sábado, 17 de janeiro de 2009

Jason Reed/Reuters
O trem da história: de Lincoln a Obama
Emanoel Barreto

Os tempos velhos - Um dos pilares para a construção da nacionalidade é o culto a tradições, a rituais cívicos e a evocação a um passado coletivo heróico e a figuras mitificadas. Isso dá dimensão ao conceito de pátria. É claro que a figura de uma "pátria" tem permitido a aproveitadores e mistificadores de todos os tipos o seu uso para projetos políticos pessoais, uma vez que o chamamento da Pátria tem o condão de provocar multidões às maiores loucuras, substituindo nas pessoas a razão pela paixão. Hitler é o exemplo mais perfeito.

Mas, em situações históricas diversas, alguma manifestação de respeito às tradições é importante. E o povo americano sabe como ninguém expressar seu respeito ao passado, à fundação heróica do país e da nação.

Exemplo bastante elucidativo é a tradicional viagem de trem que os presidentes eleitos fazem da Filadélfia até Washington, mesmo percurso cumprido por Abraham Lincoln em 1861, antes de tomar posse na Casa Branca. Barack Obama não fugiu à regra e, apesar das baixas temperaturas foi esperado por multidões. Parou em Wilmington, Delaware, para receber Biden, seu vice, e em Baltimore, onde discursou, conversou com os presentes por alguns minutos, mas não falou com os repórteres.

A cerimônia de posse, no National Mall, deverá reunir pelo menos dois milhões de americanos. A mobilização reafirma a fé no sonho americano, a visão que um povo tem de si mesmo como líder do mundo e sociedade exemplar, a ser seguida por todos, democrática, arrojada e predisposta quase geneticamente ao heroísmo e à inovação.

Nada disso é verdade, mas, lá, é uma "verdade" inquestionável, porque eles mesmo disseram que sim e nisso passaram a acreditar. Suas tradições são fiadoras dessa fé. Isso é bom e mal. Bom, porque mantém a utopia nacional, de estar em permanente aperfeiçoamento. E mal, porque esse "aperfeiçoamento" resulta numa nação hegemonista, que defende seus interesses literalmente a qualquer custo. Hiroxima e Nagasáqui não me deixam mentir.

Aqui, nossa pobre patriazinha, como dizia Vinícius, quando muito espera o dia seguinte e a próxima remarcação de preços. Já é uma forma de utopia. Vamos ver se evolui para algo, digamos, maior.
ZOORÓSCOPO
ORCA - Os poderosos, arrogantes, pertencem muitas vezes a tal zoosigno. problema é que disputam em águas onde Tubarão também tem interesses e com isso têm sempre conflitos em seu horizonte próximo. Não devem casar, portanto com pessoas nesta casa e muito menos com Beija-flor. Com os primeiros terão desavenças terríveis. Com os segundos serão tão brutais, que logo o casamento será desfeito.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Quando as mãos falam mais que a boca
Emanoel Barreto

O monólogo das mãos é forte grito.
Não ouve quem não quer ouvir.
Nossas mãos, de alguma forma,
têm uma estranha vida própria
e se estiram e falam e dizem.
As mãos escrevem no ar,
no gesto crispado como garras,
ou no discurso eriçado de espinhos,
toda a tragédia diária.
Que se esconde
na alma e não fala,
pois a alma é silêncio e não pode falar.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O diabo deve ficar no inferno
Emanoel Barreto

Hitler de volta - A BBC-Brasil informa: Hitler voltou às primeiras páginas de jornais na Alemanha. A responsável por isso é uma editora britânica, que está lançando esta semana nas bancas do país uma série de edições originais de jornais alemães da era nazista. Entre elas, a reimpressão do diário nazista Der Angriff (O Ataque), fundado em 1927 por Joseph Goebbels, futuro ministro da Propaganda do Terceiro Reich.
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A editora britânica que fez o lançamento diz que trata-se apenas de trazer a público fac similes de jornais que se transformaram em documentação de um período histórico. Liberdade de expressão à parte, trata-se de empreendimento arrojado, porém perigosíssimo.

Certamente haverá aqueles que verão os exemplares como documentação viva de todo o horror nazista e sobre ele lançarão reflexões, para que não se repita. O problema é a possibilidade de uso das publicações como reforço e propaganda nazista ativa, num país até hoje traumatizado pelo hitlerismo.

Ainda hoje, o porte de símbolos como a suástica e outros são proibidos e filmes de propaganda nazista somente podem ser vistos por pessoas com finalidades acadêmicas, historiadores, sociólogos. E a autobiografia de Hitler, intitulada Mein Kampf (Minha Luta), de Hitler, não pode ser reeditada. Por precaução, é melhor deixar o diabo no inferno.

ZOORÓSCOPO

ESCORPIÃO - Para longe deles. Por natureza intratáveis, são traiçoeiros e cruéis. E quando se decidem a atacar, o fazem silenciosamente. A perfídia é seu modus operandi, o carreirismo é sua meta. Lembra da história do escorpião e o sapa? Pois é. Longe deles, se vive muito melhor.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Marilyn Monroe em foto de Bert Setrn

Uma mulher gravemente bela
Emanoel Barreto

Era uma mulher gravemente bela.
Envolta em transparente nuvem.
Era uma mulher gravemente bela.

