sábado, 16 de junho de 2012


CADÊ O FORRÓ?
Leide Franco

Tradição cultural deveria ser lei irrevogável. Patrimônio histórico que ninguém tem o direito de meter a mão. Deveria existir uma lei que protegesse todos os direitos da memória de um povo. Falo do forró [o legítimo]. Mas isso só seria coisa séria se morássemos em outro país. Ao falar em forró, por todo esse texto, leia-se ritmo musical típico da região Nordeste do Brasil, tirado do som da sanfona, zabumba e triângulo. Um som alegre com influências do xote, baião e xaxado, que tornou-se mais popular no Brasil por volta de 1950.

Brasil é um país sem memória. Por que? Porque vive reinventando os costumes numa tentativa de "neorrepaginar" o que existe. É impossível manter as origens. Inventou-se, na década de 90, o forró universitário. Pelo amor de Luiz Gonzaga, se o Sudeste quer curtir o forró, respeite-nos! Ah, é feio para o Sudeste, lado desenvolvido do país, reproduzir a cultura de nordestinos, é? Que seja ou não. Agora é inaceitável que peguem o nosso forró, arrasta-pé, bate-chinela e transformem nesse ritmo cheio de som de bateria e guitarra e ainda fazer a gente consumir esse produto industrialmente fabricado é um tanto demais. E ainda chamar de revitalização do forró é dar na cara da gente.

O pior não é ver o produto chegar enlatado de lá. Cruel é ver que nós mesmos reproduzimos. Junho é mês festeiro. É mês de festas juninas ou joaninas em homenagem a São João. É uma celebração trazida pelos portugueses, ainda durante o período colonial (época em que o Brasil foi colonizado e governado por Portugal). Danças, fogueira, fogos de artifício, comidas típicas, alegria e Zezé di Camargo e Luciano, Luan Santana, Leonardo, César Menotti e Fabiano, Fernando e Sorocaba e os Aviões do Forró e o Forró do Pegado, Cavaleiros do Forró, Calcinha Preta e o Grafith tocando nas principais cidades festeiras do Nordeste. 

O que diria Câmara Cascudo sobre o nosso presente?
Ah, meu povo, é triste ver como estamos perdendo o rumo, perdendo a noção e a importância que a força cultural de um povo exerce sobre a nossa história. Que memórias irá guardar a geração jovem? Serão lembranças descartáveis. 

Quem me conhece sabe que não tolero nenhum desses cantores/bandas citados acima, mas até respeito, pelo menos tenho tentado respeitar quem gosta. Impossível é aceitar a descaracterização da tradição e empurrar esse tipo de música goela abaixo quando o mês é do forró, é brincar com a nossa paciência. É só um mês, temos outros onze para todos os "tecnoneosertanejos" do mundo. Ah, mas as coisas mudam, avançam, evoluem. O que é evolução?

Produto bom é produto que vende. É claro. Essa é a prática adotada nesse sistema queorganiza as festas juninas. Prática fomentada pela mídia que visa o lucro. O forró autêntico, pé-de-serra, aquele que faz arrastar os pés parece não caber entre as atrações. É feio. Antigo. Ultrapassado. Démodé. Dançar forró hoje é fazer cambalhotas, pinotear. Ouvimos solos mal feitos na guitarra. Nem vou falar da qualidade das letras musicais, rende outro texto inteiro. Cadê as sanfonas de Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Sivuca? Cadê o ritmo de Elino Julião, Elba Ramalho, Genival Lacerda, Jackson do Pandeiro. Cadê o forró?
 
 Sindicato dos Corruptos
Nota Oficial

Ficam todos os associados a esta entidade avisados que a todo bom corrupto assiste o direito de corromper, usufruir, fraudar e desviar fundos públicos, sendo-se-lhes garantida impunidade absoluta, bem como o direito de não produzir provas contra si. 
 
Tal direito é consuetudinário e, portanto, o corrupto pode e acima tudo deve exigir seu cumprimento. Advertimos que qualquer corrupto que não exigir o que lhe é de direito será alvo de ação por parte deste Sindicato, que zela pelo bom nome e integridade das normas e bons procedimentos que assistem à nossa profissão. 

Enfatizamos que o descumprimento das leis é norma pétrea e basilar da corrupção e que o descumprimento do descumprimento é passível de punição, exigindo-se de cada associado adesão irrestrita a tais formalidades. A corrupção tem contribuído enormemente para a construção de obras faraônicas e atos conexos, o que comprova a importância de nossa presença na vida pública e na manutenção do bem-estar social. 

