christian afirmou que ficou surpreso ao ver que a ligação foi recebida. "Nós imaginávamos que as ligações seriam interrompidas assim que eles ouvissem nosso terrível sotaque", escreveu. Ele ainda acrescentou. "Sentimos muito se causamos problemas e estamos felizes em saber que Kate está bem". 

Diagnosticada com hiperêmese gravídica, uma complicação de gravidez que causa náuseas e vômitos e pode levar à desidratação, Kate passou três dias no hospital, de onde teve alta nesta quinta (6). O bebê do casal deve ser o terceiro na linha de sucessão ao trono britânico.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Adeus Niemeyer

O poeta do concreto ganhou a materialidade do sonho
A encantação de Niemeyer repercutiu nos jornais. Neles a comoção jornalística é manifesta em manchetes criativas e primeiras páginas elegantes, que sinalizam a figura singular que desenlaçou-se de nós. O arquiteto é uma espécie de poeta ou escritor concreto no sentido exato do termo. 
http://www.brasilfront.com.br

É no concreto que dá forma e visão, toque e sedução aos poemas que faz brotar da bruta matéria calcária e pétrea. 
Deixo com você exemplos de primeiras páginas que homenageiam o poeta do concreto, concretamente um materializador de sonhos.




quarta-feira, 5 de dezembro de 2012



A mulher ruiva
Li ontem no Estadão crônica de Arnaldo Jabor a respeito da amante do seu avô. Ele e conheceu um dia quando o avô, tomando-o pela mão, caminhou em sua companhia à casa da mulher e pela primeira vez a viu: alta, muito branca, olhos azuis, ruiva, ela o recebeu com alegria, carinhos, um beijo e um grande abraço. 
http://bobagento.com/fotos-de-mulheres-ruivas/

Lembrava que naquele tempo a amante era uma espécie de instituição. Quase secreta, envolta em véus de discrição, oculta por brumas sociais espessas, ela circulava nos ambientes familiares apenas como nome mencionado às esconsas pelas esposas e demais mulheres da casa. Era sempre “aquela mulher”, “a outra” ou apenas “ela”, um fantasma moral jamais exorcizado, a assombração do recesso do lar.

O magnífico texto de Jabor é na verdade um passeio no tempo. Vai da infância do cronista aos tempos em que o avô e a amante, já então anciães, mal de reconheciam. Claro, chega aos tempos de hoje, quando o jornalista faz esse pequeno-grande exercício de memorialismo.

Entendi a crônica como um romance zipado tal o volume de emoções das vidas ali representados. A cena final, em que ele já homem acompanha o avô à última visita à antiga amante é digna de um filme: a mulher que fora fulva e linda, é agora uma velha atracada a uma tesoura, os cabelos ralos, brancos, lamentáveis. A tesoura é como a uma porta para o passado: ela a usa para recortar velhas revistas na busca por fotos de Greta Garbo ou Marta Rocha. O avô é um homem fixado na redução de sua aposentadoria, constantemente obcecado com a carteira: a qualquer momento a saca do bolso e conta as notas: temia ter sido furtado.

E a avó, que fazia de conta não saber do caso, é então uma velha que furiosamente se senta a um balanço, e com movimento rápido dos pés, dominada por uma espécie de raiva fumegante, se atira para frente e para trás quase como louca. 
É isso, é isso: 
quase como louca, 
quase como louca, 
todos somos loucos, 
vamos virar loucos.