sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010


 http://www.dgp.eb.mil.br/imagens/foto_GenSantaRosa.gif
General insubordinado é exonerado
Emanoel Barreto

A Agência Estado divulga: Brasília (AE) - Disposto a abafar o mais rápido possível novo foco de crise nas Forças Armadas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva endossou ontem a decisão do ministro da Defesa, Nelson Jobim, de exonerar o general Maynard Marques de Santa Rosa, do cargo de chefe do Departamento Geral de Pessoal do Exército. O general Santa Rosa criticou, em carta publicada na internet, a Comissão da Verdade, criada pelo governo para investigar crimes de violação aos direitos humanos durante o regime militar.



Ministro Nelson Jobim avalia que houve quebra de hierarquia e pediu a exoneração do militar que ocupa cargo no Exército Santa Rosa classificou-a como “comissão da calúnia”, dizendo que ela era composta por “fanáticos que, no passado recente, adotaram o terrorismo, o sequestro de inocentes e o assalto a bancos como meio de combate ao regime para alcançar o poder”.


Lula, que é comandante em chefe das Forças Armadas, afirmou que o afastamento do general era necessário para que “fique claro que não vai aceitar” este tipo de comportamento. O artigo do general Santa Rosa estava circulando na internet havia um mês e já era de conhecimento do ministro Jobim Mas ontem, com a divulgação de trechos da carta pelo jornal “Folha de S.Paulo”, Jobim entendeu que a opinião do general se tornara pública demais. Ou seja, não poderia mais ser considerado como opinião particular, como alegara o militar.
....
A exoneração do militar insubordinado deve servir de exemplo. Ele feria os princípios castrenses básicos disciplina e hierarquia. Forças Armadas, para funcionar como guardiãs da democracia devem, por princípio, respeitá-la, o que inclui necessariamente curvar-se ante as decisões de governo democraticamente eleito. Desviar-se de tal princípio é voltar-se contra o exemplo de Caxias.


A frágil democracia brasileira padece dos vícios da nossa sociedade, cuja licenciosidade cívica, por mais esdrúxula que possa ser esta formulação - em verdade a licenciosidade civil é anti-cívica - resulta nessa cultura de violência à sociedade. Violência aqui como equivalente de corrupção.


Agiu bem o governo, punindo na raiz problema que poderia eventualmente ter desdobramentos que, bem, prefiro nem pensar...

PENSANDO EM VOZ ALTA
(O preguiçoso)


Posso até nao ter realizado. Mas fui, sinceramente, quem mais pensou a respeito.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Madonna mia!!!!
Emanoel Barreto

A Folha informa que Madonna foi recebida em São paulo
pelo governador José Serra. Importantíssimo esse encontro.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u692250.shtml

É o que Nelson Rodrigues chamaria de complexo de vira lara. Um governador de estado
perdendo tempo em conversar com uma artista que não mantém qualquer contato sério com a
cultura nacional, nossos problemas e dilemas históricos.


Foi recebida apenas por ser americana e ter a seu dispor uma ciclópica máquina de propaganda que
 a coloca como uma espécie de deusa. Terá dado a Serra algum precioso ensinamento, quem sabe
o caminho para a felicidade geral da nação? Vai saber...
O terror como espetáculo remasterizado
Emanoel Barreto

A rede americana ABC News divulgou hoje novas fotos aéreas tiradas logo após os ataques de 11 de setembro de 2001, no World Trade Center, em Nova York.


As imagens foram obtidas por meio de um pedido judicial feito pela rede ao Instituto Nacional de Padrões Tecnológicos (Nist, na sigla em inglês) com base no Freedom of Information Act, ou lei sobre a liberdade de informação. Com o pedido, a rede disse ter obtido 2.779 fotos, em nove CDs. Muitas, tiradas de helicópteros, nunca tinham sido divulgadas.
O texto acima é da Folha.
.........
A necessidade de espetaculariz a realidade, mesmo em suas manifestações mais brutais, é uma das mais esquizofrênicas manifestações do jornalismo. A rigor, qual a utilidade, importância ou interesse na publicação dessas fotos? Ajudará na resolução de algum tipo de dúvida com relação ao ocorrido? Por suposto, não.