Destarte, este Sindicato reafirma seu apoio aos associados que estejam na mira da Justiça a fim de que, ao final do processo, saiam todos ilesos e bem dispostos, aptos, portanto, a dar continuidade a seus necessários e urgentes misteres.

A Presidência

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Candidato a vereador anuncia: Natal e todo o Estado serão transformados em gigantesco e formidável hospício

Fui procurado ontem em minha tipografia por um elegante corvo– informo que tipógrafo sou, tendo cumprido aprendizado com o mestre Gutenberg. 

Como cavalheiro elegante, aquele nobre homem vestia-se a caráter: fraque pretíssimo impecável, cartola e monóculo. Procurou-me para anunciar sua candidatura a vereador nas próximas eleições, garantindo que seu mandato muito enobrecerá a já muito nobre Câmara Municipal de Natal, este infeliz burgo.
http://arquivosdoinsolito.blogspot.com.br/2009/05/inteligencia-de-corvos-intriga.html
 Segundo disse, sua proposta gira em torno de dois projetos essenciais: a transmigração da ambiência legislativa e a transformação do Rio Grande do Norte em um hospício, onde, por efeito de alucinação midiática, todos os moradores serão felizes e viverão em paz e conforto.

Pedi-lhe explicação a respeito de tão doutas intentonas e mo explicou com graves ademanes jurídico-comunicacionais. Fiquei pasmo, como você, leitor deste pobre coranto, também o ficará. Eis o que me disse:

1)      Transmigração da ambiência legislativa é a nova doutrina jurídica a ser implementada por ele, quando eleito. Isso significa, explicou, que as leis que proporá terão âmbito ampliado para todo o Estado, deixando, portanto, de inscrever-se na jurisdição de Natal, disciplinando, assim, a esfera estadual;
2)    Isto feito, proporá a Lei da Alucinação Midiática e a imediata transformação de todo o Estado no almejado hospício.

Detalho agora: com a aplicação da doutrina da Transmigração da Ambiência Legislativa, e com sua vigência em todo o Estado, será determinada a criação do Hospício Único de Saúde. Com isso, todo o Rio Grande do Norte será cercado por altíssima muralha a fim de que nenhum, ninguém ou alguém possa escapar.

Isto feito, a propaganda oficial dos governos passará a ser a realidade oficial a ser aceita, proclamada e juridicamente imposta pela Lei da Alucinação Midiática.

Como todos estarão legalmente loucos, a alucinação será a verdade instituída e a ela todos estarão adstritos sob as penas da lei, penas essas que são: 1) Envio de todos os dissidentes a sala especial onde serão obrigados a assistir 24 horas por dia à propaganda oficial. 2) Os recalcitrantes serão lobotomizados. 3) E se mesmo assim os lobotomizados insistirem em que a propaganda oficial não é a verdade serão levados à pena capital. Após a execução, serão mandados ao Haiti, onde competente junta de feiticeiros os transformará em zumbis.

Somente após tal tratamento terão autorização para voltar a Natal ou, resistindo ainda, encaminhados a Hollywood a fim de que trabalhem em filmes de terror tipo “B”, proibidos eternamente de regressar à nossa cidade, então a mais feliz das metrópoles no mais feliz dos Estados.

A transmigração da ambiência legislativa, garantiu-me o corvo, será a maior prestação de serviço que a Câmara Municipal de Natal prestará ao infeliz Estado do Rio Grande do Norte, dentre tudo o que já fez de bom e de justo.

Ao perceber que ele me parecia um homem completamente louco, o corvo anunciou que, para cumprir seus intentos, conta com o magnífico apoio de grupos de pressão, cuja presença financeira garantirá que venha a ser eleito.

Argumentando em favor de suas pretensões disse, teorizando: “A realidade é complexa. Nela coabitam a realidade mesma, aquela onde estamos inseridos, e a realidade virtual, aquela dos anúncios. E sendo esta parte daquela, é realidade em si, uma vez que a propaganda nada mais é do que a simbolização do real. Ou seja: é verdade que a propaganda existe e, existindo dentro do real, é o real que deve imperar e orientar, viger e ser vivido.”

Quando argumentei que isso é loucura, rebateu: “Mas a loucura, a alucinação, será o real vivo. A alucinação que proponho será a realidade; realidade invertida, mas realidade vigente: portanto, a realidade melhor. E como quero o melhor para o povo, de Natal e do Rio Grande do Norte, devemos escolher o melhor: a loucura será esse melhor. E como todos os loucos devem ser confinados a bem da ordem pública, o Estado será elevado à condição de hospício, já que os loucos não podem ser soltos sob risco de graves transgressões, não concorda?.”

Dito isto, bateu asas e voou.

