Adeus, Novo Jornal; aquele abraço
O fim do
Novo Jornal é mais um passo para o encerramento do ciclo impresso do jornalismo
no Rio Grande do Norte. Paradoxalmente, é num texto de internet que lamento a
despedida de um jornal impresso que, quando foi lançado, era magnífico em diagramação
e qualidade de texto.
Depois, aos poucos, tristemente,
tornou-se feio, bisonho, desinteressante em forma e conteúdo. Salvavam-se
apenas os colunistas de opinião, crônica e articulistas.
As reportagens sumiram, o
noticiário perdeu o impacto, os títulos afastaram-se de sua picardia; deixaram
de ser coloridos e fortes, agressivos e poderosos, magníficos como dribles de
Garrincha. O jornal murchava a olhos vistos.
Lembro de matéria assinada pelo repórter
Paulo Nascimento, que durante toda uma manhã meteu-se num caminhão de lixo e trabalhou
exaustivamente como gari. Suou, cansou-se e produziu texto vigoroso, belíssimo.
Isso é jornalismo, feito por repórter
de jornal impresso. Faz a diferença.
E o que dizer de Rafael Barbosa e
suas incursões no submundo das delegacias e do crime? Conversas com marginais,
captura da vida bandida, caçada à dor e ao medo, encontro com o ódio escondido nas balas,
o criminoso contando sua história, vítima chorando os seus mortos...
Falo com alguma autoridade pois fui
repórter policial e sei como é entrar num carro de reportagem e sair à procura
da desgraça.
Tudo isso sumiu do Novo. A equipe
era boa, mas a orientação editorial, na fase de sucumbência, não permitia mais
a grandeza dos tempos de fundação do jornal.
Afinal, ontem alguém ligou-me
dizendo que o Novo ia acabar. Lamentei. Comprei exemplar da última edição. Espero que a Tribuna do Norte saiba
resistir.