Cidade mulher
Natal mulher. Descobridora de pétalas,
filha do sol, amiga da beleza,
desenho íntimo do instante feminino.
Grávida de paz, mãe de todas
as belezas, teus olhos
cultivam a alma da vida.
Cidade de espumas.
Artesã de teias invisíveis.
Menina linda. Que se atira, doce,
aos caminhos da beleza.
E que dorme, bela,
no silêncio do mar
profundo e manso.
"Não é justo alguém ter o direito de ter uma empresa de aviação e outro não ter o direito de comer um pão." /////// JAMAIS IDE A UM LUGAR GRANDE DEMAIS. A UM LUGAR AONDE NÃO TENHAIS CORAGEM DA IMENSIDÃO - EMANOEL BARRETO - NATAL/RN
sábado, 9 de dezembro de 2006
sexta-feira, 8 de dezembro de 2006
Precisamos de um tapete mágico
Um sargento cujo nome é mantido em sigilo, confessou, chorando, ser o responsável pelo apagão dos aeroportos brasileiros. Ele trocou, por incapacidade profissional, os comandos que acionariam um sistema de rádio suplementar, que substituiria o sistema principal, que apresentava problemas.
Aí está a situação do controle de tráfego aéreo brasileiro. Entregue a gente desqualificada e o que é pior: eticamente incapacitada para o exercício de uma atividade tão importante. Explico: segundo o Estadão, ao perceber o erro, pois tudo imediatamente parou de funcionar, o militar retirou-se sorrateiramente. Somente depois que o pânico instalou-se, e mesmo assim muito tempo depois, ele confessou a falha e a fuga.
Resumo: e apesar de tudo,não se percebe uma ação enérgica do governo federal, através de suas instâncias competentes para o setor,na solução do problema. É inadmissível que num país como o nosso, com o volume de tráfego aéreo que apresentamos, tal situação se mantenha.
A categoria dos controladores de vôo precisa ser qualificada, treinada, inclusive em termos salariais, e ter um plano de carreira. Essas falhas que agora explodem são o resultado de anos e anos de ocultamento; mantinha-se uma situação caótica em seu limite máximo, até que aconteceu o acidente envolvendo o Legacy e um avião de carreira. E tudo veio abaixo.
Não se vê ação ou solução a curto prazo. Enquanto isso, podemos pensar: como seria bom ter um tapete voador. Ele seria como um bichinho mágico e amestrado. Voaríamos em paz e todas as nossas viagens seriam um sonho.
Aí está a situação do controle de tráfego aéreo brasileiro. Entregue a gente desqualificada e o que é pior: eticamente incapacitada para o exercício de uma atividade tão importante. Explico: segundo o Estadão, ao perceber o erro, pois tudo imediatamente parou de funcionar, o militar retirou-se sorrateiramente. Somente depois que o pânico instalou-se, e mesmo assim muito tempo depois, ele confessou a falha e a fuga.
Resumo: e apesar de tudo,não se percebe uma ação enérgica do governo federal, através de suas instâncias competentes para o setor,na solução do problema. É inadmissível que num país como o nosso, com o volume de tráfego aéreo que apresentamos, tal situação se mantenha.
A categoria dos controladores de vôo precisa ser qualificada, treinada, inclusive em termos salariais, e ter um plano de carreira. Essas falhas que agora explodem são o resultado de anos e anos de ocultamento; mantinha-se uma situação caótica em seu limite máximo, até que aconteceu o acidente envolvendo o Legacy e um avião de carreira. E tudo veio abaixo.
Não se vê ação ou solução a curto prazo. Enquanto isso, podemos pensar: como seria bom ter um tapete voador. Ele seria como um bichinho mágico e amestrado. Voaríamos em paz e todas as nossas viagens seriam um sonho.
quinta-feira, 7 de dezembro de 2006
Crônicas para Natal
O vigilante do Atlântico
Ele é uma espécie de guardião
dos mares, vigia perpétuo da noite,
protetor de náufragos tardios.
O Farol de Mãe Luíza
ergue-se como um porta
de salvação aos navios
que cruzam a noite
marinha e solitária.
Suas escadas são o
passo a passo de quem
segue a rota das ondas e
sabe que, no rebrilhar de
suas luzes, talvez esteja
o último alento dos navegantes
em meio à tempestade.
Farol de Mãe Luíza: vigilante
do Atlântico, amigo dos
que viajam no silêncio do mar.
Ele é uma espécie de guardião
dos mares, vigia perpétuo da noite,
protetor de náufragos tardios.
O Farol de Mãe Luíza
ergue-se como um porta
de salvação aos navios
que cruzam a noite
marinha e solitária.
Suas escadas são o
passo a passo de quem
segue a rota das ondas e
sabe que, no rebrilhar de
suas luzes, talvez esteja
o último alento dos navegantes
em meio à tempestade.
Farol de Mãe Luíza: vigilante
do Atlântico, amigo dos
que viajam no silêncio do mar.
quarta-feira, 6 de dezembro de 2006
A maldição de Ícaro
Às vezes penso que Ícaro, depois de haver derretido suas asas na tentativa de voar, agora está se vingando e escolheu o Brasil para fazer valer seus ressentimentos.
Maldição de Ícaro ou o que seja, o problema dos congestionamentos dos aeroportos por falha do sistema nacional de radares que rastreia o setor, dá bem um demonstrativo de como é frágil, insegura, incompetente e imprevidente a administração pública deste país.
