sábado, 25 de fevereiro de 2017

Mais de mil palhaços no salão

http://forum.jogos.uol.com.br/panela-dos-palhacos-tristes_t_2992172
''Coloquei minha casa sobre o nada
e por isso o mundo me pertence.''
                (Johann Wolfgang Goethe)

E então chegou o Carnaval-Brasil. Há festa e a seca se serve do sofrimento do homem no sertão. Mais de mil palhaços no salão.

Chegou o carnaval e bandidos no Rio alvejam passantes em vingança à morte de um traficante. Mais de mil palhaços no salão.

É carnaval e as crianças esmolam nos sinais. Há fome e ranger de dentes. Mais de mil palhaços no salão.

É carnaval: os hospitais públicos são locais de sofrimento e dor. Os planos de saúde comerciam a medicina e fazem da saúde uma mercadoria. Mais de mil palhaços no salão.

O carnaval chegou; os tamborins estão tocando, as cuícas roncando e os gringos aportam para o seu período de orgia. O turismo sexual dá lucros e quadrilhas se enriquecem. Mais de mil palhaços no salão.

O carnaval está aí. Meninos e meninas são usados como objeto sexual, servem ao dinheiro e a seus adoradores. Famílias se dobram ao peso da miséria. Mais de mil palhaços no salão.

Evoé, Momo! A gasolina subiu de preço. Mais de mil palhaços no salão.

O carnaval está em todas as alegrias. Mas alguém vai morrer depois de comprar alguma droga a um traficante; uma menina será ofendida e humilhada por um turista rico; o grande capital financeiro quer dominar os destinos do País; as universidades continuarão precisando de dinheiro enquanto um idoso estará sofrendo em alguma fila, implorando alguma miserável ajuda oficial. Mais de mil palhaços no salão.

Depois, quarta-feira-de-cinzas: mais de mil palhaços, mais de mil palhaços...

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017



O massacre do Serra elétrico

Os anunciados problemas de saúde de José Serra o retiraram da marcenaria do Ministério das Relações Exteriores para levá-lo a atividades ligadas à decoração de interiores.
Ou seja: agora vai atuar nos elegantes salões do PSDB para assegurar-se como candidato à sucessão de Temer.  
Ou seja: agora tratar de aplainar, se preciso com o uso de formão, enxó, machado e pua, sua candidatura à presidência.
Engaiolado no Ministério ele deixava livre Aécio Neves, que, ligeiro como um pássaro, lustrava suas plumas tucanas para ano próximo disputar a sucessão do marido da Sra. Temer.
Notando que as coisas não estavam boas no campeonato político, Serra – que como ministro estava na coluna do meio, pois tinha pouca mobilidade para cabalar apoios a seu projeto pessoal - ajustou o colete ortopédico e cravou coluna da direita.
Pronto, agora vai voando de volta ao Senado onde usará suas habilidades de marceneiro para podar, cortar, devastar, destruir e destocar a floresta semeada por Aécio, pré-candidato declarado.
Junte-se a isso o fato de que as novas delações da Odebrechet estão para explodir – é o que se diz. Isso pode provocar uma grande inundação, pegando muita gente no meio da travessia. Serra incluso. E o rio é largo e profundo.
Assim, é melhor começar a usar a serra, cortar madeira e fazer uma casa na árvore mais alta. Nada garante que dê certo. Mas, pelo menos, será uma tentativa.
Resumindo: ao sair do Ministério Serra fica faceiro, bem mais elétrico, e poderá, não tenha dúvida, tentar massacrar a candidatura de Aécio. Ou seja: o massacre do Serra elétrico tentará deixar Aécio numa fria, ou, aproveitando o trocadilho, jogar Aécio na situação de Abominável Homem das Neves.  


terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

O povo e o tormento político

http://circuitomt.com.br/editorias/politica/68708
"Cada povo tem o governo que merece." O ditado é cínico e reducionista, mas em alguma coisa nele encontro razão. Ou seja: os políticos não vêm de outro planeta; não são, portanto, alienígenas: nem no sentido dos filmes de seres do espaço ou na acepção de pessoa de outro país. Nada disso: os políticos brotam do mesmo solo social que o restante da sociedade a quem eles, normalmente, costumeiramente, atormentam. 

No Brasil não somos o povo do jeitinho, do funcionário que aceita propina para dar andamento no processo, do sujeito que toma lugar de cadeirante no estacionamento, que suborna policial de trânsito? Somos. 

Então essa cultura, esse estado de coisas, migra, é naturalizado e chega aos escaninhos do Poder, aos gabinetes, aos escritórios das grandes companhias. E daí isso salta para leis que prejudicam, agregam-se às grandes negociatas, tornam-se prática abominável, mas tidas como demonstração de esperteza, sabedoria.

Tal situação somente se modificará com uma ação persistente, firme, constante, consistente. É preciso punir o grandão, o tubarão, como é preciso punir o funcionariozinho que ganha a gorjeta. Da mesma forma é preciso reagir  aos pequenos trambiques, ao desrespeito cotidiano daquele que toma vaga de velhinho em fila, tranca o outro no trânsito. 

Caso continuemos valorizando a esperteza permanecerá a ordem da perversidade. E os políticos continuarão os mesmos, porque mesmo será o povo que os elegeu e de alguma forma avaliza seus péssimos procedimentos.