sábado, 27 de fevereiro de 2010

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O filho de Francisco ou ai-ooo-Silver, avante!
Emanoel Barreto

Quinta-feira passada tive a alegria de participar de banca de mestrado do jornalista Fagner Torres de França. Dono de texto precioso e belo, aliou estilo ao acadêmico e produziu obra importante a respeito da figura do ator político Wilma de Faria. Analisa sua participação na política do Estado, quando deixou de ser dona de casa para se transformar na figura midiática de "guerreira". Publicada a dissertação, será texto indispensável a quem quiser estudar Wilma como fenômeno político-midiático.

Fagner foi aprovado com louvor. À alegria de conhecer esse talento, juntou-se outra, retirada de uma das gavetas da memória afetiva: ele é filho de um grande amigo de infância, Francisco, menino comigo nos anos 60. Tínhamos, eu e Francisco, uma espécie de clube de leitura de revistas em quadrinhos. Antes de proceder à minha avaliação da dissertação, pedi permissão à banca para registrar esse momento de reencontro com o menino Francisco, ali presente e imensamente feliz.

Éramos amigos, veja só, de Roy Rogers, Tarzan, Super Homem, Fantasma, Zorro e Tondo, Príncipe Valente, Mandrake, Rex Allen, David Crockett e Daniel Boone, só para citar os que me vêm à memória.

E ali soube que Francisco, ao contrário de mim, preservou revistas, muitas revistas, que contam as aventuras dos nossos amigos caubóis, todos afinal "superes". Foi bom, muito bom, reencontrar o menino Francisco e saber que o filho de Francisco é um jornalista de talento e um estudioso das ciências sociais.

Estou certo de que nossa legião de amigos também vibrou e ganhou novo animo para continuar percorrendo as pradarias do Velho Oeste. Ai-OO- Silver, Avante!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

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A crise da razão política e a maldição de Brasília


Por Mauro Santayana
Todos os pensadores políticos, de Aristóteles a Hans Kelsen, passando por Maquiavel e os filósofos moralistas ingleses e franceses, advertem contra o mau exemplo dos grandes. Uma sociedade apodrece quando seus líderes perdem a virtude do mando. Perón usou – em meio à conspiração que o derrubaria – uma boa frase, quando descobriu que seu cunhado, depois da morte de Evita, estava praticando falcatruas: “Los gobiernos, como el pescado, empiezan a pudrirse por la cabeza”.


Aristóteles, em Ética a nicômaco, assegura que o comportamento ético se adquire com o hábito de agir corretamente. O habito da virtude fortalece e aumenta a virtude, qualquer virtude, e ele dá o exemplo da coragem: é com o hábito de enfrentar o perigo que nos tornamos corajosos; e é quando nos tornamos corajosos que nos encontramos no máximo grau de enfrentar qualquer perigo. A mesma ideia serve para o processo septicêmico das sociedades políticas. É quando nos sentimos covardes que tememos até mesmo os ratos: e é a ousadia dos grandes corruptos que torna as sociedades lenientes com a corrupção.


“Há muito tempo se diz que a boa-fé é a alma de um grande governo”, assim Montesquieu inicia uma de suas Cartas persas, que serviram de modelo às Cartas chilenas, de Tomás Antonio Gonzaga. Ele se refere, em seguida, a uma hipotética nação das Índias, naturalmente generosa, “pervertida em um instante, do menor de seus indivíduos ao maior deles, pelo mau exemplo de um ministro”. Montesquieu vai adiante: “Vi nascer, de repente, uma sede insaciável de riquezas. Vi formar-se, em um momento, detestável conjuração em busca do enriquecimento, não por um trabalho honesto e uma indústria generosa mas, sim, pela ruína do Estado e de seus concidadãos”.


O que define a ética de um homem de Estado é sua ação na defesa da sociedade que lidera, na busca da igualdade e da justiça. Mas, mesmo se for senhor das mais excelsas virtudes pessoais, ele terá que obedecer a uma vontade maior e acima de seus próprios valores: a lei.