Em aventura louca de vida, viveu intensamente instantes de marfim, momentos translúcidos, janelas de cristal que se abriam para um céu que acabava nas asas do sem rumo.

Era uma mulher gravemente bela.
Tão bela, que Narciso lhe tocou com dedos róseos e a fez acreditar que o sonho era a vida mesma. Por isso, era uma mulher gravemente bela.

Trocou a luz cintilante do orvalho pelo espetáculo do crepúsculo que fulmina de repente as vidas jovens. E, por ser uma mulher gravemente bela, viu-se inesperadamente coberta pelo escuro denso que existe em todos os sudários. Era uma mulher gravemente bela.

ZOORÓSCOPO

BALEIA - Eis aqui uma casa zoosígnica intrigante. Comumente, os dessa casa são vistos como grandalhões, desajeitados, ridículos, até mesmo. Mas, na sua essência, são pessoas boas, suaves porém corajosas. Empreendem grandes viagens no oceano da vida e conseguem superar as grandes distâncias entre a vontade como passo inicial e a realização como objetivo distante. Deve-se valorizar a amizade dos de Baleia, deixando-se de lado a prepotência mesquinha dos nascidos em Mosquito.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Na ilha das sereias
Emanoel Barreto
Afinal, o Paraíso - As coisas de jornal da net informam pela BBC Brasil: O governo do Estado de Queensland, na Austrália, está oferecendo o que considera "o melhor emprego do mundo": o de zelador de uma ilha paradisíaca.
O local de trabalho é a ilha Hamilton, uma das 600 ilhas da Grande Barreira Coralina --o maior recife de coral do mundo, que abriga um complexo e diverso ecossistema.

Para governo de Queensland, na Austrália, a vaga oferece "o melhor emprego do mundo".
A vaga é para um contrato de seis meses e o salário é de US$ 150 mil (R$ 235 mil) pelo semestre --o que representa pouco menos de R$ 40 mil mensais.

Entre as responsabilidades está a coleta das correspondências, alimentar tartarugas marinhas e peixes, limpar as piscinas, observar baleias e mergulhar. O governo esclarece que o candidato não precisa de qualificações acadêmicas, mas saber mergulhar, nadar e ter espírito aventureiro.
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O olhar da imaginação vai longe e constrói a tranquilidade mansa de águas preguiçosas. O mar como abraço, o vento como amigo, praias como território da paz. Ondas que dançam como dengosas feiticeiras; quem sabe, ali existem sereias.
ZOORÓSCOPO
TANGARÁ - Dizem, é o pássaro que dança. Nos zoosignos, designa as pessoas alegres, elegantes, charmosas. Que têm na vida particular atração pelo modo afável de tratar, gestos finos e amizade profunda. Precisam, contudo, temer contatos com alguém de Tubarão. Afinal, na vida nem tudo são flores. E mesmo os especiais devem tomar cautela com os brutamontes.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Sérgio Lima/Jorge Araujo/Folha Imagem

Apareceu a margarida, olê-olê-olá...

Emanoel Barreto

Para fazer bonito - A ministra Dilma Roussef prepara seu new look eleitoral. Já refeita de uma cirurgia plástica, ela apareceu como a margarida, mas não está em seu castelo. Ou seja: não vai ficar parada nas altas torres, como fez Rapunzel. Vai é mesmo para a frente, para o front da política, a fim de que sua imagem, bastante melhorada, diga-se de passagem, comece a ser mostrada e, o mais importante, lembrada.

Política tem muito de espetáculo, isso desde os tempos clássicos. Ou alguém já esqueceu o discurso de Marco Antônio ao lado do corpo de César, enlouquecendo as multidões para justiçar seus assassinos? O espetáculo na política consiste num processo claro-escuro. Os atores políticos apregoam meias verdades, mentiras completas, desvãos e encantos, feitiçarias do marketing e afinal o eleitor é fisgado.

Especialmente em países como o nosso, onde a fome ainda campeia e, por mais que se diga o contrário, o salário é pouco para um mês tão grande, e o político acostumou-se a utilizar de todos os recursos da retórica marqueteira, a fim de chegar ao pódio do mandato - sempre garantindo do povo que a fome vai acabar. Do jeitinho que a ministra Dilma está fazendo.

ZOORÓSCOPO

Peixinho de aquário - Triste sina: é muito bonito. E, pela própria beleza, só vive preso. Pense nisso.

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ISRAEL BOMBARDEIA A HUMANIDADE – II
Walter Medeiroswalterm.nat@terra.com.br

A convivência entre os países está ficando meio sem regras. Os atos desumanos imperam pela força, voltando-se ao estado de barbárie. Terra sem lei. Americanos e israelenses transformam o mundo numa espécie de Velho Oeste do Século XXI. Ou num estado criminoso de guerra, onde a força bélica age para exterminar populações inteiras, sob pretexto de caçar inimigos. Decidem quem vão matar ou prender e bombardeiam, enforcam ou mandam para Guantanamo.


