sábado, 19 de março de 2011

A Folha informa que aviões da França começaram a atacar alvos terrestres de Muamar Kadafi. Ao que tudo indica haverá uma dura inversão no rumo dos acontecimentos. As forças do ditador não terão como enfrentar o poder de fogo francês. Abaixo, a matéria.

Avião francês lança ataque contra veículo militar de Gaddafi

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Onda de RevoltasAtualizado às 14h51.
Um caça francês lançou neste sábado o primeiro ataque contra as forças do ditador líbio, Muammar Gaddafi. O alvo foi um veículo militar líbio, segundo o Ministério de Defesa francês.
O porta-voz do ministério, Thierry Burkhard, disse que o ataque foi lançado às 16h45 GMT (13h45 em Brasília), quando o jato atirou contra o veículo militar.
Este foi o primeiro ataque da campanha internacional militar de proteção de civis na Líbia desde que a resolução do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre a intervenção foi aprovada, na noite de quinta-feira.

Sebastien Dupont/AFP
Caça francês Rafale decola da base de Saint-Dizier, rumo à Líbia; governo confirmou primeiro ataque no país
Caça francês Rafale decola da base de Saint-Dizier, rumo à Líbia; governo confirmou primeiro ataque no país

Burkhard não deu mais detalhes sobre o local do ataque ou possíveis vítimas. Ele disse, contudo, que nenhum ataque contra os jatos franceses foi registrado.
O canal de TV árabe Al Jazeera, que cita fontes anônimas, diz que os aviões de guerra franceses já destruíram quatro tanques líbios, no sudoeste da cidade de Benghazi. O relato não foi confirmado. 

Mais cedo, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, alertou que aviões franceses já sobrevoavam o território líbio e estavam intervindo para evitar ataques das forças de Gaddafi em Benghazi, reduto dos rebeldes no leste do país.
Ele anunciou o ataque como cumprimento da resolução do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) que estabelece uma zona de exclusão aérea na Líbia, mas ressaltou que o ditador Muammar Gaddafi ainda tem tempo de desistir da ação militar contra os rebeldes da oposição. 

"Nossos aviões já estão prevenindo ataques na cidade de Benghazi", disse Sarkozy, acrescentando que estão "preparados" para intervir também contra tanques de guerra.
Mesmo antes do anúncio oficial, fontes militares diziam que vários caças franceses sobrevoavam o território líbio, no que seria uma missão de reconhecimento que duraria toda a tarde. 
 
Burkhard confirmou o envio de jatos Mirage e Rafale neste sábado para a cidade de Benghazi, com a missão de impor a zona de exclusão aérea de 150 km por 100 km. "Toda aeronave que entrar nesta zona pode ser derrubada", disse.
A intervenção, segundo Sarkozy, foi acordada após uma reunião com líderes de mais de 20 países. Sarkozy disse em breve pronunciamento que todos decidiram aplicar efetivamente a resolução, aprovada há dois dias. 

"Juntos decidimos garantir a aplicação da resolução do Conselho de Segurança exigindo o cessar-fogo imediato e o fim da violência", disse Sarkozy. "Concordamos em usar todos os meios necessários, em particular os meios militares, para garantir a decisão".
Ele ressaltou, contudo, que a medida permite a intervenção militar visa a proteger o direito dos civis de protestar pacificamente e não decidir o rumo do país africano. A intervenção "acontecerá enquanto houver qualquer pressão de Gaddafi contra Benghazi", disse Sarkozy.

LIBERDADE
Diante do fantasma da ocupação no Iraque, Sarkozy fez questão de ressaltar que a intenção da comunidade internacional é proteger os civis líbios e seu direito de protestar pela libertação "da escravidão à qual estão submetidos há muito tempo".
Ele garantiu que a comunidade internacional não vai interferir na escolha do futuro da Líbia, decisão que cabe unicamente ao seu povo.