Os legisladores estão fugindo dos princípios e valores aos quais se atavam. Esse é o caso, por exemplo, da situação de Brasília. Durante o governo militar, a cidade foi feudo de contubérnios entre os ditadores de turno, empreiteiros, jornalistas acomodados e servidores públicos de alto nível. O sistema de mordomias tornava a cidade a Ilha da Fantasia. Os grandes jantares, oferecidos pelos ministros, eram de invejar armadores gregos, com faisões, caviar Beluga, vinhos importados. Não havia limites para a ostentação. Um dos ministros, morando em residência do governo, mandou fazer uma piscina em forma de J, porque se chamava Jost.


Assim como o hábito da virtude consolida a virtude, o vício infla o vício, e Brasília se tornou cidade assolada pela corrupção. As “mordomias” deixaram de existir com a redemocratização de 1985, por prévia determinação de Tancredo. Só o presidente e o vice-presidente têm hoje sua despensa abastecida pelos contribuintes. Mesmo assim, durante seu curto governo, Itamar foi cuidadoso com esse direito. Quando seus auxiliares almoçavam com o presidente, as despesas eram quase sempre divididas. Seu governo só ofereceu jantares protocolares aos chefes de Estado estrangeiros, nas visitas e reuniões oficiais, como as do Mercosul.


O fato é que a Constituição de 1988, com a autonomia, facilitou o incremento da corrupção em Brasília. Durante os últimos 20 anos – e devemos excetuar o governo de Cristovam Buarque – a infecção aumentou, até chegar à calamidade atual. Só a intervenção, como primeiro passo, e o retorno da situação política de Brasília à Lei 3.751, de 13 de abril de 1960, que definiu os estatutos da nova capital, poderão recuperar a cidade e, assim, ajudar no saneamento ético da política brasileira. A lei, cujo cumprimento foi, em parte, interrompido pelo governo militar, determinava a nomeação de um prefeito pelo governo federal e a eleição de uma câmara municipal com 20 vereadores. Hoje, todos agem como se Brasília fosse um estado de plenos direitos federativos. Cresce o consenso nos meios políticos e jurídicos de Brasília que a intervenção é medida que se impõe na urgência, até que se revogue a amaldiçoada autonomia

Sandipan Mukherjee - cortesia da Sony World Picture Awards 2010


Essa estranha coisa chamada beleza*
Emanoel Barreto
Vamos fazer uma parada ante as coisas terríveis do mundo, para lançar um olhar sobre essa inesperada coisa chamada beleza. Mensagem de si mesma, signo ígneo, a beleza é uma espécie de tormento. Estranha e feroz às vezes, brilha com um chamamento de perplexidade e, por mais que seja tempestade, traz a difusa paz das grandes ondas.
*Foto que concorre Sony World Picture Awards 2010







quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010


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O perigo do comunismo ou uma ladra na presidência
Emanoel Barreto

A edição de domingo último da Folha e a Veja desta semana dão o parâmetro em que, na grande imprensa, se passará a campanha presidencial. A Folha revirou o passado da ex-guerrilheira Rousseff como uma folha corrida, enquanto a Veja a coloca como alguém autoritário, mas com pragmática suficiente para domar o petismo "mais vermelho". A capa da edição é sugestiva: a foto de Rousseff em preto e branco tem um poderoso efeito discursivo e insinua

Não vou entrar nos méritos dela ou do seu suposto próximo adversário, José Serra que, taticamente, não assume a candidatura, certamente esperando que a fortuna maquiaveliana o beneficie. O que vejo, a partir dos índices que mencionei, é o seguinte: o mais vulgar tratamento ideológico à figura da candidata, cujo passado será utilizado ad nauseam para traçar seu perfil como alguém que, chamada, atenderá pelo apodo de "comunista", termo vago frente ao senso comum, que não tem bem ideia do que isso seja, mas, "coisa boa não deve ser".

