sábado, 24 de janeiro de 2009


Lembranças da luta
Emanoel Barreto

A Folha de S. Paulo vem publicando séria de reportagens a respeito do movimento Diretas-já, que comçou mais ou menos em janeiro de 1984. O que se pedia? Algo que hoje pode parecer estranho: unicamente o direito de o cidadão votar para presidente. O exercício da democracia representativa traz em sua essência a prática do voto e o não-continuísmo no Poder, então passado da mão de um para a mão de outro general.

O movimento das Diretas constituiu-se num grande momento de mobilização da sociedade civil. Coincidiu com o declínio da ditadura e trouxe às ruas o grito social da insatisfação.

Mesmo concedendo que a democracia no Brasil ainda é um processo que precisa ser aperfeiçoado, o marco das Diretas-já é historicamente um grande gesto da sociedade a demonstrar que a sociedade civil pode e deve manter-se ou erguer-se em mobilização para fazer valer os princípios da democracia.

Democracia como processo político e como acesso da sociedade em geral à qualidade de vida, educação, segurança e transparência do exercício do poder.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009


Se um dia o Monstro lhe chegar...
Emanoel Barreto
Se um dia o Monstro lhe chegar,
os seus muros heverão de resistir.
Se um dia o Monstro lhe chegar,
a força de você será mais forte.
Se um dia o Monstro lhe chegar,
olhe firme, que ele cairá.
Se um dia o Monstro lhe chegar,
chegou; e assim como chegou, passará.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Ron Edmonds/AP
O dia em que a Terra parou
Emanoel Barreto
Começou o jogo - A impressionante, grandiosa e fulgurante cerimônia de sagração de Barack Obama à presidência dos Estados Unidos, serviu para demonstrar o poder de coesão que os momentos críticos da história podem provocar, quando um líder carismático sabe convenientemente utilizar tais momentos a seu favor e traz apegada à sua figura a aura de libertador, guia e timoneiro do seu tempo.
Resguardado por uma imagem pública de encarnação da própria ética, Obama foi aclamado como um césar. Um grande jornal estrangeiro chegou a compará-lo a "um feitiço", uma mágica que chegou na hora exata. Desceu à Terra em momento crítico e terá como incumbência o trabalho-de-hércules de salvar a economia americana, instaurar um processo de paz no Oriente Médio e, aos demais povos, estender uma mão amiga.
Em todo o mundo, Obama é um fenômeno de comunicação. Forma um belo casal com a mulher, Michelle, e suas filhas são uma gracinha. Não foi empossado, tornou-se alvo de glorificações. Não é visto exatamente como um presidente, mas como um salvador. Essa é a visão que o imaginário popular planetário projeta sobre o presidente americano. Sua posse foi um te-déum político.
Sua presença na cena política mundial é vista como a pedra que fecha a abóbada e forma o domo, a cúpula de uma construção magistral. Como resultado de tudo isso, tem a visibilidade de um ser eticamente inatacável . Mas, à sua sombra traz um peso: qualquer falha maior, arranhará o cristal dessa imagem.
Obama, a partir da colossal cerimônia de posse, já conseguiu um efeito de mídia favorável aos Estados Unidos: ficou patente perante o mundo qual o país mais importante, hegemônico e modelo para todo os demais. Temível e adorado. Como se isso não bastasse, sempre que ele se deslocar em viagem, um discreto assessor militar o acompanhará com uma mala: a partir dela, Obama pode explodir uma bomba atômica em qualquer país do mundo. Pense nisso.
Obama dá samba, gente...
Emanoel Barreto

A grande festa - A posse de Obama será uma espécie de sagração planetária àquele que é visto como a encarnação do bem, numa catarse coletiva surgida da mídia.
Além da festa em si, que demonstra como o público pode ser estimulado ao extremo em situações-comunicacionais-limite como esta, em que serão purgadas todas as decepções com a era Bush, a comemoração pela posse do 44º presidente dos Estados Unidos encerra outro sentido: há em todo o planeta a sensação de que a antieticidade de George W. Bush será substituída pela ética absoluta, pela honradez de propósitos, pelo trabalho, pelo compromisso com os mais pobres - dos Estados Unidos e do mundo.

Um presidente americano como Obama, carismático, negro e com grande capacidade comunicacional, pode produzir esse efeito em pessoas pobres de outrros países: negro, é facilmente identificado pelos mais pobres consigo mesmo; carismático, leva essa identificação, que é subjetiva, é uma expectativa, à condição virtual de promessa, que na realidade somente existe na mente de quem dele espera alguma coisa. A dor faz acreditar na cura.

De qualquer forma, já é uma mudança. E queiramos ou não, ele traz embutida à sua figura um corolário de promessas, até mesmo porque despertou em seu povo a expectativa histórica de um novo tempo, quase messiânico. Hábil comunicador, passou o dia de ontem, um feriado dedicado à memória de Martin Lutuher King, prestando serviços comunitários em uma entidade assistencial.

Isso adere à sua imagem, ainda mais, a promessa que que os Estados Unidos serão dirigidos por um ser humano sensível, não por alguém perverso, como proclama muito justamente a imagem pública de Bush.
Com relação ao Brasil, a identificação do nosso povo com Obama é clara. Ele tem o biotipo de brasileiro, encarna todas as promessas que o brasileiro gostaria de ouvir e, se brincar, sabe até jogar futebol. E eu não tenho dúvidas de que, se se fizesse algum tipo de pesquisa de opinião, Obama seria apontado como o presidente da República ideal para o nosso país.
Vamos ver na TV como foi a posse. Depois a gente se fala. Obama dá samba, gente...

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009