Ian Langsdon/Efe
Presidente francês, Nicolas Sarkozy, assiste a reunião de crise sobre a Líbia; intervenção militar começou
Presidente francês, Nicolas Sarkozy, assiste a reunião de crise sobre a Líbia; intervenção militar começou

"A luta pela liberdade é deles. Nossa intervenção não é por qualquer resultado específico, mas apenas para evitar crimes" contra os civis, disse Sarkozy. "Estamos intervindo pelo povo, para que possam escolher seu próprio destino. Seus direitos não podem ser anulados pela repressão e violência". 

O presidente francês ressaltou ainda que ainda há tempo de evitar uma maior ação internacional no território. "Gaddafi ainda tem tempo de recuar e se submeter à resolução", disse o francês. "As portas da diplomacia estarão abertas quando a violência parar". 

ATAQUE
Mais cedo neste sábado, um avião militar foi derrubado nos arredores de Benghazi, deixando uma nuvem de fumaça negra. Um repórter da Associated Press viu o avião cair, em meio ao som de artilharia.
Os rebeldes alegaram que o avião era um caça militar de Gaddafi, que bombardeava a cidade.

Patrick Baz/AFP
Montagem mostra momento em que avião das forças de Gaddafi é derrubado nos arredores de Benghazi
Montagem mostra momento em que avião das forças de Gaddafi é derrubado nos arredores de Benghazi
Já o porta-voz do governo, Ibrahim Musa, negou a queda do avião. Ele também negou que as forças do governo atacaram cidades líbias e disse que são os rebeldes que violam o cessar-fogo. "Nossas forças armadas continuam a regredir e se esconder, mas os rebeldes continuam nos atacando e nos provocando", disse Musa.
Os jovens de Benghazi reagiam como podiam. Alguns recolhiam garrafas para fazer coquetéis Molotov. Outros moradores usavam estrado de camas e pedaços de metal para bloquear as estradas e impedir o avanço das tropas por terra.
A rede de TV Al Arabyia registra também bombardeios das forças de Gaddafi contra os rebeldes em Zintan e disse que ao menos cinco morteiros caíram em seus arredores. 

AGRESSÃO
Antes mesmo da declaração de Sarkozy, Gaddafi alertou, via um porta-voz, que qualquer intervenção internacional na Líbia será uma "clara agressão".
"Isto é injustiça, isto é uma clara agressão", disse Gaddafi, em uma carta enviada à ONU, à França e ao Reino Unido. 
 
"Vocês também vão se arrepender se tomarem um passo para interferir nos nossos assuntos internos", continuou Gaddafi.
Segundo o porta-voz, Gaddafi enviou ainda uma carta separada aos Estados Unidos, na qual disse que todos os líbios estão preparados para morrer pelo país. 

O ditador reverte assim as declarações de seu chanceler, Moussa Koussa, que foi a público menos de 24 horas atrás dizer que a Líbia aceitava a resolução da ONU e decretava assim cessar-fogo imediato e a interrupção de todas as operações militare

Mise-en-scène na chegada de Obama


Ricardo Moraes/Reuters
Go back, Mr. Bac

No momento desta redação deste texto Mr. Barack Obama é recebido pela presidente Dilma. A Band News faz uma cobertura ritual: jornalistas deslumbrados fazem comentários previsíveis, cantam loas à vinda do líder americano e elogiam o porte, o charme, o talhe, o indumento, a elegância da Senhora Obama. Um "analista de relações internacionais" faz a pontuação acadêmica da cobertura e elogia a "importância" do encontro, como se o Brasil, de repente, houvesse sido descoberto pelos EUA e isso nos fosse abrir as portas para uma idade de ouro, torneiras jorrando leite e mel.

Capa-editorial do Correio

Ninguém fala que o interesse maior, o interesse hegemônico, o interesse imposto é dos Estados Unidos face a mudança geopolítica no Magreb, onde a correlação de forças EUA países islâmicos tende, ao que tudo indica, a se alterar negativamente para o gigante do Norte. Assim, os olhos, olhos grandes do Tio Sam, voltam-se para o Brasil, prontos para sugar a colheita do pré-sal em favor dos interesses desse Norte.

