sábado, 8 de agosto de 2009

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A salvação está no disco-voador
Emanoel Barreto

Caminhava pela rua escura e estreita. Um vento frio escorria por aquele corredor de casas e batia em seu rosto encrespado, o corpo trêmulo. Lá adiante viu brilhar uma luz azul e calma. Caminhou sem pressa em sua direção. Era um disco-voador. A porta se abriu. Entrou. Antes, atirou para fora um jornal onde se lia: "Homem-bomba mata mais 15 no Iraque". O disco pratiu a velocidade estonteante. Felicidade. Afinal, estava livre da Terra.
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ZOORÓSCOPO
MINHOCA - Caros consulentes: os nascidos nesta casa zooastrológica têm, por isso mesmo, o destino traçado. São os trabalhadores humildes. Aqueles que fazem os serviços gerais, servem o cafezinho, os trabalhos de casas e mansões. São as assim chamadas pessoas invisíveis. Agem, mas não são notadas, estão presentes mas não se lhes dá atenção. Trabalham nos escuros túneis dos serviços subalternos e reclamam apenas o seu mínimo salário.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Já que está, deixa ficar
Emanoel Barreto

Um dos motivos para a manutenção de um estado de coisas onde imperam a desigualdade e injustiças sociais é a indiferença. A letargia social, que alheia o cidadão e obscurece seu juízo crítico, permite que situações históricas de exploração e espoliação se façam mais que permanentes, tornem-se eternas.

Percebemos isso agora, quando não se vê qualquer reação de sociedade civil frente ao covil em que se transformou o Senado. Aparentemente distante, a sociedade não se manifesta ante o descalabro, a imoralidade, os atos mais cínicos da tropa de choque que defende o soba maranhanse Jose Sarney.

A indiferença, assim, se transforma no motor da alienação. Tudo é festa, especialmente para aqueles que se nutrem da fome imposta ao povo. Ao que parece, salvo fato novo, nem Sarney nem os atos secretos serão banidos. As pessoas, qualquer pesquisa pode constatar, já se acostumaram com o "não vai acontecer nada", repetem esse refrão como um mantra e passam a entender as patranhas como coisa dada e natural.

Você imagina isso acontecendo nos Estados Unidos, França ou Itália? Certamente não. Primeiro, porque não aconteceria mesmo e, ocorrendo, sem dúvida as multidões acorreriam às ruas, em protestos e indignação.

Não se trata de qualidade ou característica de um povo essa indignação. Não, não é. Aqui, isso resulta de longo e leniente processo histórico de acatamento da ordem da desordem, da prevalência das elites, tornando universais os seus interesses. O brasileiro não "é", em essência, indiferente. Nenhum povo o é. Somos o amálgama secular do predomínio das elites.

E enquanto não nos acostumarmos a protestar - não falo em bagunça ou arruaças - a fazer valer nossa voz de sociedade civil, tudo ficará como está. E, como já está, tende a ficar.
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ZOORÓSCOPO

TUBARÃO BRANCO - Talvez você conheça alguém nascido neste zoosigno. São grandes, fortes - econômica e fisicamente - e podem ser facilmente vistos pilotando aquelas Hilux. As previsões indicam que seu futuro, próximo ou distante, será pleno de riquezas e fartura. Mas, acautelem-se. Não tentem casar como mulheres em Orca. Serão tragados ou se acabarão em grande luta judicial pela posse dos bens do casal em caso de divórcio.



quarta-feira, 5 de agosto de 2009


Do conluio aos búfalos
Emanoel Barreto

Aos políticos, o mais das vezes, imprensa somente é boa quando deles lhes fala bem.
Quando se dá o contrário trata-se de "conluio", "conspiração de mídia". Os jornalistas cometemos erros, sim. Até por má intenção, dolo, interesses escusos do profissional ou da empresa jornalística. Mesmo assim, a presença do jornal é essencial para a manutenção da democracia, para irrigar o organismo social com a informação que brota desse mesmo social.

