sábado, 13 de março de 2010

Raphael Falavigna/Folha Imagem

A morte de Glauco
Emanoel Barreto

A morte do cartunista Glauco, chocante sob todos os aspectos, é o triste registro do desaparecimento de um grande cronista da realidade urbana: os minúsculos e miseráveis dramas da condição humana manifestos num casal neurótico ou num filho edipiano, a corrupção endêmica, a brutalidade na infância criminalizada, a discriminação opressora sobre os índios, a secretária solitária e libidosa, desesperada por ter visto o tempo passar e jamais ter sido escolhida.

A Folha, onde editava seus cartuns, deixou em branco todos os espaços destinados a esse tipo de material, incluindo a charge editorial. Isso, num jornal cerebral como a Folha, não é pouco. Dá para avaliar o sentimento de perda. Sentimento também manifesto em editorial que, contrariando todos os padrões desse tipo de texto, manifestou-se em um olhar pungente, bastante próximo a uma crônica.

Perdeu-se o poeta, o homem religioso, seguidor do Santo Daime. Perdeu-se, enfim, um ator político. Sim, pois suas charges e cartuns eram pronunciamentos vigorosos, perplexos, revoltados. De alguma forma, como é comum ocorrer com todos os que sentem-se ligados a alguém a quem nunca vimos, mas de cuja convivência participamos na quase interação jornalística diária, sinto que perdi um amigo que sempre me brindava com o toque magistral do seu talento.

quinta-feira, 11 de março de 2010

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Tecnologia – Nokia e Samsung – Exemplos para o Brasil


Publicado por Arnobio Rocha em março 10, 2010

Chegamos mais uma vez a período eleitoral nacional e entramos no debate sobre projetos políticos, ideológicos, agora muito mais com a dupla queda dos muros:Berlim x Washington, abre-se uma oportunidade impar de discutirmos o futuro para nosso país. Gostaria de introduzir aqui uma reflexão que fiz em 2002,mas que vejo que está bem atualizada, sobre tecnologia e como o Brasil pode se inserir neste novo marco mundial, superando as mazelas de nosso passado recente.

Trago dois casos na área de Telecomunicações, em que tenho mais familiaridade.Para entarmos entender como países extremamente “secundário” no mercado mundial, conseguiram ter empresas tão importantes, tornando-se marcas vencedoras em determinados campos que olhando a bem pouco tempo nem se imaginaria ocuparem este espaço.

Nokia – A Finlândia no mundo

No início dos anos 90, a Nokia não passava de uma empresa secular de papel e celulose da fria e

distante Finlândia. Nem o país , muito menos esta empresa seria notícia em qualquer jornal de tecnologia. Como em poucos mais de 6 anos eles mudaram de foco e viraram a verdadeira força motriz deste país? A primeira sem dúvida foi a decisão estratégica do governo finlandês de focar boa parte do seu dinheiro de investimento em Pesquisa e Desenvolvimento, numa área que se

expandiria como nenhum outra na história da humanidade em tão pouco tempo,como foram a Telefonia Celular e a Internet. Com esta visão eles concentraram todo seu aporte na Nokia, com incentivos fiscais, ajuda logística e científica e transformou-a na empresa que todos nós conhecemos e admiramos, no caso onde governo e iniciativa privada, mudaram a realidade

de um país e de um povo em tão pouco tempo. Hoje a Finlândia e a Nokia são sinônimos de tecnologia, inovação, modernidade, esquecemos até o quanto é fria a realidade deles, eles estão presentes em praticamente em todo o mundo. Neste aspecto o GSM como padrão majoritário internacionalmente foi fundamental, mas principal lição é esta: O Governo Finlandês apostou no novo e transformou o país.

Samsung – A Coréia do Sul

O segundo caso, é o da Samsung, mais precisamente o caso Coréia do Sul, este país dividido, em semi-ocupação, vindo de uma guerra terrível, subjugado seguidamente por vários séculos, ou por ocupação chinesa ou japonesa, consegue finalmente ser “livre”, porém logo a seguir mergulha em nova guerra e se divide, surgindo duas Coreias. A do sul entra num modelo de acumulação de capital e desenvolvimento seguindo a “proteção” americana, porém com uma

profunda consciência nacional, de que só com a resolução de suas mazelas (fome, miséria extrema, pais atrasadíssimo, cuja única importância era localização geográfica, nas disputas geopolítica de outrora), fizeram uma verdadeira revolução. Ao contrário da Finlândia, lá eles não tinham desenvolvimento econômico que pudessem fazer aquela “virada” deles.