A proclamada fala de Obama na Cinelândia foi cancelada. "Segurança", foi o motivo alegado. Dizem as coisas de jornal que li e ouvi que o local é cercado de muitos prédios, de cujas janelas poderia advir algum perigo à integridade presidencial, entenda-se um presuntivo atentado. Quando a isso, se foi assim, agiu-se certo.

Mas outras informações dizem que houve mesmo foi o temor de possível fiasco, leia-se falta de gente, de povo, para aplaudir o que quer que seja que ele fosse dizer. Isso enferrujaria o brilho da cerimônia, já que o evento não passaria de pseudoacontecimento, fato programado para atrair a atenção da mídia nacional e mundial, mostrando que os EUA continuam mandando na América Latina. E como o Brasil é emergente, isso seria o aval de mídia a legitimar tal afirmativa.

Agora, o evento ocorrerá em local fechado, o Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Também desnecessário, mas, fazer o quê? Será neste domingo o pronunciamento. De qualquer maneira, digo: "Go back, Mr. Bac.

Abaixo, um registro da Folha a respeito de ato de protesto no Rio à presença de Obama.

Protesto contra visita de Obama termina em confusão no Rio

DO RIO
Obama no Brasil Um protesto contra a visita ao Brasil do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, terminou em tumulto no início da noite desta sexta-feira, no centro do Rio.
Os manifestantes partiram da Candelária e se encaminharam para o Consulado Americano, onde policiais policiais do Batalhão de Choque da PM faziam a segurança do edifício. Uma garrafa de coquetel molotov foi arremessada contra o consulado, dando início à confusão.
A polícia respondeu com tiros de balas de borracha, spray de pimenta e bombas de efeito moral. O coquetel molotov chegou a incendiar uma parte da roupa de um segurança do Consulado, que ficou ferido sem gravidade. Um repórter da rádio CBN foi ferido por um tiro de borracha. 

O trânsito chegou a ser fechado em frente ao consulado, mas já foi liberado.

Rafael Andrade/Folhapress
Policial da tropa de choque apaga restos de um artefato após confronto com manifestantes no Rio
Policial da tropa de choque apaga restos de um artefato após confronto com manifestantes no Rio

sexta-feira, 18 de março de 2011

Tanscrevo da Carta Capital:

EUA e Brasil: A diferença de destinos

Muitos perguntam o porquê Brasil e Estados Unidos que possuem dimensões continentais relativamente idênticas e se tornaram independentes com uma diferença de apenas 46 anos (1822 – Brasil e 1776 – EUA) tem trajetórias políticas, econômicas e sociais diferentes.
Para começar a entender essa trajetória, é essencial resgatar na história algumas justificativas para tal fato. Primeiro; os EUA construíram o primeiro Estado nacional fora do continente europeu e, diga-se de passagem, derivam de um império vitorioso que foi a Grã-Bretanha. Já nós e nossos irmãos latino-americanos nascemos de impérios em decadência ou em alto processo de decomposição.

Segundo; ao conquistarem a independência, os EUA mantiveram suas relações econômicas e comerciais com a Grã-Bretanha, onde estava em franco processo a primeira Revolução Industrial e ao mesmo tempo assumia posição de liderança do movimento de internacionalização da economia capitalista.

Principalmente a partir dos séculos XIX e XX, os EUA consolidam uma estratégia anglo-americano, desde então, o território e o poder norte-americano se expandiram de forma quase contínua, com a anexação do Texas , em 1845, e com a guerra e a vitória sobre o México, em 1848, que representou um aumento de 60% do território norte-americano, com a conquista do Novo México e a Califórnia, que se somaram ao Oregon, para abrir as portas do Pacífico aos Estados Unidos.

Neste sentido, a diferença da independência dos Estados Unidos com a independência brasileira; do ponto de vista geoeconômico, a economia norte-americana sempre manteve uma relação privilegiada com a economia inglesa, ou seja, ao romper seus laços políticos com a Grã-Bretanha, os EUA se transformaram na primeira economia exportadora à economia mais dinâmica do mundo a época.

Após a independência brasileira e em grande parte do século XIX, o Brasil e os demais países latino-americanos não dispunham de Estados e economias nacionais efetivos, nem constituíram um sistema político e econômico regional. Por isso, com facilidade, foram colocados em uma posição periférica dentro da geopolítica mundial.