Tentei voltar a trabalhar, não consegui. Com muita dificuldade consegui compor este coranto. Por momentos temi pela minha sanidade mental. Teria eu visto mesmo um corvo em minha tipografia? Teria mesmo aquele elegante cavalheiro comparecido com tamanhas proposituras?
Então, liguei a TV e vi um anúncio oficial, garantindo que tudo está bem e que nossa realidade é a melhor, no melhor dos mundos.

Não, concluí. Não estou louco: o plano do Corvo é que já está em ação. Há muito tempo.  Eu é que não havia percebido...








quarta-feira, 13 de junho de 2012

Recebo e repasso

UFRN inicia instalação de internet gratuita e sem fio na Grande Natal

Vinte e uma instituições em cinco municípios e sete escolas estaduais sediadas na Grande Natal serão beneficiadas com a construção da Rede Metrópole Digital, uma Rede Metropolitana sem Fio, que prevê a instalação de 50 Telecentros e 60 pontos de acesso gratuito à Internet em municípios da Região Metropolitana de Natal.

Essa Rede sem Fio está sendo implantada pelo Instituto Metrópole Digital (IMD) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e tem o objetivo de dar suporte às atividades do Instituto e promover ações de inclusão digital junto à população do Estado. O suporte às atividades do Instituto inclui o atendimento aos alunos dos cursos oferecidos pelo IMD em horários de aula, através dos Telecentros.

Nos horários alternativos, os Telecentros irão atender à população e possibilitar a oferta de treinamentos e cursos de interesse geral, que venham a ser disponibilizados. Dessa forma, através dos pontos de acesso à Internet, afirmou o coordenador da Fase 2 do Metrópole Digital, Sergio Vianna Fialho, o projeto se propõe a contribuir para a inclusão digital da população.

O projeto da Rede Metrópole Digital recebeu R$ 3.974.898,05 do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) para instalação da infraestrutura de rede e compra de kits compostos de 11 computadores, mesas e cadeiras, equipamentos de rede para interligar esses computadores, estabilizadores, nobreaks, televisão e ar condicionado.

Esses kits se destinam à implantação dos Telecentros e estão sendo repassados para as prefeituras, que se responsabilizam pelas instalações físicas adequadas, além de disponibilizar um funcionário para acompanhar as atividades dos Telecentros.

Iniciada em junho de 2011, a Rede Metrópole Digital está concluindo a instalação de Telecentros e pontos de internet nos municípios de Parnamirim, Extremoz, São Gonçalo do Amarante, Vera Cruz e Monte Alegre.

Nas escolas estaduais Edgar Barbosa, Felizardo Moura e Berilo Wanderley, em Natal, o Governo do Estado, através da Secretaria de Educação, já concluiu a reforma dos espaços onde foram instalados os Telecentros. Ainda em fase de reforma, com previsão de conclusão em breve, estão as escolas 15 de outubro, Mirian Coeli, Floriano Cavalcanti e CENEP.

A UFRN deverá cancelar os convênios assinados com as prefeituras de Natal e São José de Mipibú por não terem cumprido sua parte na implantação do projeto, que era executar a adequação das salas selecionadas para receber os equipamentos dos Telecentros.

“A Prefeitura de Natal ultimamente sequer atende às ligações da Universidade para informar sobre o estado destas obras de adequação”, informou Sérgio Fialho.


Segundo Fialho, os municípios de Macaíba, Ceará-Mirim e Nísia Floresta, que também fazem parte da Região Metropolitana de Natal, não chegaram a celebrar os convênios de cooperação com a UFRN e perderam a chance de participar do projeto neste momento, pelo não cumprimento dos prazos concedidos pela UFRN.

“Os equipamentos previstos para esses municípios deverão ser relocados para outros Telecentros”, acrescentou Sergio Fialho.

Encontrei e compartilho Festival MPB 6 Caetano

terça-feira, 12 de junho de 2012

http://tabernadoveon.blogspot.com.br/2011/01/o-castelo-de-neuschwanstein.html

A minha namorada 
é especial: mora num castelo 
e tem sempre à mão 
um cálice de pétalas.