Aqui eles construiram passo-a-passo o seu modelo, gastaram todas as suas economias na educação, com suas jornadas de até 10 horas por dia de aula e 300 dias letivos. Os vários governos priorizaram os 10 maiores conglomerados econômicos do país e lá fundiram iniciativas públicas e privadas, para que a Coréia superasse a sua defasagem histórica em pouco mais de 20 anos eles hoje têm uma vida mais digna. Calma pessoal, estou dando o panorama geral coreano, porque muito nos lembra do nosso, estou chegando no caso Samsung.

Em 1993 houve uma profunda crise nos tigres asiáticos que quase abateu a experiência coreana, após grande ajuste o Governo e iniciativa privada voltam-se para escolher onde investir e com certeza de retorno para o país.

A Samsung é uma das Players eleita para esta nova fase, a empresa passa de apenas produção de manufaturados à grande desenvolvedora de chips e componentes. Sua virada mais significa se dará nas telecomunicações, a ação que o GSM teve para Nokia, o CDMA foi o motor para Samsung, eles rapidamente desenvolveram infraestrutura, e investiram em Aparelhos, com sofisticação e sempre à frente de todos os outros concorrente(CDMA), todo e qualquer novo chipset Qualcomn encontraram vida e função nos aparelhos da Samsung. O design ousado

a inventividade, a tecnologia com olhos no futuro, lembro que 2002 eles colocaram em funcionamento o EVDO(3G modelo americano), antes da copa do mundo, e foi uma jogada de mestre, porque eles foram vistos por todo o mundo como povo inovador, criativo, superando a imagem de produto “segunda linha” do Japão, e hoje com a perspectiva do CDMA (WCDMA, CDMA2000) ser a tecnologia da telefonia obviamente eles estão com um pé à frente.

Brasil: Qual caminho?

Apresentei dois casos apenas para mostrar que o Brasil pode também mudar sua realidade,nós juntamos num mesmo país características da Finlândia e da Coréia, temos que dar um “salto” para que possamos chegar no mesmo estágio deles, como???

Arriscaria umas 4 áreas de tecnologia de ponta:

Área de Telecomunicações ( TV Digital, Software aplicado);

Área química ( exploração e refino de petróleo);

Área de pesquisas Genéticas ( Projeto Genoma, medicina ortomulecular, células tronco,Biodiversidade);

Área ambiental (novamente a biodiversidade, água potável, turismo ecológico, produção agrícola com proteção ambienta)

Por fim vejo que sempre podemos ter lições mais profundas de fenômenos e se tivermos a ousadia de fazer diferente, em 20 anos este será um país muito mais desenvolvido e mais justo.

segunda-feira, 8 de março de 2010

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A graça de mil deuses
Emanoel Barreto

A proximidade, quase iminência da eleição presidencial, intensificará o processo de espetacularização da política - atividade que sempre teve seu dado espetacular desde a ágora grega. Candidatos se apresentarão como a imagem viva da salvação, expressas suas mensagens em fragmentos televisivos cujos apelos ao emocional suplantarão em muito o racional e o político propriamente dito.

A campanha política, paradoxalmente, despolitiza a política, fulaniza a campanha: é Dilma ou não é? É Serra ou não é? - Marina, ao que se supõe, é que não é. Ciro, também.

Correligionários e simpatizantes ficarão com os ânimos exaltados e, de um lado e de outro, encontrarão mil motivos para encontrar na petista e no tucano as melhores e as piores qualidades do mundo, depende do olhar.

É claro que nenhum dos dois é o salvador; é óbvio que integram entidades partidárias onde militantes, detentores de mandados e outros quejandos são criminosos (corruptos, espertalhões, sabidinhos, etc...); é inegável que, eleito, um outro não conseguirá "salvar" o país. Nenhuma simples presença humana jamais o fará. Vide Obama e seu "yes, we can".

Mesmo assim o marketing de cada um o apresentará como a personificação da graça de mil deuses, devendo o eleitorado estar grato a cada um desses deuses por existirem Dilma e Serra.

Não voto nele por desconfiar de seus propósitos neoloberais, lesivos aos trabalhadores; tampouco acredito nela como se fora sacerdotisa. Voto, mas sem fé. Em matéria de fé política sou agnóstico.
Às minhas mulheres, no seu Dia
Emanoel Barreto

Há um gesto, que vai do inocente pedido de um brinquedo ou um sorvete, ao mais alentado e afetuoso abraço. É o gesto que brota e que se aninha nas mãos femininas que me cercam: minha neta feita de azul, minhas filhas sempre meninas e Minha Mulher e seus passos - em nossa secreta e delicada eternidade.