Com a proclamação da República e, pelo menos, até a crise de 1930, o Estado brasileiro seguiu fraco tendo baixa capacidade de mobilização política, sem ter nenhum tipo de pretensão expansiva. Entre a crise econômica mundial e a 2ª. Guerra Mundial, o Brasil reagiu ao estrangulamento econômico externo provocados pelas guerras e pela crise internacional, implementando políticas públicas que fortaleceram o Estado e a economia nacional.

Depois da 2ª. Guerra Mundial, o Brasil não teve posição relevante na geopolítica da Guerra Fria, mas foi colocado na condição de principal sócio econômico dos Estados Unidos dentro da periferia sul-americana. A partir de 1955 até ao primeiro governo democrático pós-ditadura, com investimentos estatais e do capital privado estrangeiro, provenientes de quase todos os países do núcleo central do sistema capitalista, o Brasil começou a exercitar uma política externa mais autônoma, mas sempre tendo um alinhamento incondicional com os EUA.

Nos anos 90, com a vitória norte-americana na Guerra Fria, juntamente com a intensificação da internacionalização das economias e uma grande onda de liquidez internacional, criou-se bases economias e políticas de uma virada no desenvolvimento da política externa brasileira, principalmente entre 1994 e 2002, quando Fernando Henrique Cardoso apostou numa associação íntima com os Estados Unidos, especialmente com Bill Clinton em uma fracassada construção da dita cuja terceira via.

Mas, depois de 2003, a política externa brasileira mudou de rumo, retomou o caminho da integração e do fortalecimento da América do Sul e da intensificação dos laços políticos e tecnológicos com a Ásia e a África e, ao mesmo tempo, constrói-se um debate cada vez mais intenso sobre uma nova posição internacional do continente.

Portanto, pela primeira vez na história brasileira, o Brasil possui certa altivez em relação aos EUA, mas mesmo assim, parte da elite econômica brasileira, algumas vezes legitimada pelo pensamento de alguns intelectuais e parte da classe média, ainda se deslumbram ao chegar próximo do poder político ou financeiro internacional, em particular os EUA.
Entretanto, espera-se e acredita-se que a Presidenta Dilma Rousseff continuará a trilhar a política externa brasileira iniciada pelo ex-Presidente Lula, com o Estado forte e soberania nacional.
Vejo, estarrecido, na Folha, que o governo de São Paulo acredita que, fechando delegacias, vai diminuir a criminalidade e acentuar a eficiência da segurança pública. Acho que tem gente, no governo, lendo Kafka demais. Leia a matéria:

SP reestrutura polícia e fecha delegacias

Pacote inclui fechamento de distritos policiais em cidades pequenas, onde a PM cuidará dos casos menos graves

Objetivo, segundo o governo, é otimizar o emprego dos recursos públicos e melhorar a qualidade do serviço

ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO
VENCESLAU BORLINA FILHO
DE RIBEIRÃO PRETO

O governo de São Paulo deu início a um pacote de mudanças na estrutura da segurança pública no Estado que deve afetar praticamente todas as 645 cidades paulistas e a forma de trabalhar das duas polícias estaduais.
A "reengenharia" do governo prevê o fechamento de delegacias nas cidades com menos de 10 mil habitantes e a aglutinação de distritos nas cidades de maior porte, o que inclui a capital.
Nas cidades pequenas, 43% dos municípios paulistas, a PM vai registrar boletins de casos de menor gravidade -que dispensam ação imediata dos investigadores.
Policiais civis que ficarão nas grandes cidades serão acionados quando houver crimes mais graves, como homicídios e flagrantes.
A reestruturação prevê a criação de polos -como se fossem superdelegacias- para atender a população.
Com o fechamento de pelo menos 96 delegacias no interior, 279 cidades ficarão sem unidades da Polícia Civil. O governo quer completar as mudanças até o final do ano.
"Há cidades que registram 80 ocorrências num ano", disse o delegado-geral, Marcos Carneiro Lima. "Isso não significa que elas deixarão de ser prestigiadas."
O plano incluiu a transferência do Detran para a Secretaria de Gestão Pública e a transferência de 1.349 policiais do órgão para a pasta da Segurança Pública.
O objetivo do governo, é otimizar o emprego dos recursos públicos e melhorar a qualidade do serviço de seus 35 mil policiais civis.
O governo iniciou a reestruturação em pelo menos 12 cidades. São João da Boa Vista, por exemplo, com 83 mil habitantes, ficará com apenas uma das seis delegacias existentes. Até agora, quatro já foram fechadas, inclusive a Delegacia da Mulher.


