quinta-feira, 6 de abril de 2017



O buraco no Brasil é mais em cima

A foto do governador carioca Fernando Pezão é metáfora perfeita da situação nacional: a imagem mostra que, no Brasil, o buraco é mais em cima.

Alguém que deveria ser a agir como uma autoridade – com lisura, respeitabilidade, honradez, competência, seriedade, etc, etc, etc... é, na verdade, um reles criminoso. De paletó e gravata, é certo, mas um criminoso. 

E o buraco, o buraco que é mais em cima, está nas cabeças que tomam decisões, encaminham os destinos nacionais, institucionalizam terríveis decisões e instauram o pavor e a incerteza como norma troncha a reger a vida e o cotidiano dos desprotegidos.

A foto, publicada na edição de hoje de O Globo, registra instante em que Pezão se encontrava em Brasília buscando – é o que diz –meios de resolver a questão da insolvência administrativa do Rio de Janeiro.
Insolvência que ele e seu antecessor, Sérgio Cabral, ajudaram com grande empenho a construir. 

Temos absurdos para todos os lados: ontem, a socialite e presidiária Adriana Ancelmo, ex-primeira-dama do Rio, negou-se a permitir a entrada de agentes da Polícia Federal que haviam ido a sua casa, digo, à sua luxuosa cela, vistoriar se a delinquente estava cumprindo com a determinação de não ter acesso a telefones e internet.

A infratora negou acesso aos policiais sob alegação de que seus nomes não lhe haviam sido previamente comunicados. 

Finalizando: depois de solucionado o mal-entendido a celerada permitiu que fosse feita a inspeção. Pode?

Mais: a cassação de Temer promete arrastar-se até o próximo ano sob alegação de que, tomada a decisão de tirá-lo do poder isso traria “instabilidade” ao país. 

Mas, já não somos uma instabilidade permanente? Não deambulamos ao longo da história? 

Crise após crise cumprimos a farsa de garantir que os de sempre permanecerão em sua situação privilegiada. Tal situação volta naturalmente ao ponto inicial favorecendo o cartel político, prolonga-se indefinidamente e se refaz continuamente na crise, pois é dela que vive. E lucra. 

Não tenho outra conclusão: o buraco, no Brasil, é mais em cima.