sábado, 19 de janeiro de 2013



     Hitler vai dirigir Hospital Walfredo Gurgel: pacientes serão dependurados de cabeça para baixo

(Alemanha – Urgente) O chanceler Adolf Hitler deverá assumir a direção do Hospital Walfredo Gurgel nos próximos dias, a fim de dar início a um amplo programa de reformas que inclui sua transformação em campo de concentração modelo. A proposta de Adolf Hitler é desenvolver experiência inovadora no setor: transformar o hospital em ambiente de teste de venenos e outras substâncias deletérias, a fim de estimar a capacidade humana de suportar dores e sofrimentos intensos.
Adolf Hitler analisa o projeto a serm implantado no RN

Segundo o ministro Joseph Goebbels, a situação do Walfredo em termos de humilhações, falta de ética e descasos com a saúde e dignidade humanas é elogiável, mas isso pode ser bastante ampliado com a vinda de Hitler para dirigir o hospital. 

Citando um exemplo, disse que em vez de os doentes ficarem estirados no chão à espera de atendimento que nunca é feito, com a nova direção eles serão amarrados pelos pés com grossas correntes e dependurados de cabeça para baixo.

Quando não houver mais espaço os doentes serão levados a subterrâneo a ser especialmente construído. Lá também serão dependurados de cabeça para baixo. Os que se revoltarem serão processados na forma da lei, disse Goebbels e acrescentou:

"Deitados no chão eles ocupam precioso espaço. Dependurados, haverá possibilidade de grande acumulação de corpos num mesmo espaço", acentuou, considerando que isso é um "grande avanço" em termos de atendimento hospitalar. Acrescentou que com tal procedimento pretende amentar em muito a mortalidade. O objetivo é criar nova fonte de rendas para o erário, e explicou:

"Todos os que morrerem serão vendidos ao Haiti. Ali serão transformados em zumbis e terão emprego garantido em filmes de terror classe B, nos Estados Unidos. Como se vê, um campo de concentração também fomenta cultura."

Hitler, por sua vez, garantiu que os doentes do Walfredo Gurgel terão direito a chibatadas e choques elétricos. Os mais privilegiados serão levados a câmaras de gás, que utilizarão os mais modernos e mortíferos gases recentemente descobertos. Quem escapar receberá a medalha de "Grande sobrevivente" e terá direito de participar da propaganda oficial que enaltece a qualidade da administração do Rio Grande do Norte.

Quanto aos médicos, caso não queiram colaborar serão metidos a ferros, terão os diplomas cassados e em seguida serão considerados "insanos e temíveis". A seguir, serão internados em clínica psiquiátrica sob a direção do conceituado Dr. Hannibal Lector, de onde somente sairão após total cura. "Coisa bem difícil", destacou.

Hitler manifestou grande interesse e disposição em dar ao Rio Grande do Norte essa grande colaboração em termos de saúde pública. Segundo assegurou, quando o  Walfredo começar a funcionar sob sua  direção, os novos métodos, moderníssimos, serão grandemente aplaudidos. Especialmente quando tiver início a segunda fase, a ser desenvolvida no restante da rede oficial de saúde, interior do RN.

Ali, o objetivo é dotar os hospitais de câmaras de torturas a fim de que os doentes morram o mais rápido possível. "Com isso economizaremos verba oficial, que poderá ser utilizada na construção de estádios de futebol e clubes de dança, onde as pessoas irão comemorar as grandes vitórias esportivas."



segunda-feira, 14 de janeiro de 2013



Deus, Cascudo, Nossa Senhora e o lobisomem
Acredito em Deus, quero bem a Nossa Senhora, tenho medo de lobisomem. Aprendi esta norma com Luís da Câmara Cascudo durante uma entrevista ao cair da tarde. Olhando da casa do Mestre o Potengi, admirados os dois com a beleza do poente, começamos a falar das coisas indizíveis ligadas aos mistérios, dos mitos, das lindezas  que inebriam e que a mente humana fabula ou crê, verdade ou não.

Nesse momento, não sei porquê, cismei que Cascudo era ateu, mesmo ele me falando da beleza onírica do sol se desmanchando. Eu poderia ter pensado nele como panteísta, mas pensei ateu. E perguntei: – Professor, o senhor é ateu?
http://www.sescsp.org.br/sesc/revistas/revistas

Ele sorriu e respondeu: – Não, meu filho, não. Acredito em Deus, quero bem a Nossa Senhora, tenho medo de lobisomem – e ergueu a mão em belo gesto.

Na hora a perspicácia do repórter pegou na palavra o professor: – Mestre, o senhor acredita em lobisomem?

Cascudo tinha para mim a autoridade do tempo, o poder da velhice avoenga, a solidez de quem conhecia o passado e o passado do passado. Era estudioso do povo e de suas coisas, mas não precisava acreditar nelas. Esse o sentido de pergunta.

A resposta veio perfeita, linda, magnífica. Como somente Cascudo a poderia dar.
Disse: – Não, meu filho, não. Não acredito em lobisomem nesta Natal iluminada, com as ruas cheias de gente, carros por todo lado; barulho, coisas da urbanidade. Mas se você me perguntar se acredito em lobisomem no sertão, perdido eu nas solidões da noite do sertão, a cruviana assoviando nas orelhas do cavalo, eu sozinho em noite de lua, noite de lua cheia, eu digo que sim, meu filho. Aí eu acredito em lobisomem. 

Tive vontade de chorar. Corri para a Tribuna do Norte para escrever a matéria.