REGISTRO INTEGRADO Dentro dessa "reengenharia", o policial militar passará a registrar ocorrências num sistema integrado que os delegados acessarão.

Segundo o comandante da PM, coronel Álvaro Camilo, "num futuro próximo", todos os policiais militares registrarão BOs no carro oficial.

O presidente do Sindicato dos Delegados, Jorge Melão, disse ser favorável à aglutinação. Para ele, a instalação de delegacias nunca havia atendido critérios técnicos.
"Agora, sobre a falta de policiais, não resta outra alternativa a não ser contratar mais", disse.
O governo agora tenta convencer lideranças políticas e a sociedade da importância dessas mudanças. "Vamos fazer um trabalho de convencimento e de conscientização. Todos vão ganhar", disse Carneiro.

Stromae - Alors On Danse

Obama é o cara, mais que isso: Obama é um "bamba"

Notícia na Folha dá a deixa do motivo da vinda de Obama ao Brasil: Obama, "o negro de alma mais branca do mundo", no pior sentido que posso dar a esta expressão, revela jogo de cintura, malandragem de bamba de escola de samba. Veja só: diante da escalada de instabilidade política e social em países produtores de petróleo na África, precata-se e parte para assegurar novas oportunidades. Sintetizando: Obama vem ao Brasil para "ajudar" o país a explorar o pré-sal, é o que informa o jornal.
http://www.google.com.br/imgres?imgurl=https

Isso, como se a Petrobras, empresa de excelência no setor, respeitada em todo o mundo, precisasse da presença americana para tanto. Espanta-me que o governo Dilma tenha aceito essa jogada. Daí o espetáculo de "falar aos nativos", daí a importância, para Obama, de montar um circo midiático, atrapalhar até memo o comércio no Rio, alterar para pior a vida do carioca. 

O negro mais branco do mundo vem nos enganar. E ainda é recebido com honras de estado. Pior: de imperador. Resumo: Obama é um bamba. Obama é o Big Brother do Brasil. Se for ver a fundo deve até mesmo ser um mestre de bateria. Duvido não.

Leia o texto da Folha:

Brasil e Estados Unidos irão cooperar na exploração do petróleo do pré-sal para aumentar a produção do combustível no mundo.
Segundo a Folha apurou, esta é a mensagem que deve constar no comunicado conjunto da presidente Dilma Rousseff e do presidente americano, Barack Obama, que chega amanhã ao país.
A linguagem do comunicado ainda estava sendo negociada. Mas a ideia era mostrar que o Brasil tem interesse nos investimentos americanos no pré-sal e evidenciar para o mercado que a produção deve aumentar.

Com isso, esperam-se efeitos positivos para influenciar no preço do petróleo.
Por um lado, os EUA querem demonstrar que terão acesso a uma nova fonte de produção de petróleo, em um país amigo e democrático.

Ao mesmo tempo, do lado brasileiro, não havia interesse em se comprometer com algo mais concreto, porque a percepção é de que há muitos países interessados em participar de licitações no pré-sal e mesmo em oferecer novas tecnologias.

Paralelamente, continuam as negociações da Petrobras com o setor privado americano. Não se exclui a possibilidade de um acordo de garantia de fornecimento, semelhante ao fechado com a China, Em 2008, o país asiático emprestou US$ 10 bilhões à Petrobras, com o compromisso de a empresa exportar 200 mil barris diários por um período de dez anos.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Líbia: é preciso reagir a Kadafi

Vejo no Estadão a manchete "França pode lançar ataque aéreo contra Kadafi logo após sinal verde da ONU".