Depois de bombardear a Faixa de Gaza por mais de duas semanas, matando multidões de palestinos que vai encontrando pela frente, o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert diz que está atingindo o objetivo. Que objetivo seria? Matar quantos palestinos? Cerca de 1.000 já foram assassinados, massacrados pelos tanques de guerra e bombas lançadas dos aviões israelitas.

Combate? Confronto? Que combate? Que confronto? Um exército que invade uma região e sai destruído prédios, exterminando famílias inteiras, populações inteiras, está combatendo a quem? Que forma estranha e desproporcional de reagir, já que dizem estar reagindo a ataques do Hamas. Que forma estranha de confronto, apontar, atirar e matar multidões desarmadas.

São inúmeros crimes de guerra já praticados por Israel neste período. Crime de guerra é para ser punido. Onde está o Tribunal? A acusação e os acusados já existem. São aqueles que promoveram o genocídio dos palestinos, sob pretexto de estarem se defendendo, a partir de bases falsas.

O palestino Hanna Safieh diz que “não podemos criar uma filosofia de ódio: temos de combater essa tendência, porque ideologia de ódio só traz mais ódio”, mas assegura que “Não existe força militar no mundo capaz de silenciar um povo”. É verdade. Para que se faça a paz é preciso que o mundo mostre a Israel que não aceita essa matança.

Da mesma forma que tem razão o PSTU ao afirmar que “Ao mesmo tempo em que é necessário reafirmar o repúdio aos crimes de guerra praticados pelo nazismo contra o povo judeu, é preciso também reconhecer que atualmente o que está sendo praticado pelo Estado de Israel contra o povo palestino se assemelha em muito ao método de eliminação física e limpeza étnica utilizado pelos nazistas”.

A resolução do Conselho de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) aprovada nesta segunda-feira condena Israel pela ofensiva militar na faixa de Gaza, o que mostra quão acintosa é aquela ação. A resolução pede também o fim imediato das hostilidades, seguindo o clamor de bilhões de cidadãos que estão indo às ruas no mundo inteiro. Aprova, ainda, o envio de uma missão de investigação independente para avaliar se as Forças de Defesa israelenses estão cometendo crimes de guerra.

Esperamos que seja o início da chamada à ordem de tantas ações autoritárias, violentas e desumanas. E que sejam punidos os que estão praticando esses atos de genocídio, para que o mundo restabeleça melhores formas de convivência entre os povos.

domingo, 11 de janeiro de 2009

A Justiça de topless
Emanoel Barreto

E ela resolveu se mostrar - Fontes bem informadas comunicaram-me que há poucos dias, na França, uma mulher que posteriormente foi identificada como sendo Themis, a deusa da Justiça, apareceu sem a parte de cima do biquine numa praia de nudismo. Por mais estranho que possa parecer, foi presa. Levada a um juiz, ela ainda tentou defender-se, dizendo que na praia todos estavam nus, enquanto ela, pelo menos, usava a parte de baixo do maiô.

Perplexa, disseram ainda as fontes, Justiça disse que a ação da polícia era um absurdo. E quis saber o real motivo de sua prisão, lembrando que tivera a idéia de fazer topless porque no Olimpo as coisas estavam calmas demais, chegando quase ao tédio. Ao insistir com o magistrado quanto ao motivo de estar detida, manteve com ele o seguinte diálogo, revelaram as fontes:

- Sr. Juiz, por que estou aqui?
- O que a senhora estava fazendo naquela praia? - indagou o juiz.
- Eu estava, como as demais pessoas, experimentando a liberdade de expor meu corpo. Que mal há nisso, já que a praia era de nudistas? - rebateu Justiça.
- Mas, - reagiu o magistrado - a senhora não estava fazendo mais algo?
- Como assim? - respondeu, perplexa. - Fazendo o quê?

- A senhora estava falando, conversando com alguém? - detalhou ele.
- Estava, estava falando- admitiu ela.
- Então, estava fazendo mais do que exibir-se seminua - continuou o juiz.

- Mas, há algum problema em falar? - questionou a bela mulher.
O juiz sustentou seu olhar no olhar de Justiça e disse: - E o que dizia?
Ao que ela respondeu: - As pessoas estavam me perguntando quem eu era. Diziam que era bela como Themis e eu respondi que não era bela como Themis: eu era, ou melhor sou Themis, a deusa da Justiça. E agradeci os elogios.

Ao que o juiz respondeu: - Ahhhh... Está aí o motivo da sua prisão. A Justiça não existe. É uma balela. É apenas uma lenda, entende? Uma lenda belíssima, criada pelos gregos antigos. E como os deuses gregos, como se sabe, jamais existiram, a senhora também não existe, e ao dizer que existe estava enganando as pessoas, dizendo que a Justiça existe. Assim, cometeu um crime, foi presa. E insisto: como juiz, sei que a Justiça não existe, é apenas uma lenda grega. E, quem disser o contrário, será preso também.

Bateu o martelo, dando o caso por encerrado.