sábado, 8 de agosto de 2015

Saudades de Ticiano Duarte




A vida é uma demora que passa muito depressa
Foto: Claudio Abdon

Emanoel Barreto

A notícia da morte de Ticiano Duarte chegou-me como um murro. Foi meu professor no curso de jornalismo e colega de redação na Tribuna do Norte. Amável, bonachão, a imagem que me vem foi quando o vi pela primeira vez na velha redação do jornal: rua Tavares de Lyra, Ribeira, tendo ao fundo o estuário do Potengi e suas águas amigas de Natal. Corria o mês de outubro de 1975. Eu tinha 24 anos e começava a trilhar a senda maravilhosa e terrível, o fado de ser jornalista. Você, Ticiano, já tinha muito tempo de estrada.

Cigarro numa piteira você percorria o espaço acanhado da redação, falava com um e com outro e, sem se importar de ser meu professor, sentava-se lado a lado e redigia artigos abordando a política local ou nacional. Lembro de certa vez quando reclamava da pasmaceira da cidade “onde nada acontecia”, e sentenciava: “Assim, fica difícil fazer jornal.”

Mas, claro, sua habilidade sempre dava um jeito e, dia seguinte, lá estava o texto: perfeito, abordando tema de relevo. 

Ok, Mestre. Saudades. 
Daquele outubro de 75 até o dia de hoje é como se eu tivesse vivido uma espécie de longo e imperceptível segundo; a vida escorrendo da gente a cada passo do dia. Adeus. Abraços. Obrigado pela generosidade.

De sua morte, Professor, brotou-me a seguinte lição: a vida é uma demora que passa  muito depressa. Adeus.