Em seguida, diz a matéria: "Ataques aéreos contra posições do Exército da Líbia poderão começar tão logo o Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU) aprove o uso da força contra o regime do governante Muamar Kadafi, disseram fontes diplomáticas francesas. Mais cedo, em tom ameaçador, o ditador da Líbia, Muamar Kadafi, alertou os rebeldes que há um mês iniciaram uma revolta para derrubá-lo que as tropas do governo estão chegando a Benghazi, no leste do país, e 'não terão misericórdia'".

É mais que tardia a decisão. Uma atitude enérgica, ação bélica decisiva precisa e deve ser tomada. Não é possível que o Ocidente veja, em letargo, o genocídio em andamento. Kadafi assumiu a condição de pessoa-Estado e, tomado por essa insanidade, perpetra crimes de lesa-humanidade, num delírio mortal e desapiedado. É preciso pôr fim ao morticínio.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Faces Faces Faces Faces Faces Faces Faces Faces Faces Faces

Rainha Vitória
 Um texto que não diz nada e o perigo nuclear no Brasil

Vejo na Folha texto que, a rigor, nada informa. Transcrevo e, abaixo, comento.
50 "heróis" tentam evitar catástrofe

Sob grande risco de contaminação, técnicos buscam evitar derretimento de combustível na usina Fukushima 1

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Um grupo de cerca de 50 técnicos da usina de Fukushima 1 é a derradeira esperança do governo japonês para evitar o derretimento de urânio de reatores, danificados após o tsunami da semana passada.
O receio é que haja grande vazamento de combustível. Ontem, a radiação perto da usina diminuiu, mas novos incêndios começaram em dois reatores.
Em cidades próximas, houve fuga de moradores. Longas filas se formaram com pessoas preocupadas em testar seus níveis de contaminação.
O medo chegou a Tóquio, após níveis de radiação terem sido detectados na capital japonesa.
A União Europeia anunciou que testará a segurança de todas as suas usinas. Nos EUA, o presidente Barack Obama prometeu não abandonar a energia nuclear.
Pelo segundo dia seguido, a Bolsa de Tóquio despencou -desta vez, 10,5%, a maior queda desde a crise financeira de 2008. Também caíram diversas Bolsas europeias.
...
Asahi Shimbun/Reuters

Perceba que o texto não tem coerência, não há sequência lógica: pequenas frases são juntadas e dão ao leitor uma tosca visão do acontecimento em sua totalidade. O título fala nos "héróis" mas a matéria não aprofunda, não dá a dimensão enorme e corajosa do feito a que se propõem, não detalha os perigos e como irão enfrentá-los, quais os cuidados para penetrar na usina e o que farão para sanar o grave problema, bem como as consequências sobre a saúde dos 50 homens. 

As usinas da Europa serão reavaliadas, mas também não há detalhes. O pior fica em relação a Obama, que "promete" não abandonar a energia nuclear. Veja só: "prometer" é verbo que traz em seu conteúdo profundo comprometimento com algo positivo, desejável, importante para alguém, para uma organização, para um povo. 

Energia nuclear é algo perigoso, temível e cujos resultados o Japão está exibindo ao mundo. Logo, não seria uma "promessa" de Obama, mas "decisão", decisão de manter a qualquer preço, apesar de todos os riscos, o programa que se utiliza desse tipo de energia nos EUA. A não ser que a promessa seja seu compromisso com os grandes grupos econômicos que a exploram e não têm qualquer interesse em ver-se se esvaírem seus grandes lucros.

O texto não fala no Brasil, vem de agências de notícias e assim não nos teria como prioridade jornalística. Mas, com relação a nosso país, me pergunto: por que insistimos em manter essas usinas quando temos possibilidades de energia eólica e grande potencial hídrico a ser utilizado com tal fim? Não basta o exemplo japonês? 