Todavia, uma auto-proclamada liberdade de informação serve de motivo para que tal ocorra. A sociedade do espetáculo, que traveste tudo em acontecimento de palco, tem na mídia sua maior manifestação.

Trata-se, no caso, de um processo de metalinguagem, em que o código do espetacular re-trata o que já fora espetáculo terrificante, esse, programado por artes da Al Qaeda, uma vez que o terrorismo age a fim de ocupar exatamente espaço e tempo no jornalismo.

A força do terrorismo está nos gritos que levanta a partir de uma ameaça contida em seus atos: o triste espetáculo da brutalidade não tem dia ou hora para acontecer, estabelecendo um processo de intimidação maior ou menor ante a possibilidade de sua repetição.

Reprisar as fotos é na verdade fazer renascer o que já é velho jornalisticamente, mas, como se diz, o show não pode parar.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

http://revolucionaria.files.wordpress.com/2009/02/corrupcao.jpg
A falência dos corruptos
Emanoel Barreto

A jornalista Marta Salomon, da Folha, registra na edição de hoje que o governo federal pretende fechar empresas flagradas em atos de corrupção. Diz a matéria:

Projeto de lei enviado ontem pelo presidente Lula ao Congresso para reprimir a corrupção contra a administração pública prevê multas de até R$ 6 milhões e o fechamento de empresas, em casos mais graves.


Caso o projeto seja aprovado como foi proposto pelo governo, pela primeira vez o patrimônio de empresas poderá ser atingido para ressarcir os prejuízos causados em fraudes de licitações, pagamento de propina a servidores públicos ou maquiagem de serviços e produtos vendidos ao governo.


No caso do fechamento da empresa, a punição dependerá de decisão da Justiça. Tratada no projeto como "dissolução compulsória", a medida poderá atingir empresas criadas para lavar dinheiro, por exemplo. A maior parte das punições poderá ser aplicada administrativamente, pelo próprio governo.


"Atualmente, a legislação prevê multas, mas os valores são muito baixos, não inibem a corrupção", observou o ministro Jorge Hage (Controladoria-Geral da União), que participou da elaboração do projeto. Segundo ele, hoje é "quase impossível", alcançar uma empresa flagrada em corrupção para recuperar o dano causado à administração pública.


Hoje, a punição mais pesada é a declaração de inidoneidade da empresa -o que bloqueia novos negócios com a administração pública. Foi o que aconteceu em 2007, por exemplo, com a construtora Gautama, flagrada pela Polícia Federal por fraude em licitação.


A CGU reúne, em cadastro disponível na internet, o nome de cerca de 1.400 empresas inidôneas ou que não podem celebrar contratos com a administração pública.


O projeto permitirá ao governo bloquear o acesso a incentivos fiscais ou a empréstimos em bancos oficiais a empresas flagradas em corrupção -além da cobrança de multas pesadas, que variam de 1% a 30% do patrimônio das empresas ou de R$ 6 mil a R$ 6 milhões. Os valores são semelhantes aos previstos em casos de formação de cartel ou práticas contrárias à concorrência.


Hage disse que a tarefa de flagrar empresas corruptas continuará difícil. "A corrupção não deixa gotas de sangue ou impressão digital. A identificação depende de todo um arsenal de inteligência da CGU, da PF e do Ministério Público, e de autorizações de escutas telefônicas e de quebra de sigilo, com todas as dificuldades que encontramos para isso no Judiciário."


O projeto de lei também é uma resposta a compromissos internacionais assumidos pelo Brasil em convenções contra a corrupção. A proposta que segue para o Congresso é semelhante à já adotada em países como Estados Unidos, Itália e, mais recentemente, Chile.


O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse que haverá empenho para que o projeto seja aprovado em ano eleitoral. "A maioria dos empresários e dos financiadores de campanha não quer corrupção", afirmou.


Relatório da Transparência Internacional divulgado no final do ano passado calcula que o pagamento de propinas movimente entre US$ 20 bilhões e US$ 40 bilhões por ano no mundo. Duas a cada cinco empresas entrevistadas afirmaram que os executivos foram convidados a pagar propina ao lidar com instituições públicas.


A Folha procurou a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base, mas a entidade não se manifestou até a conclusão desta edição.
......