Jornalismo, medicina, pedagogia e direito formam os pilares de uma sociedade que se pretenda democrática. O jornal pela já mencionada divulgação; a medicina por pressupor acesso de todos à saúde; pedagogia pela presença direta na formação da consciência cidadã, e direito pela participação essencial ao arcabouço jurídico, que determina o proceder social disciplinado.

Todas, em complexo, têm ligação direta, mesmo que não percebida, com a realidade política e portanto histórica nos destinos de uma nação. O jornalismo, em sua ação cotidiana, é ator fundamental ao ecoar de alguma forma o falar e os gritos da rua. Portanto, precisa ser exercido com vigor. E todos aqueles que em seu exercício desabonam esse fazer, devem receber as punições legais.

Mas não é por isso que, sob o apanágio da legislação, se aplique a censura, com está se fazendo com o Estadão, proibido de continuar veiculando denúncias contra o presidente do Senado, José Sarney.
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Zooróscopo

Búfalo: os nascidos neste zoosigno são brutais. Usam de sua capacidade para ferir, abater e atacar como forma de intimidação, portanto, de convencimento pela estupidez. Exemplo claro está no ex-presidente e hoje senador Fernando Collor, que, com olhar de fúria possessa, ameaçou o Pedro Simon quando este repudiava Sarney e citava Collor como figura nefasta à vida pública brasileira. Mulheres em Beija-flor não devem contrair matrimônio com homens de búfalo. Sofrerão horrores.


terça-feira, 4 de agosto de 2009


O leão contra os chacais
Emanoel Barreto

O que se viu ontem no Senado, com o senador Pedro Simon sob fogo cerrado de Collor de Melo e Renan Calheiros, é o que se poderia chamar de princípio da inversão: o primeiro, que a mim se afigura como uma espécie de reserva moral do Senado e do Congresso, desrespeitado por dois homens de passado e presente políticos no mínimo duvidosos.



O primeiro defendendo o que acho que já se tornou uma causa nacional: a retirada de Sarney da presidência do Senado, já que não se pode atirá-lo de lá pelas janelas da história; os dois defendendo alguém que a mim se afigura como a encarnação do que há de pior na vida pública brasileira, algo como uma síntese perfeita da corrupção e degenerescência política.
O leão contra os chacais, estes protegendo raivosamente o pedaço de lixo sob sua guarda.

Espero que hoje os canhões do parlamento voltem a troar, artilharia pesada martelando incessantemente. A imprensa, no caso, cumpre papel primordial. Jornalismo pode e deve ser a continuação da política por outros meios. Manchetes e textos devem estar a serviço da sociedade, ajudando a demolir os ídolos de pés de barro, cuja queda representará de alguma forma o resgate, mesmo que somente parcial, da honradez no Senado e no Congresso.


domingo, 2 de agosto de 2009

Desembargador Dácio Vieira; sua mulher Angela; a mulher de Agaciel, Sanzia; José Sarney; Agaciel Maia; e o senador Renan Calheiros no casamento da filha de Agaciel. (Foto: Reprodução)

O povo tá comendo vidro
Emanoel Barreto

Sob censura por decisão do desmbargador Dácio Vieira, amigo de Sarney, o Estadão assesta suas baterias procurando reverter a decisão e com isso continuar publicando matrial relativo à Operação Boi Barrica, que expõe o presidente do Senado como lamentável figura que se utiliza do cargo para beneficiar familiares, além de envolvido em sonegação de impostos.

As figuras da foto são amicíssimas. Compõem o que os americanos chamam de um "team", um time, equipe coesa e coerente com seus propósitos de continuar no olimpo do poder. É impreioso que se reverta essa decisão.

É meridianamente visível que Sarney pode e deve ser acusado por formação de família. A viscosidade moral imperante no Senado é feita à custa do sofrimento de milhões de brasileiros. Como diz Alceu Valença: "O povo tá comendo vidro. Se tá pior, vai piorar."