 A ela um brinde, 
uma vida 
e tudo o mais que eu possa fazer.

domingo, 10 de junho de 2012

Recebo e divulgo

Uma reflexão dobre a greve dos professores da UFRN

Caros,
Roberto Hugo Bielschowsky fez na lista de discussão Ciranda uma excelente reflexão sobre a conjuntura do movimento docente, que compartilho com vocês. É longa, mas é detalhada e profunda.
Vale ler porque ajuda a pensar na resposta que devemos dar ao plebiscito do dia 12 próximo e, no meu caso, reforça o "não" que vou responder.
Abs,
Josimey

---------- Mensagem encaminhada ----------
De: Roberto Hugo Bielschowsky <rhbiel@ccet.ufrn.br>
Data: 9 de junho de 2012 22:33
Assunto: Re: [Ciranda] A GREVE QUE SE DESENROLA NAS IFE
Para: ciranda@ufrn.br


Prezado Claudemir e demais colegas,  gostaria de saudar sua iniciativa ao deflagrar  um   debate a partir da nota do CNG do ANDES de 02/06/2012 que você  nos disponibilizou, ao mesmo tempo em que nela realizava  alguns destaques. Aproveito para fazer três destaques naquela nota do CNG, seguidos de alguns comentários e questionamentos:
I – Sobre o papel dos discentes. Diz a nota do CNG do ANDES:
“Destaca-se o papel dos discentes que, organizados, também entraram em greve em quase todo o país. Em 01 de junho, já existiam estudantes de 31 universidades públicas mobilizados, confirmando, em assembléias nas suas instituições, a importância da luta em defesa de 10% do PIB para a educação, uma universidade de qualidade, em que eles tenham acesso a uma formação voltada para o trabalho e não meramente por emprego. Para isso, necessitam de currículos adequados, professores em condições de orientá-los, com tempo disponível para estudo, acesso a laboratórios; uma política de assistência estudantil que garanta acesso a restaurantes universitários, residência universitária, bibliotecas equipadas. Os estudantes, ao engrossarem o movimento paredista, têm consciência que a greve pode trazer prejuízos eventuais, mas que prejuízos maiores ocorrerão se ficarem fingindo que a expansão da universidade é democrática e que garante direitos. Expansão sem qualidade é exclusão.”
Duas perguntinhas aí:
I.1 –  O que significa mesmo dizer que os discentes, “organizados, também entraram em greve em quase todo o país”?   Será assim?  
I.2 - Será que nossos estudantes na UFRN estão dispostos a “engrossarem o movimento paredista”, como diz a nota?
I.3 -  Que tal, na segunda-feira, cada um de nós disponibilizarmos esta observação do CNG do ANDES a nossos alunos em sala de aula, com o objetivo de consultá-los  acerca de nosso plebiscito de terça e desta disposição de que fala a nota do CNG?
II – Sobre estrutura de carreira. Diz a nota do CNG do ANDES:
“A manutenção de uma remuneração composta de vencimento básico e gratificações, proposta pelo governo, somada à introdução de uma retribuição por projeto (RP) contribui para a competição individualista e a mercantilização do conhecimento e aprofunda a quebra da isonomia e paridade. Não se trata de uma mera mudança de carreira. Trata-se de um projeto político de educação que pretende dar sustentabilidade a uma hegemonia burguesa do capital.”
Esclarecendo:
II.1 - A única gratificação mantida nas propostas que estão na mesa de negociação é por titulação. O ANDES entende que tem que ser incluída nos salários, a serem classificados por nível de titulação.
II.2 – O ANDES é contra retribuição por projetos institucionais (de ensino, pesquisa e extensão), em ambas as carreiras, assim como já se posicionou contra as bolsas de pesquisa do CNPq em outros momentos, sob a ótica que este tipo de remuneração “contribui para a competição individualista e a mercantilização do conhecimento e aprofunda a quebra da isonomia e paridade”. Será que os professores das IFES têm este   mesmo entendimento  acerca da possibilidade de retribuição por projetos institucionais?
II.3 – A proposta do ANDES, supostamente em contraposição a um “projeto político de educação que pretende dar sustentabilidade a uma hegemonia burguesa do capital” (??????!!!!!!!,rssssss......) prescreve uma carreira em 13 níveis, com 5% na passagem de um para o outro, por tempo de serviço, na prática e com entrada no nível I da carreira. Sem nenhuma exigência de avaliação  “produtivista”, ou de qualquer outra natureza e eliminando a categoria de titular (ou seja, qualquer professor sênior que queiramos contratar terá que entrar no nível I).  Com um salário inicial com base no salário mínimo do DIEESE para o professor 20 horas e sem nenhuma especialização. Isto corresponde a  mais de R$12.000,00 para o professor doutor com DE, no nível I e a mais de R# 23.000,00 no nível 13.
II.4 - Há quem entenda que a lógica da “carreira” proposta pelo ANDES tem sua racionalidade maior pautada em  facilitar a unificação das lutas dos servidores públicos federais por reajustes lineares. Pelo menos isto bate com a persistência na qual as entradas em greve do ANDES desde 1995 para cá,  com exceção desta de 2012, tinham como eixo central articular lutas conjuntas com as demais categorias de servidores públicos federais.
III –  Sobre a greve nacional dos demais SPF. Diz a nota do CNG do ANDES:
“Há uma mobilização nacional dos demais Servidores Públicos Federais que poderá culminar em uma greve nacional a ser deflagrada a partir do dia 11 de junho. É necessário manter mobilizados a todos os que aderiram ao movimento, continuar crescendo e ampliar o debate político com toda a sociedade.”