Ao que parece, trata-se de sábia e já muito tardia decisão. A corrupção não é algo que existe por si. Ela é uma relação social, um estado de ânimo cultural instalado historicamente e que historicamente naturalizou-se. Ou seja: tornou-se "normal" esse tipo de comportamento, uma extensão do jeitinho brasileiro.

A corrupção é crime grave, sujo. É uma crime social, um crime que tem desdobramentos os mais laastimáveis porque desvia dinheiro que deveria ser aplicado em ações administrativas, destinando-o aos sumidouros escusos de empresas dirigidas por salteadores.

Como é dito na matéria, porque não deixa rastros de sangue, dá a impressão de ser menos terrível que aqueles que envolvem matança ou dores físicas. Mas, o que se atinge, na verdade, é o coração social, o corpo coletivo que sofre nas filas e nos hospitais mal equipados e com médicos desmotivados.

O dinheiro que sobra para os corruptos, falta a esses setores essenciais, onde se incluem segurança, educação, urbanismo e políticas públicas em geral. Espero como alvíssaras o anúncio das medidas contra os corruptos, cuja falência é urgente, cuja cultura do oportunismo e impunidade os tem mantido acima da lei.



segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

http://1.bp.blogspot.com/_ssoFPFjpFJs/SvBq78NrIvI/AAAAAAAAAtY/mvNB-yKOCkg/s320/Tio+Patinhas.jpg
É preciso controlar Tio Patinhas
Emanoel Barreto

O editorial a seguir é da Folha: O SISTEMA financeiro do Brasil sairá reforçado com a normatização dos rendimentos dos altos executivos de bancos proposta pelo governo na semana passada.



Seguindo compromisso firmado pelos países do G20 (grupo dos principais países ricos e emergentes), o Banco Central brasileiro colocou em audiência pública uma sugestão de regulamentação do ganho variável dos administradores de instituições -os bônus dos executivos- com o objetivo de desestimular a assunção de riscos excessivos.


O sentido básico da proposta é vincular os rendimentos dos gestores ao desempenho das instituições a médio e longo prazos.


É verdade que a medida responde mais a situações verificadas em bancos europeus e americanos do que em brasileiros. Como se sabe, apostas em práticas altamente arriscadas na busca de lucros estiveram na raiz da crise financeira que culminou com a falência do banco de investimentos americano Lehman Brothers, em 2008. Trata-se, entretanto, de mudança bem-vinda pelo seu caráter preventivo.


O aspecto positivo da proposta não deve obscurecer o fato de que o principal problema a ser enfrentado pela regulação bancária são os custos que o funcionamento do sistema financeiro impõe ao país. No Brasil, os níveis de spread -diferença entre o custo pago na captação de recursos e os juros cobrados nas operações de empréstimos- ainda estão entre os mais elevados do mundo, o que representa uma desvantagem competitiva para as empresas nacionais.


As autoridades encarregadas de supervisionar os bancos ainda estão devendo medidas mais decisivas de intensificação da concorrência, que possam contribuir para que o custo financeiro do investimento se aproxime dos padrões internacionais.
...
A necessária regulamentação dos bancos é medida urgente, a fim de por cobro à ação notoriamente maligna que essas instituições têm sobre o social. Exemplo recente e gritante foram ministrados pelos bancos americanos, cujos executivos, movidos pelo mais puro e louco desejo de lucrar a qualquer preço, resultou no terror financeiro que afinal atingiu a economia real e trouxe ao mundo momentos de incerteza - para colocar, digamos assim, a coisa, sem que eu recorra a palavras mais fortes.

Os banqueiros precisam ter sobre si a mão pesada do Estado, rastreando suas operações, detectanto seus intentos e suas tenebrosas transações. As consequências são a quebradeira dos setores produtivos, safando-se os banqueiros de pagar o preço por tudo o que fizeram.

Em suma, o que o Estado deseja é impedir a concupiscência financeira que habita a alma usurária dos banqueiros e os leva sempre a buscar nos trinta dinheiros do mercado mais e mais lucros, impondo à sociedade seu padrão negocial antiético e antissocial.

É que, no fundo, Tio Patinhas é, amigo, muito amigo dos Irmãos Metralha.