Em outras palavras, será ressuscitado todo um vocabulário precedente, com origens nas sendas, penumbras e nevoeiros da guerra-fria, insinuando o perigo de eleger-se alguém "suspeito", alguém com passado "comunista". Na verdade, mais que comunista, ela será atacada como alguém que participou da luta armada, uma espécie de assaltante ideológica, pior que isso, uma ladra. No popular, uma ladrona. Essa imagem pode ser arrasadora: uma ladra na presidência? Como pode?

O que tento dizer é que isso em nada beneficia a democracia. Substitui-se o debate, o hoje, pelo tempo que passou, foi superado historicamente e, como tal, deve ser vivido em plenitude. Contudo, acontecendo isso, a Folha também deverá ser interpelada pelo seu passado de empresa que colaborou com a repressão oriunda de 64.

É notório - e quem conhece alguma coisa da história recente sabe -, que o jornal facilitava o uso de viaturas de sua frota aos setores mais parrudos da ditadura para a captura e, sei lá mais o quê, de pessoas desalinhadas ao sistema. Matou-se muita gente em defesa da liberdade...

Creio que o obscurantismo vai imperar, num noticiário eivado de más intenções mas imunizado pela "objetividade". Não vejo grandes diferenças, em práxis, entre ela e Serra. Todavia, é sabido que o PSDB é um partido entreguista e temo que sua faina seja desencadeada novamente com seu ascenso ao poder. Não tenho dúvida de que o PMDB, derrotado com Roussef, venha a se aliar aos tucanos.

Quanto a ela, estimo, suponho, desejo, que tenha uma atitude que responda mais diretamente aos interesses históricos do País. A globalização não passa de uma rede de interesses do capital transnacional, massacrando o Homem, a humanidade, a dignidade, sob a consigna de uma malsinada modernidade. E acho até que comem criancinhas.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Se essa rua, se essa rua fosse minha... eu mandava, eu mandava drenar (de verdade)

Emanoel Barreto

Barreira contra alagamento, em pleno século 21, quando estamos, todo cidadão consciente, trabalhando para facilitar o acesso das pessoas com dificuldade de locomoção. Meu filho, após um acidente, andando de muletas, teve de saltar várias vezes para entrar e sair. Minha rua é a Industrial João Motta, Capim Macio.


Barreira contra alagamento


Alagamento carnaval 2009 - três dias ilhado


Alagamento carnaval 2009 - carro três dias ao relento

Depois do alagamento do carnaval 2009 - mesmo depois de tanta lama a rua ainda era mais baixa que a calçada, na casa ao lado ainda não tinham modificado a calçada


Obras na rua em dezembro 2009 - presos em casa - obstruíram os dois portões


Obras na rua em dezembro de 2009 - presos em casa - quem quis entrar ou sair escalou as dunas


Assim ficou o portão depois que largaram o serviço

Só coloquei o carro na garagem porque meu filho, às 22 horas, pegou uma enxada e liberou a entrada do portão.


Solicitei a presença de uma pessoa da empresa responsável pela obra, veio o Sr. Roberto. Reclamei que ao final da obra o calçamento vai ficar mais alto que a calçada. Ele disse que o problema era com a casa e que ele seguia um projeto. Veja que o vizinho já aumentou o nível da calçada.

Em vários pontos da rua a pavimentação está ou igual ou superior à altura da calçada. Quando for concluída, a pavimentação estará realmente acima da calçada.


Chuva de menos de 5 minutos: água rente à calçada


Hoje, 21/01/2010, rua alagada, os carros passam e a água faz marola na garagem


Onde está a rua? Onde está a calçada? A obra vai continuar sem alterações? Do outro do lado da rua já estão distribuindo os paralelepípedos. E as visitas que tenho hoje para o almoço? Cancelo ou mando colocar o pé na lama?

Depois da tempestade...

Almoço cancelado. Mãos à obra: lavar a calçada. O resultdo não podia ser pior.