III.1 - O ANDES está na  “comissão de frente” da greve a ser deflagrada a partir de 11 de junho por reajustes lineares de salários para todos os servidores, como seria natural. Nada contra  uma luta conjunta por reajustes lineares de todos os servidores, muito pelo contrário.  Contudo, a maioria das categorias, que igualmente compõem a comissão de frente desta greve geral dos servidores,  como a dos servidores das IFES via FASUBRA,  já negociou suas carreiras com o governo nos últimos 10 anos, via de regra,  com grandes vantagens específicas. Por outro lado, o orçamento federal para reajuste salarial, obviamente tem limites. A pergunta natural aí seria, sobretudo pensando na hipótese da movimentação dos SPF vingar: “Alguém que acompanhou de perto as greves do ANDES de 95 para cá tem alguma dúvida sobre qual lado da equação “Pauta conjunta com demais servidores X Lutas específicas por categoria” pendem os corações e mentes de nossos comandantes do ANDES?

Conclusão: Honestamente, não tenho bola de cristal para saber  se toda esta movimentação de greve dos professores das IFES será positiva ou negativa, ao final das contas. Contudo, sobre alguns pontos tenho quase-certezas:
i - O espaço de negociação que está aberto com o governo até o fechamento do orçamento federal a ser enviado em meados de agosto ao Congresso Nacional  não será ocupado pelo CNG do ANDES com um mínimo de racionalidade visando o que é essencial nesta discussão específica de carreira.
ii – A possibilidade da negociação Proifes-Governo vir a bom termo não é algo dado, mas tem uma possibilidade importante de dar bons frutos e é onde acho que devamos depositar nossas fichas daqui até o final de julho.
iii – A  luta por uma estrutura de carreira nos moldes que propõe o PROIFES me parece perfeitamente adequada, se vier junto  com a vitamina indispensável para que seja atrativa aos jovens candidatos a ingressar na carreira. O fato do MEC ter chamado a si a bandeira da equiparação com MCT me parece uma variável importante aí, pois corresponde a um acréscimo de mais de 50% no volume de salários que nos são pagos atualmente.
iv - Não vejo a menor possibilidade da equiparação com MCT sair em 2013 numa só tacada. Tampouco vejo diferenças fundamentais entre ser   5% em 2013, 20% em 2014 e 20% em 2015 ou 15% em três parcelas, a ponto de justificar uma entrada em greve agora, no finalzinho do semestre letivo e relativamente longe de agosto. Até entendo que a disputa pelo orçamento de 2013 em agosto será muito mais acirrada que agora, e que isto favoreceria uma entrada em greve já, caso estivéssemos centrados em disputar exclusivamente o orçamento de 2013. Porém entendo também que, pela correlação de forças que enxergo no tabuleiro, bem como pelo fato que estamos disputando uma fatia do orçamento de 2014 e de 2015, e não apenas este de 2013, o timing mais correto para nossa  entrada em greve seria claramente  o início do próximo semestre, caso nada significativo se concretize na mesa de negociações com o governo até lá. Neste caso, provavelmente engrossaremos a greve do ANDES que, segundo os  comunicados de seus CNGs, continuará “firme, forte e coesa” até o fim dos tempos, sobretudo caso o movimento dos SPFs  tiver  algum vigor.
v - Cenário provável, caso o movimento dos SPFs se fortaleça até agosto e venha a pressionar significativamente o Congresso Nacional e o governo por ocasião da discussão do orçamento federal para 2013:    PROIFES,   de um lado, com  prioridade  na luta pela nossa carreira com as forças que souber acumular e ANDES, de outro,  com prioridade em botar seu bloco nas ruas junto  com os valorosos companheiros do movimento dos servidores públicos federais, visando pressionar Congresso Nacional e governo, possivelmente contabilizando algumas vidraças a mais quebradas,   na luta pelo  reajuste  linear de salários dos SPFs.  Como a esperança é a última que morre, espero que, ao menos em agosto, ANDES e PROIFES consigam ter o bom senso de sentar para articular minimamente o que realmente interessa aos seus representados naquela arena.

Professores da UFRN, façam as suas apostas... 

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Josimey Costa