terça-feira, 24 de julho de 2012

Desejo de matar

James Holmes, o matador que exterminou vidas durante filme de Batman, deveria ser exemplo elementar à sociedade americana: além de punido pelos crimes, servir de motivo a um grande processo social de mea culpa. Ele não é o primeiro nem será o último caso de criminoso que mata muitos de uma só vez, como um serial killer apressado. Ele é fruto de uma realidade cultural, de uma sociedade onde historicamente se incentiva a violência pela permissão de que todo cidadão maior e capaz possa ter armas em casa - veja bem, armas, não uma arma, mas armas.
http://www.tmz.com/person/james-holmes/

O imaginário americano é povoado pelo belicismo nacional, pela centralidade do poderio americano como forma última de proteção de seus interesses ideológico-comerciais. Nos filmes tipos como Silvester Stallone e Chuck Norris estão sempre resgatando a figura do herói guerreiro. 

Rambo sempre voltava para lutar contra inimigos que não acabavam nunca; os personagens de Norris não conseguiam desencarnar do Vietnã. Essa imagem habita os lares americanos. Sua filmografia é toda centrada na estética da violência e anuncia a uma sociedade complexa e neurotizada que há perigo em toda parte. 

De alguma forma personalidades transtornadas assumem o papel que habita o imaginário e passa a vivê-lo, causando tais morticínios. As pessoas matadoras parecem ser movidas por um sincero sentimento de que é preciso atacar o social, matar esse social ameaçador e perigoso; uma ameaça e um perigo vividos na internalidade do sujeito matador que, sem perceber, é ele próprio o perigo aos demais. 

O povo americano precisa urgentemente começar a ser sacudido em seu armamentismo interno ou então ficar como o velho Charles Bronson, eternamente repetindo Desejo de matar.