Se, ao invés do problema da aviação estivéssemos enfrentando um estado de guerra ou algo talvez até mais terrível, como a gripe aviária, estaríamos literalmente entregues ao caos. Haveria, como nos relatos bíblicos, choro e ranger de dentes. O Brasil já está socialmente sucateado; não suporta - nem merece - mais nenhuma avaria.
Mas as autoridades, de cima a baixo, continuam a se pautar pela cultura da imprudência, porque são imprudentes; pela ação do ócio, porque são desatentas; pela presença da ausência, porque estão pensando em seu futuro.
No mais, é o seguinte: quando o caos se instalar, quando alguma praga social se abater sobre o povo, estejamos certos: haverá choro e ranger de dentes.
Maldição de Ícaro ou o que seja, o problema dos congestionamentos dos aeroportos por falha do sistema nacional de radares que rastreia o setor, dá bem um demonstrativo de como é frágil, insegura, incompetente e imprevidente a administração pública deste país.
Se, ao invés do problema da aviação estivéssemos enfrentando um estado de guerra ou algo talvez até mais terrível, como a gripe aviária, estaríamos literalmente entregues ao caos. Haveria, como nos relatos bíblicos, choro e ranger de dentes. O Brasil já está socialmente sucateado; não suporta - nem merece - mais nenhuma avaria.
Mas as autoridades, de cima a baixo, continuam a se pautar pela cultura da imprudência, porque são imprudentes; pela ação do ócio, porque são desatentas; pela presença da ausência, porque estão pensando em seu futuro.
No mais, é o seguinte: quando o caos se instalar, quando alguma praga social se abater sobre o povo, estejamos certos: haverá choro e ranger de dentes.
segunda-feira, 4 de dezembro de 2006
Uma esmolinha pelo amor de Deus...
O jornalista trabalha em contato direto com a vida, seus descaminhos, encantos, desencantos, tramas, grandezas e abismos. Assim, muitas vezes pode acontecer o que nas redações é chamado de "jornalismo participativo", ou seja, o repórter encarna uma espécie de personagem e vai, assim transmutado, experienciar, por exemplo, como vive o pedinte, alguém que está numa fila do INSS, o sofredor que é massacrado numa fila do SUS.
Li no Estadão online que uma repórter vivenciou o papel de uma mendiga esmolou durante cerca de três horas, num movimentado ponto de cruzamento de duas avenidas em São Paulo.
Somente que há um problema: cabe ao jornalista que se apresenta para tal empreitada talento para redigir, qualidade de texto, capacidade de efetivamente incorporar o personagem e passar, via texto, as perplexidades, emoções, vilezas, truques e grandezas do ser humano, do tipo humano que representou.
E isso faltou à jornalista do Estadão. O trabalho poderia ter resultado numa bela crônica, numa dolorida visão daquele mundo paralelo. Mas, não. O jornalismo vem cultivando com grande afinco, nos últimos dez anos especialmente, o refinamento da burocracia do texto, vale dizer: a exacerbação da mediocridade, o relato seco e bruto, despido de criatividade e empatia maior, que não seja o da informação pura e simples.
Até como relato a matéria é pobre, de tão curta que é. Os jornais se arrogam o direito de pensar o que o leitor deseja e fazem reformas gráfico-editoriais, expulsando de suas páginas textos elegantes, refinados, capazes de informar e cumprir com uma das funções da linguagem, que é manifestar-se segundo uma estética.
É claro que jornalismo não é poema, nem poderia ser, uma vez que trata de contar a vida cotidiana. Mas isso poderia, em determinados tipos de assuntos, ser tratado com maior rigor. Ganha o leitor em informação num texto de qualidade e profundidade e ganha o jornalismo ao cumprir com sua proposta de acompanhar o homem em sua louca e desequilibradamente bela aventura de estar vivo.
Li no Estadão online que uma repórter vivenciou o papel de uma mendiga esmolou durante cerca de três horas, num movimentado ponto de cruzamento de duas avenidas em São Paulo.
Somente que há um problema: cabe ao jornalista que se apresenta para tal empreitada talento para redigir, qualidade de texto, capacidade de efetivamente incorporar o personagem e passar, via texto, as perplexidades, emoções, vilezas, truques e grandezas do ser humano, do tipo humano que representou.
E isso faltou à jornalista do Estadão. O trabalho poderia ter resultado numa bela crônica, numa dolorida visão daquele mundo paralelo. Mas, não. O jornalismo vem cultivando com grande afinco, nos últimos dez anos especialmente, o refinamento da burocracia do texto, vale dizer: a exacerbação da mediocridade, o relato seco e bruto, despido de criatividade e empatia maior, que não seja o da informação pura e simples.
Até como relato a matéria é pobre, de tão curta que é. Os jornais se arrogam o direito de pensar o que o leitor deseja e fazem reformas gráfico-editoriais, expulsando de suas páginas textos elegantes, refinados, capazes de informar e cumprir com uma das funções da linguagem, que é manifestar-se segundo uma estética.
É claro que jornalismo não é poema, nem poderia ser, uma vez que trata de contar a vida cotidiana. Mas isso poderia, em determinados tipos de assuntos, ser tratado com maior rigor. Ganha o leitor em informação num texto de qualidade e profundidade e ganha o jornalismo ao cumprir com sua proposta de acompanhar o homem em sua louca e desequilibradamente bela aventura de estar vivo.
Assinar:
Postagens (Atom)