O Japão tem tradição de enfrentar tragédias nucleares e sua cultura já se provou capaz de tal enfrentamento. Aqui, havendo algo parecido, um vazamento por qualquer motivo, e teremos tragédia descomunal. E com esse tipo de coisa, energia nuclear, não há jeitinho brasileiro que dê cobro às suas consequências.

terça-feira, 15 de março de 2011

Al Caparra, o gangster chic
Reproduzo do Observatório da Imprensa:

RUPERT MURDOCH, 80
Os planos do barão da mídia
Por Roy Greenslade em 15/3/2011
Reproduzido da Folha de S.Paulo, 12/3/2011, título original "Aos 80, Murdoch quer expandir a já gigantesca News Corp"; publicado originalmente no The Guardian, tradução de Paulo Migliacci
Este artigo fará algo que Rupert Murdoch jamais contemplaria: olhar para trás. O empresário acaba de celebrar seu 80º aniversário, mas isso não reduzirá suas ambições quanto a expandir a já gigantesca News Corporation. Ele só olha o futuro.
O fato de que essa companhia descomunal existe se deve inteiramente à aguçada compreensão de Murdoch sobre a mídia como negócio, como proposição comercial.
Ao adquirir o News of the World, em 1967, e o Sun, no ano seguinte, ele ilustrou sua capacidade de realizar negócios contra todas as probabilidades. Na primeira, ele se apresentou como salvador para combater a proposta de Robert Maxwell e desempenhou com perfeição seu papel de defensor do jornal e de seus melhores interesses.


Na segunda situação, convenceu os sindicatos de que sua proposta era a melhor esperança. Permitiu que os vendedores do Sun, que também controlavam o rival Daily Mirror, acreditassem que ele não representaria séria concorrência.

Todos – a família Carr, que lhe vendeu o News of the World; os sindicatos; Hugh Cudlipp, o chefão do Mirror e os céticos da Fleet Street – o subestimaram.
Desconsideraram sua determinação impiedosa e não foram capazes de compreender o cerne da abordagem: deixar que o mercado decida.
É um conceito aparentemente simples, mas era completamente desconhecido para os proprietários de jornais rivais no Reino Unido.
E eles assistiram, desagradavelmente surpresos, enquanto ele transformava o Sun de um jornal deficitário e pouco conhecido em uma empreitada imensamente lucrativa, ao encorajar o editor da publicação a desrespeitar as normas de bom gosto vigentes e determinar se o público se interessava pelas novidades.
Depois disso, aonde ir? O Sun se saía bem, mas continuava em desvantagem diante dos demais concorrentes. Murdoch queria avançar ainda antes que os lucros do Sun e do News of the World pudessem começar a ser realizados.

IncursõesDe 1969 em diante, começou a comprar ações da London Weekend Television, um canal da ITV com lucrativa licença de operação para a Grande Londres, e terminou por controlar a maioria das ações da empresa. Depois, determinou mudanças de programação e de horários, tornou o LWT mais populista e ampliou sua audiência.
A empreitada levou a desentendimentos com elites e autoridades regulatórias.

Logo depois fez suas primeiras incursões no mercado norte-americano de mídia, adquirindo o San Antonio Express-News, do Texas, e criando um jornal em formato tabloide, o Star. Nos dois casos, usou jornalistas britânicos para mostrar aos norte-americanos como gostava que seus jornais operassem.
Ele não guardava segredo sobre seu desejo de expansão e provavelmente estivesse também em busca de respeitabilidade. A oportunidade de satisfazer os dois desejos surgiu em 1981, quando o grupo Thomson decidiu vender o Times e o Sunday Times, dois títulos prejudicados por problemas sindicais.

A tomada de controle não seria simples. Havia preocupações de interesse público porque a operação obviamente criaria uma concentração sem precedentes na propriedade de jornais britânicos, e todos supunham que a oferta de Murdoch seria encaminhada à Comissão de Monopólios e Fusões.

