quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Caros Amigos,
O bispo de Barra (BA), D. Luiz Flávio Cappio, até esta tarde mantinha a greve de fome, em protesto à transposição das águas do Rio São Francisco. Essas atitudes de greve de fome são uma forma de chamar a atenção da sociedade via mídia. São uma atitude de extrema, garantindo-se ao seu autor ou autores visibilidade, na busca de fazer valer seus pontos de vista.

São aceitáveis, quando tratam de assunto de importância social e histórica irrecusável, como o despertar de uma ação de salvação nacional, numa mobilização em larga escala, que somente possa ser despertada por uma ação extrema, como a greve de fome.

Não é o caso, quando se trata do São Francisco. Estudos comprovam a viabilidade do projeto e sua importância para o semi-árido de vários Estados nordestinos. E mesmo que surjam argumentos contrários, não são suficientemente fortes para que se tome tal atitude.

Uma greve de fome assume aspectos e contornos de martírio: nesse caso, a auto-imolação de alguém em favor de uma causa maior. Dom Cáppio, inegavelmente um homem sério e de incontestável honradez, cometeu um equívoco, ao se propor a tanto. Haveria outros modos, como por exemplo, convocar a sociedade civil a se manifestar. Tem carisma a condições para tanto. Será lamentável se vier a morrer, pois sua presença seria reclamada sempre, em favor de outras causas.
Emanoel Barreto

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

A Rua Chile

A Rua Chile, na Ribeira,
é mesmo como o Chile:
estreito território de belezas,
encantos, deslumbre...

Caminho de ferro para o trem,

acalenta, ao longo do tempo,
inacabado e perene romance com o Potengi.

Casarões renascidos pelas tintas

e pela sensibilidade;
amigos, brindes e poesia;
agradável ponto de Natal.

A rua Chile é uma pátria.

Ali, o antigo é parte da História,
que se diz presente na
reconstrução do tempo que passou
Emanoel Barreto

domingo, 16 de dezembro de 2007

Avenida Rio Branco

A Avenida Rio Branco começa no Baldo,
em meio ao trânsito louco e desequilibrado.

Multidão de carros neuróticos disputam espaço e vez,

como se estivessem escalando grande montanha de asfalto.

Velha avenida, antiga estrada dentro de Natal,

a Rio Branco sobe sua própria ladeira,
pára em seus sinais
e afinal se lança feito louca para a Ribeira.

E no secular bairro velho da cidade,

a Rio Branco é vertente que deságua
no silêncio das coisas antigas.
E ali deixa descansar seu desespero de ser avenida.
Emanoel Barreto