Cordelíricas Nordestinas marca Dia da Poesia em Natal
Documentário produzido por equipe potiguar tem como
tema a Literatura de Cordel no Nordeste. Produção é patrocinada pelo Ministério
da Cultura
A literatura de
cordel ganha destaque especial no próximo dia 14 de março, dia da poesia, com o
lançamento do documentário Cordelíricas
Nordestinas. A obra retrata a poesia popular, reunindo depoimentos de
poetas e pesquisadores sobre os aspectos e a história do Cordel. O lançamento
será na Pinacoteca do Palácio da Cultura, às 18
h, e faz parte da
programação em comemoração ao dia da poesia, organizada pela Fundação José
Augusto.
Em um passeio
poético, o cordel é apresentado em todas as suas formas de expressão no
documentário. O caminho é repleto de versos, poéticas e depoimentos que levam a
refletir sobre as diversas nuances dessa arte. E para guiar esse passeio, os
produtores do vídeo foram em busca das vozes e vivências de quem produz e
valoriza a Literatura de Cordel no Nordeste.
O documentário Cordelíricas Nordestinas, produzido pelo
coletivo de produtores independentes Caminhos
Comunicação & Cultura, é patrocinado com recursos do Prêmio Mais
Cultura de Literatura de Cordel do Ministério da Cultura, na edição 2010, que
homenageia o poeta Patativa do Assaré.
O Cordel é uma arte
popular caracterizada por uma seqüência de versos que se encadeiam para contar
uma história, e geralmente divulgada em folhetos amarrados em cordões, em
bancas de revistas ou nas feiras livres. No documentário, essa arte é retratada
com o objetivo de valorizar a riqueza das raízes populares brasileiras de
maneira lírica.
Cordelíricas
Nordestinas
Em aproximadamente 50
minutos de duração, o documentário destaca a figura do poeta sertanejo e os
diversos aspectos que compõem a Literatura de Cordel. A tradição do cordel, as
normas técnicas, a métrica, a poética, as xilogravuras, entre outros aspectos são
evidenciados através de depoimentos de cordelistas e também de pesquisadores da
cultura popular com foco no cordel nordestino.
“O cordel é poesia, é
cultura popular, é história narrativa, é a arte de rimar, cordel é coisa da
gente, é canção, rima e repente, tudo num mesmo lugar”. Essa descrição em forma
de versos do cordelista José Acaci, que também é entrevistado no documentário,
resume de forma lírica as formas de expressão que a literatura de cordel
abrange, um dos aspectos retratados na obra.
Cordelíricas Nordestinas aborda também a história do cordel, uma arte
originária da trovadoresca Europa medieval, que há muito tempo foi incorporada
e ressignificada se constituindo numa das identidades do povo sertanejo.
O reconhecimento que
a mulher vem alcançando dentro da produção do cordel é outro aspecto
evidenciado no vídeo. São destacadas a sensibilidade, a inspiração e também a
luta pelo seu lugar na literatura popular, já que o cordel durante muito tempo
foi uma atividade em que predominava a figura masculina.
O período de
produção, incluindo pré-produção, filmagens, edição e finalização durou cerca
de 1 ano e seis meses. Foram
entrevistados mais de 30 nomes representativos do cordel do Rio Grande do Norte
e de outros estados nordestinos. Entre eles, os paraibanos Medeiros Braga,
cordelista que publicou vários livros e mais de 80 títulos em cordel, e Bráulio
Tavares, que além de compositor, também é cordelista e pesquisador dessa arte.
Guiando o passeio, os
poetas potiguares Antônio Francisco, um dos cordelistas de grande destaque no
Nordeste, e Crispiniano Neto, que escreve versos há cerca de 20 anos, falam a
partir de suas vivências sobre as características do cordel nordestino.
A equipe também ouviu
repentistas, com destaque para o pernambucano José Edinaldo dos Santos, mais
conhecido como o Ceguinho Aboiador. Uma das gravações foi realizada na
cerimônia de criação da Academia norte-rio-grandense de Literatura de Cordel,
quando diversos membros da academia foram ouvidos pela equipe de produção.
No Rio Grande do Norte, além de Natal e Mossoró,
foram realizadas filmagens em Parnamirim, Acari, Serra do Mel, Sítio Novo e
Venha-Ver. Além da gravação de depoimentos, foram acompanhados também eventos
que fazem parte do universo dos cordelistas, cantadores de viola e repentistas.
Em Mossoró, a equipe gravou durante o I
Festival de Cantadores do Nordeste, evento que reuniu alguns dos melhores
cantadores do Nordeste para apresentação de versos de improviso. E em Acari, a Pega
do boi no mato, também foi registrada pela equipe.
Direção
O documentário Cordelíricas
Nordestinas é fruto de uma parceria entre os jornalistas Alexandre Santos e
Bruna Mara Wanderley, que pretendiam destacar a literatura de cordel em uma
obra audiovisual e viram no edital do Ministério da Cultura, uma oportunidade
de concretizar a ideia. Além da inspiração, os dois dividem a direção do
documentário.
Além de jornalista, Alexandre Santos é fotógrafo e documentarista.
Ele trabalha com produção audiovisual há nove anos e é um dos fundadores do
coletivo de produtores independentes Caminhos
Comunicação & Cultura, que realiza projetos com foco na valorização da
cultura popular. Entre suas produções se destaca a série Alma das Ruas, que retrata, em cinco documentários de
curta-metragem, aspectos da vida de personagens da vida real, que vivem nas
ruas de Natal. Um de seus trabalhos mais recentes, o curta Maré Alta, foi selecionado em 1º lugar no III Festival internacional
de Cinema de Baía Formosa, e será exibido no próximo mês de abril, no Festival
Off Plus Camera, na cidade de Cracóvia, na Polônia.
A jornalista Bruna Mara
Wanderley atua com produção cultural e musical, e estreia na direção
audiovisual com o documentário Cordelíricas
Nordestinas. Ligada às expressões artísticas pela vivência no teatro,
música e dança, ela também integra o coletivo Caminhos Comunicação &
Cultura, tendo atuado em diversos projetos culturais de capacitação na área
audiovisual, realizados pelo grupo. Em sua experiência com a área audiovisual,
destaca-se a produção do documentário ficcional Mais que um filme legendado, lançado em 2008, sobre os anseios da
comunidade surda no Rio Grande do Norte.
Distribuição
O lançamento do documentário Cordelíricas Nordestinas contribui para a valorização da cultura
popular através da difusão do vídeo no Estado. Serão feitas mil cópias do vídeo,
que serão distribuídas em todos os municípios potiguares.
Além disso, o projeto contempla uma versão voltada
para o público surdo, com o uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras. Nas
cópias que serão distribuídas, também está prevista a inclusão da audiodescrição,
um recurso de tecnologia
assistiva que transforma o visual em verbal, contribuindo para a inclusão de
pessoas cegas junto ao público de produtos audiovisuais.
Na estreia do
documentário, a equipe do Coletivo
Caminhos Comunicação & Cultura pretende reunir os entrevistados e
pessoas que colaboraram para a obra ser realizada em uma noite que renderá
homenagens à poesia popular nordestina.
Mais informações sobre a produção do documentário
através dos telefones: (84) 8810-7111 (Dayana Oliveira), 9173-6180 (Alexandre
Santos) ou 9157-6340 (Bruna Mara Wanderley).