Murdoch não se deixou abater. Sabia, como sabiam os sindicatos, que sua oferta era a única viável e ameaçou retirá-la caso o secretário do Comércio, Jon Biffen, encaminhasse o caso à avaliação das autoridades regulatórias.
O trunfo de Murdoch era o governo. Por ter apoiado firmemente a campanha de eleição de Margaret Thatcher, dois anos antes, a primeira-ministra era uma de suas maiores admiradoras.
Nos anos seguintes, Murdoch se dedicou a duas ambições separadas – no Reino Unido domar os sindicatos dos gráficos enquanto introduzia tecnologia computadorizada nos jornais; e lançar uma rede de TV via satélite.

Parecia um sonho sem esperança, e Murdoch uma vez mais encarava oposição "oficial" com a proposta para a criação da British Satellite Broadcasting.

As duas empresas não demoraram a começar a sofrer prejuízos pesados. A operação de Murdoch era mais popular e, ainda que ele tivesse de reduzir sua participação acionária quando as duas redes concorrentes se fundiram, saiu por cima.
A BSkyB é a maior das realizações de Murdoch. Ele teve a visão. Ele fez a aposta. Ele fez com que a ideia funcionasse. E continuará a colher as recompensas. O empresário veio, viu e venceu.
Oba-oba pra Obama


Deu na Folha: O governo do Estado do Rio de Janeiro criou um perfil no Facebook para o discurso do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que será feito na cidade do Rio, no domingo.
Para atrair o público ao discurso do presidente, a página do governo no Facebook colocou o discurso como um evento no site. Até as 12h45 desta terça-feira, mais de cem pessoas já tinham "confirmado presença". Muitos internautas deixaram comentários sobre a visita do presidente americano ao Brasil e seu pronunciamento. 
...
Não vejo qualquer necessidade ou importância nesse pronunciamento. Há em andamento algum grande plano ao projeto reunindo Brasil e Estados Unidos? Não, não há. O que existe é um pseudoacontecimento, um acontecimento de mídia, um fato que só acontecerá em função da mídia, para usufruto e paradoxal manipulação da própria mídia ao transmitir e cobrir esse pronunciamento. 

Suponho que o mandatário americano deverá entoar loas às "boas relações" entre os dois países, com isso visando obter visibilidade internacional. Uma maneira de demonstrar que a hegemonia norte-americana é bem aceita e aplaudida no Brasil. Ou melhor, no Brazil. 

Haverá, claro, telões com a imagem de Obama, e legendas, como num filme, entende? Isso dá a dimensão do factoide e o transporta à sua verdadeira essência e realidade: a realidade de ser um simulacro, uma espécie de filme do absurdo, só que exibido de graça e em praça pública. E o governo do Rio ainda chama a moçada a ir e vibrar...

segunda-feira, 14 de março de 2011

Sou inimigo público número um de Natal

Teremos no Brasil, já está em andamento, um tsunami social e econômico que despejará na praia do desperdício bilhões de reais, em detrimento de questões sérias. Falo a respeito da Copa do Mundo e das Olimpíadas, falo dos hospitais que deixarão de ser construídos, do desmantelamento material das Forças Armadas, das escolas largadas a si mesmas, das estradas esburacadas, do tráfico de drogas, da exploração sexual de crianças e adolescentes, falo do cotidiano que você vê e vive. Basta olhar pela janela do carro. Ou estar entulhado em algum ônibus sacolejante.

Mas Lula decidiu essa loucura e Dilma a levará adiante. Literalmente, custe o que custar. Serra não faria por menos, eleito tivesse sido. Ou alguém é louco de negar circo ao povo? Quase todos os dias vejo noticiário falando do descalabro no Walfredo Gurgel. Falta de dinheiro. Ontem, o Fantástico mostrou a quantas anda no Nordeste, em Natal especialmente, a questão do turismo sexual. Também não há dinheiro para a polícia coibir esse tipo de atividade. Mas haverá grana, e muita, para um ou dois joguinhos de segunda numa Copa de Mundo feita para o povo encher a boca de gritos de gol. 

E ai de quem for contra: é reacionário e inimigo de Natal. Pois bem: nesse caso sou reacionário e inimigo púlblico número um de Natal.

--Abaixo, reproduzo a matéria do Fantástico.

Fantastico - 13-03-11 - Turismo sexual no Brasil é vendido na Alemanha