sábado, 27 de junho de 2009

Foto: Alize Freudenthal
Pátria amada
Emanoel Barreto

A Pátria é a mãe, o seio amado.
Aqui, de antemão o peito é morto.
E sabe-se lá quem lhe dá ao seio
a serpente que um dia a matará.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

A morte de Michael Jackson
Emanoel Barreto

Vou contra a maré e sei disso: a morte de Michael Jackson mereceu destaque excessivo das coisas de jornal. Refiro-me a destaque de primeira página. Pelo tipo de pessoa que era, ou seja artista voltado para comportamentos escandalosos, sempre em busca de autopromoção, a TV seria o veículo típico para repercussão deste teor. O jornalismo impresso, mesmo devendo registrar o fato, que tem seu valor noticioso, deveria estar voltado para questões de maior essencialidade, como política e problemas sociais.

Isso demonstra o quando o formato televisivo contaminou o fazer do impresso, impregando-o com seus valores e enquadramentos. Parto de uma questão que sempre me faço se sou encarregado de determinar uma pauta aos repórteres: até que ponto esse notícia influirá na vida das pessoas? Qual o seu potencial de mudança socialmente positiva ? No caso de Jackson, nada.

Claro é de de lamentar a morte de alguém ainda jovem; claro que foi um artista importante. Mas, daí a ocupar radicalmente o lugar de uma manchete voltada para o social, vai uma larga distância. Que ele, depois de tudo o que fez e do que foi acusado, descanse em paz.

quinta-feira, 25 de junho de 2009






A resistência dos maus
Emanoel Barreto


O Estadão diz: Alvo de investigação da Polícia Federal, o esquema do crédito consignado no Senado inclui entre seus operadores José Adriano Cordeiro Sarney - neto do presidente da Casa, o senador José Sarney (PMDB-AP). De 2007 até hoje, a Sarcris Consultoria, Serviços e Participações Ltda, empresa de José Adriano, recebeu autorização de seis bancos para intermediar a concessão de empréstimos aos servidores com desconto na folha de pagamento. Ao Estado, o neto de Sarney disse que seu "carro-chefe" no Senado é o banco HSBC. Indagado sobre o faturamento anual da empresa, ele resistiu a dar a informação, mas depois, lacônico, afirmou: "Menos de R$ 5 milhões."
...
Impressiona-me ao nível da perplexidade como o poder nas mãos dos corruptos chega a pontos tão elevados. O velho soba Sarney pai é uma espécie de ente tentaculado, a espalhar suas más influências de tal forma que torna a coisa pública algo privado.
Resiste com inenarrável capacidade a todas as pressões, oculta-se, move-se, age, dribla acusações e agora diz: está sendo alvo de campanha midiática que visa sua destituição do cargo de presidente da Casa.

Sarney é apenas um ator político, apenas a parte do iceberg que avulta no mar de lama em que flutua o Senado. A Casa é corrupta medularmente. Sarney e seus iguais, que são muitos, representam o que há de pior da cena política brasileira. E ao que parece, isso não vai mudar tão cedo.


terça-feira, 23 de junho de 2009

...e aí, em Mossoró ficou todo mundo com cara de otário...
Emanoel Barreto

Vi estarrecido, no YouTube, a presença de dois atores do Pânico na TV exopondo ao ridículo a cidade de Mossoró. O pior é que foram pagos pela Prefeitura para "fazer a divulgação" do evento Mossoró Cidade Junina. Fizeram e fizeram bem feito: a cidade foi escrachada como sendo o "inferno", "ovo podre" e distante da "civilização".

Caracterizados como o presidente Lula e como Cristian Pior (referência a Cristian Dior), deram um espetáculo de grosseria e brutalização dos valores de um povo. O ator que representava Lula desfazia e degradava qualquer pessoa com quem falasse. Cristian Pior, uma figura ridícula e efeminada, perpetrava cenas degradantes, ofendia as pessoas, agredia a dignidade de quem caísse sob as lentes de sua produção.

Acho que caberia à Prefeitura alguma atitude. Afinal, os atores agiram de má-fé e desprezaram qualquer resquício de ética. Suponho que algum advogado encontrará em seu comportamento alguma tipificação criminal que os faça receber punição.
Quanto à Prefeitura, pagou caro pela humilhação que ela própria mandou chamar.


segunda-feira, 22 de junho de 2009

O Senado vomita
Emanoel Barreto

O senador Cristovam Buarque propôs há pouco que o presidente do Senado, José Sarney, se licencie do cargo por cerca de 60 dias, a fim de que as investigações a respeito dos atos secretos administrados pelo diretor da Casa, Agaciel Maia, sejam apurados. Buarque afirma que a "velocidade de Sarney" não coincide com a "velocidade da opinião pública", que exige medidas drásticas no enfrentamento da crise moral, mais uma, que brota nos pântanos da Casa.

Ao que parece, começa a ficar insustentável a posição de Sarney. Para amanhã, está previsto pronunciamento do senador Eduardo Suplicy, também relativo ao assunto. Está na hora, está bem na hora, de que aquela Casa comece a entender-se como Legislativo, em vez de ambiente espúrio, cheio de tramas e tenebrosas transações.

Alguém precisa ser punido. Há corrupção demais ali. Perdoe-me talvez pela grosseria, mas o vômito que jorra do Senado precisa ser tratado com remédio amargo.