“A batalha pela alma dos Beatles”
Diz-se que os Beatles marcaram época. Não exatamente: os
Beatles marcaram o mundo. Sua obra tem e terá repercussões que se alongarão ao
longo da história. É por isso que os mais legítimos representantes da geração
anos 1960 ainda hoje são alvo de estudos, controvérsias, homenagens e, claro,
saudade.
Representaram uma geração que começou ingênua, tornou-se
pirracenta e, afinal, politicamente ativa. Estudar os Beatles, conhecer sua
obra e carreira é de alguma forma mergulhar na história recente. Isso pode ser
encontrado no livro "A Batalha pela Alma dos Beatles", de Peter
Doggett, jornalista inglês.
Pelo que vi na Folha trata-se de documento imprescindível
para a compreensão do fenômeno Beatles. Compartilho a matéria com você.
Processo de separação dos Beatles ganha retrato minucioso em
livro de jornalista inglês
ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA
Os Beatles criaram a trilha sonora dos anos 1960 e
representaram, mais que qualquer outro artista, a ingenuidade, a beleza e o otimismo
daquela década.
Para autor, Paul
tentou "fazer as pazes" com John depois do livro
Mas a separação da banda, em 1970, foi marcada por ódio,
vingança e processos judiciais. Um fim triste para o grupo que sonhou em mudar
o mundo.
O jornalista inglês Peter Doggett escreveu o livro
definitivo sobre o longo e doloroso processo de separação dos Beatles: "A
Batalha pela Alma dos Beatles", que acaba de sair no Brasil pela editora
Nossa Cultura.
Mesmo quem conhece a história dos Beatles vai se surpreender
com o detalhamento do livro de Doggett. Ele revela todos os pequenos
desentendimentos que acabaram virando abismos intransponíveis no relacionamento
da banda.A história da Apple, a utópica e malsucedida gravadora da
banda, é contada com minúcias, assim como as complicadíssimas batalhas
judiciais pós-separação.
"Venho coletando material sobre os Beatles desde 1970,
quando era apenas um fã da banda", diz Doggett à Folha. "Quando
chegou a hora de escrever o livro, eu já havia entrevistado muitas pessoas num
período de 20 anos."
Entre elas, Doggett destaca as de Yoko Ono e de Louise, irmã
de George Harrison (1943-2001). "Foi fascinante falar com Louise e saber
detalhes sobre como George recebeu a notícia da morte de John [Lennon]."
Mas a entrevista mais reveladora, segundo o autor, foi a de
Derek Taylor (1932-1997), o assessor de imprensa dos Beatles. "Falei com
ele pela primeira vez em 1988", conta.
"Taylor foi incrivelmente honesto sobre as qualidades e
fraquezas dos Beatles como seres humanos e sobre os problemas que tiveram com a
Apple."
Doggett afirma: "Os Beatles descobriram algumas grandes
verdades: você não pode se envolver em negócios sem se tornar um negociante;
você não pode entrar no mercado sem se tornar um capitalista; você não pode
supor que, só porque você tem ideais fortes, o resto do mundo vai dividi-los
com você".
BRIGAS E
SOCOS
O livro surpreende pelo teor raivoso das brigas, que só
pioraram depois que John Lennon (1940-1980) começou a levar Yoko para o
estúdio.
George Harrison não suportava Yoko e chegou a sair da banda
depois de trocar socos com Lennon, que imediatamente sugeriu Eric Clapton para
o lugar de Harrison.
Outro caso que mostra o grau de ódio entre eles aconteceu
depois de um ensaio da música "Across the Universe", de Lennon,
quando Paul McCartney teria dito: "Tem uma influência oriental que
realmente não combina aí", deixando no ar se estava se referindo à música
ou a Yoko. "Fiquei triste por eles", diz Doggett. "Eles
cresceram confiando nas pessoas que estavam próximas. Depois de 1969, no
entanto, se viram sem ninguém em quem pudessem confiar."
"O que mais me impressionou foi que eles continuaram
a
fazer música nos anos 1970, mesmo tendo reuniões diárias com advogados e quando
todo mundo estava querendo processá-los e eles estavam processando uns aos
outros", completa.
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A
BATALHA PELA ALMA DOS BEATLES
AUTOR
Peter Doggett
TRADUÇÃO
Ivan Justen Santana
EDITORA
Nossa Cultura
QUANTO
R$ 69 (512 págs.)