Meu primeiro amor se chamava Hélbia
Era esguia como um
gesto de bailarina. E se chamava Hélbia. Era finíssima, elegante, delicadamente
bela. Quando a vi pela primeira vez encantaram-se-me os olhos e caiu-me o olhar
em sua beleza imensa. Hélbia. Quando a toquei senti o que era amar. E se
chamava Hélbia.
Mas, lamento, ela não
era para mim. Estava irremediavelmente presa, comprometida com meu primo. A ele
ela pertencia; como um pertence, um prêmio que ele soubera e tivera a sorte de,
antes de mim, conhecer e possuir. Hélbia.
Eu a conheci numa
viagem de férias, visita a esse primo; ele, um moço bom, que de repente e sem
querer era meu rival. Era rival e nem sabia, pois nunca lhe disse.
Passei uma semana em
casa dele; Hélbia sempre por perto. Ficou comigo poucas vezes, estranha e
fugidia beleza. Companheira de poucos momentos. Até que fui embora e nunca mais
a vi.
Hoje lembrei-me de
Hélbia, minha primeira paixão. Fiquei por uns instantes com saudades de Hélbia.
Mas não era uma moça. Hélbia era a marca da bicicleta do meu primo, a mais
incrível bicicleta que já pedalei.